Tabatinga se encontra em um contexto com especificidades únicas, por se tratar de uma região de tríplice fronteira, realizamos atendimentos em todas as populações existente da região. afim de garantir a acessibilidade e equidade no atendimento as populações indígenas, ribeirinha, rurais, urbana, prisional, populações vulneráveis em situação de rua e dependência química de álcool e outras drogas. tabatinga se encontra em uma área de tríplice fronteira com peru e colômbia, possui comunidade indígena dentro do território urbano.
foram realizados 5.224 atendimentos em saúde mental no período de 2022 a 2024. com um aumento na acessibilidade do serviço especializado de mais ou menos 170% durante esse período.
os principais desafios encontrados é de enfrentar a grande demanda assistencial, falta de profissionais qualificados, desafios geográficos, e demandas de outros países, e municípios pertencentes a região do alto Solimões. 9 no total.
O projeto “Toda Saúde é Mental AD” tem como objetivo principal garantir o acesso, a equidade e a eficiência no atendimento e seguimento de pessoas com transtornos psicossociais, especialmente em regiões de difícil acesso a serviços especializados, como áreas indígenas, ribeirinhas e de fronteira.
A proposta busca evitar encaminhamentos desnecessários para os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) da capital, assegurando atendimentos de qualidade mesmo na ausência de um CAPS local. Para isso, o projeto investe em educação permanente em saúde mental para todos os profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS), ampliando a capacidade de cuidado e resolutividade da rede local.
A estratégia inclui: Descentralização do cuidado em saúde mental; Parcerias com serviços e setores locais, promovendo o fortalecimento intersetorial; Práticas integrativas e complementares como ferramentas de cuidado.
Assim, o projeto busca consolidar um modelo de cuidado efetivo, humanizado e territorializado, que respeite as realidades locais e promova a autonomia das equipes de saúde.
A experiência “Toda Saúde é Mental AD” foi desenvolvida no município de Tabatinga-AM, situado na tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru. A região apresenta desafios únicos para a atenção à saúde mental, como o isolamento geográfico, a diversidade étnico-cultural (com presença significativa de populações indígenas e ribeirinhas), além da escassez de serviços e profissionais especializados. Diante disso, o projeto nasceu com o objetivo de estruturar um modelo de atenção psicossocial adaptado às realidades locais, garantindo acesso ao cuidado e evitando a dependência de serviços da capital.
O modelo proposto pelo projeto se fundamenta na organização de fluxos assistenciais claros, acolhedores e efetivos, com foco na triagem inicial realizada pela Atenção Primária à Saúde (APS), seguimento com suporte matricial e encaminhamentos apenas quando estritamente necessário. Um dos pilares da experiência é o matriciamento quinzenal realizado por médico psiquiatra, que orienta a equipe por meio de discussões de casos, capacitações e atendimentos compartilhados para aprimoramento técnico. Isso tem permitido uma qualificação contínua das equipes locais, tornando a atenção básica mais resolutiva e sensível às demandas em saúde mental.
Outro diferencial da iniciativa é a inclusão e valorização das práticas tradicionais de cuidado, respeitando a cultura e os saberes das comunidades indígenas e ribeirinhas. O projeto também promove a articulação intersetorial, envolvendo lideranças comunitárias, escolas, assistência social e outras redes de apoio, fortalecendo o cuidado em rede e o vínculo com o território.
Os resultados alcançados evidenciam o impacto positivo da proposta. Houve aumento significativo no acesso a atendimentos em saúde mental, redução nos encaminhamentos para a capital Manaus, melhora na identificação precoce de transtornos mentais e aumento da adesão ao tratamento por parte dos usuários. As equipes de saúde relatam maior segurança na condução dos casos e as comunidades demonstram maior engajamento nos cuidados.
A experiência mostra que é possível oferecer cuidado humanizado, integral e eficaz em saúde mental mesmo em contextos adversos, desde que se invista em capacitação, organização do processo de trabalho e valorização dos saberes locais. O projeto evidencia que a Atenção Primária pode ser protagonista na saúde mental, desde que fortalecida com suporte técnico e estrutura mínima adequada.
A continuidade e expansão do projeto “Toda Saúde é Mental AD” dependem do investimento contínuo em educação permanente, infraestrutura e políticas públicas que valorizem as especificidades dos territórios de fronteira. A experiência é replicável e pode servir de modelo para outros municípios da região amazônica e de difícil acesso no Brasil.
Desde sua implementação, o projeto “Toda Saúde é Mental AD” tem alcançado resultados expressivos na organização do cuidado em saúde mental no município de Tabatinga-AM. Houve ampliação significativa do acesso aos atendimentos psicossociais, beneficiando populações indígenas, ribeirinhas e urbanas, com acolhimento próximo ao território e respeitando suas especificidades culturais. A criação de um fluxo estruturado de triagem e seguimento permitiu o diagnóstico precoce de transtornos mentais e a adoção de condutas terapêuticas mais eficazes, resultando em maior adesão ao tratamento e diminuição dos abandonos terapêuticos.
Um dos principais impactos do projeto foi a redução dos encaminhamentos para a capital Manaus, contribuindo para a diminuição da sobrecarga dos serviços de média e alta complexidade. O investimento no matriciamento quinzenal, realizado por médico psiquiatra, fortaleceu a capacidade técnica das equipes da Atenção Primária à Saúde, reduzindo a dependência de especialistas externos e promovendo maior autonomia das equipes locais. Isso também colaborou para a diminuição da medicalização excessiva, permitindo abordagens terapêuticas mais humanizadas e integradas.
A implantação de um sistema de monitoramento contínuo dos agravos psíquicos possibilitou o acompanhamento mais eficiente das condições de saúde mental dos usuários, com dados que apoiam a tomada de decisão clínica e a gestão dos casos. Além disso, o projeto favoreceu a articulação intersetorial com escolas, assistência social e lideranças comunitárias, fortalecendo a rede de apoio psicossocial e promovendo o cuidado compartilhado e em rede.
Em síntese, os resultados demonstram que é possível oferecer um cuidado integral, resolutivo e culturalmente sensível em saúde mental, mesmo em territórios remotos e de fronteira, desde que se invista em capacitação, organização do processo de trabalho e valorização dos saberes locais.