Ação de Prevenção e Promoção de Saúde na Terra Indígena Jaraguá através da conscientização pela língua materna GUARANI MBY’A em momentos de Pandemia do COVID-19 em São Paulo

Junto ao coração financeiro de São Paulo, vivem aproximadamente 570 índios Guarany Mby’a, população vulnerável e suscetível a doenças respiratórias e a Covid-19. Com seis aldeias, Jaraguá é a menor terra indígena do Brasil, e foi a primeira a registrar caso positivo de Covid-19, em 22 de março de 2020. Prevendo que Jaraguá, pela proximidade com o centro da capital paulista, corria um grande risco de infecção – por apresentar vulnerabilidade biológica e cultural, e por seu caráter coletivo – os conselheiros locais, com lideranças indígenas e a Unidade Básica de Saúde, criaram um espaço de acolhimento dos pacientes com Covid-19 dentro da terra indígena, no Centro de Educação e Cultura Indígena (CECI).

O objetivo foi tratar dos pacientes testados positivos para a Covid-19 sem necessidade de retirar os indígenas de suas aldeias, além de agilizar a identificação e o isolamento dos casos positivos. O CECI é administrado pela Secretaria Municipal da Educação e foi transformado em uma enfermaria, com leitos e todos os insumos necessários. A alimentação era oferecida pela Secretaria Municipal de Saúde e preparada em sistema de mutirão pela comunidade.

Poty Poran Carlos, pedagoga e gerente de serviço de saúde na UBS Aldeia Jaraguá, mostrou a atuação do conselho de saúde indígina com o serviço da Atenção Primária no enfrentamento da Covid-19. “A comunidade indígena convive muito junto, então manter o isolamento ficou mais difícil. A nossa equipe de saúde faz visitas e orientações nas casas das famílias, mas para isolar precisávamos de um local, então criamos o CECI (Centro de Educação e Cultura Indígena) e conseguimos isolar os casos positivos neste centro de acolhimento”, explicou a autora do projeto.

A testagem foi aplicada a todos os moradores das seis aldeias da terra indígena Jaraguá, que realizaram duas vezes o PCR, teste rápido e isolamento no CECI ou na sua própria casa, com monitoramento das equipes de saúde, abordagem de contactantes e busca ativa de pessoas com sintomas respiratórios leves.

Foram registrados mais de 100 casos positivos entre os indígenas. Destes, apenas um precisou sair da aldeia para tratamento no hospital. Apesar de ter atingido cerca de 20% da população, a doença não causou mortes ou casos de intubação por Covid-19 na terra indígena Jaraguá.

Na terra indígena de Jaraguá, em São Paulo, a comunicação sobre os riscos da Covid-19 e as formas de prevenção aconteceu na língua materna dos índios. Os conselheiros de saúde da UBS Aldeia Jaraguá, junto com conselheiros do Distrito de Saúde Indígena, idealizaram, com a equipe de saúde da UBS, uma ação para que a mensagem fosse realmente entendida pelos moradores das aldeias.

As peças de comunicação sobre prevenção e promoção de saúde em tempos de pandemia foram desenvolvidas na língua indígena Guarani Mby’a. Os folhetos explicativos e áudios, produzidos na língua materna dos índios, foram distribuídos nas aldeias e redes sociais.

O conteúdo foi criado de forma conjunta pelos conselheiros locais. Os materiais foram entregues de casa em casa pelos agentes de saúde indígenas, e disponibilizados na unidade de saúde. A ação alcançou 100% das famílias das seis aldeias que compõem o território indígena Guarani, com uma população flutuante de aproximadamente 625 indivíduos.

Graças ao trabalho preventivo de promoção de saúde, houve queda no número de casos positivos de Covid-19. Entre março e outubro de 2020, a quantidade de casos positivos chegou a 147. Em novembro do mesmo ano, havia apenas seis casos entre os indígenas.

Experiência

Sensibilizar e comunicar em língua materna, as ações de prevenção e cuidados a não proliferação da COVID-19, através de folhetos explicativos e áudios para serem distribuídos nas comunidades indígenas e mídias sociais.|Sensibilizar e comunicar em língua materna, as ações de prevenção e cuidados a não proliferação da COVID-19, através de folhetos explicativos e áudios para serem distribuídos nas comunidades indígenas e mídias sociais.

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