A Clínica da Família Ana Maria Conceição dos Santos Correia, no Rio de Janeiro, além de ser um equipamento da saúde pública, representa um espaço para as lideranças locais debaterem as demandas da comunidade, como identificar os pontos de vulnerabilidade do território, abordar questões ligadas ao abastecimento de água, lixo, desemprego, insegurança alimentar. A partir do surgimento da pandemia de Covid-19, a Clínica da Família passou a discutir com a comunidade os impactos da doença na saúde dos moradores. Por meio da intermediação do Conselho de Saúde, foi criado o fórum de participação comunitária Fala, Ana Maria – um conselho gestor local, para construir estratégias de enfrentamento das questões de saúde local.
O território da unidade de saúde abrange os bairros de Vila Kosmos, Vila da Penha, Penha Circular e Vicente de Carvalho. Nas últimas décadas, a região foi afetada por um crescimento urbano desordenado, com construções não regulamentadas e localizadas em áreas de morro e encostas. A população, de 24 mil pessoas, é atendida por seis equipes de saúde da família.
Márcio Henrique Silva, médico de família e comunidade, e autor da experiência destacou a reorganização dos fluxos e as novas pactuações do conselho de saúde para atender as demandas da Covid-19, como a manutenção das reuniões de equipe de forma online, das linhas de cuidado, visitas domiciliares com segurança, diagnóstico comunitário mais personalizado, e nova abordagem comunitária. “Montamos um novo diagnóstico comunitário mais personalizado, percebemos os desafios dos territórios e convocamos as instituições, parceiros (igreja, lideranças comunitárias), e nos juntamos. Foi um momento importante para aproximarmos as lideranças comunitárias, trazermos novos debates sobre os problemas do território, e para aproximar os trabalhadores também. O espaço foi ganhando mais força e agora fazemos as reuniões na igreja mensalmente”.
A experiência identificou ações para vacinação, desafios agravados pela pandemia, como insegurança alimentar, trabalho infantil, luto vinculado à desestruturação familiar, promoção da saude mental, prevenção ao suicídio, entre outros temas pertinentes do território. “Articulamos com uma ONG para distribuir alimentos no território e estimulamos doações. Temos ferramentas para planejamento e intervenção comunitária, planilha de controle em que toda reunião preenchemos junto com a população, e grupo de whatsapp como frente de mobilização”, explicou o médico.
Entre os resultados da ação, estão a própria devolutiva do diagnóstico para a comunidade, a ampliação do debate sobre temas como a pandemia, os atendimentos de pessoas com sintomas respiratórios, a vacinação, a insegurança alimentar, o luto, o aumento do trabalho infantil, a interrupção da escola, entre outros assuntos.
O conselho gestor local fortalece a participação popular, contribuindo com a democracia, com as políticas microrregionais e com o serviço de saúde. O envolvimento da população, dos profissionais e da gestão, em uma mobilização voltada para o território e para a comunidade, consiste em estratégia de enfrentamento da pandemia.
Esta experiência participou da oficina virtual, confira na íntegra: