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A construção de linhas de cuidado para COVID-19 com foco na gestão do trabalho e da educação

O artigo “Linhas de Cuidado em COVID-19: um dispositivo para organização do trabalho, gestão e educação centrado no cuidado das pessoas nos territórios”, publicado na revista Saúde em Redes (dez/2020) editada pela Rede Unida, inspirou a produção de um infográfico visando apoiar gestores e trabalhadores no enfrentamento da pandemia. A partir de quatro dimensões (Linhas de Cuidado, Rede de Atenção, Gestão do Trabalho e da Educação e Micropolítica do Trabalho), os documentos propõem a construção de linhas de cuidado para a reorganização do trabalho dos serviços de saúde nos territórios visando o enfrentamento da pandemia.

“Tanto o artigo quanto o infográfico evidenciam o componente da gestão do trabalho e da educação na construção de linhas de cuidado, de acordo com as especificidades locais e regionais, nem sempre tão visíveis quanto a infraestrutura dos serviços de saúde, porém essenciais para a resposta articulada do setor saúde”, explica a coordenadora da Unidade Técnica de Capacidades Humanas para a Saúde da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) no Brasil, Mónica Padilla, uma das autoras do trabalho.

O artigo e o infográfico foram construídos a partir de documentos da OPAS e da Organização Mundial da Saúde (OMS) elaborados para o enfrentamento da pandemia. “O infográfico acrescenta experiências exitosas do Sistema Único de Saúde (SUS) e traz materiais de hipermídia, como vídeos e cursos online, para facilitar o intercâmbio de conhecimentos entre trabalhadores e gestores da saúde no contexto da COVID-19”, explica Padilla.

 

Ícones para navegar

No infográfico, há materiais para embasar tecnicamente a construção de linhas de cuidados organizadas em cuidados coletivos; cuidados para as pessoas com casos suspeitos; pessoas assintomáticos e com sintomas leves; com sintomas moderados e graves; e com necessidade de reabilitação, disponíveis no ícone Linha de Cuidado (em azul). As recomendações para a implantação de campanhas de vacinação em massa contra COVID-19 estão em destaque no ícone Imunização, localizado no infográfico (em vermelho), como um dos pontos da Rede de Atenção.  Outros dois destaques trazem documentos sobre Gestão do Trabalho e da Educação (em verde) e Micropolítica do Trabalho (em laranja), essenciais para que o sistema sanitário local execute a resposta à pandemia.

De acordo com a pesquisadora Lisiane Bôer Possa, a descentralização do SUS para a gestão local possibilitou uma resposta mais assertiva para a saúde da população. “Precisamos reconhecer a potência e a rede do SUS mesmo com inúmeros desafios. Foi exatamente a descentralização do sistema que permitiu aos estados e aos municípios construírem o cuidado à saúde para enfrentar a COVID-19”, ressaltou Lisiane Possa, autora principal do artigo.

 

Trabalho Vivo

No artigo, os autores focam nos desafios para a gestão do trabalho e da educação para a reorganização dos serviços e pontos de atenção nos territórios no contexto da COVID-19, elencando estratégias para superá-los. Destacam que a governança da linha de cuidado implica na capacidade de coordenação de ações e serviços no território, via articulação por meio das estruturas do SUS, como as comissões de saúde, mas também via as articulações entre os trabalhadores “em e entre cada ponto de atenção nos municípios e regiões de Saúde”, o que na literatura é denominada como coordenação embasada em trabalho vivo.

A pesquisadora Lisiane Possa explica que a construção da Linha de Cuidado é mais efetiva quando se reconhece as potencialidades do território,  refletindo sobre o que é possível desenvolver, construir, reorganizar os processos de trabalho para cuidar das pessoas conforme as suas necessidades. “O plano da Linha de Cuidado está relacionado à politica, que diz respeito às ações de promoção, de prevenção, de reabilitação e de assistência, mas também estamos falando da micropolítica do trabalho, que é a linha que constitui esse percurso e envolve cada ato singular, onde se produz o encontro do serviço, dos trabalhadores e desse com o usuário”, explica.  Lisiane Possa também destaca a importância de se pensar na fragilidade do trabalhador em saúde no contexto da COVID-19.

Como desafios para as equipes de gestão do trabalho e da educação em decorrência da COVID-19, os autores citam quatro pontos fundamentais: garantir o planejamento das necessidades de provimentos de trabalhadores em um contexto de expansão da demanda por serviços; constituir capacidades locais de coordenação da linha de cuidado; aumentar rapidamente a oferta de capacitações, ações de educação permanente e canais de comunicação com os trabalhadores; e proteger e apoiar os trabalhadores. No artigo, os autores elencam 17 estratégias para responder a esses desafios.

Leia o artigo – http://revista.redeunida.org.br/ojs/index.php/rede-unida/article/view/3365

Infográfico – https://apsredes.org/saude-este-infografico-apresenta-as-linhas-de-cuidado-covid-19-um-dispositivo-para-organizacao-do-trabalho-gestao-e-educacao-centrado-no-cuidado-das-pessoas-nos-territorios/

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