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Trabalhar diferente ou fazer mais do mesmo?

Quando se fala em “inovação” nas práticas de saúde, em geral, e na atenção primaria à saúde (APS), em particular, é preciso estar atento se o que se pretende como tal não passaria de uma “novidade”, assim mesmo passageira. Da mesma forma, o impulso de “fazer mais do mesmo” quase sempre se impõe nas condutas, seja dos tomadores de decisão ou das próprias equipes de saúde, com resultados muitas vezes decepcionantes, que não acrescentam qualidade nem eficiência aos processos de gestão e atenção à saúde. Há um desafio, portanto, para todos estes praticantes, que é “trabalhar de forma diferente”.

“Trabalhar diferente” é o tema de um relatório do centro de estudos britânico Deloitte UK Centre for Health Solutions, recentemente publicado (2012) e disponível on-line em http://bit.ly/KGtTfF. Este documento traz reflexões de instituição sobre o presente e o futuro da APS, em termos dos desafios da força de trabalho nela engajada e sobre a necessidade de que as soluções neste campo sejam sempre baseadas em evidências.

Algumas das soluções apresentadas já fazem parte da rotina de médicos e equipes de APS mais inovadoras, com base na realidade britânica. Mas há também idéias e possibilidades de intervenção cabíveis a uma adaptação futura, com vistas a atender as mudanças sociais e as expectativas dos pacientes, aplicáveis também à realidade brasileira. O principal pressuposto para tais mudanças se refere ao aumento da expectativa de vida que se verifica em quase todo o mundo, acarretando que cada vez mais pessoas vivam com problemas crônicos de saúde, com aumento também da demanda pela APS.

Assim, o grande desafio para os praticantes da APS é a necessidade de uma mudança radical, que é passar do foco restrito no cuidado as doenças episódicas e agudas para se trabalhar em regime de parceria com os pacientes e com os demais provedores de cuidados, de forma a oferecer soluções de melhor custo-efetividade, mais compatíveis dentro de um panorama no qual predominam as condições mórbidas de longa duração. Isso implicaria, também, na melhoria geral dos processos de informação e comunicação disponíveis, relativos às opções de diagnostico e tratamento.

Torna-se preciso, segundo os especialistas do Delloite Centre, incentivar o compartilhamento dos processos decisórios e também o auto-cuidado responsável, para enfrentar de fato e com sucesso a grande epidemia contemporânea das condições crônicas.

Referência completa: Primary care: Today and tomorrow – Improving general practice by working differently Deloitte UK Centre for Health Solutions report – 2012. Available online PDF [40p.]  at: http://bit.ly/KGtTfF

Texto indicado por Flavio Goulart, consultor do Portal da Inovação na Gestão do SUS

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