Já estão disponíveis os dados da Pesquisa Práticas de Enfermagem no Contexto da Atenção Primária à Saúde (APS), realizada pela Universidade de Brasília, por iniciativa do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen). O site, lançando nesta semana, concentra os dados e relatórios do estudo, que mapeia o perfil dos enfermeiros e das práticas avançadas na APS.
Mais de 7 mil enfermeiros de todas as regiões do Brasil participaram da pesquisa, que consistiu no levantamento do perfil sociodemográfico, entrevistas e coleta de narrativas do cotidiano dos profissionais. “Mapear a realidade na Atenção Primária é fundamental para conhecer e fortalecer as práticas avançadas de Enfermagem. Diversas práticas já são uma realidade do SUS, sendo necessário mapeá-las e qualifica-las para alcançar o impacto desejado na assistência”, afirma a presidente do Cofen, Betânia Santos.
A Enfermagem brasileira, considerada a maior força de trabalho no Sistema Único de Saúde (SUS), tem sido corresponsável, prioritariamente por meio da Estratégia Saúde da Família, pela reestruturação, ampliação e melhoria do acesso e da qualificação da APS em redes integradas.
Seis em cada 10 profissionais considera boas ou regulares as condições de atuação na Atenção Básica a na Estratégia de Saúde da Família. Ampla maioria (81,7%) atua em equipes que conta com presença de médico, mas em quase metade dessas equipes, o médico não é especialista em Saúde da Família e Comunidade.
Profissionais experientes – Quatro em cada 10 profissionais participantes tem mais de 12 anos de experiência na Atenção Primária. Com relação à formação, um em cada quatro entrevistados concluiu especialização, 8,5% têm título de mestrado, mas apenas 5,6% fizeram residência. Fontes governamentais de informações predominam, tendo sido citadas por 7 em cada 10 entrevistados (72,7%).
As mulheres são ampla maioria (88,4%). Em relação a raça/etnia, 50,3% se declarou branca, 40,3% se declarou parda e 7,2% se declarou preta. A idade predominante varia entre 36 a 40 anos.
Práticas na APS – Sete em cada 10 enfermeiros realizam visitas aos indivíduos e famílias cadastradas na unidade de Saúde. Três em cada quatro participam das atividades de acolhimento e três em cada cinco fazem classificação de risco.
A pesquisa confirma a centralidade do enfermeiro na gestão. 72,6% dos participantes fazem o planejamento e acompanhamento sistemáticos das ações das equipes. Mais da metade (55,6%) faz a regulação das demandas locais nas Redes de Atenção Integradas à Saúde (RAIS).
A pesquisa revela, porém, grande mobilidade. Quase 1/4 dos profissionais não reside no município onde trabalha. 39,5% atuam a menos de 5 anos no município.
Cotidiano do trabalho fundamenta pesquisa – “O estudo se fundamenta no exercício cotidiano do trabalho para compreender as práticas de Enfermagem”, explica a coordenadora da pesquisa, professora Fátima Sousa. “Essas pessoas nos doaram momentos de suas difíceis jornadas de trabalho frente à rotina inglória da pandemia, acrescida das tradicionais atividades de seu exercício profissional, para nos traduzirem suas práticas da vida real em evidências de pesquisa”, agradeceu.
Fruto da parceria entre o Cofen e a Universidade de Brasília, por meio do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares e do Núcleo de Estudos de Saúde Pública (CEAM/NESP). Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Associação Brasileira de Enfermagem de Família e Comunidade (Abefaco) e Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS).