Paciente S.M.M, 64 anos, sexo feminino, hipertensa, com ferida crônica em membro inferior esquerdo, em acompanhamento ambulatorial em Unidade de Saúde na cidade de Itatiba -SP.
A paciente era previamente conhecida da Médica da Equipe, já tendo sido acompanhada por mais de 12 anos em outra unidade de saúde. Ao iniciar os atendimentos nesta unidade de saúde, em 31/07/2024, a médica foi informada pela equipe que se tratava de um “caso perdido”, com baixa adesão ao tratamento. A paciente apresentava lesão extensa em Membro inferior esquerdo com mais de oito meses de evolução, sem nenhum sinal de melhora significativa. Utilizava cadeira de rodas e apresentava comportamentos que dificultavam o tratamento, como abrir os curativos por conta própria e não realizar o uso adequado das medicações prescritas.
Inicialmente, houve muita resistência da gestão local em fornecer os insumos necessários, dado o histórico de baixa adesão desta paciente.
Foi necessário sensibilizar a gestão sobre o compromisso com o cuidado longitudinal, independente do prognóstico inicial, bem como sobre a liberação do atendimento nesta unidade que não pertencia ao território da paciente.
A liberação do material, bem como tratamento medicamentoso e atendimento em Equipe multidisciplinar possibilitou a continuidade e eficácia do tratamento.
Ao longo do processo, a paciente e sua família engajaram-se ativamente, organizando-se para que não houvesse faltas às consultas e aos procedimentos. A paciente apresentou melhora progressiva, retomando a capacidade de deambular, antes limitada ao uso de cadeira de rodas. Em alguns momentos, houve recaídas comportamentais, que exigiram da equipe flexibilidade e escuta ativa para redirecionar o plano de cuidado.
A atuação diária do Médico de Família no território foi um fator-chave para o sucesso deste caso. A continuidade do cuidado, associada ao vínculo reestabelecido com a paciente e sua família, fortaleceu a confiança e a adesão ao plano terapêutico.
O resumo deste caso clínico exemplifica, como o cuidado multiprofissional centrado na pessoa, associado à escuta qualificada e à presença contínua do Médico de Família no território, pode reverter situações inicialmente consideradas de difícil manejo. A adesão progressiva da paciente e os desfechos positivos alcançados evidenciam o potencial do atendimento em Equipe multiprofissional.