O Laboratório de Inovação no Manejo da Obesidade apresenta nesta quarta-feira (3/12) as 24 experiências inovadoras no manejo da Obesidade desenvolvidas no Sistema Único de Saúde (SUS) e discute as perspectivas e os desafios para a prevenção e o controle da obesidade e sobrepeso na saúde pública. O seminário será realizado em Brasília, na sede da Opas, aonde 10 práticas inovadoras serão relatadas e as demais 14 experiências apresentadas no formato pôsteres. Na oportunidade, será lançada a publicação técnica NavegadorSUS que descreve as potencialidades das inovações identificadas pelo Laboratório de Inovação criado em 2012, a partir da parceria firmada entre o Ministério da Saúde, por meio da Coordenação-Geral de Alimentação e Nutrição do Departamento de Atenção Básica (CGAN/DAB/SAS/MS), e a cooperação técnica da Organização Pan-americana de Saúde/Organização Mundial de Saúde/Brasil (OPAS/OMS).
O Laboratório de Inovação tem como objetivo a produção/identificação, valorização de experiências e práticas bem sucedidas no SUS e gestão do conhecimento no manejo da obesidade. Buscou-se identificar experiências em todos os pontos de atenção à saúde (atenção básica, atenção especializada ambulatorial e hospitalar) na promoção da saúde e prevenção e tratamento da obesidade na Rede de Atenção à Saúde do Sistema Único de Saúde, com potencial de reprodutibilidade no setor saúde.
As 24 experiências foram selecionadas de um total de 142 práticas inscritas e analisadas pelo grupo de trabalho composto por 18 participantes profissionais do SUS, como pesquisadores com experiência no estudo da obesidade e trabalhadores, assim como técnicos do Ministério da Saúde e do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (CONASS). O processo de trabalho foi organizado com o intuito de identificar e valorizar práticas de gestão inovadoras no enfrentamento da obesidade que pudessem subsidiar para os trabalhadores de saúde, conselheiros de Saúde e gestores no processo de gestão das ações de atenção integral à saúde no âmbito do SUS.
O trabalho do GT deu-se por meio de encontros presenciais e à distância por videoconferência. Inicialmente, o GT realizou levantamento bibliográfico sobre diferentes temas (conceito de obesidade, manejo da obesidade, boas práticas e elementos que devem ser observados no manejo clínico) e sobre experiências consideradas exitosas no manejo da obesidade, considerando as diferentes fases do curso da vida (Crianças de 0 a 23 meses; Crianças de 2 a 9 anos; Adolescentes de 10 a 19 anos; Adultos e Idosos – 20 anos e mais; Mulheres gestantes e puérperas), os diferentes sujeitos das ações de manejo da obesidade (indivíduo, comunidade, escola, família), independente do foco da ação (prevenção, promoção, tratamento) e do ponto de atenção à saúde (atenção básica e atenção especializada ambulatorial e hospitalar). Em seguida, o GT elaborou o edital de convocação para selecionar experiências consideradas inovadoras no Manejo da Obesidade, analisando todo o processo de implantação e inovação.
Epidemia da Obesidade e Sobrepeso
Os dados mais recentes da pesquisa Vigilância Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônica por Inquérito Telefônico (VIGITEL – BRASIL, 2014b) revelam que, no conjunto dos 27 estados brasileiros, a frequência de excesso de peso foi de 50,8% na população, sendo maior entre homens (54,7%) do que entre mulheres (47,4%). Já em relação à obesidade, 17,5% dos indivíduos encontravam-se nesta situação, não diferindo entre os sexos.
A prevalência de excesso de peso em meninos de 5 a 9 anos de idade foi moderada em 1974-1975 (10,9%), aumentou para 15,0% em 1989 e alcançou 34,8% em 2008-2009. Padrão semelhante de aumento do excesso de peso é observado em meninas: 8,6%; 11,9% e 32,0%, respectivamente. Entre os adolescentes, nos 34 anos decorridos de 1974-1975 a 2008-2009, a prevalência de excesso de peso aumentou em seis vezes no sexo masculino (de 3,7% para 21,7%) e em quase três vezes no sexo feminino (de 7,6% para 19,4%). Entre adultos, a prevalência de excesso de peso aumentou em quase três vezes no sexo masculino (de 18,5% para 50,1%) e em quase duas vezes no sexo feminino (de 28,7% para 48,0%) (BRASIL, 2010).
Embora a obesidade seja um problema de saúde em todo o país, conhecer as prevalências de sobrepeso e obesidade por regiões e estados permite uma melhor definição de prioridades, assim como o planejamento de ações de forma regionalizada.
Custo com hospitalizações
No país, o custo anual das hospitalizações de adultos relacionadas ao excesso de peso e obesidade e às doenças associadas no Sistema Único de Saúde (SUS) foi similar aos percentuais gastos em países desenvolvidos, embora o custo total com saúde fosse muito maior naqueles países (SICHIERI et al., 2007).Mais recentemente, Bahia et al (2012) estimaram em US$ 210 milhões o custo de 18 comorbidades associadas ao excesso de peso e obesidade no SUS. E, em estudo realizado por Oliveira (2013), os custos atribuíveis à obesidade (IMC ≥ 30 kg/m²) e à obesidade grave (IMC ≥ 40 kg/m²) em adultos, no ano de 2011, foi de aproximadamente 0,5 bilhão de reais para o SUS. Destaca-se que, apesar da prevalência de obesidade grave (grau III) ser 18 vezes menor do que a dos outros graus de obesidade (grau I e grau II), seu custo foi proporcionalmente quatro vezes maior.
Conter o crescimento e reduzir as prevalências de sobrepeso e obesidade exige a articulação de diversas ações com níveis de complexidade diferentes, envolvendo mudanças sustentáveis nos ambientes e modos de vida e da população. Para tanto, é fundamental compreender os múltiplos fatores que determinam a obesidade bem como o papel que o SUS deve desempenhar dentro desse contex
PROGRAMAÇÃO DO SEMINÁRIO
Horário | Atividades |
8h – 8h30 | Acolhimento e apresentação dos participantes |
8h30 – 9h | Abertura e Boas VindasPatrícia Constante Jaime – Coordenadora geral de Alimentação e Nutrição (CGAN/DAB/SAS/MS) |
Mesa 1: Ações do Ministério da Saúde para a prevenção e controle da obesidade | |
9h – 9h20 | Rede de atenção à Saúde do SUS: Avanços e DesafiosPatricia Sampaio Chueiri – Coordenadora geral de Atenção às Pessoas com Doenças Crônicas (CGAPDC /DAB/SAS/MS) |
9h20 – 9h50 | Linha de Cuidado de Prevenção e Tratamento da Obesidade nas RASPatrícia Constante Jaime – Coordenadora geral de Alimentação e Nutrição (CGAN/DAB/SAS/MS) |
Mesa 2: Práticas de cuidado na Atenção BásicaModerador: Patrícia Bezerra – Coordenação geral de Gestão da Atenção Básica (CGGAB/DAB/SAS/MS) | |
10h – 10h20 | Alimente-se de saúde – Atividades em grupo na Atenção Básica em Pomerode/SC |
10h20 – 10h40 | Grupo de controle de peso “O Peso da Saúde” em Taió/Santa Catarina |
10h40 – 11h | Enfoque multiprofissional no combate ao sobrepeso e obesidade na atenção primária à saúde em Curitiba/PR |
11h – 11h30 | Debate |
11h30 – 12h | Visita aos Pôsteres |
12h – 13h | Brunch no local |
Mesa 3: Práticas de cuidado na Atenção Especializada AmbulatorialModerador: Patricia Sampaio Chueiri – Coordenadora geral de Atenção às Pessoas com Doenças Crônicas (CGAPDC /DAB/SAS/MS) | |
13h10 – 13h30 | Grupo de apoio ao emagrecimento: relato de experiência em Chapecó/SC |
13h30 – 13h50 | Experiência do município de Marília/SP na prevenção, promoção da saúde e tratamento da obesidade infanto-juvenil |
13h50 – 14h10 | Centros de Referência em Obesidade – Uma experiência da cidade do Rio de Janeiro/RJ |
14h10 – 14h40 | Debate |
Mesa 4: O desafio da integração do cuidado nos diferentes pontos de atençãoModerador: Isabel Cristina Moutinho- Coordenação Geral de Média e Alta Complexidade (CGMAC/DAE/SAS/MS) | |
14h50 – 15h10 | Obesidade e cirurgia bariátrica na atenção primária à saúde de Botucatu/SP |
15h10 – 15h30 | Sala de espera – mudando comportamentos enquanto aguardo a cirurgia bariátrica, Sumaré/SP |
15h30 – 15h50 | Manejo da obesidade infanto-juvenil num ambulatório de referência no hospital terciário de Porto Alegre/RS |
15h50 – 16h10 | Protocolo de abordagem clínica do estado de Minas Gerais, no Sistema único de Saúde, aos indivíduos portadores de obesidade não responsiva aos tratamentos anteriores: fluxo estadual único com condutas padronizadas |
16h10 – 16h40 | Debate |
16h40 – 17h | Mesa de encerramento com representantes da OPAS, CONASS e CONASEMS |
17h – 17h20 | Avaliação |
17h20 – 17h40 | Apresentação da publicação: “Perspectivas e desafios no cuidado às pessoas com obesidade no SUS: Resultados do Laboratório de Inovação no Manejo da Obesidade nas Redes de Atenção à Saúde” – Gisele BortoliniCoordenação Geral de Alimentação e Nutrição (CGAN/DAB/SAS/MS) |
EXPOSIÇÃO DE PÔSTERES
Título da Experiência | Município/ Estado | Ponto de Atenção |
“Projeto Saúde em Movimento” Chimarrão, Sorvetchê e Atividade Física | Braga/ Rio Grande do Sul | Atenção Básica |
Reeducar para emagrecer | Florianópolis/ Santa Catarina | Atenção Básica |
Relato de experiência do Grupo de Emagrecimento na Unidade Básica de Saúde da Família no Distrito de Primavera do Norte com apoio multiprofissional do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) | Sorriso/ Mato Grosso | Atenção Básica |
Concurso “Obesidade Zero” no município de Sorriso-MT | Sorriso/ Mato Grosso | Atenção Básica |
Projeto de combate à obesidade infantil – Sorriso/MT | Sorriso/ Mato Grosso | Atenção Básica |
Centro de Obesidade Infantil: proposta de atendimento acadêmico-assistencial por equipe multiprofissional a usuários do SUS | Paraíba/Campina Grande | Atenção Básica |
Tratamento nutricional da obesidade grave | Goiânia/ Goiás | Atenção Especializada Ambulatorial |
Tratamento da obesidade no município de Itapevi | Itapevi/ São Paulo | Atenção Especializada Ambulatorial |
Intervenção multidisciplinar em crianças com fator de risco cardiovascular | Porto Alegre/ Rio Grande do Sul | Atenção Especializada Ambulatorial |
Projeto Bom Dia: promoção da saúde para o exercício diário da vida | Recife/ Pernambuco | Atenção Especializada Ambulatorial |
GATTO – Grupo de Apoio Terapêutico ao Tratamento da Obesidade | Salvador/ Bahia | Atenção Especializada Ambulatorial |
Programa multidisciplinar de prevenção e preparo pré-operatório de cirurgia bariátrica | Campinas/ São Paulo | Atenção Especializada Ambulatorial/Hospitalar |
Obesimor | Joinville/ Santa Catarina | Atenção Especializada Ambulatorial |
Fluxograma de atendimento multidisciplinar para indivíduos com obesidade em uma instituição pública de referência no estado da Bahia | Salvador/ Bahia | Organização do Cuidado Integral e Regulação da Atenção à Saúde |
Por Vanessa Borges, para o Portal da Inovação em Saúde