1. Identificação da experiência

COMITÊ COMUNITÁRIO VIRTUAL: EXPERIÊNCIA DE CONTROLE SOCIAL NO MONITORAMENTO DE AÇÕES DE ENFRENTAMENTO DA COVID-19 NOS BAIRROS POPULARES DE SALVADOR

País

Brasil

1.2 Autores do relato

Nome
Fabiana Almerinda G. Palma
Francisco dos Santos Santana
Cristina Melo
Tania Maria Gonçalves Palma Santana
Maria José Pacheco

1.3 Identificação do autor responsável pelo contato durante o processo de seleção

Nome
Fabiana Almerinda Gonçalves Palma

1 4 Tema do relato

não se aplica
Experiências e prática participativas que abordem elementos culturais e promoção da saúde, elaboração de diagnósticos situacionais, de prevenção e de vigilância em saúde

1.6 Município(s) onde a experiência se desenvolve/desenvolveu

Município
Salvador

1.7 Estado onde a experiência se desenvolveu:

Bahia

1.8 Instituição onde a experiência se desenvolve/desenvolveu (serviço/instituição): *

Comitê Comunitário

1.9 Data de início da experiência

22 março , 2020

1.10 Data de fim da experiência

20 dezembro , 2021

2. Relato da experiência

2.1 Contextualização/introdução: Conte sobre sua experiência, onde ela ocorreu ou ocorre, quais os serviços ou instituições envolvidas, quem são os atores, a quem ela se dirige, quem os apoiou

O Comitê Comunitário Virtual de monitoramento das ações de enfrentamento da covid-19 ocorreu na cidade de Salvador quando foi decretado o início da pandemia da Covid-19 no Brasil. A partir deste cenário, nos bairros populares de Salvador, surgiu da necessidade de diversas organizações, movimentos sociais e coletivos locais atuarem diretamente com a base que milita para a construção de soluções conjuntas, apoios, esclarecimentos e busca de articulação com os poderes públicos para solução de questões identificadas pelas lideranças comunitárias dos bairros desta cidade. A atuação desse coletivo foi de fundamental importância para conseguirmos organizar e vencer algumas das batalhas sofridas pelas populações vulneráveis da cidade durante o período da pandemia da Covid-19. Assim, para que fossem construídas e efetivadas as pautas do Comitê contamos com o apoio de uma ampla gama de entidades, lideranças, movimentos e coletivos das comunidades, universidades e trabalhadores da saúde para realização das ações do grupo.

2.2 Justificativa: o que motivou a realização desta experiência/ Diagnóstico e análise do problema enfrentado

Salvador é uma cidade desigual. A maioria de sua população é negra, mora nas comunidades empobrecidas no centro e na periferia da cidade, tem renda mensal menor que 2 Salários Mínimos (SM), escolaridade abaixo do ensino fundamental, condições de moradias desumanas, com pouca ventilação, alta densidade domiciliar, desemprego crônico, violência policial por histórica concentração de renda e discriminação.
Em tal quadro, as doenças infecciosas como a covid-19 e muitas outras doenças e agravos encontram condições ideais para sua disseminação. A experiência histórica já mostrou que em sociedades desiguais, com discriminação de raça/etnia e classes como a em que vivemos, os recursos diagnósticos, leitos Unidades de Terapia Intensiva (UTI) são escassos e não chegarão até as populações vulneráveis se não houver união, mobilização e luta.
Considerando essa realidade, moradores e moradoras de bairros populares, membros de associações de moradores, coletivos, militantes dos movimentos sociais e profissionais de saúde, diante do cenário de falta de um comando, propostas de enfrentamento do governo federal, e despreocupação com o avanço rápido da transmissão da covid-19 nas comunidades, a falta de recursos básicos como água tratada, álcool gel, de informações e orientação confiáveis, adequadas à realidade cultural, social e econômica de nossa comunidades, resolvemos tomar a iniciativa de mobilizar e articular diferentes comunidades, universidade e setores dos mais diversos em Salvador para assumir um papel de maior protagonismo no enfrentamento da covid-19. Desse modo, buscamos levantar as necessidades e demandas dos bairros para encaminhar aos gestores, apoiar e monitorar as ações efetivas preconizadas pela Organização Mundial da Saúde, defender a adoção das ações exitosas de enfrentamento da doença adotadas da China, Coréia, Venezuela e Cuba, e assegurar que os recursos de prevenção, controle, diagnóstico e tratamento pudessem ser acessados pelas pessoas mais vulneráveis em nossas comunidades, evitando assim, que as mortes atinjam desproporcionalmente a população negra e pobre da cidade de Salvador.

2.3 Objetivo(s) da experiência: o que está sendo feito

Nosso objetivo principal buscou mobilizar e articular o protagonismo de lideranças, organizações e movimentos sociais de todas as comunidades de Salvador, sindicatos de trabalhadores em saúde, movimentos negros, feministas, ambientalistas, organizações de defesa dos direitos humanos, religiosos e universidades para cobrança das ações efetivas de proteção da covid-19 entre as populações mais vulneráveis de Salvador-Bahia. Secundariamente, buscamos identificar, levantar e mapear as demandas e necessidades relacionadas da covid-19 dos bairros, ajudando as comunidades a encaminhar as reivindicações junto aos gestores e apoiar no acompanhamento e monitoramento para assegurar que as ações de prevenção e controle efetivas para prevenção da covid-19 preconizadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e por países que tiveram sucesso em reduzir a transmissão e as mortes também alcancem as populações mais vulneráveis.

2.4 Metodologia e atividades desenvolvidas: como a experiência se desenvolveu. Quais caminhos e que mecanismos foram escolhidos para desenvolver a experiência?

O funcionamento do Comitê foi virtual. Para isso, utilizamos como recursos a internet, as redes sociais e as ferramentas de comunicação que foram discutidas por meio de videoconferências para o controle social, educação popular em saúde e articulação com instituições. Contamos também, com uma coordenação para servir de “cimento”, liga da articulação e mobilização das entidades, lideranças e movimentos das comunidades, universidades e trabalhadores em saúde coordenada por um Grupo Impulsor, com reuniões periódicas. Foi organizado ainda, um Grupo de Comunicação e Ampliado (WhatsApp), composto por representantes de entidades, lideranças, professores de universidades públicas e trabalhadores da saúde. Realizamos a compilação, organização de dados e divulgação de informações confiáveis sobre a covid-19 e realizamos ações para repercussão e encaminhamentos das reivindicações de interesse coletivos das populações dos bairros populares de Salvador. Assim, construímos uma coordenação democrática representativa e não hierárquica, com maioria dos integrantes dos segmentos populares.

2.5 Quais os resultados alcançados? O que foi transformado por meio da experiência? Os objetivos foram cumpridos? Se não, justifique. Apresentar dados ou outras evidências que comprovem que os objetivos foram atingidos

Como resultados alcançados pelo Comitê Comunitário foram elaborados dois inquéritos e informes sobre a situação da Covid-19 nos bairros populares de Salvador, um projeto de apoio assistencial às famílias de baixa renda com doações de cestas básicas, uma cartilha e curso básico online sobre a prevenção da Covid-19, lives, cartas de reivindicações e denúncias para órgãos de saúde, cursos e campanhas educativas e compartilhamento de notícias sobre a pandemia nas mídias sociais do coletivo.

2.6 Considerações finais: Importância da participação social para a solução do problema? Por que essa experiência foi importante?

A experiência do Comitê Comunitário foi relevante frente ao contexto de “desgoverno” no Brasil durante a pandemia da Covid-19. Nesse cenário, as comunidades populares se organizaram e começaram a participar ativamente para responder ao desespero da fome, desinformação, adoecimento e morte de familiares, amigos e parentes durante a pandemia da Covid-19.

2.7 Por que pode ser considerada inovadora?

O Comitê Comunitário foi uma iniciativa protagonizada por residentes dos bairros populares de Salvador que a partir da participação ativa realizaram ações coletivas para o enfrentamento da pandemia da covid-19, que assolou mais intensamente populações vulneráveis de grandes centros urbanos, como Salvador.

2.8 Quais as perspectivas de aplicação das práticas desenvolvidas em outros locais ou instituições? Análise das principais dificuldades e estratégias de enfrentamento. Lições aprendidas e recomendações.

Mesmo diante das dificuldades para implementação das ações planejadas e que não se efetivaram, conforme lista disponibilizada neste documento, a principal lição aprendida pelo Comitê é que sem organização e participação popular nenhuma resposta será construída para o enfrentamento dos problemas que atingem as populações empobrecidas que vivem em cidades como Salvador.

2.9 Envolvimento e mobilização de instituições e parceiros na execução da experiência?

O envolvimento e mobilização de instituições e parceiros ocorreu por meio de contato prévio, por telefone ou e-mail, participação em reunião virtual para apresentação dos objetivos do Comitê e das necessidades de reivindicação para o enfrentamento da pandemia da covid-19 pelas populações dos bairros populares de Salvador.

3 Principais desafios persistentes (o que segue sendo desafio apesar da ação empreendida?)

O Comitê realizou ações e apoiou coletivos sem qualquer orientação à época. Cobrou respostas dos órgãos de saúde de Salvador. Não fez mais, pois na pandemia, as desigualdades se ampliaram. Doenças como a Covid-19 e outras, encontraram as condições ideais para sua disseminação. Em sociedades desiguais, como a em que vivemos, a assistência à saúde, acesso aos recursos diagnósticos e leitos para tratamento são escassos e não chegarão aos empobrecidos se não nos unirmos, mobilizarmos e lutarmos.

3.1 Quais ações de sensibilização, comunicação, informação, educação em saúde e educação permanente foram utilizadas?

Como principais ações de sensibilização, comunicação, informação, educação em saúde desenvolvidas pelo Comitê, destacam-se os inquéritos e informes periódicos sobre a situação da Covid-19 nos bairros populares de Salvador, doações de cestas básicas e livros, realização de ato simbólico, Curso Básico Online Sobre Prevenção e Controle da Covid-19, Cartas de reivindicações e denúncias, ações de Educação Popular em Saúde com Agentes Comunitários de Saúde, inquérito sobre a vacinação contra a doença provocada pela covid-19 e Cartilha de orientações para a prevenção, controle e combate à Covid-19, campanha educativa para as festas de fim de ano, divulgação de informações úteis, compartilhamento de notícias e materiais educativos e a realização de transmissões online.

3.2 Qual é a sustentabilidade da solução implantada (quais são as garantias de que a experiência é sustentável ao longo do tempo desde os pontos de vista técnico, político, financeiro, social, etc?)?

A experiência do Comitê é sustentável e poderá se adequar ao enfrentamento de qualquer problema de saúde que acometa populações em situação de vulnerabilidade social. Com a inclusão e participação de trabalhadores de saúde, profissionais de outras áreas e integrantes de instituições como universidades e centros de pesquisa foi possível ter apoio técnico, social e financeiro, quando necessário para implementação das ações prioritárias do Comitê Comunitário.

3.3 Campo para inserção de arquivo de imagens que retratem a experiência
3.3.1 Campo para inserção de arquivos de documentos produzidos relacionados à experiência.

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e/ou cujas

  • Práticas incluam: 1) Publicidade, promoção e outras estratégias mercadológicas que visem aumentar a demanda pelos referidos produtos e/ou promovam ou estimulem modos de comer não saudáveis, tais como comer excessivamente, comer sozinho, comer sem pensar, comer compulsivamente, comer rápido, ou modos de produzir alimentos pautados pelo uso de agrotóxicos e organismos geneticamente modificados, ou; 2) Lobby contra medidas legislativas, econômicas, jurídicas ou socioculturais que visem à redução da produção, abastecimento, disponibilidade ou demanda dos referidos produtos e/ou da exposição aos referidos modos não saudáveis de comer e produzir alimentos; e/ou cujas 3) Políticas, objetivos, princípios, visões, missões e/ou metas que incluam ou se relacionem com o aumento da produção, abastecimento, disponibilidade ou demanda dos referidos produtos e/ou com a expansão de oportunidades e promoção dos referidos modos não saudáveis de comer e produzir alimentos.

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