1. Identificação da experiência

LEITURA EM VOZ ALTA PASSO A PASSO

País

1.2 Autores do relato

Nome
MARIA MARTA OROFINO
LUIZA ELY MILANO
ELISANDRO RODRIGUES

1.3 Identificação do autor responsável pelo contato durante o processo de seleção

Nome
MARIA MARTA OROFINO

1 4 Tema do relato

não se aplica
Educação popular em saúde, mobilização comunitária, análises situacionais de saúde em uma perspectiva participativa

1.6 Município(s) onde a experiência se desenvolve/desenvolveu

Município
Porto Alegre

1.7 Estado onde a experiência se desenvolveu:

Rio Grande do Sul

1.8 Instituição onde a experiência se desenvolve/desenvolveu (serviço/instituição): *

CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS III "PASSO A PASSO" (CAPS AD III) DO GRUPO HOSPITALAR CONCEIÇÃO

1.9 Data de início da experiência

11 março , 2023

1.10 Data de fim da experiência

18 fevereiro , 2023

2. Relato da experiência

2.1 Contextualização/introdução: Conte sobre sua experiência, onde ela ocorreu ou ocorre, quais os serviços ou instituições envolvidas, quem são os atores, a quem ela se dirige, quem os apoiou

A iniciativa surge a partir de experiências prévias em outros contextos, cenários, consolidando um desejo de fortalecimentos das parcerias entre pesquisa, ação e aplicação do método Leitura em Voz Alta. Envolve duas instituições maiores: Universidade Federal do Rio Grande do Sul - pelo projeto Leitura em Voz Alta do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas , coordenado por Luiza Milano - e o Grupo Hospitalar Conceição. Desta segunda instituição (GHC), as parcerias são o Grupo de Pesquisa Narrativas em Saude - da Escola GHC, da Gerência de Ensino e Pesquisa , coordenada por Maria Marta Orofino e Elisandro Rodrigues, e da equipe do CAPS AD III Passo a Passo, da Gerência de Saude Comunitária (GSSC) do GHC. Em 2020, no seu 6º ano, o projeto Leitura em Voz Alta do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da UFRGS previu o desenvolvimento de atividade de leitura em voz alta compartilhada em três eixos: saúde, escola e lazer. O objetivo geral do Projeto Leitura em Voz Alta da UFRGS é "realizar leitura em voz alta compartilhada de clássicos da literatura mundial e acompanhar grupos que utilizem essa metodologia de ação" . Foi neste contexto que Universidade e Grupo de Pesquisa Narrativas em Saude se uniram, para estudar e pensar propostas para o SUS. Na instituição GHC iniciamos com atividades "pontuais" (atividade de inicio e fim no mesmo encontro), para viabilizar a participação de diversos atores, bem como avaliar e planejar a adaptação da proposta metodológica aos serviços de saúde. Na perspectiva de atingir a maior diversidade de público possível, identificamos ser os serviços da Gerencia Saude Comunitária o lugar mais apropriado para a iniciativa. A partir da validação da proposta e metodologia, tanto por trabalhadores como pelo Gerente do GSSC, identificamos o CAPS AD III como "campo fértil" para iniciar esta experiência. Os Centros de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas III (CAPS III) são referência para pessoa que apresenta sofrimento psíquico intenso decorrente do uso de álcool e outras drogas e possui mais de 16 anos .Eles funcionam 24 horas por dia, incluindo finais de semana e feriados. Todas as unidades do CAPS AD III contam com equipe multiprofissional composta por psicólogos, assistentes sociais, terapeuta ocupacional, farmacêutico, médico psiquiatra, enfermeiros, técnicos de enfermagem, técnicos administrativos, apoio de médicos de família e comunidade, além de integrantes da Residência Multiprofissional em Saúde e da Residência Médica em Psiquiatria. O trabalho é desenvolvido por meio de atendimentos individuais, grupos terapêuticos, oficinas e atividades internas e externas, que contribuem com o tratamento.. O CAPS AD III Passo a Passo existe há 18 anos no GHC e torno-se parceiro desta iniciativa por apostar na potência da leitura como mais uma estratégia a compor o conjunto de práticas que, ancoradas na Redução de Danos, nos ajudam (trabalhadores e usuários do serviço) a melhor "apreender, compreender e dialogar com a multiplicidade de aspectos que modulam as crenças, os hábitos e os comportamentos dos indivíduos e grupos com os quais interagimos" (Meyer et al, 2006, p. 1.340). A pandemia COVID 19 retardou os encontros presenciais, mas em março de 2021 iniciamos, em fase experimental e com restrição de participantes - trabalhadores de saúde, vacinados e usuários do serviço que estejam no Acolhimento Noturno (modalidade onde usuário pode ficar em Permanência 24hs no serviço até 14 dias - neste caso, a pessoa faz teste covid-19 antes do ingresso). A experiência deu certo e deixou "gostinho de quero mais". Atualmente, os encontros já estão abertos ao público externo. Por ser um serviço Portas Abertas, que atende pessoas em sofrimento e muitas vezes em crise, pelo uso abusivo de SPAS , em reunião de equipe foi escolhido o turno de sábado pela manhã para a atividade - que pede atenção, pausa na rotina, silêncio, entre outras coisas - que o cotidiano do trabalho não permite. Os encontros acontecem quinzenalmente, no espaço do CAPS AD III Passo a Passo (Zona Norte da cidade de Porto Alegre), entre os horários de 10h a aproximadamente 11h30min, a depender da motivação e possibilidades dos participantes.
2.2 Justificativa: o que motivou a realização desta experiência/ Diagnóstico e análise do problema enfrentado
2.2 Justificativa Para além das intencionalidades previamente apresentadas no item acima, a escolha do local para a iniciativa parte de três elementos: 1. Disponibilidade, pela equipe CAPS AD III Passo a passo, em acolher a proposta; 2. Ser a líder do Grupo de Pesquisa Narrativas em Saude do GHC a Terapeuta Ocupacional que compõem a equipe multiprofissional deste serviço; 3. Um desejo-potência anterior, que surge do encontro da Terapeuta Ocupacional com um dos usuários do serviço - homem em situação de grande sofrimento psíquico. Nestes encontros, mediados pela leitura da obra "Dom Quixote" - escolhida pelo usuário, identificou-se a potência da leitura da obra durante atendimentos individuais , enquanto possibilidade do sujeito compreender e expressar seus sentimentos, sofrimentos e emoções, bem como identificar potências para qualidade de vida. Desta experiência primeira, identificamos alguns elementos potentes: concretizar o desejo de "ler um clássico", que sozinho o usuário não conseguiria; encontrar razão e motivo para sair de casa e ir até o CAPS, para além de "falar da doença e das drogas"; abrir o horizonte de novas possibilidades de cultura a lazer, substitutiva ao uso de Substâncias Psicoativas (SPAs). A partir destes primeiros indicadores foi construida a proposta do Leitura em Voz Alta Passo a Passo - com participação principal deste primeiro usuário, com sugestão de leitura e ajuda na divulgação e organização dos encontros. Com encontros quinzenais a partir de março de 2021, identificamos elementos para o diagnóstico da experiência, que vamos sintetizar em: 1. Desafios iniciais; 2. Potências; 3. Desafios para continuidade 1. Desafios iniciais: Como ja mencionado, o convite inicialmente foi restrito ao usuários em Permanência 24h. Neste momento do tratamento muitos deles desejam permanecer sob efeito de medicação e restrito ao leito a maior parte do dia, como forma de "lidar com a fissura". Para tanto, inicialmente foram necessários muito engajamento da equipe, principalmente técnicos de enfermagem, para motivar alguns usuários a aceitar participar da atividade (mesmo com um certa resistência inicial, a maioria dos encontros contou com 100% de participação dos usuários que estavam na Permanência 24H); o CAPS AD atende uma população de extrema vulnerabilidade econômica, social e cultural, que não tem a leitura incluída na lista de atividade de lazer - neste sentido, a proposta inicialmente causou muito estranhamento aos convidados; por este mesmo contexto citado acima, os participantes inicialmente ficam muito tímidos, alegando que "não sei ler muito bem", "minha voz não é boa", "tenho dificuldade pra compreender estas histórias" , entre outros argumentos, demandando do coordenador atenção, cuidado e leveza ao convidar as pessoas para ler. Outro elemento é compreender que, por serem pessoas com diferentes modos de ser, estar e se comportar na vida, os encontros demandam do coordenador muita atenção para mediar criticas ou deboches que venham a surgir durante a leitura de alguém, podendo desencadear desistência ou até mesmo agressões verbais. Tais desafios apresentados, foram sempre levados para conversas com a equipe, que compreende a importância de continuidade da atividade, como oportunidade de também para o desempenho destas competências relacionais no social. 2. Potências: dos que participam da experiência, a avaliação final realizada ao final de cada encontro em geral expressa sentimentos de novos aprendizados, de empoderamento, de diversão. Expressões como "a gente nem falou de drogas durante esta manhã" , "quero voltar semana que vem para saber como continua a história", "já tenho uma razão pra ficar em casa na sexta a noite: acordar pra vir ao CAPS ler" , "já li dois livros inteiros e nem foi difícil", sintetizam o potencial destes encontros, em um contexto CAPS AD III. 3. Desafios para continuidade: Como diz Paulo Freire: "É preciso que a leitura seja um ato de amor". Para que a iniciativa continue, é necessário que profissionais da equipe sigam comprometidos e recebam o apoio dos gestores para que a atividade ocorra com leveza, amorosidade e implicação. A atividade, por apresentar elementos diferentes dos temas habituais que compõem os grupos em um CAPS AD, necessita da compreensão e trabalho colaborativo, para que os integrantes da equipe (psiquiatra, enfermeiro, psicólogo, assistente social, técnicos referência), indiquem/endossem a Leitura em Voz Alta para para os usuários que acompanham.
2.3 Objetivo(s) da experiência: o que está sendo feito
2.3, Os objetivos principais da experiência: 1. Vivenciar atividade de leitura em voz alta de textos literários; 2. Experimentar encontros de diálogo e modos de convivência com a diversidade, mediados pela leitura em voz alta; 3. Compartilhar histórias ficcionais que contribuam para a problematização da vida cotidiana; 4. Promover atividade de tecnologia leve, para pessoas à margem do circuito cultural da cidade; 5. Oportunizar a aproximação de leitura de clássicos, incentivado pela leitura compartilhada. 6. Ampliar estratégias de cuidado e qualidade de vida, para público de usuários AD, na perspectiva de Redução de Danos 7. Contribuir para o melhor desempenho das capacidades cognitivas e atitudinais, memória e concentração.
2.4 Metodologia e atividades desenvolvidas: como a experiência se desenvolveu. Quais caminhos e que mecanismos foram escolhidos para desenvolver a experiência?
2.4 Metodologia: A Leitura em Voz Alta Passo a Passo recebe este nome por ser uma metodologia do Projeto de Extensão, adaptado ao público do CAPS AD III “Passo a Passo” do GHC. São encontros quinzenais, aos sábados pela manhã, no CAPS AD III. Atualmente, estão convidados para participar da atividade usuários, familiares, amigos e trabalhadores da comunidade CAPS AD “Passo a Passo”. Como enunciado no cartaz de divulgação: “para quem gosta de ouvir e ler boas histórias”. Para as leituras, são escolhidas obras clássicas, de histórias relativamente breves (que possam ser lidas em até 6 encontros, aproximadamente) . Escolhe-se por edições de letras grandes - para facilitar aqueles que tem baixa acuidade visual. Ao iniciar a leitura se contextualiza a obra, autor, época em que foi escrita, bem como as pactuações da proposta (pactuações: não é obrigado a ler, mas todos estão convidados; não existe "ler melhor ou pior", mas diferente; manter silêncio durante a leitura; se não entender algo ou alguma palavra, solicitar que a leitura seja parada para conversar e tirar dúvidas). Alguém inicia a leitura, sendo combinado que cada um leia em média uma página e passe para o próximo da roda (às vezes alguns leem mais, ou menos. Não importa). Durante a leitura, o mediador fica atendo ao movimento do grupo, observando sonolência, desinteresse, cansaço, podendo fazer pequenas paradas para negociar: “Continuamos ou paramos hoje por aqui?” - o grupo faz a gestão do tempo de leitura (cuidando para não ultrapassar o aproximado de 1h30min). É sempre reservado um tempo ao final do encontro para o grupo comentar sobre a história, promover o diálogo, expectativas da continuação. Ao encerrar a leitura de uma obra, os integrantes do grupo sugerem a próxima a ser lida (se tiver mais de uma sugestão, cada um deve argumentar e defender sua sugestão).
2.5 Quais os resultados alcançados? O que foi transformado por meio da experiência? Os objetivos foram cumpridos? Se não, justifique. Apresentar dados ou outras evidências que comprovem que os objetivos foram atingidos
2.5 A experiência segue acontecendo, o que indica que seu objetivo continua sendo alcançado. Em geral, contamos com a participação entre 08 a 15 pessoas. A partir desta iniciativa, foi criada a "Biblioteca Comunitária Passo a Passo" , que iniciou timidamente com algumas doações de livros dos próprios participantes ou trabalhadores da equipe e hoje conta com mais de 200 obras, na proposta de "Leia-Empreste-Devolva". Outros desdobramentos advindos da iniciativa foram: 1. participação de autor porto-alegrense, que compareceu a um encontro do Leitura em Voz Alta Passo a Passo para compatilhar sobre a experiência de escrever e publicar um livro de contos - além da conversa, o grupo leu junto alguns contos escolhidos. 2. ida de participantes do grupo na Feira do Livro de Porto Alegre , onde foram escolhidas obras para serem compradas, pela instituição GHC, para compor a Biblioteca e integrar a lista de obras para o Leitura em Voz Alta Passo a Passo.
2.6 Considerações finais: Importância da participação social para a solução do problema? Por que essa experiência foi importante?
O CAPS AD é o equipamento de saúde do SUS especializado no atendimento de pessoas que fazem uso abusivo e/ou prejudicial de álcool e outras drogas. Dentre as ações desenvolvidas pelo CAPSad destaca-se o acompanhamento clínico, a inclusão social do usuário na sociedade e o incentivo à autonomia e à participação social. Utiliza como estratégia de atenção a redução de danos, que visa minimizar os danos individuais e sociais causados pelo uso de drogas, tanto lícitas como ilícitas, e o sujeito em atendimento é considerado o protagonista de seu tratamento. Para além dos elementos já apresentados, os encontros do Leitura em Voz Alta AD II Passo a Passo viabliza atingir algumas das estratégias preconizadas e vai um pouco além, pois permite também uma experiência de inclusão em um circuito social que em geral marginaliza este público: o livro, a literatura, a leitura. Para além deste importante elemneto, a proposta de ler em voz alta, compartilhada, promove a participação de pessoas analfabetas e semialfabetizadas. Por meio da voz do outro, as pessoas podem se aproximar de um universo que estava pouco familiarizado e que possivelmente, se depender do meio social, nunca teria acesso. Um universo que muitas vezes causa tensão e segrega mais ainda: o da cultura escrita. A leitura partilhada promove inclusão, além do exercício de partilha e acolhimento de sentidos e emoções de forma coletiva. Compreendendo a importância e lugar que a leitura ocupa socialmente, esta iniciativa colabora com modos de entender o mundo, sem deixar de respeitar as diferenças culturais, sociais e políticas do indivíduo. A formação de cidadãos, não se limita a conceitos preestabelecidos que torna inviável o ato de pensar. Quem partilha da experiência sai transformado em um ser (mais) capaz de respeitar direitos, cumprir deveres, reivindicar melhorias, preservar e transmitir cultura, enfim, construir novas narrativas para sua história e sua participação social.
2.7 Por que pode ser considerada inovadora?
A experiência tem mostrado que o compartilhamento da voz e da escuta com o outro não é um detalhe nos dias de hoje. Ao contrário, torna-se uma tecnologia inovadora, considerando o contexto social e cultural dos usuários do serviço CAPS AD III, um dispositivo do SUS que atende uma população específica, marginalizada. Torna-se também um gesto de resistência ao ritmo da vida cotidiana e da fragilidade dos recursos e dispositivos de saúde, que nos impedem de construir redes. O que percebemos é que temos vivenciado o compartilhamento da voz e da escuta de forma solidária, a partir da leitura, e isso expande uma necessidade de se estar junto para prosseguir na travessia da produção do cuidado. Além disso, a prática de escutar o outro tem significado também ser suporte para que a voz, o discurso dos usuários ocupe espaço no campo da equidade. Acreditamos que essa construção coletiva de interpretação de uma obra literária funciona também uma metáfora de um jeito menos individualista de se estar no mundo, de prática colaborativa e empática. Sintese de alguns elementos que nos faz compreender ser esta uma experiência inovadora: A incorporação de uma experiência de cultura, das humanidades, socialmente identificada como "algo para um público letrado", ofertada e degustada por pessoas em situação de extrema vulnerabilidade social e cultural; o uso da literatura e do compartilhamento de leitura de clássico como dispositivo de tecnologia leve em saúde; a promoção do trabalho colaborativo, interprofissional de diferentes campos da prática e do conhecimento (saúde e literatura, instuição de saúde e Universidade)
2.8 Quais as perspectivas de aplicação das práticas desenvolvidas em outros locais ou instituições? Análise das principais dificuldades e estratégias de enfrentamento. Lições aprendidas e recomendações.
Aplicabilidade: a Leitura em Voz Alta é uma ação de tecnologia leve, mas que indica atenção em alguns elementos principais. Um importante elemento é identificar atores sociais que aceitem ocupar o lugar de mediador de leitura. Para tanto, os predicados mais importante são: gostar de ler, estar motivado e compreender a intencionalidade da proposta, estar atento aos movimentos do grupo, ajudar o grupo a cumprir as pactuações. O local para realização da atividade deve ser o mais silencioso possível (não necessariamente um espaço fechado - praças em momentos ou locais de pouco movimentos oferecem ótimas experiências); ter boa iluminação natural ou artificial e espaços confortáveis para as pessoas sentarem é importante para o sucesso da atividade. Não há um número exato de participantes para que a experiência ocorra - com o mínimo de duas pessoas a experiência de ler e escutar já pode acontecer. Cuidado para que são se formem grupos muito grandes, pois dificulta a operacionalização de pactuações e circulação da palavra (média de 15 participantes é um bom numero-referência). A escolha das leituras devem dialogar com gostos, interesses, necessidades. Sugere-se a proposta de leituras clássicas, pela intencionalidade da iniciativa, mas nada impede a leitura de qualquer obra sugerida e acordada pelo grupo. Principais dificuldades: Nem sempre as pessoas que frequentam o CAPS AD III - e o grupo de Leitura em Voz Alta - estão “numa boa fase” . O perfil do usuário dependente químico desafia o cotidiano do trabalho, a construção e manutenção do PTS (Projeto Terapeutico Singular) e continuidade ao tratamento, que em geral é considerado um percurso difícil de atingir, pois à medida que obstáculos e desafios cotidianos surgem, recaídas são frequentes. Este contexto é de extrema importância a ser considerado, na especificidade de propor uma experiência de Leitura em Voz Alta no CAPS AD III - nunca se sabe ao certo quantos e de que modo chegarão os participantes. Por ser uma atividade aberta, outro importante desafios é mediar conflitos que possam surgir caso compareça um participante intoxicado - necessita avaliação profissional, para verificar a capacidade ou não da pessoa participar, sem interferir de modo desagradável no processo da atividade Recomendações: Segundo Vygotsky (1991), a interação entre indivíduos mais experientes e outros, menos experientes, torna possível aos sujeitos constituírem-se como tal e construírem conhecimentos. Neste sentido, para mediar o encontro de Leitura em Voz Alta, não basta colocar as pessoas em roda e iniciar uma leitura. É preciso incentivá-las a fazer descobertas e ajudá-las a realizar escolhas, a compreender textos mais complexos, a avançar na formação do gosto – tarefas inerentes, que pedem um preparo mínimo de experiência ao trabalho do mediador das leituras.
2.9 Envolvimento e mobilização de instituições e parceiros na execução da experiência?
Instuições são parceira desde o inicio da experiência, para planejamento, avaliação e acompanhamento dos encontros.
3 Principais desafios persistentes (o que segue sendo desafio apesar da ação empreendida?)
Pela decisão e escolha (já justificada) de ocorrer aos sábados pela manhã, um dos desafios é termos trabalhadores e estudantes disponíveis para compor e ampliar o grupo de mediadores de leitura.
3.1 Quais ações de sensibilização, comunicação, informação, educação em saúde e educação permanente foram utilizadas?
No espaço de trabalho onde ocorre a iniciativa, são aproveitados momentos de Assembléias e reuniões de equipe para divulgação da proposta e de resultados. Desde o inicio da experiência ocorreram dois encontros de Educação Permanente com a equipe, onde o grupo multiprofissional teve a oportunidade de viver e problematizar coletiavamente a experiência , discutindo a releância para o contexto AD. Por ser uma iniciativa articulada com o Projeto de Extensão e Grupo de Pesquisa, o tema específico: leitura em voz alta promove grupos de estudos e publicações.
3.2 Qual é a sustentabilidade da solução implantada (quais são as garantias de que a experiência é sustentável ao longo do tempo desde os pontos de vista técnico, político, financeiro, social, etc?)?
Para além das pessoas, do livro e do espaço adequado (anteriormente descrito), a experiência não demanda nem gera gastos. Além disso, em termos de sustentabilidade, a iniciativa também tem promovido a existência, manutenção e circulação dos livros da Biblioteca Comunitária. Do ponto de vista técnico, mesmo que não existam trabalhadores da saúde que se sintam capazes de madiar as leitura, o apoio de alunos, bolsistas e docente do Projeto de Extensão garantem a viabilidade do leitura em Voz Alta; politica e socialmente, avaliamos que se o Leitura sobreviveu nos últimos anos - considerando que a instituição GHC é de Gestão Federal e tivemos, ao longo do último governo, um desmonte da PNH e da Redução de Danos - nosso barco está iniciando a navegar com bosn e melhores ventos neste novo governo.
3.3 Campo para inserção de arquivo de imagens que retratem a experiência
3.3.1 Campo para inserção de arquivos de documentos produzidos relacionados à experiência.

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e/ou cujas

  • Práticas incluam: 1) Publicidade, promoção e outras estratégias mercadológicas que visem aumentar a demanda pelos referidos produtos e/ou promovam ou estimulem modos de comer não saudáveis, tais como comer excessivamente, comer sozinho, comer sem pensar, comer compulsivamente, comer rápido, ou modos de produzir alimentos pautados pelo uso de agrotóxicos e organismos geneticamente modificados, ou; 2) Lobby contra medidas legislativas, econômicas, jurídicas ou socioculturais que visem à redução da produção, abastecimento, disponibilidade ou demanda dos referidos produtos e/ou da exposição aos referidos modos não saudáveis de comer e produzir alimentos; e/ou cujas 3) Políticas, objetivos, princípios, visões, missões e/ou metas que incluam ou se relacionem com o aumento da produção, abastecimento, disponibilidade ou demanda dos referidos produtos e/ou com a expansão de oportunidades e promoção dos referidos modos não saudáveis de comer e produzir alimentos.

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