Autobiografia alimentar como prática pedagógica para ressignificar o papel da alimentação em sociedade

1.2 Autores(as) da experiência

Nome Cargo/Função Município
Priscila Olin Silva Assessora técnica Brasília
Bruna dos Santos Nunes Docente Brasília
Anelise Rizzolo Docente Brasília
Laura Sollero de Paula Extensionista Brasília

1.3 Organização(ções)/Instituição(ções) promotora(s) da experiência

Organização/Instituição
Universidade de Brasília

1.4 Cidade(s) e Estado (s)

Estado Cidade
Distrito Federal Brasília

1.5 Região do país

Centro-OesteNordeste

1.6 Identificação do(a) autor(a) responsável

Nome Cargo/Função Município
Priscila Olin Silva Assessora técnica Brasília

1.7 Eixo temático da experiência

Eixo 2 - EAN no campo da Educação

1.8 Público participante da experiência

AdultosEstudantesTrabalhadoras/es

1.9 Onde esta experiência foi desenvolvida

EDUCAÇÃO
Escola Pública
Universidade
1.10 Na avaliação do grupo responsável esta experiência atendeu e/ou promoveu os seguintes princípios
todas as pessoas têm o direito de ter acesso à alimentação adequada saudável
intersetorialidade
participação social

Por favor justifique/comente sua resposta

A experiência foi desenvolvida no âmbito do Projeto de Extensão MultiplicaSSAN – Formação de Multiplicadores em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional que tem como eixo central a perspectiva do direito humano à alimentação adequada e saudável e oportunizou reflexões acerca do que se compreende por saudável, avançando no entendimento que a dimensão biológica é apenas uma das que compõem esse construto. A atividade dialoga com o princípio de intersetorialidade a partir do momento que proporciona a reflexão e compreensão de que a alimentação é determinada por múltiplos fatores, muitos deles relacionados à organização política e econômica de uma determinada sociedade, e que a garantia da alimentação adequada e saudável depende de políticas públicas que articulem diferentes setores e estratégias. O referencial e metodológico adotado, a Educação Popular, pressupõe a construção compartilhada do conhecimento, feito por meio da participação ativa e reflexiva dos sujeitos envolvidos.

2. OBJETIVOS E PRINCÍPIOS RELACIONADOS À EXPERIÊNCIA

2.1 Objetivo(s): Qual é/foi a finalidade das atividades desenvolvidas

Esta atividade teve o objetivo de despertar a reflexão sobre a alimentação e seus aspectos simbólicos para apoiar a ressignificação do papel da alimentação em sociedade.

2.2 Os objetivos e as atividades desenvolvidas adotaram de maneira explícita algum ou alguns dos princípios do Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional para Políticas Públicas

III- Valorização da cultura alimentar local e respeito à diversidade de opiniões e perspectivas, considerando a legitimidade dos saberes de diferentes naturezas
IV- A comida e o alimento como referências; Valorização da culinária enquanto prática emancipatória
V- A Promoção do autocuidado e da autonomia
VI- A Educação enquanto processo permanente e gerador de autonomia e participação ativa e informada dos sujeitos
2.3 Quais temas/diretrizes dos Guias Alimentares para População Brasileira e/ou para Crianças brasileiras menores de 2 anos são/foram abordados na experiência?
Esta experiência abordou o primeiro princípio do Guia Alimentar para a População Brasileira, que diz que a “alimentação é mais que ingestão de nutrientes” por meio da reflexão sobre os determinantes das escolhas alimentares e o reconhecimento dos aspectos simbólicos da alimentação.
2.4 Vocês consideram que esta experiência pode contribuir de maneira direta ou indireta a um ou mais dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ?
ODS 2 - Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável
ODS 3 - Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades
ODS 5 - Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas

3. ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DA EXPERIÊNCIA

3.1 Como foi identificada a necessidade de realização desta experiência
A autobiografia alimentar compôs o conjunto de atividades do Projeto de Extensão MultiplicaSSAN – Formação de Multiplicadores em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional. O desenvolvimento desta atividade pautou-se na necessidade de adotar uma prática pedagógica que proporcionasse a participação ativa dos educandos e mobilizasse vivências e informações dos participantes para, a partir disso, trabalhar com temas que permeiam a alimentação sem impor conhecimentos e caminhos predeterminados para essa reflexão.
3.2 Foi realizado algum diagnóstico da situação (observação da realidade, levantamento de demandas junto ao público etc) antes de iniciar a experiência

Sim

descreva rapidamente
A realização da autobriografia partir das experiências de formações realizadas anteriormente no
3.3 Como foram definidos as prioridades e objetivos da experiência
As prioridades e objetivos foram definidos de forma coletiva pela equipe do Projeto de Extensão, a partir de estudos prévios e vivências anteriores em formações em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional. O planejamento e desenvolvimento da atividade pautou-se nos princípios da educação popular, da garantia do DHAAS e da promoção da SSAN para todos e todas.
3.4 Os sujeitos da ação participaram das etapas de planejamento da experiência?

Não

sim, em quais etapas e como participaram ?
Não
3.5 Foram desenvolvidas metodologias ativas como estratégias pedagógicas para a EAN

Sim

Se sim, indique a(s) metodologia(s) com uma breve descrição
Sim. A atividade pressupõe a participação ativa dos(as) educandos(as) durante toda sua execução. A autobiografia é construída coletivamente por facilitadores e participantes, a partir das experiências, vivências e memórias alimentares dos últimos. Além disso, na atividade, trabalhou-se em roda de conversa e discussão em grupos, mediante a apresentação de narrativas/histórias de vida.
3.6 Foram utilizados recursos materiais nas atividades desenvolvidas

Sim

sim, quais recursos?
Cartolina, canetas coloridas, tarjetas de papel, fita adesiva, fotos pessoais levadas pelos participantes
3.7 Sua experiência se configura no desenvolvimento de materiais educativos e desenvolvimento de tecnologias sociais a serem aplicados por outros profissionais?

não se aplica

Descreva sobre o material/tecnologia social
Não
3.8 Como a experiência foi avaliada e quais os resultados obtidos
Ao final do encontro foi realizada uma dinâmica de fechamento, na qual os(as) educandos(as) foram convidados(as) a compartilhar suas sensações em relação à participação na atividade da autobiografia alimentar. Além disso, após o encerramento do encontro, foi realizada uma roda de conversa para apontamento das observações e percepções da equipe do Projeto acerca das atividades desenvolvidas. De forma geral, os participantes avaliaram positivamente a atividade, e relataram que participar deste momento os fez parar para refletir sobre aspectos que nunca tinham sido pensados anteriormente, relacionados ao comer. A equipe também avaliou positivamente a atividade, concluindo que é uma estratégia de grande potencial na mobilização de vivências e memórias alimentares e (re)construção de significados e compreensões sobre a alimentação em sociedade.
3.9 Relevância: Na avaliação das/os responsáveis, essa experiência contribuiu para algum nível de mudança/melhoria da realidade alimentar e nutricional das pessoas envolvidas; e/ou gerou experiência/conhecimento que pode contribuir para a prática de EAN em outros momentos e realidades
Sim. Por meio da mobilização e da troca das memórias e vivências relacionadas à alimentação, nas várias fases da vida, a experiência motivou a reflexão dos participantes sobre o que se come e o por quê se come, despertando questionamentos e apontando práticas alimentares e os múltiplos fatores que influenciam essas práticas, contribuindo para fomentar o olhar crítico sobre o comer, compreendendo que este vai muito além de um ato biologicamente determinado e explicado. A atividade pode ser adaptada para uso com grupos de diferentes faixas etárias (adolescentes, adultos, idosos) e diferentes características (sexo e gênero, região geográfica, ocupação, classe socioeconômica) e número de participantes. Apesar de ter sido realizada em instituições de educação formal, pode ser empregada em espaços diversos, tanto de educação, quanto equipamentos de saúde e segurança alimentar e nutricional, espaços comunitários. É importante que o espaço comporte o trabalho em pequenos grupos e de preferência, permita expor os cartazes construídos pelos participantes.

4. RELATO RESUMIDO DA EXPERIÊNCIA

Relato resumido da experiência
Considerando que a alimentação é um fenômeno social complexo, polissêmico e multidimensional, o ato alimentar está ligado tanto aos processos biológicos, quanto aos culturais da espécie humana, traduzindo a complexidade dos processos adaptativos dos povos e sociedades. Este trabalho tem a proposta de descrever uma experiência de utilização da autobiografia alimentar como uma ferramenta pedagógica de apoio na ressignificação do papel da alimentação em sociedade. A autobiografia alimentar proposta foi desenvolvida como prática pedagógica de projetos de extensão da Faculdade de Saúde e Faculdade de Planaltina da Universidade de Brasília em 2018 e 2019. Para o desenvolvimento da oficina, um roteiro de perguntas prévios sobre a alimentação foi apresentado, contendo indagações sobre a alimentação em diferentes fases da vida (infância, fase escolar, adolescência e fase adulta) para serem respondidas individualmente. Após, trabalhou-se em roda de conversa e discussão em pequenos grupos para compartilhamento de experiências relacionadas à alimentação, mediante a apresentação de narrativas/histórias de vida. A história de vida possibilitou exercitar a cultura “do lado de dentro”, pois o relato autobiográfico inscreve o papel da alimentação na vida íntima e pessoal, entrelaçando-a com a vida em sociedade. Ao narrar a própria história, foi possível provocar nos(as) educandos(as) um campo de ressignificação e reinvenção identitária onde os(as) narradores(as) se enxergam como seres humanos a partir da significação cultural que forja sujeitos individuais e sociais e onde o simbólico/cultural é condicionante das escolhas. Além disso, o exercício da escuta auxiliou nos processos de reflexão, empatia, alteridade e tolerância no grupo. Destaca-se que a dinâmica proposta identificou tema-chaves para aprofundamento em momentos posteriores, que incluíram gênero, prazer, corpo, transtornos alimentares, comensalidade e escolhas alimentares. Por meio da atividade, foi possível compreender que a expressão da cultura nas escolhas alimentares é central para o reconhecimento da alimentação como um processo complexo e estruturante da vida em sociedade. Neste sentido, a autobiografia alimentar apresenta-se como uma vivência oportuna para desvendar tensões socialmente construídas em torno da alimentação, desconstruir estigmas sociais e em relação ao corpo, gênero, promover o empoderamento feminino e gerar fortalecimento da autoestima e construção de identidades.

5. DOCUMENTOS

5.1 Campo para inserção de arquivo de imagens que documentaram a experiência
Campo para inserção de arquivo de documentos produzidos relacionados à experiência

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  • Práticas incluam: 1) Publicidade, promoção e outras estratégias mercadológicas que visem aumentar a demanda pelos referidos produtos e/ou promovam ou estimulem modos de comer não saudáveis, tais como comer excessivamente, comer sozinho, comer sem pensar, comer compulsivamente, comer rápido, ou modos de produzir alimentos pautados pelo uso de agrotóxicos e organismos geneticamente modificados, ou; 2) Lobby contra medidas legislativas, econômicas, jurídicas ou socioculturais que visem à redução da produção, abastecimento, disponibilidade ou demanda dos referidos produtos e/ou da exposição aos referidos modos não saudáveis de comer e produzir alimentos; e/ou cujas 3) Políticas, objetivos, princípios, visões, missões e/ou metas que incluam ou se relacionem com o aumento da produção, abastecimento, disponibilidade ou demanda dos referidos produtos e/ou com a expansão de oportunidades e promoção dos referidos modos não saudáveis de comer e produzir alimentos.

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