APSREDES

Autora: Paula Martina Da Silva Araujo Nunes

Coautores: Diane Moreira do Nascimento, Fernanda Lemos Soares e Flávia Kimura Okamoto

A identificação precoce de Covid-19 em usuários com maior risco para agravamento da doença, como os idosos, é fundamental para evitar um desfecho negativo da doença (óbitos), além da propagação do novo coronavírus. Por isso, o monitoramento dos estabelecimentos de longa permanência, como asilos, em Porto Alegre é prioridade para as equipes da Atenção Básica.

Para padronizar este trabalho, a diretoria geral da APS da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre (RS) colocou em prática o Procedimento Operacional Padrão  (POP) para as Instituições de Longa Permanência de Idosos (ILPIs) relacionadas à Covid-19. A secretaria envolveu as 141 Unidades Básicas de Saúde da capital que monitoram os estabelecimentos voltados para idosos. As equipes das UBS aplicam um checklist no estabelecimento, monitoram via telefone a saúde dos idosos internados para rastrear caso suspeito de Covid-19 e registram os atendimentos no no sistema de gerenciamento de consultas (GERCON) que reúne os  prontuários eletrônicos dos usuários. 

Foram 383 instituições visitadas ao todo, sendo 71 com notificações de casos, com 48 casos positivos, 13 surtos (é considerado surto a partir de dois casos positivos por PCR – Proteína-C Reativa, exame que mede inflamação – no período de dois dias), e sete (7) óbitos até 30 de junho de 2020.

Cada instituição recebe as recomendações contidas no POP (Procedimento Operacional Padrão) e deve adaptar-se ao checklist sugerido de acordo com a sua realidade. O checklist aborda medidas comportamentais e físicas a serem adotadas imediatamente pela instituição, como por exemplo: implementação de rotina de higiene; orientações para entrada de visitantes; restrição de atividades coletivas; aferição de temperatura e de sintomas respiratórios duas vezes ao dia nos profissionais responsáveis; checar se tem local de isolamento para os sintomáticos respiratórios; se tem um profissional na instituição responsável pelo contato com a UBS; manutenção dos ambientes arejados, entre outras.

Nas visitas, os profissionais de saúde orientam como lidar em caso positivo, dão dicas de saúde, orientam sobre o uso do checklist, sobre o uso correto da máscara pelos funcionários da instituição e pelos idosos, e explicam que todos os encaminhamentos para regular as consultas, solicitação de exames e notificações são feitos via GERCON (Gerenciamento de Consultas), um sistema de informação utilizado pela secretaria que faz a regulação da consulta de acordo com a gravidade da doença.

“A central de monitoramento ajuda a conduzir todos os casos, em caso de surto avisamos à vigilância, o trabalho é feito em conjunto, quando tem surto a vigilância também participa da visita”, explica Paula Nunes, enfermeira e coordenadora do projeto. 

Em caso de coleta de exames e/ou teste rápido, o laboratório vai até a instituição para realizar o procedimento, passa as orientações de isolamento na hora e monitora o usuário até o resultado. Se for positivo, o teste é realizado em todos os idosos da instituição. O monitoramento continua via WhatsApp ou por telefone, o trabalho é contínuo, o projeto acompanha todos os sintomáticos, ao identificar que passaram os 14 dias e todos estão bem, a equipe conclui o atendimento e pede para entrar em contato em caso de alteração no quadro de saúde. 

“Já aconteceu de dar positivo em toda a instituição e tivemos que remanejar os idosos, eles foram para o hospital de referência, alguns com sintomas leves, outros graves, e ficaram no hospital até a instituição poder reabrir. O ideal seria que os sintomáticos pudessem fazer a quarentena em casa, mas na maioria dos casos os familiares não querem levar o idoso para casa, então tentamos a possibilidade dele ficar em um quarto compartilhado com separação dos leitos na própria instituição, mas caso não seja possível encaminhamos para o hospital”, conclui Paula.

A experiência oferece esse monitoramento, enviando as equipes de Atenção Primária à Saúde (APS) às instituições, sem precisar que os idosos saiam do isolamento. O acompanhamento é personalizado e diário, dessa forma, é possível saber como os usuários estão evoluindo, observar os quadros mais graves e se é necessário remanejar alguém para a emergência. “Percebemos um aumento no número de contatos e temos recebido bastante solicitações”, completa Paula Nunes.

PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO (POP) PARA AS INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA DE IDOSOS (ILPIs) RELACIONADO À COVID-19 (n1062)

PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO PARA AS INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA DE IDOSOS NA COVID-19