1. Identificação da experiência

Programa de Orientação Alimentar como ferramenta para a participação social na promoção da saúde

País

1.2 Autores do relato

Nome
Ana Paula de Queiroz Mello
Fernanda Ferreira Correa

1.3 Identificação do autor responsável pelo contato durante o processo de seleção

Nome
Ana Paula de Queiroz Mello

1 4 Tema do relato

A4 - Fortalecimento da relação ensino, pesquisa e participação social
Educação popular em saúde, mobilização comunitária, análises situacionais de saúde em uma perspectiva participativa

1.6 Município(s) onde a experiência se desenvolve/desenvolveu

Município
São Paulo

1.7 Estado onde a experiência se desenvolveu:

São Paulo

1.8 Instituição onde a experiência se desenvolve/desenvolveu (serviço/instituição): *

Centro Universitário São Camilo (SP/SP)

1.9 Data de início da experiência

1 agosto , 2016

1.10 Data de fim da experiência

9 fevereiro , 2023

2. Relato da experiência

2.1 Contextualização/introdução: Conte sobre sua experiência, onde ela ocorreu ou ocorre, quais os serviços ou instituições envolvidas, quem são os atores, a quem ela se dirige, quem os apoiou

Essa experiência aconteceu vinculada à Instituição de Ensino Superior (IES) denominada Centro Universitário São Camilo (SP/SP), mais especificamente, à disciplina Estratégias em Educação Alimentar e Nutricional do curso de graduação em Nutrição, no qual os alunos são convidados a planejar e aplicar um Programa de Orientação Alimentar (POA) assim como, avaliá-lo, voltado para a comunidade local, sob supervisão dos docentes responsáveis. Desta forma, diversos públicos são atingidos (crianças, adolescentes, adultos e pessoas idosas) em diferentes cenários (escolas, instituições de longa permanência, empresas, entre outras). A referida disciplina tem carácter extensionista e é oferecida de forma presencial, com frequência semestral. Desta forma, cada POA elaborado pelos alunos tem duração de 3-4 meses. Inicialmente, é realizada uma avaliação diagnóstica detalhada e a partir dos problemas alimentares encontrados, definem-se as intervenções. Em cada POA, são realizadas pelo menos 2 intervenções. Essas intervenções são feitas, predominantemente, presencial e em alguns casos de forma remota. O conteúdo programático das intervenções é voltado para a promoção de saúde e prevenção de doenças, no formato de atividades dinâmicas, palestras, dramatizações, entre outras. Durante essas atividades educativas ocorre avaliação formativa, para acompanhar a evolução dos participantes e monitorar o POA. Após as intervenções, a avaliação final é realizada através de um instrumento similar com o da avaliação diagnóstica. Durante a pandemia da COVID-19, adaptações foram feitas para a modalidade virtual, nas quais o diagnóstico, as intervenções e as avaliações formativas e somativas foram realizadas remotamente. De uma forma geral, os resultados são positivos, principalmente, no comportamento cognitivo dos participantes, trazendo impacto nas atitudes e, posteriormente, na formação dos hábitos alimentares dos mesmos.
2.2 Justificativa: o que motivou a realização desta experiência/ Diagnóstico e análise do problema enfrentado
Nas últimas décadas ocorreu mudança do estilo de vida e do padrão alimentar, resultando no aumento da incidência de doenças crônica não transmissíveis, principalmente, associado a elevados índices de excesso de peso e suas complicações em diferentes faixas etárias e extratos da sociedade. Estas condições alertaram sobre a importância de propor estratégias afirmativas em saúde, consistentes e locais que pudessem suprir a necessidade da comunidade local.
2.3 Objetivo(s) da experiência: o que está sendo feito
Os objetivos gerais são promover a saúde e prevenir doenças, respeitando as particularidades de cada público-alvo do POA. O foco principal dos POA é atender a necessidade da coletividade, sem entrar na esfera individual, e na relação saúde com doença(s) e/ou tratamento(s) dietoterápico específico. Para tanto, alguns dos princípios do Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional para Políticas Públicas são priorizados de acordo com cada situação diagnóstica, listados abaixo: -Abordagem do sistema alimentar, na sua integralidade; -Valorização da cultura alimentar local e respeito à diversidade de opiniões e perspectivas, considerando a legitimidade dos saberes de diferentes naturezas; -A comida e o alimento como referências; Valorização da culinária enquanto prática emancipatória; -A Promoção do autocuidado e da autonomia; -A Educação enquanto processo permanente e gerador de autonomia e participação ativa e informada dos sujeitos; -A diversidade nos cenários de prática.
2.4 Metodologia e atividades desenvolvidas: como a experiência se desenvolveu. Quais caminhos e que mecanismos foram escolhidos para desenvolver a experiência?
Considerando que o POA vem sendo implantado em diversos cenários, o diagnóstico situacional é realizado de forma variada. Ferramentas para avaliação do estado nutricional do ponto de vista quali-quantitativo são empregadas para identificar as necessidades do público-alvo para cada POA específico. Dentre os instrumentos utilizados, destacam-se o questionário de frequência alimentar (QFA), recordatório alimentar de 24h, registro alimentar, grupo focal, observação da realidade com utilização de roteiro pré-estabelecido etc. Decorrente do isolamento social imposto pela pandemia, alguns instrumentos sofreram adaptações para serem aplicados de forma on line. Na etapa de intervenção, o POA parte dos ensinamentos do Guia Alimentar para População Brasileira, publicado em 2014 pelo Ministério da Saúde, para promover saúde e prevenir doenças em diferentes contextos e público-alvo. Desta forma, o conteúdo programático abordado é: a classificação do nível de processamento dos alimentos; benefícios dos alimentos in natura/minimamente processados; “obstáculos” para a adoção de práticas alimentares saudáveis; representações sociais, culturais e afetivas do alimento; práticas alimentares no contexto familiar, entre outros. Diversas metodologias foram aplicadas na forma de palestras e/ou atividades lúdicas, com objetivos educativos específicos. Seguem abaixo exemplos de estratégias empregadas: – Aprendizagem baseada em problemas. Por exemplo, a atividade “Feirinha dos alimentos”: essa estratégia é utilizada com crianças. Os alimentos (frutas, verduras, legumes, salgadinhos, refrigerantes…) são dispostos em bancadas e as crianças com “dinheiro” fazem as compras. E, durante a atividade os “educadores” orientam as crianças sobre as melhores escolhas. – Gamificação. Por exemplo, a atividade “Que alimento sou eu?”: essa intervenção consiste em vendar os olhos dos “educandos”, e através do tato, olfato e paladar, eles devem descobrir qual é o referido alimento. Essa atividade é útil para auxiliar as crianças a identificarem os alimentos que muitas vezes são desconhecidos por elas. “Palavra-cruzada”: essa estratégia é utilizada com pessoas idosas. Consiste na aplicação de palavras-cruzadas sobre alimentos. – Hands on. Por exemplo, a atividade “Oficina culinária”: proposta para os “educandos” participarem de todo o processo de preparo de uma determinada receita. Ao longo dos programas ocorrem avaliações formativas para verificar se o(s) objetivos educativos de cada atividade foram atingidos, e se há a necessidade de adaptação nas próximas intervenções para maior chance de sucesso do POA. E, ao final de cada programa, ocorre a aplicação de uma avaliação somativa para identificar se o(s) objetivo(s) geral do POA foi atingido. As metodologias empregadas nestas avaliações são de acordo com as características do público, podendo ser na forma de questionário autoadministrado, questionário aplicado e/ou dinâmicas.
2.5 Quais os resultados alcançados? O que foi transformado por meio da experiência? Os objetivos foram cumpridos? Se não, justifique. Apresentar dados ou outras evidências que comprovem que os objetivos foram atingidos
Sim, os objetivos foram atingidos de forma geral. Houve mudanças/melhorias da realidade alimentar dos “educandos” dos POA implantados, principalmente, no que diz respeito ao comportamento cognitivo. Em paralelo, em algumas instituições houve alterações no cardápio ofertado, e em algumas escolas, a inserção, na prática, de temas relacionados à alimentação e nutrição no conteúdo programático. Essas mudanças contribuíram para a melhoria da escolha alimentar dos participantes. Segue abaixo link com o depoimento de uma instituição participante: https://www.instagram.com/tv/CgF7TowjhjU/?utm_source=ig_web_copy_link
2.6 Considerações finais: Importância da participação social para a solução do problema? Por que essa experiência foi importante?
Infelizmente a maioria dos participantes não possuem acesso ao serviço de Nutrição e informações sobre alimentação adequada com respaldo técnico e cientifico. Neste sentido, o POA foi construído para oferecer um serviço de qualidade específico para a população local, com o foco na mudança do comportamento cognitivo, aquisição de habilidades e atitudes positivas em relação à saúde. Além disso, o POA proporciona oportunidade aos alunos do curso de Nutrição atuarem como profissional, sob supervisão dos docentes, ainda que durante a graduação.
2.7 Por que pode ser considerada inovadora?
A característica inovadora é oferecer serviço especializado voltado para instituições e pessoas ao redor, aproximando a Universidade da comunidade local. Além disso, a aplicação de metodologias ativas no processo de aprendizagem do aluno de graduação, colocando este mais próximo do mercado de trabalho, vivenciando experiências e adquirindo conhecimentos técnicos na prática, partindo de uma problematização. Dessa forma, tem-se a oportunidade de, possivelmente, identificar necessidades locais e auxiliar na geração de políticas públicas em saúde, além de realizar uma leitura dos sentidos e significados construídos pelos próprios sujeitos que experienciam o POA, subsidiando, assim, o desenvolvimento de um guia para seu acompanhamento/avaliação a ser adotado ao longo do tempo na comunidade em questão.
2.8 Quais as perspectivas de aplicação das práticas desenvolvidas em outros locais ou instituições? Análise das principais dificuldades e estratégias de enfrentamento. Lições aprendidas e recomendações.
O POA pode ser aplicado em diversos modelos institucionais (escolas, clubes, academias, instituições de longa permanência etc.), visto que os alunos de graduação elaboram o programa de forma personalizada de acordo com as características locais. Neste sentido, a perspectiva é que o POA continue acontecendo de forma regular, semestralmente, com a participação dos alunos e das professoras, alinhada com as necessidades de cada instituição. Considerando que trata-se de um programa sobre saúde e alimentação saudável vinculado à universidade, sem fins lucrativos, este possui limitações no que diz respeito à recursos financeiros e tempo de duração do programa. Como estratégias de enfretamento, tem-se a construção de atividades utilizando recursos locais e otimização dos encontros com o público-alvo.
2.9 Envolvimento e mobilização de instituições e parceiros na execução da experiência?
A proposta conta com o apoio do Centro Universitário São Camilo (SP/SP) e instituições parceiras locais que têm interesse em praticar das ações educativas.
3 Principais desafios persistentes (o que segue sendo desafio apesar da ação empreendida?)
O principal desafio é atender a expectativa dos participantes em relação ao tempo do POA, pois este deve começar e terminar no mesmo semestre, para dar oportunidade ao aluno de graduação a ter a vivência do início do projeto até a implantação e finalização do programa. Do outro lado, os participantes podem ter necessidades mais complexas que precisariam de mais tempo para serem solucionadas ou amenizadas.
3.1 Quais ações de sensibilização, comunicação, informação, educação em saúde e educação permanente foram utilizadas?
As ações são voltadas para o campo das ciências da saúde, especificamente, Nutrição. Estas acontecem em diferentes organizações e instituições fora do espaço convencionalmente reconhecido como setor da saúde. Neste sentido, as ações do POA foram focadas em materiais adequados ao aspecto cognitivo dos participantes, assim como, dos alunos e professoras envolvidas. As principais ações utilizadas são palestras, grupos de discussão, dinâmicas dirigidas, oficinas, dramatização, entre outras.
3.2 Qual é a sustentabilidade da solução implantada (quais são as garantias de que a experiência é sustentável ao longo do tempo desde os pontos de vista técnico, político, financeiro, social, etc?)?
Considerando que as diferentes estratégias terapêuticas para o controle das doenças crônicas não transmissíveis e a manutenção da saúde dependem de mudanças nos hábitos de vida, medicamentos e intervenções cirúrgicas, que não acessíveis para todos. Desta forma, sob o ponto de vista social e político, torna-se crucial a adoção de estratégias preventivas para lidar com esta situação. O POA tem como principal característica ser sustentável, pois não depende de recurso financeiro. É possível planejar e implantar um programa com o que tem presente nas instituições envolvidas. Sob o ponto de vista técnico, o POA tem embasamento científico e fomenta a produção de conhecimento no âmbito universitário e da população beneficiada.
3.3 Campo para inserção de arquivo de imagens que retratem a experiência
3.3.1 Campo para inserção de arquivos de documentos produzidos relacionados à experiência.

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Alguns exemplos de experiências de Educação Alimentar e Nutricional que configuram conflito de interesses:

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