Senador Canedo - Goiás

Reabilitação na atenção primária: a classificação de risco como ferramenta na garantia de equidade na assistência

Vontade e oportunidade para inovar na reabilitação de pacientes crônicos. Com o envelhecimento populacional e o aumento das doenças crônicas na cidade de Senador Canedo, em Goiás, a Atenção Primária à Saúde (APS) assumiu a responsabilidade de coordenar o cuidado dos usuários com necessidades de reabilitação física. São pacientes acometidos de doenças neurológicas, ortopédicas, cardiovasculares, entre outras, que precisam de cuidados de fisioterapeutas ou terapeutas ocupacionais.
A ferramenta utilizada pela gestão da APS foi a classificação de risco para os usuários que aguardavam por atendimento de reabilitação, em uma lista de espera com mais de 800 encaminhamentos. Com o protocolo, os pacientes foram classificados de acordo com os estágios das condições clínicas (agudo, crônico e crônico agudizado), otimizando o atendimento dos casos urgentes de reabilitação na atenção especializada e para aqueles que não se encaixavam nestas prioridades foram referenciados nos serviços da APS.
As atividades de reabilitação na APS são executadas por meio do trabalha das equipes do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (Alongamento/fortalecimento), na Escola de Postura (treinamento funcional, caminhada orientada e hidroginástica), na Academia da Saúde (atividade física orientada), no Núcleo Integrado de Esporte e Saúde da Família (hidroginástica) e no serviço de fisioterapia da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer.
Após a consulta de avaliação com um dos 15 fisioterapeutas ou do terapeuta ocupacional do Serviço de Reabilitação Municipal, o paciente sai com o tratamento definido e a frequência de atendimentos que receberá na rede municipal de saúde, de acordo com a disponibilidade de vagas na agenda semanal.
Em dezembro de 2018, o número de encaminhamentos de usuários aguardando avaliação para reabilitação chegava a 800 encaminhamentos (entre agudos e crônicos), sendo que os agudos já passavam de 3 meses de lesão. Atualmente, não existe demanda reprimida para reabilitação de pacientes com agravos agudos (são agendados em até 7 dias após a entrada). Os pacientes crônicos estão sendo inseridos em grupos da Atenção Primária (práticas corporais, práticas integrativas e complementares, entre outros).
Ao fortalecer o vínculo entre APS e Atenção Secundária, a APS exerce seu papel de ordenadora do cuidado do usuário na rede de atenção à saúde.

Ficha Técnica

O QUE É O PROJETO?

Desenvolver e implementar a classificação de risco para reabilitação no âmbito da Atenção Primária.

QUEM É O RESPONSÁVEL?

Secretaria Municipal de Saúde de Senador Canedo- GO.

ONDE FOI DESENVOLVIDO?

Senador Canedo compreende um dos vinte municípios que integram a Região Metropolitana de Goiânia (RMG).

POR QUE FOI DESENVOLVIDO?

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos últimos 16 anos, houve crescimento considerável da população residente em Senador Canedo, saltando de 53.105 habitantes em 2000 para 84.443 em 2010. E estimativa de 102.947 em 2016. Entre os anos de 2000 e 2010 houve mudança no perfil etário dessa população. O número de pessoas com idade entre 0 e 39 anos diminuiu (80,6% em 2000 para 74,7% em 2010), enquanto aquelas com mais de 40 anos aumentaram, (19,1% em2000 para 25,4% em 2010), segundo o IBGE. Nesse cenário, a demanda por reabilitação aumenta gradativamente e de forma recorrente entre a população do município. O Serviço de Reabilitação Municipal conta com 15 fisioterapeutas e 1 terapeuta ocupacional. Como não há sede própria, os profissionais são distribuídos em vários polos. Até dezembro de 2018, os encaminhamentos chegavam à coordenação de reabilitação e eram agendados de acordo com a disponibilização de vagas pelos profissionais. Na ausência de vagas os encaminhamentos eram arquivados. Esse processo gerou uma demanda reprimida de aproximadamente 800 encaminhamentos. A condição clínica ou necessidade do paciente não era classificada ou considerada. Obedecia-se a ordem de entrada dos encaminhamentos e a disponibilidade de vagas na rede municipal de reabilitação.

QUANDO?

20/12/2018 – EM ESTÁGIO AVANÇADO DE EXECUÇÃO

COMO A EXPERIÊNCIA FOI DESENVOLVIDA?

Após levantamento de dados através de outras experiências no território nacional, foi elaborado um protocolo de classificação de risco e fluxograma para a assistência em reabilitação na rede municipal de saúde. Para a classificação de risco são considerados os estágios das condições clínicas: agudo, crônico e crônico agudizado. A condições agudas são aquelas com data de ocorrência inferior a três (03) meses. As crônicas com tempo superior a três (03) meses. As condições crônicas agudizadas são aquelas com lesão inicial maior que três (03) meses, adicionada à queixa de dor aguda (maior que 8 na Escala Visual Analógica) e limitação funcional inferior a três (03) meses.

As condições que não se enquadrarem na relação de prioridades são encaminhadas para os serviços de apoio vinculados à Atenção Primária:

– Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB): alongamento/fortalecimento;

– Escola de Postura: treinamento funcional; caminhada orientada; hidroginástica;

– Academia da Saúde: atividade física orientada;

– Núcleo Integrado de Esporte e Saúde da Família (NIESF): hidroginástica;

– Serviço de Fisioterapia da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer.

Após classificação de risco, o encaminhamento é agendado para avaliação inicial com um dos fisioterapeutas e/ou terapeuta ocupacional cadastrados na rede municipal de saúde. Esse agendamento é realizado pela coordenação de reabilitação de acordo com a disponibilidade de vagas dos profissionais que compõem o ambulatório. Após avaliação, o fisioterapeuta e/ou terapeuta ocupacional estabelecem a frequência de atendimento necessária, de acordo com o quadro apresentado pelo paciente e disponibilidade de vagas na agenda semanal.

Além do fortalecimento do vínculo entre APS e Atenção Secundária (Reabilitação), também, foi realizada a interlocução com a Secretaria Municipal de Esporte e Lazer. Essa última disponibilizou o ambulatório de reabilitação desportiva e espaços para realização de grupos (pelo NASF-AB).

QUANTO CUSTOU?

Recursos: 01 fisioterapeuta (coordenador de reabilitação) para realizar a classificação dos usuários a partir dos encaminhamentos que chegam ao serviço; 01 computador (planilha Excel), caneta (de acordo com a necessidade), 01 impressora e papel (de acordo com a necessidade). Todos os recursos já eram disponibilizados pelo município. Porém, não havia definição de critérios/fluxos e profissional treinado para a função.

COMO MEDIRAM OS RESULTADOS?

Os resultados da experiência podem ser mensurados através da comparação entre o número de encaminhamentos de usuários aguardando avaliação para reabilitação em dezembro de 2018 e atualmente: o número chegava a 800 encaminhamentos (entre agudos e crônicos), sendo que os agudos já passavam de 3 meses de lesão (dado o tempo excessivo para agendamento após dar entrada no serviço de regulação). Atualmente, não existe demanda reprimida para reabilitação de pacientes com agravos agudos (são agendados em até 7 dias após a entrada). Os pacientes crônicos estão sendo inseridos em grupos da Atenção Primária (práticas corporais, práticas integrativas e complementares, entre outros).

POR QUE A EXPERIÊNCIA É INOVADORA?

A experiência é inovadora no SUS e em âmbito nacional: a classificação de risco tradicional é usualmente utilizada para urgência/emergência. Enquanto isso, os ambulatórios de reabilitação absorvem toda a demanda que chega. Ao realizar a classificação de risco é possível redirecionar o fluxo e atender pacientes crônicos/estáveis no âmbito da Atenção Básica.