Fortalecer a educação profissional em enfermagem, considerando sua especificidade e a valorização da docência como profissão, é também, fortalecer o SUS.
Adriana Corrêa, enfermeira e professora do Curso de Bacharelado e Licenciatura em Enfermagem da USP.
Para incentivar a formação de enfermeiros com foco na docência, a Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP), reformulou o curso de Bacharelado e Licenciatura adotando práticas transformadoras no âmbito do ensino e do cuidado em enfermagem no país. Quem opta em incluir a licenciatura na graduação, com foco na Educação Profissional Técnica de Nível Médio (EPTNM), tem parte do desenvolvimento pedagógico exercido no campo de práticas das escolas técnicas de saúde da região que desempenham ações fundamentais para o cuidado à saúde da população.
A enfermagem representa 53% da força de trabalho em saúde no Brasil, sendo composta por 73% de profissionais com formação em nível médio, segundo dados do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen). A boa formação destes profissionais de saúde, que atuam tanto no SUS como na iniciativa privada, é possível por meio da consolidação do campo de conhecimento da “educação profissional em enfermagem”, que considera a sua especificidade e a valorização da docência como profissão.
O futuro enfermeiro licenciado recebe, além da formação de generalista, o conhecimento sobre a formação político-pedagógica para a docência. “A articulação teoria-prática é um dos princípios fundamentais da experiência, os alunos são inseridos nas escolas técnicas parceiras e vão se aproximando deste cenário. A partir da prática social, são disparados para trabalho em pequenos grupos, e passam por processos de problematização e apropriação de conhecimentos que vão possibilitando a compreensão do trabalho e do campo de conhecimento. Em perspectiva crítica, é possível compreender que a formação dos técnicos e dos enfermeiros professores pode impulsionar projetos que fortalecem o SUS e o atendimento às necessidades de saúde individuais e coletivas. A experiência tem muito impacto no cuidado à saúde da população”, explica Adriana Corrêa, enfermeira e professora do Curso de Bacharelado e Licenciatura em Enfermagem da USP.
Adriana Corrêa ressalta ainda que “a experiência movimenta todos os envolvidos na luta pela profissionalização dos enfermeiros que trabalham como professores nas escolas técnicas, na luta pelo direito à educação nessas escolas, e pelo SUS. A parceria universidade + escolas técnicas, e a interface saúde e educação são bem estreitas”. Com a experiência, a população só tem a ganhar no cuidado à saúde ofertado pelos egressos do programa, pois os enfermeiro desempenham um papel relevante na formação dos demais trabalhadores da equipe de saúde, aportando conhecimentos ético-políticos, pedagógicos e técnicos.
As escolas parceiras da rede pública e privada – CEFORSUS/SP Araraquara (SP), Escola Técnica do SUS, Centro Interescolar do HCFMRP/USP Ribeirão Preto, Colégio Projeção Ribeirão Preto (SP) e SENAC – Ribeirão Preto – participam da operacionalização da experiência formativa, sendo intenso o movimento de fortalecimento da articulação entre universidade e escolas técnicas.
Fonte – Informações cedidas pelos autores.
Crédito fotos – Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP
O curso oferece 50 vagas, no período vespertino/noturno, desde 2006. Foram inseridas quatro disciplinas no currículo de Bacharelado e Licenciatura em Enfermagem, voltadas especificamente para a formação de professores para a EPTNM. No estágio curricular no último ano do curso, os alunos têm a oportunidade de realizarem aulas e ações educativas, com orientação e supervisão de professores e de monitores pós-graduandos.
Alguns desafios estão relacionados às condições estruturais que configuram a docência para a EPTNM no Brasil: constituição de um corpo docente específico para a área de saber da EPTNM em enfermagem na universidade; negociações permanentes com escolas técnicas; configuração de um processo formativo dinâmico e articulado para elaboração de ações e conhecimentos pautados na articulação teoria-prática; lidar com a diversidade das parcerias, envolvendo escolas técnicas públicas e privadas; e, a insuficiente valorização da EPTNM no Brasil.
Valorização da Enfermagem
Inovação na qualidade da formação profissional em enfermagem
Adriana Katia Corrêa
Maria José Clapis
Maria Conceição Bernardo de Mello e Souza
Fernanda dos Santos Nogueira Góes
Rosangela Andrade Aukar de Camargo
Hélio Souza Porto
Adriana Katia Corrêa
Trata-se de experiência que acontece na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, no Curso de Bacharelado e Licenciatura em Enfermagem, iniciado em 2006, com 50 vagas, no período vespertino noturno, respondendo a uma política de ampliação de vagas na universidade pública, no âmbito do estado de São Paulo, além da valorização de investimentos na formação dos trabalhadores auxiliares e técnicos de enfermagem que compõem o maior contingente profissional inserido na equipe de enfermagem, sendo suas ações fundamentais para o cuidado à saúde da população brasileira, em todos os níveis de atenção. Essa valorização, dentre outros aspectos estruturais, demanda a atuação de professores com conhecimentos e compromisso ético-político.
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