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Márcia Castro

A diretora do Departamento de Saúde Global e População da Universidade de Harvard, a demógrafa Marcia Castro, apresentou no debate “Desafios para o Brasil diante da Pandemia Covid-19”, realizado no ambiente virtual do Portal da Inovação, no dia 15 de abril, uma simulação de cenários da epidemia no Brasil, a partir de modelos epidemiológicos, e abordou o papel das medidas de contenção para a evolução da doença.

Na análise de cenários, os pesquisadores buscaram entender quando haveria o esgotamento de recursos como leitos de UTI e respiradores no Brasil. Um dos cenários considera todos os leitos comuns e de UTIs estatizados, com uma fila única; outro cenário leva em conta a taxa de utilização dos leitos ano passado; o cenário alternativo considera que metade desta taxa de ocupação seria reduzida por causa da suspensão dos procedimentos eletivos. “Uma das conclusões foi que, se não houver uma mudança na trajetória da curva de transmissão, os recursos se esgotam no final de abril, no melhor dos cenários, no início de maio”, afirmou Castro.
A especialista em demografia explicou que, nos cenários em que todos os leitos são estatizados, ou em que a taxa de ocupação de leitos é reduzida em 50%, o que se ganha de tempo é muito pouco. “A diferença são dias, não chega a uma semana o que você ganha de fôlego. A primeira mensagem é que redistribuir o que já existe não é uma solução”, diz Castro.
O que é preciso, segundo a estatística, é expandir a oferta existente, rapidamente. Mas, se as medidas de isolamento não estiverem em prática e não for alterada a trajetória da curva, a demanda se torna muito maior que a oferta. “A função do isolamento é evitar que se chegue ao esgotamento da oferta dos serviços hospitalares”, concluiu.
A pesquisadora de Harvard chamou atenção para a brutalidade que representa a necessidade de priorizar quem vai receber o atendimento, como ocorreu na Itália, onde os mais idosos foram deixados de fora. “O isolamento não é só para evitar morte, não é só para proteger idoso. O isolamento tem um significado coletivo importante, que é mudar a trajetória da curva”.

Márcia Castro - Diretora do Departamento de Saúde Global e População da Universidade de Harvard

[quote style=’1′ cite=”]“A gente tem que evitar ao máximo que a introdução deste vírus se dê nestas comunidades (periferias), porque seria o desastre total”[/quote]
[quote style=’1′ cite=”]“Tem pontos, nesta rede da resposta à pandemia que só existem, só estão conectados, em função do SUS”[/quote]
[quote style=’1′ cite=”]“Mudar a trajetória que a gente está vendo é absolutamente crucial. Se não, estoura, e não vai ter leito adicional que resolva o problema”, alerta a demógrafa Marcia Castro, diretora do Departamento de Saúde Global e População de Universidade de Harvard.[/quote]
[quote style=’1′ cite=”]“Se a gente não tiver uma mudança na trajetória da curva de transmissão, os recursos se esgotam no final deste mês, no melhor dos cenários no início de maio”, afirma a demógrafa Marcia Castro, diretora do Departamento de Saúde Global e População de Universidade de Harvard.[/quote]