Atuação dos Consultórios na Rua no Distrito Federal no combate à COVID19 – integração do ensino com o serviço

Autor: Marcelo Pedra Martins Machado

Coautores: Maria Fabiana Damásio Passos, João Paulo Almeida Brito da Silva e Guilherme Augusto Pires Gomes

O Plano de Ação Interinstitucional de Atenção às Pessoas em Situação de Rua (PSR) no Distrito Federal tem o objetivo de integrar as ações das Equipes de Consultórios na Rua (eCR) com as da Atenção Primária no enfrentamento da pandemia de Covid-19, visando proteger essa população mais vulnerável.

“Logo no início da pandemia, começamos a pensar no conjunto de estratégias e ações para as pessoas abrigadas e não abrigadas. Mesmo tendo o abrigamento como a melhor condição sanitária, é preciso também ter ofertas para quem opta por não se abrigar, é preciso respeitar e cuidar de todos”, explica Marcelo Pedra, psicólogo sanitarista e coordenador do NuPop, Fiocruz Brasília. O plano de ação foi desenvolvido para ampliar a capacidade de atuação da APS no DF, em parceria com o SUAS (Sistema Nacional de Informação do Sistema Único de Assistência Social), e construído pelo Núcleo de Pesquisa em  População de Rua (NuPop), pelos residentes do Programa de Residências da APS Medicina de Família e Comunidade, Multiprofissional em APS e Gestão em Saúde (Fiocruz Brasília), Secretarias de Saúde e Desenvolvimento Social (GDF) e pela Sociedade Civil.

 

O Plano de Ação conta com a atuação de 30 residentes e foi desenvolvido para durar aproximadamente três meses, sendo organizado em três ofertas de cuidado: atividades voltadas para Pessoas Situação de Rua (PSR) não abrigadas, com apoio clínico assistencial às equipes (eCR) e à ampliação das ofertas nas UBS para essa população; retaguarda especializada dos residentes da APS aos abrigos, orientação e qualificação da equipe dos abrigos para questões sanitárias dos espaços, uso de EPI, melhores formas de isolamento de sintomáticos (sem sinais de gravidade); e, qualificação e apoio às instituições da Sociedade Civil para manutenção das ofertas nas ruas, difusão de informações em saúde e apoio in loco.

“As eCR existem desde 2012 e são compostas por médico, enfermeiro, técnico de enfermagem e assistente social. São Equipes de Saúde da Família específicas para PSR”, explica Marcelo Pedra. Para o enfrentamento da Covid-19, foi oferecida formação específica aos residentes, sendo parte das disciplinas regulares da residência, como pesquisa e extensão. Além disso, o NuPop oferece supervisão semanal aos residentes. “Essa extensão na agenda do residente foi importante, pois ele se viu mediando conflitos, gerenciando crises e reduzindo danos, todos os dias”, relata Pedra.

“O plano de ação gerou uma maior aproximação com a assistência social, sobretudo com os abrigos, o que tem sido um sucesso, pois é uma aproximação que a APS não tinha. O GDF ampliou 550 vagas, 400 em abrigos provisórios e 150 em abrigos permanentes, todas as pessoas foram testadas e tivemos poucos casos positivos, menos ainda casos agravados. O fato é que a população é testada e a contaminação é baixíssima. Existe muito preconceito em relação à essa população”, conclui Pedra.

Consultórios na Rua – Plano de Ação para atenção da população em situação de rua, no DF.

APS FORTE NUPOP

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