A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) lançará a síntese do Relatório Técnico da OPAS – 30 anos de SUS, que SUS para 2030? e o Relatório de Pesquisa: Cenários e desafios do SUS desenhados pelos atores estratégicos, na próxima quinta-feira, 11 de outubro, no site da Organização e no Portal da Inovação na Gestão do SUS (apsredes.org).
A síntese do Relatório Técnico da OPAS – 30 anos de SUS, que SUS para 2030? é fruto de um amplo debate e começou a ser construído há 15 meses, a partir da realização de seis seminários nacionais e internacionais que reuniram cerca de 400 atores do setor saúde, entre acadêmicos, gestores, profissionais de saúde, que discutiram os principais desafios do SUS.
Os temas abordados no Relatório Técnico retratam as prioridades da estratégia de cooperação técnica da organização com o Brasil, que se alinham com os mandatos regional e global da OPAS/OMS, materializados em 10 análises, subsidiadas em evidências científicas, são elas: financiamento público em saúde, desafios da mortalidade infantil e na infância, contribuições do Programa Mais Médicos, Trabalho e Educação na Saúde, políticas de medicamentos e inovação tecnológica, doenças e agravos não transmissíveis, saúde mental, epidemias de ZiKa, de HIV/Aids e imunizações.
O documento traz ainda o resultado da pesquisa realizada pela OPAS que apresenta os requisitos e os atributos para uma Atenção Primária à Saúde resolutiva, intitulada de APS Forte, pilar para sustentabilidade do SUS, conforme defende a Organização. “A força desse Relatório Técnico é a capacidade, a partir de um processo analítico, de formular sugestões para os futuros gestores que deverão enfrentar os desafios do SUS”, explica o coordenador da Unidade Técnica de Sistemas e Serviços de Saúde da OPAS, Renato Tasca, que destaca as principais mensagens reunidas na síntese do Relatório Técnico (veja o vídeo).
Pesquisa com atores estratégicos sobre o SUS
O objetivo da pesquisa foi compreender os limites e as possibilidades para a consolidação do SUS, a partir do posicionamento técnico, político e ideológico de atores envolvidos no processo de concepção e implementação do SUS. Aproximadamente 180 atores estratégicos foram convidados a participar, sendo que 86 responderam voluntariamente o questionário: 55% de gestores e ex-gestores do SUS, 44% acadêmicos, 5,5% dirigentes do setor privado, 4,5% parlamentares e 15% de outros especialistas.
“A primeira mensagem parte das entrevistas com os atores estratégicos. Há um desejo de transformação e de inovação do SUS. Percebe-se a necessidade de que algumas coisa ou muita coisa tem que mudar a depender do interlocutor, só que ao mesmo tempo percebe-se um grande receio, quase medo de realizar essas mudanças devido ao receio de causar retrocessos, devido ao momento político turbulento. E daí vem a nossa principal recomendação: que a gente vai superar essas diferenças por meio de um diálogo aberto, franco, chamando a sociedade e diversos atores”, elenca Tasca.
“O segundo tema que aparece muito claramente é que em quase todas as áreas que investigamos há uma enorme preocupação com o efeito da crise financeira no SUS e do impacto da Emenda Constitucional n. 95, que congela os investimentos federais na saúde por 20 anos. E por fim, a terceira mensagem que aparece radicalmente é que em momento de crise, em momento de dúvida de sustentabilidade do SUS, há uma estratégia que é fundamental e que deve ser fortalecida. Essa estratégia chama-se Atenção Primária à Saúde (APS). Agora existem muitos obstáculos para uma APS resolutiva, que apesar de ter tido resultados, nós precisamos radicalizar mais ainda o modelo e alcançar uma meta que estamos chamando de APS Forte.”