Esta narrativa nasce da experiência de educação permanente em saúde (EPS) do Centro de Atendimento Socioeducativo de Novo Hamburgo (CASENH). Trata-se de uma das 13 unidades da Fundação de Atendimento Socioeducativo do Rio Grande do Sul, cuja proposta é a regionalização do atendimento da Medida Socioeducativa (MSE) de Internação e Internação Provisória. Com a criação do CASENH, os adolescentes da região passaram a cumprir a MSE na unidade regional e não mais em Porto Alegre, conforme ocorria anteriormente. A unidade recebe adolescentes do sexo masculino provenientes de 34 municípios dos Vales dos Sinos, Paranhãna e Caí, Rio Grande do Sul.
No percurso de implementação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde de Adolescentes e Jovens em Conflito com a Lei em Regime de Internação ou Internação Provisória (PNAISARI), emergiu o projeto de EPS intitulado Saúde Mental Coletiva e o Cotidiano de Trabalho. Em março de 2014, a partir da parceria envolvendo a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o CASENH, a Escola Estadual Bento Gonçalves e o Departamento de Ações em Saúde (DAS) da Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul (SES/RS), formou-se a equipe que iniciou uma proposta de EPS voltada aos trabalhadores e adolescentes do CASENH. A equipe era constituída por dois residentes e a preceptora de campo, vinculados à Residência Integrada em Saúde Mental Coletiva (RISSMC), e duas bolsistas de extensão, uma de psicologia, do Projeto Estação PSI, e outra das ciências sociais, do Projeto Direitos Humanos, Práticas e Políticas de Auditoria na gestão da Infância e Juventude no Brasil – ambos projetos vinculados à UFRGS. Tal equipe contava, ainda, com a parceria de trabalhadores da Unidade CASENH que também figuravam como executores da proposta.
A oferta aos trabalhadores de ações diferenciadas enfrentou um primeiro entrave: como mobilizá-los para uma atividade de educação, se lidavam sempre com excesso de trabalho? Foi preciso um grupo em sintonia e dotado de muita persistência. Começou-se por colocar em discussão o que se entendia por educação permanente. A conversa voltou-se para o que estava acontecendo no serviço, e algo aí surgiu: não se sabia o que fazer com os adolescentes internados no CASENH que apresentavam sofrimento psíquico. Anteviu-se algo, concretamente: um projeto-piloto que versasse sobre saúde mental coletiva no contexto das medidas socioeducativas. A inspiração veio de Ceccim (2004/2005), quem definiu a EPS como processo educativo que se dá no cotidiano do trabalho, na construção de relações e processos, desde o trabalho interno às equipes até as práticas organizacionais, interinstitucionais e intersetoriais.
Com o objetivo de melhorar a microgestão dos processos de trabalho e desinstitucionalizar as práticas de cuidado do adolescente encarregadas à equipe do CASENH, organizou-se a ação em dois tempos: um voltado para a educação permanente dos trabalhadores; e outro centrado no cuidado do adolescentes, a partir de Gincanas.
A EPS Saúde Mental Coletiva e o Cotidiano de Trabalho realizou-se no CASENH entre 6 de maio e 11 de novembro de 2014. O público-alvo atingido diretamente pela ação foi de 18 trabalhadores – técnicos, agentes sócioeducadores e professores da escola estadual – e 100 adolescentes. A partir dos referenciais da Saúde Mental Coletiva e da EPS, lançou-se mão de dispositivos: trabalho em roda, flexibilização e construção conjunta do cronogramas e temáticas, cuidado com a ambiência para o trabalho em grupo, e outras dinâmicas, possibilitando a construção de reflexões coletivas com base nas experiências dos trabalhadores participantes.
A ação Saúde Mental Coletiva e o Cotidiano de Trabalho constituiu-se de 21 encontros, divididos em dois módulos: o primeiro foi composto por seis encontros, direcionados apenas aos trabalhadores; o segundo, composto por 15 encontros, dirigiu seu foco à dinâmica entre trabalhadores e adolescentes. A presença dos trabalhadores tinha flutuações, devido, principalmente, às características dos processos de trabalho na Unidade.
No primeiro módulo, utilizaram-se dinâmicas de interação maior entre equipe executora e participantes: a Mandala da Saúde Mental Coletiva e as Ilhas de Conhecimento. A primeira consistiu em dispor uma mandala no chão, junto a etiquetas nas quais eram escritos conceitos norteadores de práticas de cuidado, como Cuidado, Acolhimento, Projeto Terapêutico Singular (PTS). Foi proposto aos participantes pensarem em ações sobre os processos de trabalho que eles entendiam como cuidado em saúde mental. A segunda dinâmica, chamada Ilhas do Conhecimento, visava facilitar a reflexão sobre a utilização do Plano Individual de Atendimento (PIA) a partir da experiência de trabalho. Foram colocados papéis pardos no chão e formados três grupos, cada um encarregado de responder a questões diferentes, sendo reservados 30 minutos de discussão para cada pergunta. A cada nova questão apresentada, os participantes eram realocados de tal maneira que a questão era respondida por um grupo de composição diferente. Assim, foi possível problematizar tanto o entendimento do dispositivo PIA como a percepção de cada indivíduo sobre sua participação no processo de realização de um PIA na Unidade.
No primeiro módulo, utilizaram-se dinâmicas de maior interação entre equipe executora e participantes: a Mandala da Saúde Mental Coletiva e as Ilhas de Conhecimento.
No quarto encontro, a equipe técnica propôs a realização de uma gincana de saúde mental coletiva em um setor da Unidade, de maneira experimental, como forma de colocar em prática as reflexões dos primeiros encontros.
No quinto e no sexto encontros, a gincana foi planejada conjuntamente. A primeira gincana realizou-se em um dos quatro setores da Unidade e, na avaliação do grupo, deveria ser replicada aos demais. Foram realizadas cinco gincanas em quatro setores: A2, A1 (duas gincanas, com metade de internos em cada), B2 e B1. Em cada gincana, foram experimentadas vários tipos de tarefas, conforme as especificidades de cada setor, no intuito de uma melhor interação com os adolescentes, suscitando-lhes interesse e criatividade em torno aos temas propostos.
Após cada gincana, a ação era avaliada em uma reunião. Para composição das equipes participantes das gincanas, a equipe técnica convidou adolescentes capazes de ocupar posição de liderança, o que possibilitou a criação de um vínculo grupal. Os demais adolescentes eram sorteados para compor cada equipe. O planejamento da gincana ocupou no mínimo três encontros preparatórios com os adolescentes, divididos em equipes.
Suas tarefas foram:
– criar e confeccionar cartazes com os nomes das equipes que tivessem relação com o tema Saúde;
– ler a Caderneta de Saúde do Adolescente (Brasil, 2009);
– compor, cantar e dançar uma música criada pelo grupo;
– responder perguntas de múltipla escolha sobre saúde;
– participar do jogo Cabo de Colaboração;
– criar e responder perguntas sobre adolescência, drogas, saúde e sexualidade; e
– participar de jogo de mímicas relacionadas a ações de saúde
Participaram, em média, 100 adolescentes, totalizando 22 letras de músicas e respectivas apresentações, e 98 perguntas e respostas relativas a sexualidade, adolescência, saúde e drogas.
O cuidado, a atenção: nós, trabalhadores, na relação com o adolescente
A equipe que participa da EPS é formada por agentes socioeducadores, professores e técnicos. A sensação de não participação no cuidado de adolescentes veio dos agentes. Curioso, pois são os que estão mais próximos dos adolescentes. A palavra da profissional técnica foi de pronto tomada como verdade. Parecia que somente ela poderia falar sobre o adolescente; o cotidiano, no qual os agentes estavam imersos com os guris, pouco poderia dizer daquilo que se passava com eles. A psicologia é a bola da vez. Os agentes queriam e também não queriam saber o diagnóstico. Procuravam pontos de contato entre as diferentes funções. “Todos são um pouco psicólogos”, diziam os trabalhadores. O saber da equipe executora da EPS também foi colocado em questão. “Sabemos o que é melhor para eles. Sabemos o que eles devem fazer, ser, seguir”, falou um agente socioeducador.
Sabemos? E o que eles, adolescentes, teriam para falar de si mesmos? Como construir processos que gerassem autonomia frente à necessária disciplina? “Nós precisamos manter a autoridade”. Mas seria possível outro lugar que não o de autoridade? Apareceram então os jogos. As oficinas. A conversa com os adolescentes. As práticas dos trabalhadores. Apareceu o Duque, um adolescente abusador. Mas também um adolescente que sabia passar o que conhecia. Virou oficineiro. Seu saber legitimado? “Ser só autoridade nos coloca em risco”, disse um agente socioeducador. E quanto risco há em uma Unidade transbordante… Trabalhadores que ora operam na lógica da autoridade e da disciplina, ora apontam ações – que intuem ser – de saúde.
Deveríamos incluir os adolescentes com alguma proposta na EPS? Parte dos trabalhadores não queria. Queria o espaço de fala para si. O peso foi grande. Dificuldade de ver as ações como efetivas, de mover a rotina. Não era só a produção da EPS que estava em questão. A gestão do trabalho também. O fazer que esvazia com o passar do tempo. Angústia. “Precisamos apropriar-nos desse sentido”. Entre as histórias e narrações dos trabalhadores, uma marcou especialmente. Um agente socioeducador contou que um adolescente tinha tido um pesadelo terrível. Ele socorreu. Ouviu o pesadelo. O guri chorava. Então, o trabalhador lembrou-se do livro dos sonhos e começou a contar um pouco daquilo que lembrava. A conversa acalmou o adolescente, que voltou a dormir. E, no pátio, um grito no outro dia: “E aí, Seu, quando vai trazer o livro que prometeu? ”. Esse chamado não tem o peso da promessa não cumprida, como sugere o trabalhador. Ele nos parece bem mais um “Oi, muito obrigado”.
Entre as diretrizes do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase) que reordenam os trabalhadores da socioeducação (Brasil, 2012), existe a sutileza da vida. Essa sutileza precisa ser compartilhada. Ela é o velho e bom cuidado. Vem aonde o outro vacila. Lá onde o outro sofre, onde o fazer acontece.
Do PIA aos piás que a gente encontra
Os socioeducadores fazem o PIA. Os professores também. A equipe inteira faz o PIA. Mas como faz? Quem tem acesso ao PIA? As perguntas que lançamos são simples: O que é um PIA? Como é construído na equipe? Como acontece no cotidiano de trabalho? Como é pensado no momento de saída do adolescente da Unidade?
Em um dos cartazes, aparece que o adolescente, ao chegar, é entrevistado por dez profissionais. Os motivos são muitos. Identificar demandas de cuidado e socioeducação. Verificar se há algum “contra” (inimigo) internado, questão de segurança. Quão cansativa deve ser para o adolescente essa quantidade de conversa! Os trabalhadores dizem que eles até gostam. Sentem-se escutados.
Quantas vezes, antes de chegar à Unidade, o adolescente falou de si? Mas, não haveria outra forma? Pela demanda de trabalho, dizem, não há outra forma mais eficaz de conhecer o adolescente quando chega. Por cuidado e por segurança, é preciso cumprir esse ciclo de entrevistas. A gestão do trabalho, tal como está instaurada, não permite tantas mudanças. Em outro cartaz, volta a questão do diagnóstico. Mas agora vem como algo não necessário de se saber. É melhor o agente socioeducador não saber, assim não interfere no convívio com o adolescente. Ele está falando do diagnóstico ou do ato infracional? As coisas eventualmente se confundiam.
O contexto enfrentado pela equipe do CASENH, como resultado de uma política de aprisionamento da juventude pobre, deixa poucas brechas. A cada visita à Unidade, ela está mais cheia: 160 adolescentes, às vezes 170, para um serviço com capacidade para 60. A equipe se questiona se consegue dar a atenção necessária a cada adolescente que por ali passa.
Mesmo com a Unidade superlotada, alguns trabalhadores insistiam no desejo de realizar uma atividade com os adolescentes. Traziam um esboço de plano. Uma gincana, que aconteceria com todos os setores. A proposta de trabalhar com a construção coletiva de conhecimento gerava tensões. A ação entrou em conflito com o funcionamento da Unidade, vertical e segmentada. “Aqui cada um faz a sua parte”. Queríamos borrar essas partes. Mas não se conduz as pessoas com base em um programa; trabalha-se com elas. No tensionamento, a equipe do projeto perdeu metade dos trabalhadores. A maioria, agentes socioeducadores. Será que acertáramos em embarcar na proposta da gincana?
A aposta no fazer: gincanas
Pensa-se em música. Em letras feitas pelos adolescentes. Em perguntas sobre saúde. Um saquinho de perguntas produzidas pelos adolescentes, pelos trabalhadores e pela equipe executora. Cachorro quente. Refrigerante. Caixas de som. Mesmo com os esforços da equipe, são escassos os espaços grupais entre adolescentes. Superlotação. Falta de tempo. Mas, para a gincana, é preciso ensaiar a música. É preciso pensar as perguntas. E como será falar sobre sexualidade com eles? E se nos desrespeitarem?
Apesar dos medos. A produção dos cartazes. O pensar as tarefas. A escolha dos líderes das equipes das gincanas. A escolha dos profissionais de referência para cada equipe. A divulgação. É entre o tédio e a desconfiança que os adolescentes recebem pela primeira vez o convite para fazer parte da gincana. Será que vai dar certo?
Na segunda divulgação, outras táticas, o uso de vídeos já feitos, com músicas e produções dos adolescentes com a equipe. Nos rostos antes sérios, uma pequena descontração. A Unidade passa a ter grupos para ensaio de música, discussão de sexualidade, drogas, saúde. Os adolescentes parecem se animar.
Os nomes das equipes que participam da gincana demonstram a criatividade e a disposição de se vincularem com o tema proposto:
– Tropa da saúde
– Batalha da vida
– Os vacinados
– Bonde da vida melhor
– Manos da saúde
– Só pela saúde
As perguntas elaboradas pelos adolescentes sobre o tema Saúde mostraram o significado dado por eles àquele espaço grupal de trocas, demonstrando que se sentiam à vontade para se expressar, aprender, interagir e conviver. Os adolescentes perguntaram:
– Porque a gente sente dor no peito quando gosta de alguém?
– Por que quando a nossa família não vem nos visitar nós nos sentimos mal?
– O que quero pra minha vida?
– O que se deve fazer quando for abusado sexualmente?
– Faz mal usar drogas demais e usar bebida junto?
Durante a gincana, momento quando as figuras de autoridade dos adultos e trabalhadores, tão questionadas pelos adolescentes, eram esmaecidas, estes desvelavam suas dúvidas, deixando-se também levar pela dinâmica da brincadeira.
As letras das músicas revelavam que através delas, os adolescentes expressavam, às vezes, mais do que fariam em espaços institucionalizados de atendimentos. A música criada, cantada e apresentada por um grupo representava o sentimento de todos e assim, o engajamento na tarefa da gincana ia aumentando. A música da equipe Vida e Saúde demonstra a necessidade de um adolescente dividir com o outro a sua experiência:
Mano entendo o sofrimento
Escuta o que eu vou falar
Porque ontem eu ri
Hoje eu vou chorar
Pensei na coroa
E o que eu tô fazendo
Ver minha família nesse sofrimento
O que passou, passou
Passado é pra esquecer
Porque amor de mãe você tem que merecer
A liberdade vai chegar e eu quero me libertar
Paz, amor e alegria, por ela eu vou lutar
Lágrimas caem de meu rosto porque parei pra pensar
Em meio a esta atividade, a estas criações e interações, o PIA do adolescente foi se constituindo. O PIA passa a ser uma experiência, uma das histórias da vida para ser contada, relembrada, de alguma maneira revivida, no ambiente inóspito de uma unidade de internação que se permitiu inventar algo novo.
O trabalho com EPS pode partir de muitas estratégias. Inclusive de uma gincana. Sim, pode nos divertir. Depois da primeira gincana, fala-se dos medos. A equipe executora, com relação aos trabalhadores. Os trabalhadores, com relação aos adolescentes. Esquecimento de que a trama é de todos nós. Por isso o medo.
Na segunda gincana, a Unidade se prepara: dela participarão 40 adolescentes. Tensão. Como liberar tantos adolescentes assim? De quantos profissionais precisaríamos? Na primeira gincana, os agentes socioeducadores parecem lagartixas grudadas na parede, sem reação diante de tudo que ameaça sair do controle. Os adolescentes avaliam a gincana e sugerem que tenha batalha de rap e jogo de mímica. O próximo setor, ao invés de 40, terá 50 adolescentes. Tensão. Alguns dizem que fazer a gincana naquele momento, quando o setor estava difícil, seria uma sobrecarga para os trabalhadores. Outros ponderaram: a atividade poderia diminuir a tensão, pois criaria uma situação de encontro não previsto, entre adolescentes e trabalhadores.
Seguiu-se em frente. “Nunca um grupo tão grande ficou ‘solto’ dessa forma aqui na Unidade”. Isto é inovador. São pequenas diferenças. O resultado dessa gincana dos “soltos” é uma segurança mais relaxada, capaz de riso e conversa com os adolescentes. Agentes socioeducadores mais participativos. Equipe técnica mais à vontade com as perguntas e a algazarra que armam os adolescentes. Parece atividade de escola em dia de festa. Risos e brincadeiras para todos os lados. “Olha o Seu dançando!”, diz um adolescente. Os grupos de ensaio e de estudo continuam. Aqueles que não viveram a gincana perguntam quando será no setor deles.
No final, os adolescentes brincam: “O prêmio, na próxima, pode ser ir no parque aquático, Seu”. Tensão reduzida. Passado um ano e meio, a Unidade faz sozinha a atividade. Curioso como o passar do tempo dá segurança para os trabalhadores seguirem tramando com os adolescentes, sem necessidade da presença da equipe técnica do projeto.
Em meio a trabalhadores do serviço e adolescentes, muitas conversas. Um chama um integrante da equipe executora da EPS e diz: “Puxa, faz um ano e dois meses que não nos vemos. Vai participar das próximas gincanas com a gente, como no ano passado? Você sabe que vou sair daqui a pouco?”.
Outro quer falar sobre suas leituras e como anda a vida. Entre salgadinhos, refris e conversas sobre tudo, olham-se fotos da gincana do ano anterior. A gincana segue como estratégia no serviço. Os trabalhadores têm conseguido manter o trabalho construído. Não há mais incertezas sobre as escolhas feitas. Só o tempo dirá. Uma breve teoria: há certos movimentos que apenas são possíveis depois do início da primavera.
Conclusão
A EPS realizada possibilitou um espaço de reflexão sobre os processos de trabalho entre os diferentes segmentos participantes. A presença semanal da equipe executora na Unidade motivou a equipe do CASENH a sustentar espaços mais coletivos de trabalho e de análise das atividades. A ação acabou repercutindo nas reuniões dos setores, possibilitando que outros profissionais pudessem também tomar decisões e considerassem as atividades em execução. Ainda, a aproximação dos trabalhadores com os adolescentes, propiciada na criação e ensaio das músicas e na elaboração de perguntas, permitiu a esses trabalhadores um olhar ampliado sobre os jovens.
Por conta da logística necessária à realização das atividades, muitas rotinas na instituição tiveram que ser negociadas e flexibilizadas. Isto mobilizou um número grande de trabalhadores que, mesmo sem participar da ação de EPS, apoiaram a realização das gincanas. Essas flexibilizações mostraram ser possível adaptar as rotinas para produzir alguma atividade coletiva, envolvendo tanto os profissionais quanto os adolescentes.
A opção por avaliar e elaborar devolutivas durante todo o processo da EPS significa uma aposta de que essas duas práticas associadas permitem problematizar, conjuntamente e de forma horizontal, as experiências vividas. Colocam-se em análise os impasses existentes e é estimulada a criação de resoluções coletivas para tais impasses. A expectativa de disseminação é algo que perpassa o grupo de trabalho, à medida que se percebem as reverberações das atividades.
Autores
Analice Brusius – Psicóloga
Analice de Lima Palombini – Professora
Andreza Costenaro – Pedagoga, Agente Socioeducadora
Alexandre Tristão da Silva – Profissional de Educação Física
José Antonio Caruso de Lucca – Residente Saúde Coletiva
Júlia Dutra de Carvalho – Psicóloga
Ricardo Burg Ceccim – Professor
Talitha Raffo da Silva – Enfermeira