A experiência foi selecionada pelo Laboratório de Inovação – Conselhos de Saúde e Participação Social na resposta à Covid-19
O município de Sergipe mobilizou profissionais de saúde, conselheiros e usuários, durante a Covid-19, visando ampliar o acesso aos serviços de saúde por meio das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS). Tema de oficinas, cursos de extensão universitária, seminários regionais e encontros presenciais, as PICS no SUS alia conhecimento científico e popular em prol da saúde coletiva. Segundo Tereza de Sena, professora da Universidade Federal de Sergipe e uma das autoras do projeto, a experiência resgata o saber tradicional, a ancestralidade, o conhecimento em saúde dos povos tradicionais do estado de Sergipe, em prol da saúde mental durante a pandemia.
“Junto com o movimento popular e articulação com o programa de qualificação e outros parceiros da área de ensino, que acompanham e deram suporte, a Escola de Saúde Pública, Escola da Fiocruz, o Instituto Federal de Sergipe, todas as instituições de ensino deram as mãos e fizeram um coletivo em prol da saúde mental das pessoas. Tivemos que nos reinventar para conseguir algo diferente para saúde, e levar saúde para os quatro cantos do estado já é um diferencial”, explica a professora.
Ações para resgatar a autoestima de lideranças comunitárias como benzedeiras, costureiras e agricultores também entraram no rol de atividades do projeto. Alguns eventos online foram feitos por município, e outros em conjunto, com participação até de outros estados para somar conhecimento. Foram realizados também curso EdPOPSUS nas regiões de saúde em parceria com prefeituras municipais, Universidade Federal de Sergipe, Escola de Saúde Pública de Sergipe, Escola Joaquim Venâncio- FIOCRUZ, Instituto Federal de Sergipe, sensibilização e mobilização redes sociais, contatos telefônicos entre outros para a população dos municípios de São Cristóvão, Arauá, Itabaiana, Neópolis, Canindé de São Francisco, Lagarto, Santo Amaro das Brotas e Aracaju.
“Todos os trabalhos realizados foram de extensão, em parceria com o movimento popular, EdPOPSUS, agentes comunitários e Conselhos Municipais de Saúde, os conselheiros deram suporte e participaram ativamente. Algumas Secretarias de Saúde disponibilizaram equipes para auxiliar, e as equipes da ponta tem o mérito”, comenta Tereza de Sena.
A experiência também teve parcerias com pequenos agricultores, grupos sem terra, pastoral da criança, para o acolhimento das pessoas vulneráveis, sofridas pelo luto, e/ou com estado de saúde debilitado. “São muitas ações, os Conselhos de Saúde são bem participativos, o CMS de São Cristóvão, por exemplo, vem capacitando os conselheiros, com educação permanente para o controle social, somadas às práticas integrativas, terapias, acupuntura, e preparação dos conselheiros para irem a campo levar o conhecimento. As ações conseguiram ser realizadas pelos agentes comunitários de saúde que não pararam em momento algum, sempre acompanhando; e, o Movimento popular de saúde conseguiu articular os membros/municípios com ações como meditação, acompanhamento online, alimentação saudável, cuidado com o descarte de lixo, entre outros. O município de São Cristóvão merece um destaque pelo trabalho cuidadoso e focado no enfrentamento da Covid-19”, pontua Tereza de Sena.
A professora comentou, ainda, que a Universidade Federal de Sergipe tem vários projetos de extensão, e as atividades remotas começaram logo no início da pandemia, gerenciadas pela liga de práticas integrativas da universidade. “Concluímos o envio do material inovador, mas as ações continuam”, explica Tereza de Sena.
“A gente acredita, reconhece e tem como parceiros o profissionais da saúde que tem o conhecimento tradicional, que tem a ancestralidade na alma, as rezadeiras, benzedeiras, mestres em saberes e fazeres tradicionais, junto com a chancela da universidade, que reconhece o valor desse cuidado, aproxima as pessoas, a união perpassa mesmo que online, a mensagem e bons fluidos são passados. A troca tem sido bem benéfica para todos, se continuar assim conseguiremos sair todos unidos dessa situação”.
O maior presídio do estado começou a desenvolver atividades de saúde dentro da unidade prisional que, há um ano, conta com uma UBS que tem a primeira equipe de saúde prisional do estado. “Sergipe é um estado pequeno, mas com muitas ações e pessoas com conhecimento técnico científico grande, e tem propagação das práticas integrativas, o que é um diferencial”, finaliza a professora.