A Prática Avançada em Enfermagem nos Estados Unidos (EUA) foi tema do encontro virtual, realizado no dia 22 de outubro, transmitido no canal Somos Enfermagem TV e no Portal da Inovação na Gestão do SUS. “Podemos perceber que a iniciativa melhorou o acesso ao cuidado em saúde em contextos com oferta limitada de médicos, a qualidade do cuidado aos indivíduos portadores de condições crônicas e a redução dos gastos em saúde após a adoção da APN (Advanced Practice Nursing)”, segundo a painelista Joyce Pulcini. O ciclo de debates é promovido pela Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil, pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e pelo Centro Colaborador da OPAS/OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem da Universidade de São Paulo/Ribeirão e visa o intercâmbio de experiências entre o Brasil e outros países.
A professora Joyce Pulcini, diretora do GW Enfermagem comunitária e iniciativas globais (2014-2018) e referência no desenvolvimento global de enfermagem de prática avançada, explicou que os EUA demorou 50 anos para priorizar a atenção primária. “Nos EUA, a prática avançada começou com enfermeiros que viram a oportunidade de expandir as ações para atender toda a população dos EUA. No início alguns médicos, enfermeiros e universidades foram contra, então tivemos que convencê-los”, ressaltou.
Pulcini explica na palestra sobre o sistema de titularização da categoria nos EUA, como a certificação e a formação dos programas universitários criados ao longo dos anos. Nos EUA, há diferentes categorias, APN (Advanced Practice Nursing) focados em pacientes mais críticos, mais agudos, que precisam de dois anos de prática e especialização de alto nível; o RN (Registered Nurses) practice são os profissionais bacharéis em Enfermagem e precisam de uma série de certificações para desenvolver atividades como administração de equipes de enfermagem, cuidados com pacientes em unidade de terapia intensiva (UTI), auxílio aos médicos em cirurgias, entre outras funções.
Já o Nurse Practitioner (NP), nos EUA, é o profissional que atua na atenção primária com um escopo de competências definida, antes praticado por médicos, como por exemplo, o primeiro contato para pacientes com problemas de menor gravidade, cuidado de rotina de pessoas com condições crônicas, prescrição de medicamentos e solicitação de exames. O profissional de enfermagem (NP) tem a responsabilidade de reduzir a demanda de saúde, possibilitando a ampliação do acesso aos serviços de atenção primária em saúde e, também, na redução de custos em saúde para o Estado.
“Em torno de 1993, quase todas as universidades de enfermagem já tinham programas educacionais de NP. As funções se sobrepõem, a Prática Avançada em Enfermagem (APN) proporciona o cuidado dos enfermeiros que diagnosticam e tratam as doenças. O aluno recém-formado sai com a certificação, mas ainda precisa experimentar e vivenciar na prática”, explica a professora, que também falou sobre a estrutura curricular do mestrado para capacitação, e sobre a existência do doutorado.
Quanto aos pontos fortes e fracos, Joyce Pulcini pontua: “Nós temos menos médicos que querem ser especialistas em APS, pois eles recebem menos e optam por áreas com melhor remuneração. Então normalmente temos essa lacuna na APS, ocupada pelo NP que expandiu o trabalho para que os pacientes tenham uma atenção maior. Com o passar do tempo, o nível de satisfação cresceu nos EUA. Eles reconhecem o valor do NP e gostam desse cuidado de enfermagem extra. Os estudos têm mostrado que o NP é muito eficaz na APS. Temos um papel muito importante na atenção básica”.
A regulamentação difere entre os estados americanos, não é regulada em uma perspectiva federal, cada estado tem a sua para cada função, assim como as suas próprias regras. “A profissão é bem paga e bem respeitada nos EUA, status e pagamento bons são importantes para manter as pessoas nessas funções”, finaliza Pulcini.
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