Laboratório de Inovações em Atenção Domiciliar
Instituição proponente: Grupo Hospitalar Conceição.
Endereço: Av. Francisco Trein, 596/ Bairro Passo d´Areia.
Município/Estado: Porto Alegre/RS.
CNPJ: 92787118/0001-20
Autor(es): Diani de Oliveira Machado, Verlaine B. Lagni, Sati J. Mahmud, Adriana Moog, Anita L. Leitão, Cristina O. Cecconi, , Dirce R. P. Nunes, Edimara P. L. Fontes, Gislaine S. Jardim, Guilherme E. Brunning, Inara L. Gornidki, Igor Padova, Karine Zortéa, Jeronima S. Arnoud, Jesaías G. Rosa, Luis Eduardo R. Moraes, Mateus C. Becker, Mauro B. Kalil, Nilson S. Venturini, Patricia Pilatti, Patricia T. Alievi, Rosane P. Coelho, Vivian D. Souza
Contatos:
Telefone: 51 33572443
E-mail: dianimachado@hotmail.com
Eixo: Eixo II Cuidado em Atenção Domiciliar
Tema Principal: Adaptação de procedimentos e técnicas para o contexto domiciliar e familiar.
Título do Trabalho: Antibioticoterapia endovenosa no domicilio: a experiência do Programa de Atenção Domiciliar do Grupo Hospitalar Conceição.
Período de desenvolvimento: janeiro de 2007 a dezembro de 2012.
Abrangência/Número de pessoas beneficiadas: 113 pacientes.
Atores envolvidos: usuários que receberam antibioticoterapia endovenosa no domicílio.
O Programa de Atenção Domiciliar (PAD) foi implementado no ano de 2004 pelo Grupo Hospitalar Conceição (GHC) na cidade de Porto Alegre-RS com os objetivos de reduzir o tempo de internação hospitalar por meio do término do tratamento de saúde no domicilio, diminuir a superlotação das emergências, realizar a transição do cuidado hospitalar para o domicilio e unidade básica de saúde, orientar e auxiliar usuários e familiares na produção do cuidado e atuar de forma a reduzir as reinternações hospitalares de indivíduos com doenças crônicas. Os usuários acompanhados pelo PAD são provenientes das unidades de internação ou dos serviços de emergência dos quatro hospitais do GHC.
Atualmente o PAD conta com seis equipes compostas por médico, enfermeiro e técnico de enfermagem, destas, quatro prestam atendimento adulto e duas atendimento pediátrico. Cada equipe é responsável por até quinze pacientes, com acompanhamento médio de trinta dias. Uma equipe de apoio composta por nutricionista, fisioterapeuta e assistente social presta atendimento a todos os usuários do serviço.
Entre as terapêuticas oferecidas pelo PAD, a antibioticoterapia endovenosa tem sido utilizada como alternativa para tratamento domiciliar. Esta prática tem se revelado um meio seguro, eficaz, prático e rentável, sendo amplamente aplicada principalmente na América do Norte. No Brasil, tem sido alternativa para alguns serviços de atenção domiciliar, uma vez que exclui o usuário do risco de infecção hospitalar e favorece a liberação de leitos de internação.
O fluxo de atendimento dos usuários que recebem esta terapêutica inicia-se com uma avaliação pela equipe do PAD, solicitada pelo médico assistente durante a internação hospitalar. Nessa avaliação são observados os critérios de elegibilidade do usuário, que envolvem:
– Moradia fixa;
– Residência na área de abrangência do PAD (zona norte de Porto
Alegre);
– Diagnóstico e tratamento definidos durante internação hospitalar;
– Quadro clínico estável;
– Presença de cuidador, em caso de usuários dependentes.
Após a avaliação, faz-se uma discussão do caso com a equipe assistente da internação hospitalar para definir o antibiótico de escolha, que deve ter uma frequência de administração de, no máximo, duas vezes ao dia. A viabilidade da rede venosa para administração do medicamento é avaliada pela enfermeira e, em alguns casos, opta-se pela administração da medicação por cateter venoso central, instalado durante a internação hospitalar.
Todos os usuários que preenchem os critérios descritos acima assinam um termo de consentimento que versa sobre o aceite do acompanhamento, os horários de cobertura do serviço e o tempo de internação domiciliar. Em caso de usuários dependentes a your-antibiotics do termo é realizada pelo responsável/cuidador.
Assim, após a alta hospitalar a equipe realiza a visita domiciliar e o medicamento é administrado por um profissional da enfermagem. Nos finais de semana o usuário dirige-se até a emergência do Hospital Nossa Senhora Conceição para receber o medicamento, uma vez que o PAD funciona de segunda a sexta-feira.
Conforme a rotina do serviço, o usuário permanece no domicílio com acesso venoso periférico ou central heparinizado. O paciente e sua família são orientados em relação aos cuidados com cateter e possíveis reações adversas aos medicamentos. As rotinas referentes à administração de medicação endovenosa e heparinização de cateter são descritas na forma de procedimento operacional padrão
Nos últimos cinco anos, 113 usuários adultos receberam antibioticoterapia endovenosa no domicilio por uma média de 9 dias. Destes, a maioria é do gênero feminino (gráfico 1) com faixa etária entre 21 e 40 anos (33%), seguida por mulheres com idade maior que 60 anos (20%).
Entre as patologias tratadas (gráfico 2) destaca-se a infecção do trato urinário em 37% dos casos, infecção genital e de órgãos pélvicos relacionados com aborto (26%), osteomielite (6%), infecções de pele (7%), infecção respiratória (5%), abscesso (4%), doença inflamatória pélvica (4%), infecção puerperal (2%), outros (10%).
Os antibióticos de escolha foram (gráfico 3): gentamicina (37%), ertapenem (20%), vancomicina (12%), ceftriazone (7%), amicacina (6%), ceftazedime (3%), outros (14%).
Na análise dos dados fornecidos pelo setor de faturamento do GHC, estima-se uma redução considerável dos custos na opção por antibioticoterapia domiciliar. No ano de 2011 (gráfico 4) houve uma despesa média diária por paciente de R$602,81 com internação em unidade de medicina interna, e a estimativa para a internação domiciliar no PAD foi de R$167,92, no mesmo período. Apesar dos dados perfazerem estimativas gerais, não sendo específicos dos pacientes que recebem antibioticoterapia endovenosa, é possível observar uma redução significativa dos custos.
Os anos de experiência do PAD com a antibioticoterapia endovenosa definem esta terapêutica como uma alternativa tecnicamente viável de ser executada no domicilio. Além das evidências de redução dos custos, há uma excelente aceitação dos usuários. Estes deixam de ser privados do convívio familiar devido a sua necessidade de tratamento, passam a ter um risco menor de exposição a infecções hospitalares e tem maior segurança durante sua readaptação ao domicilio, pois recebem o acompanhamento de uma equipe de saúde.