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Horta Escolar, do vasinho ao pomar – experiência intersetorial de promoção da alimentação saudável no Programa Saúde na Escola

Autore(s)
ANNELISE BARRETO KRAUSE
Co-Autore(s)
Cintia dos Santos Costa
Flavia Guimarães dos Reis

Contextualização

Porto Alegre está entre as capitais com maior prevalência de obesidade, hipertensão e diabetes, segundo o Vigitel 2019. Além disso, possui altos índices de consumo de alimentos ultraprocessados. Por estes motivos, o município aderiu ao Programa Crescer Saudável, vinculado ao Programa Saúde na Escola (PSE), que tem como objetivo a promoção de hábitos saudáveis para prevenção da obesidade infantil. O Grupo de Trabalho Intersetorial (GTIM) do PSE, composto pelas secretarias municipais e estaduais de saúde e educação identificaram como grande desafio a execução das ações de promoção de alimentação saudável pelos serviços de saúde. Por outro lado, o município é referência no Programa Nacional de Alimentação Escolar e possui projeto de educação ambiental reconhecido em sua rede de ensino. Considerando as potencialidades e fragilidades analisadas coletivamente, o GTIM optou por adotar a horta escolar como espaço de promoção da alimentação saudável no PSE/Crescer Saudável.

Objetivo

Promover a alimentação adequada e saudável por meio de criação de hortas escolares, como espaços fomentadores de hábitos alimentares saudáveis e educação ambiental de forma integrada.

Metodologia

A partir da definição do GTIM, os educadores ambientais foram consultados e informaram a demanda por ferramentas como ponto crítico para o seguimento das ações desta temática no município. Assim, definiu-se o uso de recursos do PSE para aquisição do “kithorta”: pá, enxada, ancinho e carrinho de mão, com tamanhos proporcionais ao nível de ensino: infantil ou fundamental. Além disso, os Cadernos de promoção da alimentação saudável e Guia Alimentar para a população brasileira foram impressos e distribuídos para as escolas. Os materiais foram adquiridos com escolas fechadas na pandemia, e neste período ocorreram reuniões com educadores, formação pela Universidade Federal do RS e criação de rede de contatos e mídia social do projeto (@hortaescolar.poa). Com a reabertura, as escolas foram convidadas a inscreverem-se para receber os materiais. O projeto foi tema das Jornadas pedagógicas da Secretaria Municipal de Educação e trocas de saberes são realizadas pelo grupo virtual criado.

Resultados

O Projeto horta escolar, do vasinho ao pomar alcançou até o momento 152 escolas públicas no município, de todos os níveis de ensino. Observou-se que as ações realizadas nas escolas são reproduzidas por muitas crianças em suas casas, assim como as famílias levam as experiências comunitárias para o espaço escolar, fornecem mudas e participam dos cultivos, quando possível. Outro grande potencial do projeto foi a articulação entre educadores das redes municipal e estadual, raramente colocados em espaços de trocas. Na perspectiva intersetorial, a articulação com órgãos que fornecem terra adubada e compostagem (Departamento de LimpezaUrbana), e com aqueles que oferecem mudas de plantas e assessoria técnica (Centro Agrícola Demonstrativo/Secretaria de Desenvolvimento Econômico) ampliaram o acesso a recursos das escolas. Tendo como tema motivador a saúde na escola, assuntos relevantes de cuidados relacionados à pandemia de COVID-19 também eram informados pelas redes estabelecidas.

Considerações Finais

O retorno presencial nas escolas foi um momento de preocupação para a comunidade escolar. A oferta de uma ação em espaço aberto, com a perspectiva de acompanhar o semear, o cultivo e o nascimento das plantas oportunizou momento de esperançar. Foi constituída uma rede que buscava retomar seus projetos pausados durante a pandemia e criar um espaço de “con-viver” solidário. Ainda que sem dados concretos, é perceptível o efeito do projeto em hábitos saudáveis e também na saúde mental dos envolvidos.

Participante(s)
Cintia Rigotto Silveira
Ingrid Machado Fagundes
Marcela Beatriz Fadel Formoso

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