As ações comunitárias do PROANE no campo da saúde, alimentação, nutrição e envelhecimento possibilitam a materialização da interação harmônica das funções da Universidade: extensão, ensino e pesquisa. Ação extensionista cadastrada na PR3 da UERJ – sob o número 1159 é anualmente avaliada e, ao longo de seus 29 anos de existência sempre contou com excelente apreciação, o que tem garantido a longevidade e sustentabilidade das ações. Dados do cadastramento das ações contendo descrição mais detalhada do que vem sendo desenvolvido se encontra disponível a partir do ano de 2010 (Pró-Reitoria de Extensão da UERJ – http://www.sistemasextensao.uerj.br/consulta_web_siext/f/t/consultaprojetosel) ). A complexidade alimentar e nutricional do cotidiano propulsiona o processo de aquisição e desenvolvimento de novas tecnologias educacionais para a promoção da saúde e da alimentação adequada e saudável para o público idoso. As atividades desenvolvidas no interior do PROANE incluem ações individuais e coletivas, presenciais e remotas, síncronas e assíncronas. Os estudantes de nutrição e profissionais de saúde, sobretudo nutricionistas, pós-graduandos (residentes, mestrandos e doutorandos) trabalham conjuntamente para produzir, coordenar, avaliar e disseminar os resultados das ações educativas desenvolvidas com idosos. Os idosos são protagonistas e dão norte quanto à temática e formato de atividade a ser desenvolvida.
Nos primórdios do PROANE eram oferecidas palestras pontuais e esporádicas com professores dos diferentes departamentos do Instituto de Nutrição da UERJ. Os temas focavam a nutrição/alimentação/alimentos, com a proposta de aplicação prática no cotidiano de vida do idoso: orientação para compras, técnicas de manipulação de alimentos, aproveitamento de resíduos de hortaliças e frutas. O modelo da atividade veio evoluindo, se estruturando como um curso com aulas semanais e duração semestral. Posteriormente o curso passou a ser anual.
Atualmente, os temas no curso, principal atividade do PROANE, organizam-se de forma a possibilitar a discussão ampliada sobre alimentação, nutrição e complexidade das práticas alimentares explorando as diferentes dimensões – do âmbito biológico ao sócio-cultural. Neste contexto discute-se a situação alimentar e nutricional da atualidade, a formação dos hábitos alimentares, economia, cultura, mídia, marketing, rotulagem nutricional e os conceitos de alimentação adequada e saudável no contexto da modernidade. As mudanças relativas ao processo de envelhecimento também entram no debate. Os diferentes grupos alimentares (óleos e gorduras; carnes; ovos; leite e derivados; cereais; leguminosas; açúcares e adoçantes; frutas, legumes e verduras; temperos etc. também são colocados em pauta, com destaque para a culinária. O tema do alimento no contexto da cidade tem sido o eixo da discussão onde são também abordados aspectos do sistema alimentar e os impactos da caracterização dos alimentos como commodities – impactos dos sistemas alimentares não saudáveis na ordem planetária e a ausência de sustentabilidade destes processos são postos em pauta na discussão.
Temos investido no conhecimento dos alimentos, do valor nutritivo e cultural, da transformação do alimento em comida e das receitas tradicionais trazidas pelos idosos. O trabalho é conduzido tendo em vista reelaborar a intervenção em alimentação, marcando o espaço da relação do homem com a comida ao invés da sua relação com a doença. Além disso, visamos o desenvolvimento de um senso crítico frente às informações e mudanças culturais ocorridas (novos modos de produção, compra, conservação, preparo e consumo; novos padrões de beleza), que caracterizam o que hoje se denomina de sociedade da “imagem” e de “consumo”. Assim, as estratégias metodológicas privilegiam a conversa, a alegria, o prazer, gerando momentos produtores de reflexão e transformação. Abre-se espaço para troca de saberes e experiências. Valoriza-se o lúdico (jogos), a construção compartilhada de conhecimento (painel, discussão em grupo), as representações sobre o comer (“um alimento, uma situação social”; “uma fruta, uma história”) e a vivência cotidiana com o alimento (experimentação, degustação, análise sensorial, oficina culinária, passeios guiados). (Menezes et al, 2021 – ref LIVRO), eixos que exemplificam como o trabalho é desenvolvido.
Após cada encontro, materiais educativos são produzidos incorporando os aspectos discutidos pelo grupo. Material que vem incorporando diferentes linguagens midiáticas sendo materializados como folders, livretos, vídeos e outros recursos áudio-visuais.
Além do curso, o PROANE também desenvolve como ação educativa eventos e foca na produção de mídias digitais, atividade que se expandiu graças ao momento de distanciamento social. Hoje, os materiais didáticos antes centrados na produção de materiais impressos ganham outras formas de expressão. A produção de conteúdo para as redes sociais incorporando a perspectiva da educação popular em saúde é seara que vem sendo ampliada e disseminada tendo o público idosos como público a ser instrumentalizado e conquistado.
Os eventos ampliados têm público diverso e por vezes ampliado, seja de idosos e/ou profissionais. Estas atividades práticas materializam vivências associadas aos temas trabalhados pelo PROANE e/ou oportunidades de treinamento profissional para discutir ações direcionadas aos idosos. Ações registrados na UERJ, disponíveis em: http://www.sistemasextensao.uerj.br/consulta_web_siext/f/t/consultawebeventossel
A produção das práticas educativas inclui o planejamento, a execução e avaliação da atividade. O planejamento das atividades envolve inúmeras etapas e requer uma organização prévia e bastante cuidadosa. Os dados são estruturados em formulário próprio que contempla a descrição do tema, objetivos, conteúdo a ser trabalhado, metodologia, recursos necessários para realização da aula, registro da atividade, avaliação por parte da equipe e indicação de referências bibliográficas que fundamentam a estruturação da atividade. No caso das oficinas culinárias, estas etapas incluem selecionar e testar receitas, elaborar lista de compras de gêneros alimentícios e materiais, identificar os equipamentos e utensílios necessários, disponibilizar os ingredientes previamente quantificados e materiais para cada receita.
A etapa de avaliação é realizada pela equipe ao final de cada aula/atividade e pelos idosos ao final do curso através da entrevista final que contempla um módulo específico no qual os participantes analisam a proposta como um todo. De forma não estruturada, o feedback das ações se dá através dos canais de comunicação do projeto. O WhatsApp vem crescendo como instrumento de comunicação e nele também são frequentemente registrados anseios, dúvidas e elogios às ações que o PROANE oferece. O processo avaliativo é processual e de impacto (ao final do curso). Da parte da equipe coordenadora das ações, durante todo o curso ocorrem reuniões de avaliação e planejamento. Estes encontros servem para discutir os temas, definir os objetivos, selecionar conteúdos, estratégias e recursos didáticos, à luz do referencial teórico e perfil da turma/grupo sujeito da ação. Ao longo das ações armazenam-se fotos e/ou pequenos vídeos, parte do acervo digital, que pode ser consultado para recordar o que foi feito, servir de base para reedição da atividade em outro momento e garantir o registro da história do curso. Neste ano, a pedido dos participantes das ações remotas, vem sendo oportunizada a criação de conteúdo para canal privado das ações. Esta demanda surgiu dos idosos por ocasião da discussão participativa do plano do curso para 2022. Assim nasceu o canal do YouTube onde são depositados registros filmados das aulas, pequenos vídeos e outros materiais mais dinâmicos que as fotos. Todo o percurso para a produção e disseminação das informações produzidas no interior das atividades é delineada mediante o consentimento informado de todos os participantes.