Publicado em 27 de outubro de 2022.
A “Rede Colaborativa de Pesquisa Clínica sobre Covid e Covid Longa Brasil”, articulada pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), está desenvolvendo uma pesquisa sobre as sequelas surgidas após a infecção pelo vírus SARS-CoV-2, causador da COVID-19, com o objetivo de contribuir para a qualificação do atendimento aos pacientes.
Conhecidos como síndrome pós-COVID-19 ou COVID longa, esses efeitos a médio e longo prazo – sobretudo respiratórios, neurológicos e psicológicos – são mais comuns em pacientes que apresentaram a forma grave da doença, mas também têm sido observados em indivíduos com quadro moderado. Resultam por vezes em um comprometimento funcional, que limita a capacidade de a pessoa realizar atividades da vida diária, afeta o desempenho profissional e prejudica as interações sociais. Como essa síndrome foi descoberta no decorrer da pandemia de COVID-19, fez-se necessário um esforço global para esclarecer seu diagnóstico, tratamento e prognóstico.
Por isso, a pesquisa tem buscado identificar desde o início de 2021 os sinais, os sintomas e as necessidades clínicas e de reabilitação desses pacientes, de modo a contribuir com o aperfeiçoamento das linhas de cuidado em saúde no Brasil e outros países.
Participam da “Rede Colaborativa” 62 hospitais e 82 unidades de atenção primária e ambulatórios especializados vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS), em todas as regiões brasileiras.
Neste momento, também estão sendo analisados por esse grupo articulado pela OPAS os dados clínicos anonimizados de pacientes com COVID-19 internados no período de março de 2020 a maio de 2022.
Os resultados da pesquisa vão abastecer com informações a Plataforma Clínica Global da Organização Mundial da Saúde (OMS) para COVID-19 e devem ser divulgados até o final deste ano.
Rede colaborativa
A Plataforma Clínica Global da OMS foi lançada em 2020 com o objetivo de fornecer aos países e territórios um sistema padronizado de coleta de dados clínicos sobre COVID-19.
As informações caracterizam a história natural da doença, identificam fatores de risco para doença grave e desfechos ruins, além de descreverem intervenções e resultados de tratamento em adultos, crianças e em subpopulações, incluindo gestantes e indivíduos que vivem com HIV.
No Brasil, a OPAS tem articulado a “Rede Colaborativa” desde 2020, com a participação do Ministério da Saúde e outras instituições de saúde brasileiras. Até o momento, o país já forneceu à Plataforma da OMS informações clínicas anonimizadas de 19.474 pacientes hospitalizados por COVID-19, no período de janeiro de 2020 a março do ano passado, provenientes de 36 hospitais brasileiros. Os dados, aspectos demográficos, apresentação clínica, terapêutica, manifestações clínicas e desfechos estão disponíveis nesta publicação.
A análise das informações é feita por meio de um software de inteligência artificial que gera um banco de dados chamado “data hub Brasil”. A curadoria científica dessa solução digital é feita por pesquisadores do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), do Grupo Hospitalar Conceição e de hospitais universitários da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH).
“Como um todo, essas iniciativas geram uma estratégia e ferramentas poderosas de pesquisa e colaboração entre centros clínicos de alto nível no Brasil, que têm contribuído para enfrentar a pandemia de COVID-19 e, possivelmente, outras necessidades do país nessa área”, afirma Roberto Tapia, coordenador de Sistemas e Serviços de Saúde do escritório da OPAS e da OMS no Brasil.