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Série Inovação na Gestão – resultados da pesquisa avaliativa sobre as Clínicas da Família na cidade do Rio de Janeiro

A nova edição da Série Técnica Inovação da Gestão traz os resultados da pesquisa avaliativa sobre os três primeiros anos de implantação das Clínicas da Família na cidade do Rio de Janeiro. A evidência científica ratifica a decisão da prefeitura do Rio de Janeiro em investir na estratégia Saúde da Família (ESF) como modelo para a efetivação do SUS, propiciando uma revolução na qualidade da Atenção Primária em Saúde (APS). A pesquisa foi coordenada pelo Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, organizada pelo professor Erno Harzheim.

O estudo contempla o período em que houve grande incremento na cobertura da Estratégia Saúde da Família no município do Rio de Janeiro. Em 2009, o a cidade tinha apenas 6,9% de cobertura, saltando para 39% de cobertura no fim de 2012, com 734 equipes de Saúde da Família implantadas e credenciadas de acordo com o Ministério da Saúde. No fim de 2012, a rede de APS, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS_RJ), contava com 68 Clínicas da Família e 115 Unidades tipo A (ambas 100% ESF), diferentes das 74 unidades tipo B (com algumas ESF) e 6 unidades tipo C (sem ESF).

O estudo de caso sobre a implantação das Clínicas da Família, complementado por um estudo transversal acerca do grau de orientação à APS dos distintos tipos de serviços de APS (Unidades A, B ou C), mostrou que: de um total de 114 itens do PCATool-Brasil, os profissionais do modelo A alcançam escores estatisticamente superiores que o modelo B e/ou C em 64 itens (56%), enquanto o modelo C em 6 itens (5,3%), e o modelo B não é superior ao A em nenhum item. Para os pesquisadores, essa análise individual por itens demonstra a superioridade inequívoca do modelo A sobre os outros dois modelos em relação à sua orientação para APS.

A pesquisa também traz dados sobre a situação de saúde da população do Rio de Janeiro, que em 2012 apresentava uma população de quase 6,4 milhões de pessoas, entre as quais 15% tinham mais de 60 anos de idade. Segundo a pesquisa, assim como grande parte do país, a cidade do Rio de Janeiro apresenta uma tripla carga de doenças: afecções agudas (ex: dengue) e condições materno-infantis (mortalidade infantil e materna, sífilis congênita) ainda não resolvidas, a epidemia das doenças crônicas (doenças cardiovasculares, neoplasias, doenças mentais, HIV/AIDS) e das causas externas (violência e acidentes, nem mencionadas anteriormente).

Como conclusão do trabalho, os pesquisadores são enfáticos ao afirmar que a proposta de expansão da cobertura da ESF com qualidade ainda não está consolidada. Eles ressaltam que alguns atributos da ESF devem ser mais fortalecidos, em especial o acesso, a longitudinalidade e a coordenação. Segundo a pesquisa, o grande risco para a consolidação do modelo proposto é a falta de recursos humanos de qualidade e bem preparados para trabalhar em APS, em especial de médicos de família e comunidade.

Acesse aqui a publicação e boa leitura!

Por Vanessa Borges, para o Portal da Inovação na Saúde

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