A população atendida corresponde a usuários da UBS Dr. Moisés da Costa Lopes ou pacientes oriundos de áreas descobertas de unidade básica, vinculados ao cuidado em saúde mental, com foco em pacientes com queixas de insônia e uso crônico de indutores do sono. A análise envolveu 208 prontuários; 131 (62,9%) desses pacientes relataram insônia e uso regular de medicações como benzodiazepínicos (clonazepam, diazepam, alprazolam), antidepressivos tricíclicos e compostos Z.
Principais características:
Predominância feminina (73,2%).
Faixa etária majoritária entre 31 e 60 anos.
32% dos pacientes utilizavam dois ou mais medicamentos para dormir.
Essa população reflete um território vulnerável, com alta carga de estresse, baixa renda, múltiplas jornadas de trabalho, baixa adesão a terapias não medicamentosas e barreiras ao acesso psicológico.
Foram analisados 208 prontuários, sendo que 131 pacientes estavam em uso regular de medicamentos indutores do sono, representando o público diretamente envolvido na intervenção.
Entre os principais desafios de saúde identificados estão a alta prevalência de distúrbios do sono, especialmente a insônia, e o uso prolongado e indiscriminado de medicamentos indutores do sono, como os benzodiazepínicos. Muitos pacientes utilizam múltiplas medicações, o que aumenta o risco de dependência, quedas, prejuízo cognitivo e outros efeitos adversos. Há também baixa adesão às abordagens não farmacológicas, como a higiene do sono e técnicas de relaxamento, frequentemente por desconhecimento ou falta de orientação adequada.
Somam-se a esses fatores questões como sobrecarga de trabalho, múltiplas jornadas – principalmente entre mulheres –, baixa renda, estresse crônico, automedicação e dificuldades de acesso a acompanhamento psicológico contínuo. Um desafio adicional é o elevado número de pacientes oriundos de áreas sem cobertura por unidade básica de saúde, o que prejudica a longitudinalidade do cuidado e dificulta o acompanhamento regular e integral desses usuários.
Além disso, observa-se carência de ações estruturadas de educação em saúde e desafios na reorganização do cuidado em saúde mental na atenção primária. Esses elementos evidenciam a necessidade de estratégias integradas para promover o uso racional de medicamentos e melhorar a qualidade de vida da população atendida.
Analisar o perfil dos pacientes em uso de medicamentos indutores do sono.
Identificar a prevalência e padrões de uso desses fármacos na demanda de saúde mental.
Promover estratégias de intervenção centradas na redução do uso indiscriminado.
Estimular abordagens não farmacológicas para o tratamento da insônia.
Reavaliar condutas terapêuticas individualizadas com foco no desmame gradual.
A insônia é um distúrbio frequente entre os pacientes atendidos pela UBS Dr. Moisés da Costa Lopes. Diante da alta prevalência do uso crônico de psicofármacos, especialmente benzodiazepínicos, a equipe de saúde, em parceria com quatro internos de Medicina, desenvolveu uma intervenção baseada na investigação do perfil dos usuários e na implementação de estratégias educativas e terapêuticas seguras.
Inicialmente, foram analisados 208 prontuários, com destaque para 131 pacientes em uso de medicamentos indutores do sono. A maioria era do sexo feminino, em idade produtiva, submetida a múltiplos fatores de estresse. Verificou-se a utilização indiscriminada de benzodiazepínicos (70,9%), com 32% dos usuários combinando mais de um psicotrópico.
Como resposta, a equipe estruturou uma abordagem multifatorial: criação de cartilhas educativas, rodas de conversa na sala de espera sobre alternativas seguras de tratamento e reavaliação clínica individualizada, com foco na retirada gradual dos medicamentos. A experiência demonstrou que a APS pode atuar com protagonismo na racionalização do uso de medicamentos e na promoção do autocuidado, por meio de estratégias de educação em saúde acessíveis e integradas ao território.
Redução do uso contínuo de medicamentos indutores do sono em parte dos usuários acompanhados.
Feedbacks positivos das usuárias sobre melhoria na qualidade do sono e acolhimento recebido.
Início do processo de desmame medicamentoso com acompanhamento clínico.
Criação de fluxo de cuidado em saúde do sono dentro da unidade.
Maior articulação da equipe multiprofissional e engajamento dos usuários.