Novos horizontes no atendimento à população em situação de rua

Florianópolis/SC

A cidade de Florianópolis enfrenta um grande desafio relacionado ao cuidado em saúde das pessoas em situação de rua (PSR). Em 2023, estimou-se que 2.749 pessoas viviam nessa condição, segundo o Observatório POLOS/UFMG. Contudo, até 2024, o município contava com apenas uma Equipe de Consultório na Rua (eCR), número aquém do preconizado pela Portaria nº 122/2011, que recomenda uma equipe para cada 80 a 1.000 pessoas nessa situação. Essa insuficiência de cobertura comprometia o acesso e a qualidade da atenção à saúde prestada a essa população.
Além disso, a distribuição territorial da PSR em Florianópolis revelava uma concentração no centro da cidade, onde a única eCR atuava prioritariamente. Isso resultava em uma atenção desigual, com vazios assistenciais em bairros mais periféricos, dificultando o acesso aos cuidados por barreiras geográficas e institucionais.
A chegada de um novo profissional médico por meio do Programa Mais Médicos facilitou a criação de uma segunda equipe de Consultório na Rua. Essa ampliação representou um marco na reorganização dos serviços ofertados às PSR no município, permitindo a reestruturação do processo de trabalho das equipes e uma divisão territorial mais equitativa.
Com a nova configuração, a equipe original permaneceu atuando no centro da cidade, onde está a maior concentração da PSR, enquanto a nova equipe passou a se deslocar para os demais bairros. Assim, foi criada uma escala de atendimento semanal, com inclusão das principais localidades de concentração da PSR.
A chegada de mais um médico, compondo a segunda equipe, também possibilitou a reorganização do uso da Unidade Móvel – consultório móvel usado para atendimentos. Antes limitada às quartas-feiras pela manhã em uma praça central, a atuação passou a ser estendida por mais um turno, permanecendo o dia todo nessa localidade.
Como principais aprendizados da experiência, destacam-se a importância da articulação entre políticas públicas e programas como o Mais Médicos para viabilizar respostas concretas às necessidades em saúde de populações em vulnerabilidade. A ampliação das equipes, somada à reorganização territorial do cuidado, mostrou-se essencial para promover a equidade no acesso aos serviços de saúde e superar barreiras estruturais históricas.

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