Mais Médicos, Mais Equidade: A Transformação do Cuidado LGBT+ na Atenção Primária de Vitória de Santo Antão (PE)

Vitória de Santo Antão/PE

Em Vitória de Santo Antão (PE), o projeto “UBS Parceira da Saúde LGBT+” foi implementado em 2024 com o apoio técnico, teórico e pedagógico de dois médicos do Programa Mais Médicos (PMM), que atuam nas UBS Lídia Queiroz e Alto José Leal. A iniciativa buscou promover um cuidado acolhedor e livre de preconceitos, fortalecendo a APS como espaço de cidadania e inclusão.
A metodologia envolveu cinco oficinas presenciais (totalizando 15h), com participação de 90 profissionais das equipes de Saúde da Família, Saúde Bucal e equipes multiprofissionais. As oficinas tiveram caráter participativo e utilizaram casos reais, rodas de conversa, dinâmicas de sensibilização e metodologias ativas. Os médicos do PMM atuaram como facilitadores-chave, especialmente nas oficinas sobre hormonização e direitos humanos.
A experiência foi impulsionada por denúncias de discriminação, invisibilidade nos cadastros e baixa adesão da população LGBT+ aos serviços. Contou com apoio intersetorial de lideranças da comunidade LGBT+, gerentes da Atenção Básica e da Ouvidoria Municipal, que colaboraram na escuta das demandas e na construção dos conteúdos. Também envolveu articulações com a OAB para abordar o tema da discriminação e LGBTfobia.
Consideramos que o processo conduzido é de fácil replicação em outros municípios com profissionais do PMM, sobretudo em municípios que busquem fortalecer o cuidado a essas populações vulnerabilizadas. A experiência “UBS Parceira da Saúde LGBT+” demonstra como o PMM pode atuar como catalisador de práticas inovadoras e inclusivas na APS. A articulação entre educação permanente, vínculo territorial e competência cultural viabilizou transformações concretas no cuidado prestado. Iniciativas como essa reafirmam o SUS como espaço de equidade e cidadania, com potência para inspirar políticas públicas e fortalecer a APS como porta de entrada e espaço de acolhimento à diversidade.

Características da População:
A escolha das Unidades Básicas de Saúde (UBS) para a implementação do projeto “UBS Parceira da Saúde LGBT+” foi fundamentada em uma análise estratégica que considerou tanto aspectos sociodemográficos quanto a presença ativa da comunidade LGBT+ local. Cada uma dessas unidades abrange uma população adscrita de aproximadamente 4000 pessoas. Sociodemograficamente, essas áreas apresentavam características que indicavam uma maior concentração ou demanda potencial por serviços de saúde sensíveis às questões de gênero e sexualidade. Além disso, a presença de lideranças comunitárias LGBT+ locais e o contato estabelecido com elas foram bem importantes. Apesar de existirem profissionais que demonstravam certo conservadorismo em relação à pauta LGBT+, a seleção dessas unidades também se deu pela percepção de uma abertura, ainda que incipiente, de algumas equipes à inovação técnica e científica. A presença de profissionais do Programa Mais Médicos nessas equipes foi um fator determinante, visto que estes, por sua formação e diretrizes do programa, tendem a estar mais alinhados com a integralidade e a equidade do cuidado, essenciais para a abordagem da saúde da população LGBT+.
Estimativa Nº Pessoas Atendidas:
Registramos um aumento de 30% nos atendimentos de pessoas Trans. Atualmente, temos o registro médio de 50 consultas mensais no e-SUS. Antes tínhamos cerca de 38 atendimentos.
Principais Desafios de Saúde:
A população LGBT+ enfrenta e sempre enfrentou barreiras históricas no acesso à saúde, marcadas por discriminação institucional, invisibilidade social e também nos sistemas de informação e também com a baixa qualificação das equipes para o cuidado com equidade a esse público.
Objetivos Principais:
Qualificar os profissionais para o acolhimento da população LGBT+, com ênfase em saúde mental, hormonização, escuta qualificada, direitos humanos, uso do nome social e preenchimento correto dos campos de orientação sexual e identidade de gênero no sistema e-SUS. A proposta também incluiu o enfrentamento da LGBTfobia institucional e a ampliação do escopo de ações das UBS, integrando temas de direitos humanos ao cotidiano da atenção primária.
Resumo da Experiência:
Em Vitória de Santo Antão (PE), o projeto “UBS Parceira da Saúde LGBT+” foi implementado em 2024 com o apoio técnico, teórico e pedagógico de dois médicos do Programa Mais Médicos (PMM), que atuam nas UBS Lídia Queiroz e Alto José Leal. A iniciativa buscou promover um cuidado acolhedor e livre de preconceitos, fortalecendo a APS como espaço de cidadania e inclusão. A metodologia envolveu cinco oficinas presenciais (totalizando 15h), com participação de 90 profissionais das equipes de Saúde da Família, Saúde Bucal e equipes multiprofissionais. As oficinas tiveram caráter participativo e utilizaram casos reais, rodas de conversa, dinâmicas de sensibilização e metodologias ativas. Os médicos do PMM atuaram como facilitadores-chave, especialmente nas oficinas sobre hormonização e direitos humanos. A experiência foi impulsionada por denúncias de discriminação, invisibilidade nos cadastros e baixa adesão da população LGBT+ aos serviços. Contou com apoio intersetorial de lideranças da comunidade LGBT+, gerentes da Atenção Básica e da Ouvidoria Municipal, que colaboraram na escuta das demandas e na construção dos conteúdos. Também envolveu articulações com a OAB para abordar o tema da discriminação e LGBTfobia. Consideramos que o processo conduzido é de fácil replicação em outros municípios com profissionais do PMM, sobretudo em municípios que busquem fortalecer o cuidado a essas populações vulnerabilizadas. A experiência “UBS Parceira da Saúde LGBT+” demonstra como o PMM pode atuar como catalisador de práticas inovadoras e inclusivas na APS. A articulação entre educação permanente, vínculo territorial e competência cultural viabilizou transformações concretas no cuidado prestado. Iniciativas como essa reafirmam o SUS como espaço de equidade e cidadania, com potência para inspirar políticas públicas e fortalecer a APS como porta de entrada e espaço de acolhimento à diversidade.
Resultados:
90 profissionais foram certificados; 53 nomes sociais passaram a constar nos cadastros do e-SUS; o campo “orientação sexual” teve preenchimento ampliado de 2,7% para 25%, e “identidade de gênero” de 23% para 42%. Observou-se ainda aumento de 30% na busca pelos serviços de saúde por pessoas trans, refletindo maior confiança nas UBS.
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