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Curso de Medicina da UEMASUL em Imperatriz, no Maranhão, conta com apoio da OPAS: inscrição para o vestibular a partir do dia 15

A Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (UEMASUL) lançou o edital do processo seletivo para o primeiro curso de graduação em Medicina, no campus de Imperatriz. São 40 vagas, sendo quatro para estudantes afrodescendentes e indígenas e duas vagas para estudantes com necessidades especiais, com início das aulas em agosto de 2020. O edital foi divulgado em conjunto com o processo seletivo da Universidade Estadual do Maranhão, com sede em São Luís. (Saiba mais aqui sobre a inscrição – https://www.paes.uema.br/). As inscrições para o vestibular começam dia 15 de julho.

A iniciativa do governo do Maranhão de interiorizar a formação médica no Estado, por meio da UEMASUL, visa melhorar os indicadores de saúde da região que atende 22 municípios. A Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil (OPAS/OMS/BRA) participa do processo de formulação do novo curso e promove intercâmbio entre universidades públicas que já implantaram as novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para o curso de Medicina após a Lei do Programa Mais Médicos.

Equipe UEMASUL, OPAS e UFPE-Caruaru

Em junho, representantes da UEMASUL e da OPAS conheceram as instalações e as equipes da Escola Multicampi de Ciências Médicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (EMCM/UFRN), localizada na cidade de Caicó, e da Universidade Federal de Pernambuco no campus de Caruaru.  As visitas ocorreram nos dias 24 a 28 de junho, com a participação da diretora do curso de Medicina, Michele Martins, da pró-reitora de Planejamento e Administração, Sheila Nunes, ambas da UEMASUL, da representante da Secretaria Especial de Políticas Públicas do Maranhão, Ana Lúcia Nunes, e do consultor em Capacidades Humanas para a Saúde da OPAS Brasil, Antonio Ribas. Está prevista para setembro, uma visita na sede da Universidade Federal de Roraima (UFRR), em Boa Vista.

“O Projeto Político Pedagógico dos cursos que visitamos é muito semelhante com o da UEMASUL, com currículo integrado visando a formação médica centrada na pessoa e na comunidade, ao invés de olhar a doença. A visita permitiu observar aspectos para a estruturação física dos cursos e nos apontou alguns desafios já vivenciados pelas universidades, como por exemplo, a importância de acompanhar a passagem do estudante do ciclo básico para o internato, para que não ocorra uma ruptura na formação multiprofissional, que é um dos eixos estruturantes dos novos cursos. Outro aspecto relevante é a necessidade de  interação do ensino com o serviço de saúde que depende de uma rede de saúde bem estruturada na Atenção Primária à Saúde (APS). O intercâmbio também nos sinalizou a necessidade de termos outros cursos da área da saúde para oferecermos uma residência multiprofissional em saúde coletiva”, apontou a coordenadora do curso de Medicina da UEMASUL, Michele Martins.

Reunião técnica equipe UEMASUL, OPAS e UFRN-Caicó

“As visitas permitiram conhecer a estrutura e a organização de programas acadêmicos que aplicam as DCN, os desafios e as estratégias para implementar um currículo inovador criando novas relações de coordenação e de trabalho entre universidades e serviços de saúde. Também foi possível identificar os perfis necessários de coordenadores, professores, tutores para o processo educativo, dicas de práticas para o manejo administrativo do processo de formação e, especialmente, permitiu destacar a potência da chamada para formação de  jovens profissionais para atuarem em áreas remotas, considerando a sua apropriação e particularidades simbólicas e culturais”, explica Mónica Padilla, coordenadora da Unidade Técnica de Capacidades Humanas para a Saúde da OPAS Brasil. “É importante estabelecer uma relação fluída e estável entre a universidade e a rede de saúde como requisito central para garantir o progresso deste tipo de proposta. Os desafios de mudar as formas tradicionais de organização e gestão dos serviços de saúde e das próprias instituições de formação constituem uma oportunidade de inovação”, completa Padilla.

Como resultados da visita,  a equipe da UEMASUL definiu os seguintes passos: necessidade de construir um mapa que permita identificar e qualificar as unidades e espaços comunitários que podem ser cenários de aprendizagem na rede de atendimento e serviços do Estado e, especificamente, da área de influência do novo curso e mapear o potencial de ensino tutelar local para iniciar processos para fortalecer as competências a serem ofertadas pela iniciativa.

Intercâmbio

Fachada da sede provisória da EMCM/UFRN-Caicó

Caicó – A Escola Multicampi de Ciências Médicas sediada em Caicó foi fundada em maio de 2014 e formará sua primeira turma em 2020. O diretor do curso, professor George Dantas, ressaltou que uma das principais razões para a consolidação do curso é ter aprovado o critério de regionalização na entrada dos estudantes no curso. “Metade das vagas do curso é destinada a candidatos que tenham feito o ensino médio na região; quando isto é devidamente comprovado, eles recebem uma bonificação de 20% nas provas. A outra metade das vagas é distribuída considerando os critérios de cotas e vagas abertas para o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio)”, explicou Dantas.

A medida contribui para que os alunos do curso de Medicina tomem a decisão de permanecer atuando como médicos nas localidades próximas do campus, como afirma o estudante do 6º período, Lucas Souza, oriundo da cidade de Patos (PB), a 100km de Caicó. “Eu trabalhava como músico na minha cidade; nunca pensei que fosse possível cursar Medicina. Quando descobri esta oportunidade em Caicó decidi tentar e hoje tenho convicção de que quero seguir minha carreira aqui na região. Sou daqui, minha identidade é daqui! O que vou fazer em Natal?”, ressalta Lucas Souza.

Laboratórios da EMCM/UFRN-Caicó

O curso em Caicó é todo embasado em metodologias ativas de ensino e orienta seu currículo para uma formação centrada na Atenção Primária à Saúde (APS), conforme pregam as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs). Conta com uma estrutura física de ponta com laboratórios de histologia, morfologia, anatomia e simulação clínica montados com equipamentos de última geração. Além disso, os estudantes tem um contato intensivo com a comunidade desde o primeiro semestre, proporcionando que ao final de seis anos eles tenham conhecimentos aprofundados sobre a região e suas necessidades sociais e de saúde. Todos esses fatores somados contribuem para que o curso tenha “evasão zero”, ou seja, até hoje nenhum estudante desistiu do curso e isto é um fator relevante, mesmo para um curso de Medicina, onde as evasões tendem a ser baixas.

Caruaru – No campus de Caruaru, localizado no agreste pernambucano a 170km de Recife, a primeira turma concluirá a graduação já no 2º semestre de 2019. O curso, que foi fundado em dezembro de 2013, também adotou o critério de regionalização para incentivar a entrada de estudantes da região no curso e possui outras semelhanças com o curso em Caicó, tais como laboratórios montados com equipamentos de ponta, centralidade da formação na APS, estruturação do ensino baseado em metodologias ativas e intenso convívio prático do estudante com a comunidade da região.

 

Fachada da sede provisória do curso de Medicina na UFPE-Caruaru

“ O contato com a comunidade é estimulado já nas primeiras semanas de aula, quando os alunos passam pelo acolhimento do curso e realizam atividades como o lava pés na tradicional feira da cidade, numa cerimônia que guarda seus princípios simbólicos de servir e cuidar da população enquanto devir do médico, mas também possibilita que os estudantes tenham contato com a clínica, por intermédio de uma atividade de cuidado ao pé diabético”, conta a diretora do curso, professora Carolina da Paz.

O curso de Medicina em Caruaru tem uma relação sólida e intensa com os serviços de saúde da região, de forma que as práticas são feitas tanto em clínicas e hospitais de Caruaru, quanto nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) das cidades ao redor do município polo. “Esta articulação com as gestões municipais de saúde é uma das características mais marcantes do curso, a ponto de estimular um dos alunos do curso a procurar o secretário de saúde de seu município de origem e ele mesmo iniciar uma negociação para que as UBS fossem incluídas como campos de prática do curso”, conta a professora Viviane Xavier. “Este aluno decidiu tomar esta atitude, porque seu município nunca contou com um médico nascido na cidade e ele mesmo quer ser o primeiro a fazer isso assim que obtiver seu diploma e registro profissional”, comemora Xavier.

Equipe UEMASUL, OPAS e UFPE-Caruaru

Imperatriz – As inscrições do processo seletivo para o primeiro curso de graduação em Medicina, no campus de Imperatriz começam em 15 de julho. São 40 vagas, sendo quatro para estudantes afrodescendentes e indígenas e duas vagas para estudantes com necessidades especiais, com início das aulas em agosto de 2020. O edital foi divulgado em conjunto com o processo seletivo da Universidade Estadual do Maranhão, com sede em São Luís. (Saiba mais aqui sobre a inscrição – https://www.paes.uema.br/).

A Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (UEMASUL) tem seu começo em janeiro de 2017, é a primeira Universidade Regional do Maranhão, com  atuação territorial com abrangência de 22 (vinte e dois) municípios: Sítio Novo, Itinga, Açailândia, São Francisco do Brejão, São Pedro da Água Branca, Vila Nova dos Martírios, Cidelândia, Imperatriz, João Lisboa, Senador La Roque, Buritirana, Amarante do Maranhão, Montes Altos, Davinópolis, Governador Edison Lobão, Ribamar Fiquene, Campestre do Maranhão, Lajeado Novo, São João do Paraíso, Porto Franco, Estreito e Carolina.

O Centro de Ciências da Saúde da UEMASUL foi criada pela Lei nº 10.880, de 5 de julho de 2018. Esta lei cria também os cursos de Medicina, Farmácia e Saúde Coletiva na UEMASUL. O curso de Medicina, no âmbito da UEMASUL, foi criado pela Resolução nº 075/2019 – CONSUN/UEMASUL que cria, autoriza o funcionamento e aprova o Projeto Pedagógico do Curso. Este curso foi concebido com o intuito de formar médicos humanizados e aptos a trabalhar nos três níveis de atenção à saúde, conforme determina a Resolução nº 3 de 20 de junho de 2014, que instituí as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) do Curso de Graduação em Medicina e dá outras providências, e que possam trabalhar para melhoria dos indicadores de saúde na região, no Estado e no país.

 

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