“O que ensina a gente a fazer as coisas é a prática da gente”: A arquitetura de um grupo de educação alimentar e nutricional em uma Unidade Básica de Saúde

Arapongas/PR

Em junho de 2024 foi implementando um grupo de educação alimentar e nutricional na UBS Del Condor, localizada no município de Arapongas (PR). O grupo acontece até o presente momento, com constantes reavaliações, sendo realizado pela médica, com participação da técnica de enfermagem e agentes comunitárias de saúde.
A partir da percepção da limitação das orientações individuais sobre alimentação em consultas médicas foi proposto o grupo educativo para usuários com alterações em exames laboratoriais de glicemia e colesterol, independente se o usuário já possui alguma doença cardiovascular estabelecida. Inicialmente o grupo era vinculado ao Hiperdia, adotando uma abordagem metodológica verticalizada, semelhante ao modelo tradicional de sala de aula, em que uma pessoa conduz a fala e os demais escutam, com estímulos pontuais a participação. Com o tempo, evoluiu para uma atividade independente, com foco em educação alimentar e nutricional e com metodologia dialógica, baseada em rodas de conversa e inspirada nos princípios da educação popular em saúde.
Atualmente a atividade inicia com abordagem das percepções prévias dos usuários sobre alimentação saudável e sobre os hábitos de vida que contribuem para o aumento do colesterol, glicose e hipertensão arterial. Com base nas contribuições dos participantes, são discutidos os conceitos de alimentação saudável segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira, abordando as categorias de alimentos in natura, processados e ultraprocessados. A atividade também amplia o olhar para além dos alimentos em si, incluindo reflexões sobre o modo de preparo, o ato de comer e o valor de compartilhar as refeições. Por fim, é levantada a discussão sobre estratégias comunitárias de promoção da alimentação saudável.
A experiência evidencia a potência das ações coletivas, especialmente quando realizadas de forma dialógica, a ampliação do acesso dos usuários a discussões sobre alimentação, e a otimização do tempo da equipe, diminuindo a sobrecarga de consultas médicas individuais voltadas à análise de exames. Observou-se que o encaminhamento prévio para avaliação laboratorial esteve associado à maior frequência dos participantes, superando uma dificuldade recorrente em grupos anteriores: a baixa adesão às atividades em grupo. Além disso, a atividade demonstrou potencial de replicação em outros cenários, servindo como modelo para estratégias educativas em saúde com foco no cuidado coletivo.
Por outro lado, a avaliação contínua da equipe- por meio da escuta dos usuários e das subjetividades dos profissionais- identificou que, por se tratar de um grupo fechado, com ingresso por encaminhamento médico após avaliação de exames, existe uma limitação na participação espontânea ou motivada por outros interesses em saúde. Esse fato destaca a importância das constantes reavaliações no processo de trabalho objetivando incorporação de uma abordagem comunitária mais ampla, por exemplo, com a divulgação da atividade para toda a comunidade, e articulação com outros dispositivos do território, como associação de moradores, ampliando o acesso e atuando de forma intersetorial, com o compromisso com a transformação das práticas em saúde.

Características da População:
A cidade de arapongas é um polo de produção de móveis no estado do Paraná. A população do bairro da UBS é composta por muitos trabalhadores dessas indústrias moveleiras localizadas próximas ao território, sendo grande o número de migrantes dos estados do norte, centro-oeste e nordeste, que se mudam em busca de emprego. Mesclando com os atuais trabalhadores dessas indústrias existem também os idosos aposentados desse setor, trabalhadoras domésticas e população que depende de Programas de transferência de renda do Governo Federal.
Estimativa Nº Pessoas Atendidas:
5200 pessoas.
Principais Desafios de Saúde:
Entre as condições de saúde mais prevalentes estão as doenças crônicas não transmissíveis, com o aumento de usuários com obesidade, diabetes e hipertensão, incluindo jovens, o adoecimento em saúde mental e as dores crônicas, de origem osteomuscular, relacionadas ao trabalho na indústria moveleira. Assim, os desafios perpassam a prevenção e reabilitação dessas condições, além da necessidade de abordagens intersetoriais de promoção à saúde, envolvendo não apenas o setor saúde, mas a cultura, educação, geração de renda e meio ambiente.
Objetivos Principais:
Promover a educação alimentar e nutricional a partir de um grupo de usuários da atenção primária a saúde, utilizando como base de comunicação a educação popular.
Resumo da Experiência:
Em junho de 2024 foi implementando um grupo de educação alimentar e nutricional na UBS Del Condor, localizada no município de Arapongas (PR). O grupo acontece até o presente momento, com constantes reavaliações, sendo realizado pela médica, com participação da técnica de enfermagem e agentes comunitárias de saúde. A partir da percepção da limitação das orientações individuais sobre alimentação em consultas médicas foi proposto o grupo educativo para usuários com alterações em exames laboratoriais de glicemia e colesterol, independente se o usuário já possui alguma doença cardiovascular estabelecida. Inicialmente o grupo era vinculado ao Hiperdia, adotando uma abordagem metodológica verticalizada, semelhante ao modelo tradicional de sala de aula, em que uma pessoa conduz a fala e os demais escutam, com estímulos pontuais a participação. Com o tempo, evoluiu para uma atividade independente, com foco em educação alimentar e nutricional e com metodologia dialógica, baseada em rodas de conversa e inspirada nos princípios da educação popular em saúde. Atualmente a atividade inicia com abordagem das percepções prévias dos usuários sobre alimentação saudável e sobre os hábitos de vida que contribuem para o aumento do colesterol, glicose e hipertensão arterial. Com base nas contribuições dos participantes, são discutidos os conceitos de alimentação saudável segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira, abordando as categorias de alimentos in natura, processados e ultraprocessados. A atividade também amplia o olhar para além dos alimentos em si, incluindo reflexões sobre o modo de preparo, o ato de comer e o valor de compartilhar as refeições. Por fim, é levantada a discussão sobre estratégias comunitárias de promoção da alimentação saudável. A experiência evidencia a potência das ações coletivas, especialmente quando realizadas de forma dialógica, a ampliação do acesso dos usuários a discussões sobre alimentação, e a otimização do tempo da equipe, diminuindo a sobrecarga de consultas médicas individuais voltadas à análise de exames. Observou-se que o encaminhamento prévio para avaliação laboratorial esteve associado à maior frequência dos participantes, superando uma dificuldade recorrente em grupos anteriores: a baixa adesão às atividades em grupo. Além disso, a atividade demonstrou potencial de replicação em outros cenários, servindo como modelo para estratégias educativas em saúde com foco no cuidado coletivo. Por outro lado, a avaliação contínua da equipe- por meio da escuta dos usuários e das subjetividades dos profissionais- identificou que, por se tratar de um grupo fechado, com ingresso por encaminhamento médico após avaliação de exames, existe uma limitação na participação espontânea ou motivada por outros interesses em saúde. Esse fato destaca a importância das constantes reavaliações no processo de trabalho objetivando incorporação de uma abordagem comunitária mais ampla, por exemplo, com a divulgação da atividade para toda a comunidade, e articulação com outros dispositivos do território, como associação de moradores, ampliando o acesso e atuando de forma intersetorial, com o compromisso com a transformação das práticas em saúde.
Resultados:
A iniciativa apresenta ganhos assistenciais e organizacionais relevantes: a ampliação do acesso à informação qualificada, a adesão consistente dos participantes, a produção de vínculo dos profissionais de saúde aos usuários, e entre os próprios usuários, a otimização do tempo da equipe e a redução da sobrecarga de atendimentos individuais.
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