“Você tem fome de quê?”: diálogos sobre educação alimentar e nutricional no centro de atenção psicossocial

1.2 Autores(as) da experiência

Nome Cargo/Função Município
Luis Henrique Dantas Mendes Nutricionista residente Garanhuns
Daniela Romeiro Souto Lima Orientadora e Coordenadora do Núcleo de Educação Permanente do Hospital Regional Dom Moura Garanhuns

1.3 Organização(ções)/Instituição(ções) promotora(s) da experiência

Organização/Instituição
Hospital Regional Dom Moura
Centro de Atenção Psicossocial (CAPS III)
Escola de Governo em Saúde Pública de Pernambuco

1.4 Cidade(s) e Estado (s)

Estado Cidade
Pernambuco Garanhuns

1.5 Região do país

Nordeste

1.6 Identificação do(a) autor(a) responsável

Nome Cargo/Função Município
Luis Henrique Dantas Mendes Nutricionista residente Garanhuns

1.7 Eixo temático da experiência

Eixo 1 - EAN no campo da Saúde

1.8 Público participante da experiência

AdultosPessoas com transtornos mentaisOutros
Técnicos de Referência atuantes no Centro de Atenção Psicossocial III

1.9 Onde esta experiência foi desenvolvida

ASSISTÊNCIA SOCIAL
Centro de Atenção Psicossocial (CAPs)
1.10 Na avaliação do grupo responsável esta experiência atendeu e/ou promoveu os seguintes princípios
todas as pessoas têm o direito de estarem livres da fome
todas as pessoas têm o direito de ter acesso à alimentação adequada saudável
universalidade
integralidade
equidade

Por favor justifique/comente sua resposta

A educação alimentar e nutricional tem por objetivo, dentre outros, contribuir para a efetivação do direito humano à alimentação adequada e garantia da segurança alimentar e nutricional, a valorização da cultura alimentar e suscitar a autonomia para que os indivíduos e seus grupos/comunidades empoderem-se e adotem hábitos alimentares saudáveis e a melhoria da qualidade de vida. Além disso, o sistema único de saúde (SUS) por meio dos seus princípios doutrinários (universalidade, integridade e equidade) garante a formulação e execução de um conjunto de estratégias focadas na melhoria da qualidade de vida dos indivíduos e coletividades. Sendo assim, a presente experiência promove os princípios apontados por reforçar o diálogo entre profissionais de saúde e a população fomentado pela EAN e também por corroborar com os princípios do SUS.

2. OBJETIVOS E PRINCÍPIOS RELACIONADOS À EXPERIÊNCIA

2.1 Objetivo(s): Qual é/foi a finalidade das atividades desenvolvidas

Visando a necessidade da realização de atividades de educação permanente em saúde que envolvessem alimentação e saúde dentro do CAPS, tendo em vista que esta estratégia permite formular processos educativos capazes de transformar as práticas em saúde, bem como auxiliam na operacionalização de estratégias a fim de assegurar políticas públicas de educação permanente no trabalho das equipes multiprofissionais no campo da saúde mental brasileira (MENESES et al., 2019), o presente trabalho objetivou capacitar os Técnicos de Referência (TRs) do CAPS III do município de Garanhuns-PE acerca de estratégias de Educação Alimentar e Nutricional.

2.2 Os objetivos e as atividades desenvolvidas adotaram de maneira explícita algum ou alguns dos princípios do Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional para Políticas Públicas

III- Valorização da cultura alimentar local e respeito à diversidade de opiniões e perspectivas, considerando a legitimidade dos saberes de diferentes naturezas
IV- A comida e o alimento como referências; Valorização da culinária enquanto prática emancipatória
V- A Promoção do autocuidado e da autonomia
VI- A Educação enquanto processo permanente e gerador de autonomia e participação ativa e informada dos sujeitos
VII- A diversidade nos cenários de prática
VIII- Intersetorialidade
IX- Planejamento, avaliação e monitoramento das ações
2.3 Quais temas/diretrizes dos Guias Alimentares para População Brasileira e/ou para Crianças brasileiras menores de 2 anos são/foram abordados na experiência?
Os princípios abordados na experiência foram: “Alimentação é mais que ingestão de nutrientes” e “Recomendações sobre alimentação devem estar em sintonia com seu tempo”, presentes no Guia Alimentar para População Brasileira (2014).
2.4 Vocês consideram que esta experiência pode contribuir de maneira direta ou indireta a um ou mais dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ?
ODS 2 - Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável
ODS 3 - Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades
ODS 4- Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos
ODS 10 - Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles
ODS 16 - Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis

3. ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DA EXPERIÊNCIA

3.1 Como foi identificada a necessidade de realização desta experiência
Como parte do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção Hospitalar com Ênfase em Gestão do Cuidado os residentes devem cumprir rodízios que são organizados pela coordenação de residência do Hospital Regional Dom Moura (HRDM), com fins de que conheçam e trabalhem nos setores do hospital, mas também em setores que compõem a rede de saúde e que não se localizam dentro do HRDM, dentre eles o CAPS. Dessa forma, a partir da experiência vivenciada pelo residente durante o rodízio no CAPS III (das Flores) do município de Garanhuns/PE no mês de fevereiro de 2021, observou-se no discurso dos usuários e dos profissionais que atuam no local uma realidade que converge para o que é descrito na literatura, que relaciona a alimentação e a sua reflexão na saúde mental da população, e uma necessidade de orientação acerca da alimentação saudável, tendo em vista que o referido local não possui profissional nutricionista em seu quadro de funcionários dificultando assim a realização de atividades relacionadas à promoção da alimentação saudável durante os grupos terapêuticos realizados diariamente.
3.2 Foi realizado algum diagnóstico da situação (observação da realidade, levantamento de demandas junto ao público etc) antes de iniciar a experiência

Sim

descreva rapidamente
No mês de outubro de 2021, o projeto foi apresentado aos profissionais, durante a realização da reunião técnica no serviço, juntamente com a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Na ocasião ocorreu ainda a aplicação de questionário semiestruturado contendo um cabeçalho de identificação e quatro questões (duas questões de múltipla escolha, uma questão de resposta aberta e uma questão de resposta semi aberta). O questionário levou em consideração os seguintes aspectos: dados de identificação (sexo, idade, profissão), escolaridade, tempo de atuação no CAPS, turno de trabalho/carga horária, principais queixas que os usuários relatam/relataram nos grupos terapêuticos relacionadas a alimentação, conhecimento prévio sobre o que são estratégias de educação alimentar e nutricional (EAN) e se já as utilizam/utilizaram na prática. Este questionário tinha por objetivo caracterizar o perfil dos profissionais atuantes no CAPS bem como proporcionar a compreensão acerca dos conhecimentos que estes possuíam sobre a EAN. As informações contidas nas questões de resposta aberta e semi aberta foram utilizadas para a realização da análise de conteúdo segundo Bardin (2011).
3.3 Como foram definidos as prioridades e objetivos da experiência
Os objetivos e prioridades da experiência foram definidos com base na realidade observada no dia a dia de funcionamento do CAPS III bem como levando em consideração as informações levantadas após a aplicação de questionário semiestruturado.
3.4 Os sujeitos da ação participaram das etapas de planejamento da experiência?

Sim

sim, em quais etapas e como participaram ?
Os sujeitos participaram da etapa de planejamento no que diz respeito a elaboração do material educativo/cartilha que seria utilizado por eles em sua prática profissional. Evidencia-se que a cartilha foi produto das inquietações dos profissionais participantes da pesquisa. As atividades contidas na cartilha foram desenvolvidas de acordo com o proposto no Marco de Referência em EAN (BRASIL, 2012), no Guia Alimentar para a População Brasileira (BRASIL, 2014) e no Instrutivo: Metodologia de trabalho em grupos para ações de alimentação e nutrição na atenção básica (BRASIL, 2016).
3.5 Foram desenvolvidas metodologias ativas como estratégias pedagógicas para a EAN

Sim

Se sim, indique a(s) metodologia(s) com uma breve descrição
Ocorreu a realização de capacitação junto aos profissionais. Este encontro serviu para que ocorresse a apresentação das diversas ações de EAN que poderiam ser utilizadas dentro dos grupos terapêuticos realizados no CAPS. Neste espaço os profissionais tiveram a oportunidade de apresentar dúvidas e a viabilidade de inclusão e/ou execução das ações apresentadas dentro dos grupos terapêuticos. A capacitação realizada junto aos profissionais do CAPS III se desenvolveu da seguinte maneira: inicialmente foi contextualizado para os profissionais o panorama da saúde mental no Brasil na conjuntura da Pandemia de Covid-19 e a relação do sofrimento psíquico com aspectos nutricionais; em seguida foram apresentados os conceitos de “alimentação saudável”, “segurança alimentar e nutricional”, “classificação dos alimentos” e “educação alimentar e nutricional” e, por fim, apresentou-se dez estratégias de Educação Alimentar e Nutricional que poderiam ser desenvolvidas juntos aos usuários nos grupos terapêuticos.
3.6 Foram utilizados recursos materiais nas atividades desenvolvidas

Sim

sim, quais recursos?
Utilizou-se uma apresentação de slides para nortear a atividade desenvolvida e para facilitar a visualização (por parte dos participantes) das informações apresentadas, bem como para melhor viabilização da discussão a respeito da temática.
3.7 Sua experiência se configura no desenvolvimento de materiais educativos e desenvolvimento de tecnologias sociais a serem aplicados por outros profissionais?

sim

Descreva sobre o material/tecnologia social
Após a finalização das discussões e as estratégias de EAN terem sido definidas junto aos Técnicos de Referência no encontro realizado anteriormente, uma cartilha foi disponibilizada para os profissionais a fim de que eles a utilizassem como guia para a execução das ações nos referidos grupos.
3.8 Como a experiência foi avaliada e quais os resultados obtidos
Métodos Estudo de abordagem quantitativa e qualitativa, utilizando-se para seu desenvolvimento a metodologia de pesquisa-ação. Este tipo de estudo tem por objetivo possibilitar aos participantes e pesquisadores, com maior eficiência e com base em uma ação transformadora, os meios necessários para responder a problemas que vivenciam na prática profissional (THIOLLENT, 2011). Todas as etapas descritas a seguir foram realizadas pelo nutricionista residente pertencente ao Programa de Residência Multiprofissional em atenção hospitalar com ênfase em gestão do cuidado localizado no município de Garanhuns. Desta feita, a população da pesquisa teve como base os profissionais que atuam no CAPS III do município de Garanhuns (n=14). No entanto, a amostra constituiu-se de 6 profissionais, os Técnicos de Referência. Foram incluídos no estudo os profissionais que atuavam no serviço por um período igual ou superior a três meses e que realizam grupos terapêuticos juntos aos usuários, este corte temporal foi definido pelos autores por se acreditar que este seja o tempo mínimo necessário para que esse TR tenha conhecimento das necessidades do serviço. Os critérios de exclusão abrangeram aqueles que não se enquadraram no recorte temporal, os profissionais que não realizam grupos terapêuticos e usuários que frequentam o serviço bem como seus respectivos acompanhantes. Neste estudo os Técnicos de Referência do CAPS III foram introduzidos à temática da Educação Alimentar e Nutricional e, posteriormente, capacitados acerca de estratégias de EAN. O desenvolvimento da pesquisa foi executado em quatro momentos (planejar, agir, descrever e avaliar) conforme proposto por Tripp (2005). Após um período de dois meses da realização da intervenção (capacitação e desenvolvimento e entrega da cartilha), os profissionais foram submetidos a aplicação de um novo questionário semiestruturado composto por duas questões (uma de múltipla escolha e outra com resposta semi aberta), com objetivo de avaliar se houve alguma dificuldade na realização das atividades propostas no material disponibilizado. As atividades a serem colocadas em prática constavam na cartilha disponibilizada e a sua frequência de realização bem como a quantidade de atividades realizadas nos grupos ficaram a critério dos TRs. Para a análise dos dados utilizou-se o método de análise de conteúdo bem como a análise descritiva. Para a análise de conteúdo, optou-se por tomar como norteadoras deste estudo, as etapas da técnica propostas por Bardin (2011), uma vez que, é a obra mais citada em estudos qualitativos que se utilizam desse tipo de análise. Já para a análise descritiva, os dados referentes ao cabeçalho de identificação (sexo, idade, profissão, escolaridade, tempo de atuação no CAPS, turno de trabalho/carga horaria) foram tabulados em planilhas do Microsoft Excel 2016©, para a elaboração de frequências relativas e absolutas das variáveis de pesquisa. As informações foram agrupadas e dispostas em tabelas com o objetivo de coletar dados específicos do trabalho. Resultados O grupo investigado foi composto por um homem (16,67%) e cinco mulheres (83,33%), com idade média de 39,8 anos. Com relação à escolaridade, um possuía ensino médio completo e cinco, ensino superior completo. A respeito da atividade laboral, exerciam suas atividades como TR no CAPS III por um período que variou de oito meses a 10 anos, a maioria com mais de dois anos, o que indica boa experiência dos mesmos e provável engajamento com a proposta pós reforma psiquiátrica e com a saúde mental; com carga horária variando entre 20 a 40 horas/semanais. Ademais, os TRs foram questionados, na etapa 1, sobre quais as principais queixas relacionadas a Alimentação e Nutrição que os usuários mais apresentam e/ou relatam durante a realização dos grupos terapêuticos e observou-se que de acordo com o apontado pelos profissionais, grande parte dos usuários demonstram queixas relacionadas ao consumo alimentar e ao ganho excessivo de peso. Com base nas questões de resposta aberta e semi aberta apresentadas no questionário aplicado na etapa 1, construíram-se duas categorias, fundamentadas na análise de conteúdo (BARDIN, 2011): 1 – “Percepção dos profissionais acerca do conceito de EAN” e 2 – “A utilização da EAN na prática dos profissionais”. Categoria 1 – Percepção dos profissionais acerca do conceito de EAN: No questionamento sobre o que entendem por EAN, todos os TRs relataram que já ouviram falar e/ou já se depararam com o tema durante o exercício profissional. Porém, apesar disso, verificou-se nas respostas emitidas pelos profissionais a presença de uma ideia central: a de que os profissionais, apesar de terem contato possuem uma percepção equivocada acerca do conceito de EAN (relacionando-a preferencialmente com a ingestão de nutrientes e a um modelo biomédico). Categoria 2 – A utilização da EAN na prática dos profissionais: Dos TRs pesquisados, 66,67% (n=4) afirmaram já terem utilizado estratégias de EAN em sua prática profissional no CAPS III. Apesar de a maioria dos profissionais terem afirmado trabalhar a temática de alimentação e nutrição junto aos usuários durante os grupos terapêuticos, o ideal seria que todos trabalhassem periodicamente com o tema e que este fosse trabalhado de forma transversal e não somente como prática isolada. Cabe ressaltar que os profissionais apontaram a utilização da Educação Alimentar e Nutricional principalmente quando há o aparecimento de inquietações durante a realização dos grupos terapêuticos e escutas individuais, ou seja, a demanda muitas vezes parte do usuário, não sendo antecipada pelo profissional. Realização de atividade de educação permanente em saúde junto aos TRs: Em novembro de 2021, no espaço físico do CAPS III, ocorreu a realização de capacitação junto aos Técnicos de referência do serviço acerca das estratégias de EAN apresentadas. Esse momento preencheu as lacunas observadas nos discursos presentes nos questionários, com vistas a aprofundar o conhecimento dos profissionais para temas relacionados à alimentação e nutrição e fomentar a educação permanente em saúde. Estratégias recomendadas para utilização nos grupos terapêuticos junto aos usuários do CAPS: Semáforo da alimentação; Reconhecendo os alimentos através dos sentidos; O que é o que é?; Trabalhando com sementes; Vamos às compras?; Relacionando as frutas/chás e seus benefícios; Alimentação saudável; Classificação dos alimentos; A influência da mídia na alimentação; Sal, açúcar e óleo nos alimentos. As atividades propostas consideraram o conceito da EAN abordado anteriormente para seu desenvolvimento, priorizando a fácil execução e a utilização de baixo recurso financeiro, tendo em vista as condições socioeconômicas dos usuários e dos TRs e a escassez de recursos no próprio local de desenvolvimento da pesquisa, objetivando minimizar os entraves que poderiam ocorrer no decorrer do planejamento e execução das práticas propostas. Apresentação da cartilha e processo avaliativo: Como produto obtido a partir da capacitação realizada junto aos Técnicos de Referência do CAPS III elaborou-se uma cartilha que abordou os mesmos eixos trazidos na capacitação, por considerá-los norteadores, para que os TRs pudessem conduzir as estratégias de EAN da forma adequada. O material construído teve como título “Ações de Educação Alimentar e Nutricional no âmbito da Saúde Mental”. A cartilha foi realizada em tamanho A4, possuindo 25 páginas, com imagens ilustrativas coloridas e quadros explicativos. Como observações dos profissionais durante a apresentação da cartilha, destaca-se primordialmente a necessidade que os usuários têm de serem cuidados e vistos como indivíduos para além do sofrimento psíquico e que este material possibilita o reconhecimento desses indivíduos enquanto sujeitos de direito. Após um período de dois meses desde a realização da intervenção (capacitação e desenvolvimento e entrega da cartilha), os profissionais participantes foram questionados acerca das possíveis dificuldades encontradas na prática para a realização das estratégias de EAN junto aos usuários. Do grupo de seis TRs investigados, 66,67% (n=4) afirmaram que conseguiram executar alguma das estratégias contidas no material disponibilizado sem nenhuma dificuldade. Os profissionais incluíram em seu processo de trabalho rotineiro a realização de uma das atividades sugeridas, não sendo necessário o usuário trazer a demanda durante a realização do grupo terapêutico. A outra parcela (33,33%) relatou não ter conseguido realizar o proposto pelo material por falta de tempo (n=2) e insegurança acerca da temática abordada (n=1). Nessa perspectiva, pode-se inferir que de forma geral a intervenção proposta foi bem sucedida e o tema abordado foi bem absorvido pelos profissionais que participaram da capacitação, embora uma parcela ainda tenha apresentado dificuldades.
3.9 Relevância: Na avaliação das/os responsáveis, essa experiência contribuiu para algum nível de mudança/melhoria da realidade alimentar e nutricional das pessoas envolvidas; e/ou gerou experiência/conhecimento que pode contribuir para a prática de EAN em outros momentos e realidades
O CAPS é um local estratégico para se trabalhar estratégias de EAN, pois é uma ferramenta que fomenta a promoção de hábitos alimentares saudáveis entre os usuários que utilizam o serviço e que muitas vezes podem não possuir o acesso adequado à informação. E o TR é o ator principal para essa ação, quando há ausência de um profissional nutricionista no serviço, dada a sua vivência diária junto aos usuários, acompanhantes e demais equipamentos da rede de assistência. A realização deste estudo possibilitou detalhar ainda quais as percepções sobre alimentação e nutrição dos TRs que atuam no CAPS III do município de Garanhuns-PE, indicando quais bases estão bem consolidadas e quais necessitam de maior atenção. Salienta-se que é necessária a realização de mais trabalhos que envolvam a educação permanente em saúde para que os profissionais sejam mais atuantes nas questões referentes à alimentação e que essa temática não seja tratada somente como um assunto abordado de forma esporádica no calendário de atividades desenvolvidas no CAPS III. Verificou-se ainda que os profissionais, apesar da alta adesão à proposta de capacitação relacionada, ainda necessitam de maior suporte para poder inserir a utilização de estratégias de EAN em seu cotidiano profissional. Desta feita, a partir da experiência vivenciada durante a execução deste estudo, observou-se no discurso dos profissionais que atuam no local uma realidade que converge para o que é descrito na literatura e uma necessidade de orientação acerca da alimentação saudável, necessidade esta que seria aplacada com a presença de um profissional nutricionista no quadro de funcionários fixos do CAPS III. Sendo assim, os resultados encontrados neste estudo podem ser considerados como o pontapé inicial para pavimentar caminhos para construção de um projeto sólido voltado para o fomento à discussão acerca da educação alimentar e nutricional dentro do CAPS III e para toda a rede de saúde mental não apenas do município de Garanhuns-PE, mas de todos os CAPS existentes, tendo em vista que poucos deles tem a presença do nutricionista enquanto parte da equipe e quando possuem, a atuação deste se limita muitas vezes a atividades de gestão de insumos e, no máximo, planejamento de cardápio no serviço, não desenvolvendo atividades de promoção de saúde diretamente com os usuários.

4. RELATO RESUMIDO DA EXPERIÊNCIA

Relato resumido da experiência
Este trabalho objetivou capacitar os técnicos de referência (TRs) atuantes no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) do município de Garanhuns-PE, sobre estratégias de educação alimentar e nutricional (EAN). A metodologia adotada foi a de pesquisa-ação com abordagem quantitativa e qualitativa, utilizando-se de questionários semisestruturados para coleta de dados. Ademais realizou-se uma capacitação acerca da temática da EAN junto aos profissionais. Compreendeu-se que para os TRs a EAN é importante para a promoção da alimentação saudável, porém seus saberes concentram-se em aspectos biológicos da alimentação e que a utilização da EAN é incipiente em suas práticas profissionais. Após a capacitação elaborou-se uma cartilha norteadora para os profissionais contendo dez estratégias de EAN e verificou-se que 66,67% dos TRs realizaram as atividades propostas. Conclui-se ser necessário a realização de mais atividades de educação permanente para estimular o desenvolvimento de práticas referentes à alimentação, que a EAN é indispensável para a promoção da alimentação adequada e saudável em todos os equipamentos da rede e que a presença do nutricionista nos CAPS é indispensável.

5. DOCUMENTOS

5.1 Campo para inserção de arquivo de imagens que documentaram a experiência
Campo para inserção de arquivo de documentos produzidos relacionados à experiência

APSREDES

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É considerado conflito de interesses:

Associação, afiliação ou link com atores do setor comercial, entidades de setores das indústrias de armas, tabaco, álcool, indústrias, empresas e organizações relacionadas a quaisquer outras organizações e/ou alianças e iniciativas concebidas, fundadas, financiadas, lideradas, controladas ou organizadas por essas indústrias e empresas, cujos:

  • Produtos incluam organismos geneticamente modificados, agrotóxicos, fertilizantes sintéticos, bebidas e produtos comestíveis com altas concentrações de açúcar, gorduras, sal, energia, outros produtos ultraprocessados ou quaisquer outros produtos que necessitem ter sua demanda, oferta ou disponibilidade reduzida para melhorar a alimentação e a saúde da população;

e/ou cujas

  • Práticas incluam: 1) Publicidade, promoção e outras estratégias mercadológicas que visem aumentar a demanda pelos referidos produtos e/ou promovam ou estimulem modos de comer não saudáveis, tais como comer excessivamente, comer sozinho, comer sem pensar, comer compulsivamente, comer rápido, ou modos de produzir alimentos pautados pelo uso de agrotóxicos e organismos geneticamente modificados, ou; 2) Lobby contra medidas legislativas, econômicas, jurídicas ou socioculturais que visem à redução da produção, abastecimento, disponibilidade ou demanda dos referidos produtos e/ou da exposição aos referidos modos não saudáveis de comer e produzir alimentos; e/ou cujas 3) Políticas, objetivos, princípios, visões, missões e/ou metas que incluam ou se relacionem com o aumento da produção, abastecimento, disponibilidade ou demanda dos referidos produtos e/ou com a expansão de oportunidades e promoção dos referidos modos não saudáveis de comer e produzir alimentos.

Alguns exemplos de experiências de Educação Alimentar e Nutricional que configuram conflito de interesses:

  • Ser financiado ou ter recebido qualquer tipo de apoio (técnico, infraestrutura, equipe, financeiro etc) por entidades e atores acima citados;
  • Utilizar material educativo e/ou publicitário de empresas privadas ou fundações/organizações a elas relacionadas que atuam direta ou indiretamente com o setor alimentício, farmacêutico, tabaco, bebidas alcoólicas;