O PÃO NO 3 o ANO: a culinária na escola waldorf como prática de  EAN

1.2 Autores(as) da experiência

Nome Cargo/Função Município
ANA MARIA INÊS FERREIRA Consultora Convidada/Voluntária Brasília
SIMONE DO PRADO ROCHA Professora Brasília
Ana Elisa de Nadal Professora Brasília

1.3 Organização(ções)/Instituição(ções) promotora(s) da experiência

Organização/Instituição
Escola Waldorf Moara
Cozinha do MiniChef  - Escola de Gastronomia Infantil
Associação Antroposófica Moara

1.4 Cidade(s) e Estado (s)

Estado Cidade
Brasília DF

1.5 Região do país

Centro-Oeste

1.6 Identificação do(a) autor(a) responsável

Nome Cargo/Função Município
ANA MARIA INÊS FERREIRA Consultora Convidada/Voluntária Brasília

1.7 Eixo temático da experiência

Eixo 2 - EAN no campo da Educação

1.8 Público participante da experiência

Crianças - 2 a 5 anos

1.9 Onde esta experiência foi desenvolvida

EDUCAÇÃO
Escola Privada
1.10 Na avaliação do grupo responsável esta experiência atendeu e/ou promoveu os seguintes princípios
todas as pessoas têm o direito de estarem livres da fome
intersetorialidade
apoio ao desenvolvimento sustentável

Por favor justifique/comente sua resposta

todas as pessoas têm o direito de ter acesso à alimentação adequada saudável : cientes de que a alimentação adequada e saudável é um direito humano fundamental e que o alimento, para além do suporte nutricional necessário à sobrevivência, destaca-se em seus diversos aspectos sociais, culturais, econômicos, sensoriais, afetivos, étnicos, dentre tantos outros alcances, entendemos que nossa experiência a partir da prática culinária  voltada a crianças no ambiente escolar tem atendido ao princípio enfático de que “todas as pessoas têm o direito de ter acesso à alimentação adequada e saudável”, neste caso, independentemente de faixa etária, etnia, crenças religiosas ou qualquer fator discriminatório.    intersetorialidade – Considerando nossa ação em ambiente pedagógico para a promoção da saúde e compartilhamento de saberes, em prol da Educação Alimentar e Nutricional, o princípio da INTERSETORIALIDADE tem sido contemplado em nossa experiência, em especial no tocante ao estímulo pelo engajamento da comunidade escolar.  apoio ao desenvolvimento sustentável – Norteada pelos princípios antroposóficos para crescimento do indivíduo com respeito à natureza biodinâmica; a experiência da culinária no terceiro ano da pedagogia waldorf se inicia com a vivência no plantio do trigo, milho e feijão em espaço de agrofloresta trabalhado com o envolvimento de pais, professores e colaboradores da escola, ao passo em que também são vivenciadas aulas de jardinagem, com o cultivo de hortaliças e Pancs. Tal prática permeia o trabalho da turma durante todo o ano letivo e culmina com a colheita e partilha do alimento. Ainda sob o olhar da sustentabilidade para além do “meio ambiente” a compra de ingredientes diretamente de produtores locais, familiariza as crianças com a valorização consciente do sistema alimentar desde os recursos humanos ao econômico e social.  Notadamente são experiências que fortalecem a autonomia e desenvolvimento do raciocínio crítico das crianças.

2. OBJETIVOS E PRINCÍPIOS RELACIONADOS À EXPERIÊNCIA

2.1 Objetivo(s): Qual é/foi a finalidade das atividades desenvolvidas

Implementar atividades pedagógicas de culinária, com o intuito motivador da Educação Alimentar e Nutricional, no cotidiano do 3 o ano do ensino fundamental da Escola Waldorf Moara, com o propósito de resgatar o convívio natural e saudável das crianças com o alimento em seu dia a dia, bem como para o estreitamento de laços e a sociabilização no contexto das aulas presenciais no pós-pandemia. Tal experiência será apresentada como referência para possível adoção da prática em todas as faixas etárias atendidas pela escola, bem como servir de relato que inspire as demais escolas da pedagogia waldorf em território nacional, sejam elas da rede pública, associativas ou privadas.

2.2 Os objetivos e as atividades desenvolvidas adotaram de maneira explícita algum ou alguns dos princípios do Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional para Políticas Públicas

I - Sustentabilidade social, ambiental e econômica
II- Abordagem do sistema alimentar, na sua integralidade
III- Valorização da cultura alimentar local e respeito à diversidade de opiniões e perspectivas, considerando a legitimidade dos saberes de diferentes naturezas
IV- A comida e o alimento como referências; Valorização da culinária enquanto prática emancipatória
V- A Promoção do autocuidado e da autonomia
VI- A Educação enquanto processo permanente e gerador de autonomia e participação ativa e informada dos sujeitos
VII- A diversidade nos cenários de prática
VIII- Intersetorialidade
IX- Planejamento, avaliação e monitoramento das ações
2.3 Quais temas/diretrizes dos Guias Alimentares para População Brasileira e/ou para Crianças brasileiras menores de 2 anos são/foram abordados na experiência?
Ao reconhecermos que a  “Alimentação é mais que ingestão de nutrientes” este princípio preconizado pelo Guia Alimentar para a População Brasileira também direcionou as experiências culinárias vivenciadas pelas crianças do 3o ano em 2022. Ali panificação com os pequenos não envolvia apenas, trigo, água, fermento e ingredientes da feira orgânica ao lado da escola… a valorização daquele pão feito semanalmente – hora para ser levado à família em casa, hora para ser compartilhado num lanche entre os amigos ou doado à comunidade -, tornou-se motivação, autoconhecimento e equilíbrio socio- emocional.   No cenário de volta às aulas presenciais no “pós-pandemia” as “Recomendações sobre alimentação em sintonia com  o tempo e as condições de saúde da população”, a adequação à nova realidade enfrentada pelas crianças após 2 anos ( ¼ de suas vidas) em isolamento social se fazia tão urgente quanto a prática de atenção plena exercitada no trabalho com a massa. Naquele momento, o cuidado com a saúde envolvia desde questões visíveis, como a higienização básica das mãos e o uso de máscaras, quanto os aspectos psicosociais e sensoriais, além do cognitivo.  No tocante à premissa de que “Alimentação adequada e saudável deriva de sistema alimentar socialmente e ambientalmente sustentável” também trabalhamos com o objetivo de motivar escolhas conscientes, tanto individuais quanto coletivas, para a valorização e observação crítica de todas as etapas do sistema de produção. Para além da forma conceitual, tal aspecto tem sido amplamente vivenciado pelas crianças, desde a experiência com o plantio, à habitual convivência com a compra dos produtos na feira orgânica da comunidade. Todos estes princípios, tornam-se norteadores de nosso trabalho, a partir do exercício motivador da autoconfiança e desenvolvedor de habilidades para escolhas e atitudes conscientes voltadas à saúde integral e dinâmica cotidiana de vida. Tais fatores, assim como destacado nos Guias alimentares, assim como no Marco Referencial para a EAN, “ampliam a autonomia nas escolhas alimentares”
2.4 Vocês consideram que esta experiência pode contribuir de maneira direta ou indireta a um ou mais dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ?
ODS 2 - Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável
ODS 3 - Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades
ODS 4- Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos
ODS 5 - Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas
ODS 8 - Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos
ODS 12 - Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis
ODS 15 - Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade
ODS 16 - Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis
ODS 17 - Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável

3. ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DA EXPERIÊNCIA

3.1 Como foi identificada a necessidade de realização desta experiência
Ainda que a alimentação no cenário da Pedagogia Waldorf vá além das merendas cotidianas e mostre-se essencialmente importante para o cultivo da consciência alimentar – tanto quanto para o equilíbrio físico e emocional de toda a comunidade (tanto em escolas públicas, associativas ou particulares inspiradas nesta metodologia antroposófica); no contexto do “pós-pandemia” a importância de fomentar a familiarização das crianças com a experiência  culinária no cenário escolar tornou-se ainda mais latente. A partir de nossa observação sobre a necessidade de reinserção social, vimos urgente a retomada das experiências culinárias com intuito motivador de autoconhecimento e autonomia, sociabilização, resiliência e solidariedade dentre outros aspectos que envolvem o cerne da alimentação.
3.2 Foi realizado algum diagnóstico da situação (observação da realidade, levantamento de demandas junto ao público etc) antes de iniciar a experiência

Sim

descreva rapidamente
Na escola que atuamos, embora haja espaço físico destinado à Cozinha Pedagógica, identificamos que a estrutura é precária e a atividade é realizada de forma irregular; ainda que as aulas de culinária estejam previstas na grade curricular de algumas turmas da educação infantil, ensino fundamental e médio, conforme plano pedagógico. Assim, no cenário pós-pandemia de readaptação das crianças e jovens à rotina e ao próprio ambiente de ensino e aprendizagem,  vimos necessário a priorização e engajamento voluntário de profissionais da comunidade escolar que se dispusessem a colaborar no apoio aos professores de classe, para o desenvolvimento de atividades culinárias e reestruturação da Cozinha Pedagógica – quanto ao espaço físico, infraestrutura e dinâmica de trabalho. Desta forma, iniciamos um trabalho de engajamento da comunidade escolar como um todo – gestores, professores, colaboradores e familiares voluntários – seguindo o caminho de uma educação pautada no vislumbre de crianças e jovens participativos em uma comunidade física e psicologicamente saudável.
3.3 Como foram definidos as prioridades e objetivos da experiência
Nosso Plano de Ação se inicia com a escolha do grupo de crianças (faixa etária entre 08 e 09 anos de idade) a ser acompanhado prioritariamente, para uma avaliação sistemática sobre a abordagem integrativa de ressocialização a partir das atividades de culinária no ambiente escolar “pós-pandemia”.  Ao definirmos encontros semanais de 2h de duração, com intervalo de 30 minutos para o recreio das crianças, nossa proposta apresentada à professora de classe que nos acompanharia em todas as atividades, foi a produção evolutiva de massa de pães. As receitas contemplariam prioritariamente os requisitos básicos preconizados por uma alimentação antroposófica: produtos preferencialmente orgânicos e/ou integrais adquiridos num sistema sustentável de produção e distribuição, a exemplo das feiras livres.
3.4 Os sujeitos da ação participaram das etapas de planejamento da experiência?

Sim

sim, em quais etapas e como participaram ?
Uma vez que a curiosidade e o interesse por novidades impera a motivação dos sujeitos/crianças na faixa etária envolvida em nossa experiência; a valorização da escuta ativa e atendimento às necessidades evolutivas dos participantes, tornou-se fundamental na remodelação de nossas estratégias. Perceber como a “brincadeira na cozinha” envolvia as crianças que participavam atentas do momento semanal da culinária e, em seguida, compartilhavam desenhos e histórias sobre suas emoções e aprendizados, deixava clara a necessidade de maior observação e estudo sobre o quanto o exercício lúdico da culinária permite o envolvimento de atenção plena, autoconhecimento, resiliência, autocompaixão e companheirismo mútuo. Em um panorama maior,  a medida que o trabalho com a turma do 3 o ano se desenvolvia ao longo do ano e era compartilhado com a comunidade, via-se o envolvimento gradual de toda a escola com a EAN empírica no cotidiano: professores de turmas mais velhas já envolviam as crianças maiores de 11 anos na produção do próprio almoço e lanche coletivo nos dias de permanência em horário integral na escola; famílias retomaram a utilização da Cozinha Pedagógica para o preparo das receitas da festa junina de forma coletiva e iniciou-se uma campanha oficial de arrecadação de fundos com o intuito de reestruturar e equipar a Cozinha Pedagógica.
3.5 Foram desenvolvidas metodologias ativas como estratégias pedagógicas para a EAN

Sim

Se sim, indique a(s) metodologia(s) com uma breve descrição
Trabalhar com uma turma específica do ensino fundamental e observá-la em seu ambiente natural de expressão lúdica, tanto quanto de enfrentamento de conflitos (inspirado no modelo sandbox), tornou-se estratégia metodológica fundamental para traçarmos o escopo da culinária como atividade integrativa de EAN voltada a todas as turmas atendidas pela escola – entre a faixa etária de 2 a 18 anos, da educação infantil ao ensino médio. Metodologicamente, ao optarmos por trabalhar com a Panificação durante todo período letivo de 2022, nos desafiamos a manter a motivação das crianças e despertar o interesse quanto a pequenas mudanças no processo de produção – desde a fermentação e a manipulação da massa; à observação e escolha dos ingredientes, conforme os diálogos coletivos em torno da alimentação saudável e sustentável. Visivelmente, estas questões alterariam o produto final e a própria percepção das crianças sobre a forma de consumo; assim como o compartilhamento do aprendizado com as famílias. Desde a dinâmica de trabalho (individual ou em grupo) à complexidade no processo de produção, nossa metodologia de trabalho foi estabelecida a partir do grau evolutivo, desde o contexto simbólico do Pão como alimento básico (farinha e água), à importância nutricional (com a escolha de ingredientes in natura para o enriquecimento das receitas), além das experiências para a valorização do processo produtivo – com o palntio, colheita e debulhar do trigo, feijão e do milho. As etapas da Panificação, obedecendo a ordem em que foram trabalhadas em sala de aula, estão dispostas em um livro de receitas (anexado), ainda em construção. O livro, em formato de ebook, será lançado à comunidade escolar no final do ano letivo, ocasião em que pretendemos divulgá-lo também para as demais escolas waldorf do Brasil, sejam elas da rede pública, associativas ou privadas, com o intuito motivador da prática culinária como ferramenta de EAN e desenvolvimento psicossocial de crianças e jovens no ambiente escolar.
3.6 Foram utilizados recursos materiais nas atividades desenvolvidas

Sim

sim, quais recursos?
Balança de Cozinha, Colher de Pau, Colheres Medidoras, Copo Medidor, Faca para cortar legumes, Forma para assar pão, Forno/Fogão, Frigiderira, liquidificador, Panela Pequena, Papel manteiga, Pano de Prato, Pincel e Cozinha, Tigelas
3.7 Sua experiência se configura no desenvolvimento de materiais educativos e desenvolvimento de tecnologias sociais a serem aplicados por outros profissionais?

sim

Descreva sobre o material/tecnologia social
As etapas da Panificação, obedecendo a ordem em que foram trabalhadas em sala de aula, estão dispostas em um livro de receitas (anexado), ainda em construção. O livro, em formato de ebook, será lançado à comunidade escolar no final do ano letivo, ocasião em que pretendemos divulgá-lo também para as demais escolas waldorf do Brasil, sejam elas da rede pública, associativas ou privadas, com o intuito motivador da prática culinária como ferramenta de EAN e desenvolvimento psicosocial de crianças e jovens no ambiente escolar. Em paralelo, com o apoio dos professores responsáveis pelas demais turmas da escola e familiares engajados no processo de reestruturação da Cozinha Pedagógica, iniciamos o apanhado das receitas produzidas por cada turma – do jardim ao ensino médio -, assim como as receitas produzidas em ocasiões festivas da comunidade. O Material será reunido também em forma e ebook e servirá de base e estímulo para a celebração contínua da atividade culinária consciente, saudável e sustentável para a promoção multiplicadora da Educação Alimentar e Nutricional.
3.8 Como a experiência foi avaliada e quais os resultados obtidos
Além da expressividade registrada verbalmente, por desenhos ou mesmo por meio da escrita espontânea das crianças; buscamos obter a impressão das famílias a respeito do trabalho em andamento. No decorrer de nossa experiência, realizamos pesquisa com as 20 famílias das crianças do 3º ano, por meio de um questionário (modelo google forms). As respostas traduziram dados expressivos para nossa avaliação, com intuito de replicar a experiência em toda a escola e servir de objeto motivador a novos cenários de envolvimento coletivo em prol da prática culinária como ferramenta de EAN no ambiente escolar. Perguntadas sobre a animosidade das crianças, percebeu-se que pelo menos 61% das crianças têm demonstrado MAIOR ATENÇÃO quando cozinham em casa; 57% expressam maior FELICIDADE e DETERMINAÇÃO e, pelo menos 33 % exprimem maior TRANQUILIDADE quando têm iniciativa para cozinhar com a família em casa. A respeito do interesse das crianças nas aulas de culinária, de acordo com a percepção das famílias, mais de 95% das crianças mostram-se animadas antes e depois das aulas de culinária. Pelo menos 47,6% das famílias afirmam que as crianças aumentaram sua participação ativa na cozinha e melhoraram sua autonomia. Os dados também apontam para uma melhora na relação da criança com o alimento: 57,1% das famílias apontaram que, a partir das vivências culinárias na escola, seus filhos com idade entre 08 e 09 anos de idade passaram a se sentir mais animados para provar novos sabores.
3.9 Relevância: Na avaliação das/os responsáveis, essa experiência contribuiu para algum nível de mudança/melhoria da realidade alimentar e nutricional das pessoas envolvidas; e/ou gerou experiência/conhecimento que pode contribuir para a prática de EAN em outros momentos e realidades
Conforme explicitado no questionamento anterior, a respeito da avaliação direta sobre os resultados, constatamos positivamente que nossa experiência tem contribuído sim, para a prática de EAN fora do contexto de sala de aula em que as crianças estão inseridas. Percebemos que as vivências têm se estendido a toda a comunidade dentro e fora do contexto escolar. Neste contexto, as crianças e as famílias se tornam agentes multiplicadores da EAN, ao passo que a própria escola, como entidade associativa participante também da Federação das Escolas Waldorf do Brasil, tem grande possibilidade para difundir a experiência em um contexto nacional, assim como num panorama de intercâmbio internacional de conhecimentos e práticas pedagógicas, uma vez que a própria pedagogia waldorf é traçada essencialmente a partir da saúde integral da criança, no contexto amplo de crescimento e bem estar.

4. RELATO RESUMIDO DA EXPERIÊNCIA

Relato resumido da experiência
O PÃO NO 3 o ANO: a culinária na escola waldorf como prática de EAN  A prática culinária no 3 o ano da Escola Waldorf Moara é um recorte da importante expressão do alimento na Pedagogia Waldorf e, apresentada aqui, como uma ferramenta para a Educação Alimentar e Nutricional (EAN) possível de ser adotada em diversas comunidades escolares, sejam elas associativas, públicas ou privadas. Nossa experiência tem sido aplicada  em um cenário de escola associativa (Associação Antroposófica Moara), onde a participação das famílias e a atuação voluntária tornam-se tão importantes quanto  a vivência das crianças e jovens e a atuação dos gestores, professores e colaboradores inseridos no quadro.  No ano de 2022, com a retomada das aulas presenciais no “pós-pandemia”, a prática culinária no ambiente escolar tem alcançado de forma visível, grande importância para sociabilização e outros aspectos que envolvem nossa relação com o alimento. Ao lançarmos um olhar para os 10 anos do Marco de Referência para a Educação Alimentar e Nutricional, resgatamos também a essência do convívio natural e saudável das crianças com a alimentação em seu dia a dia. E, no exercício de autoconhecimento, compaixão, e resiliência, o “fazer o pão” tem fermentado a autonomia das crianças e jovens, assim como o engajamento de toda a comunidade por uma alimentação mais consciente e sustentável. ENGAJAMENTO COMUNITÁRIO E TRABALHO VOLUNTÁRIO Integrante da associação escolar e engajada na reestruturação da Cozinha Pedagógica, fui convidada  pela professora de classe do 3 o ano, Simone do Prado, a  orientar as vivências culinárias, já previstas no planejamento pedagógico das crianças entre 8 e 10 anos de idade. Para esta imersão, traria a leitura sensível e a dinâmica de trabalho da Cozinha do MiniChef: escola de gastronomia infantil que criei em 2012 – ano que remota ao próprio Marco Referencial de EAN.  Assim, também com o intuito de celebrar os 10 anos de nossa trajetória voltada à familiarização das crianças e jovens com o ambiente lúdico da cozinha e a boa relação com o alimento, aceitamos o convite para a atuação voluntária que, hoje, guia nosso relato de experiência, com o intuito de motivar parcerias semelhantes nos diversos cenários comunitários. No cenário pedagógico em que nos inserimos, torna-se importante explicitar o valor simbólico da produção artesanal do pão em sala de aula pois, na Pedagogia Waldorf, a essência da feitura do pão é algo que acompanha as crianças desde o jardim, com o propósito de fortalecer os laços de toda a comunidade. Como “atores externos” convidados a iniciar um processo de ensino, aprendizagem e troca de experiências, salientamos o lado crucial de estudar a dinâmica da pedagogia em que iremos nos inserir, para que haja o reconhecimento e a fluidez das práticas, tanto quanto a implementação de possíveis adaptações. Na Pedagogia Waldorf, habitualmente, histórias, receitas, atividades e brincadeiras são propositalmente repetidas por um período relativamente longo a cada época (período dedicado a uma disciplina/ atividade). Esta foi nossa primeira interferência proposital, na abordagem que seria tradicionalmente aplicada no contexto da pedagogia. Paradoxalmente, nossa proposta pela não repetição da mesma receita/atividade, seria fundamentada com o propósito de aguçar a atenção plena e despertar curiosidades, com respeito ao ritmo dinâmico natural da idade. Assim,  procuramos nos desviar do automatismo – hábitos automáticos que também impedem observação crítica sobre o consumo. Trabalhamos então a partir de uma receita básica, aumentando a complexidade e inserindo novos ingredientes a cada encontro. Desta forma, também conseguimos aguçar a observação crítica  sobre cada etapa do processo, assim como sobre as informações e insumos apresentados.   Partimos ao relato das etapas, até então alcançadas, em uma linha do tempo evolutiva que destaca nosso trabalho em DIÁLOGOS ESTRATÉGICOS; EAN em PRÁTICAS CULINÁRIAS (registradas no livro de receita anexado à experiência)  e recortes pontuais sobre o ENGAJAMENTO NAS AÇÕES COLETIVAS para a Reestruturação da Cozinha Pedagógica. As etapas da Panificação – descritas no recorte “EAN em PRÁTICA CULINÁRIA”- obedecendo a ordem em que foram trabalhadas em sala de aula, estão dispostas em um livro de receitas (anexado), ainda em construção. O livro, em formato de e-book, será lançado à comunidade escolar no final do ano letivo, ocasião em que pretendemos divulgá-lo também para as demais escolas waldorf do Brasil – sejam elas da rede pública, associativas ou privadas -, com o intuito motivador da aplicação da prática culinária como ferramenta de EAN e desenvolvimento psicosocial de crianças e jovens no ambiente escolar. Por fim, entendemos que a aliança entre educação, saúde, desenvolvimento social e consciência sustentável, com respeito às vivências lúdicas das crianças e amadurecimento saudável dos jovens torna- se um “modo de preparo” básico para obtermos uma sociedade física e mentalmente saudável. Com este propósito, vimos que a prática culinária na promoção da Educação Alimentar e Nutricional, torna-se um ingrediente fundamental.  LINHA DO TEMPO FEVEREIRO/MARÇO  DIÁLOGOS  com corpo pedagógico do ensino fundamental e médio da Escola Waldorf Moara para o resgate da Cozinha Pedagógica e condução das aulas de culinária do 3º ano. Começamos a utilizar a estratégia de sandbox para observação e estabelecimento de um possível modelo a ser adotado posteriormente nas demais turmas.  Agenda com a professora de classe do 3º ano sobre a rotina e dinâmica das vivências culinárias  Acompanhamento da primeira vivência da turma, para o plantio de milho, trigo e feijão (previsto no planejamento curricular waldorf )  Periodicidade e carga horária Estabelecida: encontros às terças feiras no horário de 8 às 10h com a turma para as vivências culinárias e 10 às 12h para finalização da produção e observação técnica sobre a utilização do espaço físico da Cozinha Pedagógica. EAN em PRÁTICA CULINÁRIA: Em nosso primeiro momento de culinária em sala de aula, cada criança produziu uma massa de chapati – com farinha integral, água e sal. Sem a necessidade de fermentação, os pães foram assados numa chapa e consumidos pelas próprias crianças no momento do lanche. A imersão no momento de produção da massa e a observação sobre os efeitos de temperatura para a sua finalização garantiram o envolvimento consciente e a atenção plena de cada criança de forma ímpar no processo. Produções da 1ª etapa: Chapati (para lanche individual); Pão Integral básico com farelo de trigo (compartilhado com família); Pão com cacau e aveia (presenteado a alunos de outra turma) ENGAJAMENTO E AÇÕES COLETIVAS para a reestruturação da Cozinha Pedagógica:  Realizamos o primeiro estudo do espaço físico comumente utilizado pelas demais turmas da escola. Abrimos o diálogo com as professoras responsáveis sobre necessidades e prioridades apontadas e fizemos registros fotográficos do cenário ABRIL/MAIO DIÁLOGOS com a professora de classe do 3º ano sobre animosidade, espírito colaborativo da turma e inclusão dos pares. Grafismo a partir da memória sobre ingredientes utilzados, modo de preparo e percepção do produto final EAN em PRÁTICA CULINÁRIA: mudança no tempo de fermentação da massa, sova e dobras – adotada técnica de manuseio lento e atento  Crianças colhem flores comestíveis e ervas para variação das receitas;   Variações da receita a partir da base escolhida para elaboração dos pães  Produção da 2ª etapa: Pães Integrais com variação de sementes de abóbora, sementes de girassol, fubá, farelo de trigo, aveia, flores e ervas (Compartilhado com a família e Parte da Produção doada à comunidade escolar) ENGAJAMENTO E AÇÕES COLETIVAS para a reestruturação da Cozinha Pedagógica: Levantamento de utensílios e equipamentos necessários para reequipar a Cozinha; criação de um grupo de whatsapp com professores e familiares interessados no Projeto;  JUNHO/JULHO DIÁLOGOS com a professora de classe do 3º ano sobre atender a demandas das crianças por outras receitas. Observação sobre animosidade da turma e aplicação de Questionário ( modelo Google forms) para avaliação das famílias a respeito das atividades de EAN realizadas a partir da culinária no 3º ano. Análise dos dados obtidos na Pesquisa.  EAN em PRÁTICA CULINÁRIA: Variações da receita com destaque para cores e sabores: Abóbora, Beterraba, Brócolis, espinafre, cúrcuma, páprica e ervas frescas colhidas na horta da escola  Crianças visitam feira orgânica em frente à escola: proposta para variar receitas, despertar curiosidade e interesse;  Produção de Foccaccia e Pão de abóbora com cúrcuma e alecrim (para lanche coletivo);   Pão de Beterraba com flores de Ipê;  Pão de brócolis com espinafre e manjericão (para compartilharem com a família);  Exercício da Atenção Plena durante o processo de produção e o consumo: mudança na coloração conforme ingredientes e modo de preparo; observação sobre fermentação e modelagem dos pães ENGAJAMENTO E AÇÕES COLETIVAS para a reestruturação da Cozinha Pedagógica: Diálogo com professores e corpo administrativo da escola sobre próximas ações para engajamento da comunidade escolar no Projeto da Cozinha Pedagógica.  AGOSTO/SETEMBRO DIÁLOGOS com a professora de classe do 3º ano sobre envolver as crianças na produção de novas receitas com propósito de pequena arrecadação financeira em prol de passeio pedagógico e trabalho na matemática prática. Diálogo com a professora de classe e a professora de jardinagem sobre a edição do e- book com todas as receitas trabalhadas ao longo do ano EAN em PRÁTICA CULINÁRIA Diversificação das receitas: grissinis e biscoitos. Mudança no tipo de preparo:Crianças produzem, e contabilizam valor mínimo de venda, com lucro em prol de passeio pedagógico. Organização das famílias para venda de café da manhã na frente da escola, com participação simbólica das crianças na produção de Grissinis.   Produção de Grissinis de queijo e cúrcuma e Grissinis de Gergelim  Grissinis de Orégano com páprica doce e Grissinis de canela   Pão Azul: colheita de jenipapo na praça em frente à escola, para o experimento surpreendente (receita disponível no e-book)   Pão de Dragão: Para comemorar a semana festiva de gincanas, o 3º recebeu o desafio de produzir um pão em formato de dragão (o Dragão de Micael). Para montar o pão em tamanho “gigante”a turma foi dividida e cada grupo ficou responsável por uma parte da produção: cabeça, partes do corpo, asas, patas… Como base, usamos as receitas do pão de abóbora com alecrim e do pão azul de jenipapo. A produção foi compartilhada com as demais turmas do ensino fundamental.  ENGAJAMENTO E AÇÕES COLETIVAS para a reestruturação da Cozinha Pedagógica: criação de um e-mail institucional cozinhapedagogica@escolawaldorfmoara.com.br e chave pix para arrecadação financeira voltada à compra de utensílios, equipamentos e reestruturação física da Cozinha Pedagógica Coletiva.

5. DOCUMENTOS

5.1 Campo para inserção de arquivo de imagens que documentaram a experiência
Campo para inserção de arquivo de documentos produzidos relacionados à experiência

APSREDES

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É considerado conflito de interesses:

Associação, afiliação ou link com atores do setor comercial, entidades de setores das indústrias de armas, tabaco, álcool, indústrias, empresas e organizações relacionadas a quaisquer outras organizações e/ou alianças e iniciativas concebidas, fundadas, financiadas, lideradas, controladas ou organizadas por essas indústrias e empresas, cujos:

  • Produtos incluam organismos geneticamente modificados, agrotóxicos, fertilizantes sintéticos, bebidas e produtos comestíveis com altas concentrações de açúcar, gorduras, sal, energia, outros produtos ultraprocessados ou quaisquer outros produtos que necessitem ter sua demanda, oferta ou disponibilidade reduzida para melhorar a alimentação e a saúde da população;

e/ou cujas

  • Práticas incluam: 1) Publicidade, promoção e outras estratégias mercadológicas que visem aumentar a demanda pelos referidos produtos e/ou promovam ou estimulem modos de comer não saudáveis, tais como comer excessivamente, comer sozinho, comer sem pensar, comer compulsivamente, comer rápido, ou modos de produzir alimentos pautados pelo uso de agrotóxicos e organismos geneticamente modificados, ou; 2) Lobby contra medidas legislativas, econômicas, jurídicas ou socioculturais que visem à redução da produção, abastecimento, disponibilidade ou demanda dos referidos produtos e/ou da exposição aos referidos modos não saudáveis de comer e produzir alimentos; e/ou cujas 3) Políticas, objetivos, princípios, visões, missões e/ou metas que incluam ou se relacionem com o aumento da produção, abastecimento, disponibilidade ou demanda dos referidos produtos e/ou com a expansão de oportunidades e promoção dos referidos modos não saudáveis de comer e produzir alimentos.

Alguns exemplos de experiências de Educação Alimentar e Nutricional que configuram conflito de interesses:

  • Ser financiado ou ter recebido qualquer tipo de apoio (técnico, infraestrutura, equipe, financeiro etc) por entidades e atores acima citados;
  • Utilizar material educativo e/ou publicitário de empresas privadas ou fundações/organizações a elas relacionadas que atuam direta ou indiretamente com o setor alimentício, farmacêutico, tabaco, bebidas alcoólicas;