APSREDES

Arte Culinária na Atenção Psicossocial

Eixo: Experiências de arte cultura e comunicação em Vigilância em Saúde e Ambiente

Instituição: : Hospital Psiquiátrico Jurujuba (HPJ).

  • Rosângela Moreira
  • Marcos Portugal
  • Letícia Bottino
  • Clara Lobo
  • Marcos Murtha

“A experiência é inovadora por se tratar de arte junto à culinária, mas não qualquer culinária. Temos o objetivo de usar o alimento como um todo, aproveitando partes que normalmente são descartadas e ainda podemos capacitar os usuários da rede de saúde mental a terem renda por meio dessa criação. É um projeto que abrange o contato com a alimentação saudável e gera educação nutricional e alimentar”, explicou Letícia Bottino, nutricionista e uma das responsáveis pelo projeto.

O projeto Arte Culinária iniciou em 2022 como uma prática clínica terapêutica vivenciada no formato de oficinas realizadas na cozinha experimental do serviço de nutrição do Hospital Psiquiátrico de Jurujuba. A experiência realiza oficinas de capacitação em culinária com receitas saudáveis, sustentáveis, com aproveitamento integral dos alimentos, e apresenta-se também como uma atividade produtora de conhecimento privilegiando a culinária saudável, como arte e como valor cultural, e como empreendimento econômico para geração de renda em consonância com as diretrizes da Reforma Psiquiátrica e da Economia Solidária. Nasceu da necessidade dos pacientes em terem atividades terapêuticas para explorarem as suas habilidades culinárias e/ou maior espaço de convivência num ambiente acolhedor externo às enfermarias, além da promoção de hábitos alimentares saudáveis com resgate da cultura alimentar local e afetiva.

“O principal desafio do projeto é a sustentação dos usuários nas oficinas por se tratar de indivíduos da rede de saúde mental em crise aguda, além do número insuficiente de profissionais envolvidos no projeto, e uma estrutura adequada para a produção das oficinas no início do projeto”, pontuou Letícia Bottino sobre os desafios enfrentados.

Segundo a autora, os usuários que participam do projeto sempre fornecem um feedback muito positivo demonstrando principalmente como as oficinas impactam no seu bem estar geral, já que a maioria agradece pela oportunidade de fazer uma atividade fora da enfermaria, por poder participar, pedem pelo retorno da cozinha experimental, agradecem pelos conhecimentos adquiridos, por estar numa atividade que remete à vida fora da internação com atividades diárias da vida, construção de sonhos, por colaborar de alguma maneira na criação da receita e em como sair da ociosidade fora da enfermaria foi bom para si.

“Gostaria de destacar as diversas dimensões que o projeto abrange, o que gera uma riqueza de experiências a quem participa. É um projeto de oficina culinária, mas que dentro dele tem a sustentabilidade como base em que usamos partes de alimentos que geralmente são descartadas e isso explora a criatividade de cada indivíduo na criação das receitas. Ainda, o conhecimento sobre nutrição que cada um tem ou sobre as suas experiências antepassadas com a culinária ou até mesmo a falta de experiência o que permite o desenvolvimento de novas habilidades para tal. O que acontece em cada oficina é único e isso deve ser destacado”, disse Letícia Bottino.

O projeto pode ser replicado em outros municípios por meio da capacitação de profissionais da rede de saúde mental em culinária saudável e sustentável para a criação de equipes multidisciplinares capazes de realizarem as oficinas e capacitação dos usuários que poderão ter possibilidades de inserção no mercado de trabalho e uma nova prospecção de vida.

Galeria