A experiência a ser apresentada é decorrente do Projeto Usuários Reinternadores do ano de 2021 da Secretaria Municipal da Saúde de Porto Alegre/RS. O projeto visa a construção de uma proposta de transição do cuidado e vinculação de usuários reinternadores à rede de atenção primária em saúde (APS) com vistas a diminuir a ocorrência de novos agravos e necessidade de internações.
Um dos grandes desafios relacionados às demandas na área da saúde é a diminuição do tempo de internação e das taxas de reinternações, que são importantes indicadores de desempenho e de qualidade hospitalar. Com vistas a melhora desses indicadores, há a necessidade de intervenções que auxiliem na organização adequada para a alta, envolvendo equipes multidisciplinares, o paciente, a família e as redes de apoio (GHENO e WEIS, 2021).
Algumas reinternações hospitalares podem ser preveníveis, tanto pelo próprio indivíduo, aderindo às terapêuticas e ações de autocuidado, quanto pelo sistema de saúde, com o adequado manejo pela equipe multidisciplinar. Em relação a insuficiência cardíaca, por exemplo, alguns estudos demonstram que, dentre as principais causas para descompensação do quadro está a má adesão à terapêutica medicamentosa relacionada ao déficit no autocuidado. Impactos positivos no autocuidado estão relacionados ao conhecimento adequado sobre a doença e facilidade para identificar sinais e sintomas de descompensação, buscando precocemente o auxílio de um profissional de saúde, diminuindo, assim, o número de reinternações por descompensação da insuficiência cardíaca (LINN et. al, 2016).
A transição do cuidado é uma estratégia que pode melhorar a realidade dos serviços de saúde e dos seus indicadores de qualidade. Ela pode ser definida como intervenções que coordenam o cuidado ao paciente ao longo do seu atendimento nos serviços de saúde, como por exemplo entre as equipes do hospital e a Atenção Primária à Saúde (APS) ou atenção domiciliar (GHENO e WEIS, 2021).
Neste relato, apresentaremos a experiência de uma proposta de transição de cuidado e monitoramento de usuários reinternadores que não tiveram acesso à rede de atenção primária , do município de Porto Alegre, nos últimos 12-24 meses. O projeto teve início em setembro de 2021 e envolve diferentes setores estratégicos da secretaria municipal da saúde, assessoria de planejamento ( ASSEPLA), diretoria de vigilância em saúde (DVS), Política das doenças crônicas e não transmissíveis e Coordenação de Atendimento Digital e transição de cuidados.
A Coordenação de Atendimento Digital e transição de cuidados está vinculada à Diretoria de Atenção Primária à Saúde e tem como objetivo implantar estratégias de atendimento digital, bem como efetivar a vinculação dos usuários com alta hospitalar à APS, por meio da transição de cuidados, e é composta por quatro enfermeiras, quinze acadêmicos de enfermagem e um acadêmico de saúde coletiva.