Mudas que ensinam: ressignificando a presença no mundo e a convivência com a natureza

1.2 Autores(as) da experiência

Nome Cargo/Função Município
Karine de Oliveira Gomes Professora - UFV/CRP Rio Paranaíba
Marcelo da Silva Maia Estudante do mestrado em Agronomia - UFV/CRP Rio Paranaíba
Larissa Sousa Campos Professora - UFV/CRP Rio Paranaíba
André Mundstock Xavier de Carvalho Professor - UFV/CRP Rio Paranaíba
Beatriz de Faria Alonso Estudante de graduação em Ciências Biológicas - UFV/CRP Rio Paranaíba
Joao Victor de Brito Estudante de graduação em Ciências Biológicas - UFV/CRP Rio Paranaíba
Mariana Costa Rodrigues de Mello Britto Estudante de graduação em Nutrição - UFV/CRP Rio Paranaíba
Ananda Braga Moreira Estudante de graduação em Ciências Biológicas - UFV/CRP Rio Paranaíba
Athilio Felipo da Silva Ribeiro Freire Estudante de graduação em Nutrição - UFV/CRP Rio Paranaíba
Hellen Guedes Pacheco Estudante de graduação em Ciências Biológicas - UFV/CRP Rio Paranaíba
Janaíne de Fátima Ribeiro Estudante de graduação em Engenharia de Produção - UFV/CRP Rio Paranaíba
João Vitor Caldeira dos Santos Estudante de graduação em Ciências Biológicas - UFV/CRP Rio Paranaíba
Vitória Martini Freijó Estudante de graduação em Nutrição - UFV/CRP Rio Paranaíba
Isadora Caroline Costa Estudante de graduação em Nutrição - UFV/CRP Rio Paranaíba
Marina Maize Ribeiro Costa Estudante de graduação em Nutrição - UFV/CRP Rio Paranaíba
Yara Mendes Barbosa Estudante de graduação em Nutrição - UFV/CRP Rio Paranaíba

1.3 Organização(ções)/Instituição(ções) promotora(s) da experiência

Organização/Instituição
Universidade Federal de Viçosa, Campus Rio Paranaíba (UFV/CRP)
Escola Municipal Professora Avelina Resende Boaventura

1.4 Cidade(s) e Estado (s)

Estado Cidade
MG Rio Paranaíba

1.5 Região do país

Sudeste

1.6 Identificação do(a) autor(a) responsável

Nome Cargo/Função Município
Karine de Oliveira Gomes Professora - UFV/CRP Rio Paranaíba

1.7 Eixo temático da experiência

Eixo 2 - EAN no campo da Educação

1.8 Público participante da experiência

Crianças - 2 a 5 anosEstudantesOutros
Educadores e colaboradores que atuam na comunidade escolar

1.9 Onde esta experiência foi desenvolvida

EDUCAÇÃO
Escola Pública
1.10 Na avaliação do grupo responsável esta experiência atendeu e/ou promoveu os seguintes princípios
todas as pessoas têm o direito de estarem livres da fome
todas as pessoas têm o direito de ter acesso à alimentação adequada saudável
integralidade
intersetorialidade
apoio ao desenvolvimento sustentável

Por favor justifique/comente sua resposta

A implantação da horta foi escolhida como eixo condutor desta experiência por acreditarmos que a mudança de hábitos passa pela vivência, ou seja, pelo aprendizado experimentado a partir da participação em todo o processo, desde o preparo do solo, até os cuidados subsequentes – plantar, regar, cuidar, colher, preparar e degustar. Além disso, investimos na perspectiva de que as crianças são potenciais multiplicadoras de conhecimentos e acreditamos que compartilhariam com suas famílias os aprendizados construídos ao longo da experiência, podendo, inclusive, estimular a implantação de hortas e aplicar os princípios orgânicos e da agroecologia desenvolvidos na escola. É importante destacar que estimulamos a produção sustentável por acreditarmos que a transformação agrícola dos sistemas alimentares passa, necessariamente, pela mudança dos hábitos alimentares, especialmente quando há maior valorização dos gêneros alimentícios derivados da cultura local e regional. Também buscamos atuar de forma integrada entre os setores da educação, saúde e assistência social, afim de potencializar o acesso aos direitos essenciais básicos da educação, saúde e alimentação adequada e saudável para as crianças e suas famílias. E por fim, pensando em garantir a abordagem qualificada de todas as áreas de conhecimento abrangidas pela proposta, a equipe foi formada por professores e estudantes de graduação vinculados aos cursos de Nutrição, Ciências Biológicas, Engenharia de Produção e Agronomia da Universidade Federal de Viçosa, Campus Rio Paranaíba (UFV/CRP), além de um estudante de mestrado em Agronomia da mesma instituição.

2. OBJETIVOS E PRINCÍPIOS RELACIONADOS À EXPERIÊNCIA

2.1 Objetivo(s): Qual é/foi a finalidade das atividades desenvolvidas

Implantar canteiros pedagógicos em uma escola de educação infantil visando viabilizar a realização de ações de educação ambiental, alimentar e nutricional com a comunidade escolar, utilizando os princípios da produção orgânica e da agroecologia.

2.2 Os objetivos e as atividades desenvolvidas adotaram de maneira explícita algum ou alguns dos princípios do Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional para Políticas Públicas

I - Sustentabilidade social, ambiental e econômica
II- Abordagem do sistema alimentar, na sua integralidade
III- Valorização da cultura alimentar local e respeito à diversidade de opiniões e perspectivas, considerando a legitimidade dos saberes de diferentes naturezas
IV- A comida e o alimento como referências; Valorização da culinária enquanto prática emancipatória
V- A Promoção do autocuidado e da autonomia
VI- A Educação enquanto processo permanente e gerador de autonomia e participação ativa e informada dos sujeitos
VIII- Intersetorialidade
IX- Planejamento, avaliação e monitoramento das ações
2.3 Quais temas/diretrizes dos Guias Alimentares para População Brasileira e/ou para Crianças brasileiras menores de 2 anos são/foram abordados na experiência?
– Alimentação é mais que a ingestão de nutrientes; – Recomendações sobre alimentação devem estar em sintonia com seu tempo; – Alimentação adequada e saudável deriva de sistema alimentar socialmente e ambientalmente sustentável; – A saúde da criança é prioridade absoluta e responsabilidade de todos; – Os primeiros anos de vida são importantes para a formação dos hábitos alimentares; – O acesso a alimentos adequados e saudáveis e à informação de qualidade fortalece a autonomia das famílias; – A alimentação é uma prática social e cultural; – Adotar uma alimentação adequada e saudável para a criança é uma forma de fortalecer sistemas alimentares sustentáveis; – O estímulo à autonomia da criança contribui para o desenvolvimento de uma relação saudável com a alimentação.
2.4 Vocês consideram que esta experiência pode contribuir de maneira direta ou indireta a um ou mais dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ?
ODS 2 - Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável
ODS 3 - Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades
ODS 4- Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos
ODS 12 - Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis

3. ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DA EXPERIÊNCIA

3.1 Como foi identificada a necessidade de realização desta experiência
Desde 2015 os estudantes do curso de Nutrição da Universidade Federal de Viçosa, Campus Rio Paranaíba (UFV/CRP) realizam o Estágio Supervisionado em Nutrição Social no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) de Rio Paranaíba (MG) e têm contribuído com várias sugestões de atividades de educação alimentar e nutricional (EAN), porém, estas atividades nunca foram colocadas em prática. Além disso, havia um desejo de investigar as dificuldades relacionadas à compra de gêneros alimentícios oriundos da agricultura familiar, uma limitação que compromete a qualidade da refeição servida nas escolas, especialmente por causa da baixa oferta de hortaliças frescas. Diante do exposto, o projeto de extensão “Potencializando o ambiente escolar: a implantação de hortas como recurso pedagógico e estratégia para fortalecer o Programa Nacional de Alimentação Escolar em Rio Paranaíba – MG” foi contemplado com uma bolsa de iniciação em extensão universitária e tivemos a oportunidade de executar as atividades de EAN que vinham sendo planejadas pelos estagiários do curso de Nutrição, assim como foi possível melhorar a qualidade da alimentação (em alguns momentos) utilizando as hortaliças cultivadas na horta.
3.2 Foi realizado algum diagnóstico da situação (observação da realidade, levantamento de demandas junto ao público etc) antes de iniciar a experiência

Sim

descreva rapidamente
Antes de iniciar o trabalho, a equipe visitou todas as escolas municipais para conhecer a infraestrutura e as expectativas de cada comunidade escolar, que atualmente recebem estudantes nos níveis da educação infantil e do ensino fundamental. A equipe responsável pela escola de educação infantil foi a que demonstrou maior receptividade, interesse e disposição em colaborar com a proposta. Merece destaque o fato de que esta escola estava passando por um processo de reforma e que a diretora garantiu a construção de 4 canteiros, viabilizando a implantação da horta e a participação das crianças no cuidado com as mudas plantadas.
3.3 Como foram definidos as prioridades e objetivos da experiência
Conforme relatado anteriormente, a principal motivação desta experiência foi a implantação de ações de educação alimentar e nutricional (EAN) nas escolas. Após a seleção da escola de educação infantil, a equipe se reuniu com a diretora e com a coordenadora pedagógica para apresentar as ideias e conhecer as principais demandas do local. Por conseguinte, chegou-se ao consenso de que as crianças vinculadas ao período integral tinham maior necessidade de participar das atividades, tanto por representarem um grupo em maior situação de vulnerabilidade social quanto pelo fato de que as crianças passavam 9 horas ininterruptas na escola, realizando, portanto, as principais refeições neste ambiente. Durante todo o processo, as atividades foram planejadas em conjunto com a diretora, com a coordenadora pedagógica e com as professoras responsáveis pelas duas turmas do tempo integral. Além disso, após a realização de cada atividade realizava-se uma avaliação para decidir se o planejamento proposto deveria ser mantido ou se demandava alguma adaptação para o maior aproveitamento das crianças.
3.4 Os sujeitos da ação participaram das etapas de planejamento da experiência?

Sim

sim, em quais etapas e como participaram ?
Desde o diagnóstico situacional, passando pela definição do público-participante, pelo planejamento das atividades a serem realizadas, até a avaliação contínua dos resultados obtidos com a experiência. A equipe do projeto sempre teve como um valor prioritário envolver a comunidade escolar em todas as etapas do trabalho. Além disso, eram realizadas reuniões semanais entre os professores e os estudantes universitários para o compartilhamento de orientações e a elaboração de estratégias para contornar contratempos que pudessem ocorrer durante a execução das atividades.
3.5 Foram desenvolvidas metodologias ativas como estratégias pedagógicas para a EAN

Sim

Se sim, indique a(s) metodologia(s) com uma breve descrição
Todas as atividades foram planejadas e executadas de forma que as crianças atuassem como sujeitos ativos do processo ensino-aprendizagem, ou seja, o tempo todo houve o preparo da equipe para estimular o protagonismo das crianças, assim como o desenvolvimento da sua curiosidade e o aprimoramento das habilidades cognitivas e motoras, assim como o incentivo ao comportamento cooperativo. Todo o conteúdo foi trabalhado de maneira problematizadora, procurando contextualizar os temas e associá-los à realidade de vida de cada criança. Vale destacar que a aplicação dessa metodologia só foi possível porque a equipe envolveu a comunidade escolar em todas as etapas, tendo acesso às informações necessárias para que os temas pudessem contemplar uma abordagem coerente com a capacidade o e contexto de cada criança.
3.6 Foram utilizados recursos materiais nas atividades desenvolvidas

Sim

sim, quais recursos?
Utilizamos recursos materiais de várias naturezas. Para a implantação e o cuidado com a horta podemos citar as mudas (alface, rúcula, berinjela, almeirão, mandioca, couve, cebolinha, salsa, coentro, peixinho, açafrão e alho), os adubos naturais, a matéria orgânica e todas as ferramentas necessárias para cada etapa, tais como pás, enxada, mangueira, regador, aspersores, gadanho, estacas, barbante etc. Para a realização das atividades de educação alimentar e nutricional foram utilizados muitos recursos de papelaria, entre os quais destacaram-se diferentes tipos de papéis (A4, cartão, EVA, cartolina, papelão), lápis de cor, tinta guache, pincéis, cola, tesoura etc. Também utilizamos artigos de festas como balões e fantasias para a apresentação de um teatro. Para o diagnóstico do estado nutricional foram utilizadas uma balança eletrônica portátil da marca Marte, com capacidade de 150 kg e um estadiômetro portátil da marca Alturexata, com extensão de até 2,13 m. Também foram utilizados livros infantis para transmitir mensagens e reforçar comportamentos positivos pelas crianças, com destaque para duas histórias: Gigante, de Mateus Rios, e Receita para Bem Crescer, de Alessandra Roscoe (cada criança recebeu de presente da editora e da autora, um exemplar desse livro). O diagnóstico de saúde bucal foi realizado com o auxílio de luvas descartáveis, espelho clínico, escavador de gengiva e pinça clínica. Para a realização da visita ao campus da Universidade Federal de Viçosa, Campus Rio Paranaíba (UFV/CRP) foram utilizados materiais diversos, desde equipamentos presentes nos laboratórios, como microscópio, TV e computadores para projeção, até os gêneros alimentícios para a oferta de um lanche às crianças. Por fim, ressaltamos que muitas atividades foram realizadas a partir do aproveitamento de materiais reciclados (garrafas pet, rolos de papel higiênico, bandejas de isopor, potes de iogurte etc.) com o objetivo incentivar a reutilização de materiais que seriam descartados, estimular a criatividade e demonstrar que é possível reduzir o consumo.
3.7 Sua experiência se configura no desenvolvimento de materiais educativos e desenvolvimento de tecnologias sociais a serem aplicados por outros profissionais?

sim

Descreva sobre o material/tecnologia social
Acreditamos que sim e que essa experiência pode subsidiar o desenvolvimento de um material instrutivo para demonstrar que a vivência da criança em todas as etapas relacionadas ao processo de implantação de uma horta, ou seja, desde o plantio, passando pelo cuidado permanente (molhar, capinar etc.), colher e preparar os alimentos seja o estímulo mais potente para despertar o desejo de experimentar novos sabores e alimentos, favorecendo, de maneira concreta, a melhoria do hábito alimentar e a diversificação das preparações oferecidas pela alimentação escolar. Além disso, temos como meta o desenvolvimento de um material instrutivo para guiar a abordagem de conteúdos inerentes ao projeto pedagógico das escolas, tais como o dia da água, do meio ambiente, da alimentação saudável etc. a partir da exploração do ambiente da horta pelos educadores e pelas crianças, com o objetivo de incentivar a utilização da horta como um potencial espaço pedagógico para o desenvolvimento de conhecimentos por todas turmas da escola. Até o momento esta experiência abrangeu cerca de 45 crianças, mas a expectativa e estendermos para as mais de 200 crianças que hoje estudam na escola.
3.8 Como a experiência foi avaliada e quais os resultados obtidos
O aprendizado dos conteúdos foi avaliado a partir da realização de desenhos pelas crianças, oportunizando a expressão dos seus pensamentos, impressões e sentimentos despertados pelas atividades desenvolvidas. Também contamos com o registro fotográfico, especialmente para documentar e acompanhar o processo de desenvolvimento da horta. Outra estratégia para a avaliação das ações foi o estabelecimento de um diálogo contínuo com a diretora, com as professoras e com os estudantes universitários voluntários para analisar as atividades e corrigir os pontos necessários. As crianças demonstraram grande interesse pelas atividades, estavam sempre motivadas a participarem e tornavam-se mais cooperativas a cada encontro. Além disso, houve o desenvolvimento de um vínculo com a equipe do projeto por parte das crianças e de toda a comunidade escolar. Em vários momentos as crianças tiveram a oportunidade de compartilharem alguns aprendizados adquiridos ao longo da sua participação no projeto, com destaque para o momento do plantio de novas mudas. Outro resultado importante foi o cultivo de alimentos utilizando as práticas orgânicas e agroecológicas, demonstrando que esse sistema de produção é viável. Ao mesmo tempo, a produção de hortaliças na horta constituiu-se como uma alternativa para melhorar a qualidade nutricional da alimentação escolar, especialmente porque quando a criança é envolvida no processo de produção, ela se sente mais motivada a experimentar e incorporar novos alimentos em seus hábitos. Porém, a produção da horta não pôde ser considerada capaz de suprir a demanda necessária para atender o volume de refeições da escola. Desta forma, a horta passou a ser valorizada e utilizada como um recurso pedagógico para a formação das crianças e dos demais membros da comunidade escolar, no sentido de demonstrar que outras práticas de produção são viáveis e que podem ser implementadas em qualquer espaço. Como principal desafio identificamos a dificuldade de envolver os funcionários da escola com os cuidados periódicos que os canteiros demandavam, sendo necessário criar estratégias para compartilhar gradualmente esta responsabilidade com a escola. Outro resultado relevante foi a sensibilização obtida pelos estudantes de graduação a partir do contato com a realidade das crianças e o grande aprendizado oriundo da participação em todas as etapas da experiência, desde o planejamento até a execução e o acompanhamento dos resultados no desenvolvimento das crianças.
3.9 Relevância: Na avaliação das/os responsáveis, essa experiência contribuiu para algum nível de mudança/melhoria da realidade alimentar e nutricional das pessoas envolvidas; e/ou gerou experiência/conhecimento que pode contribuir para a prática de EAN em outros momentos e realidades
Foi possível perceber grande interesse e motivação por parte das crianças pelas atividades desenvolvidas, além da evolução do conhecimento e da compreensão sobre os temas trabalhados pelo projeto, bem como sobre o comportamento e interação com colegas e professoras. Uma percepção importante e um desafio a ser considerado para a aplicação dessa experiência em outros locais e instituições foi a dificuldade de concentração que o público infantil apresenta, especialmente as crianças entre 4 a 5 anos. Isto demanda o planejamento de atividades lúdicas e de curta duração, assim como a utilização de recursos dinâmicos e interativos. Outro ponto essencial para a concretização da proposta é poder contar com o apoio por parte da comunidade escolar. Não obstante, é fundamental estabelecer como prioridade o envolvimento gradual de todos os membros da comunidade escolar, desde os colaboradores que preparam a alimentação escolar até os professores, estudantes e pais de alunos para que o resultado seja exitoso. Entre as propostas de aprimoramento desta experiência destacamos o planejamento futuro de realizarmos oficinas culinárias com as colaboradoras que preparam as refeições, com a expectativa de propormos novas receitas para incorporar no cardápio da escola os gêneros alimentícios produzidos na horta. Também pretendemos apresentar os resultados do trabalho para os pais das crianças e convidá-los a participarem das atividades, especialmente do cuidado com a horta. Não menos importante foi o impacto da vivência na formação e sensibilização dos estudantes universitários, que a partir da participação nesta experiência, puderam ter contato com a realidade e ampliar sua visão de mundo e conhecer os desafios inerentes à prática profissional.

4. RELATO RESUMIDO DA EXPERIÊNCIA

Relato resumido da experiência
O objetivo desta experiência foi desenvolver atividades de educação ambiental, alimentar e nutricional em uma escola municipal de educação infantil de Rio Paranaíba/MG, utilizando os princípios da produção orgânica e da agroecologia. Todas as atividades propostas foram construídas considerando a anuência e a participação da comunidade escolar (educadores, estudantes e colaboradores), desde a sua concepção, elaboração, planejamento, execução até a avaliação das ações. O projeto conta com uma equipe multidisciplinar composta por docentes e estudantes de graduação vinculados aos cursos de Nutrição, Agronomia, Ciências Biológicas e Engenharia de Produção da Universidade Federal de Viçosa, Campus Rio Paranaíba (UFV/CRP). As principais atividades desenvolvidas na escola foram: diagnóstico situacional; elaboração conjunta do cronograma de atividades; implantação da horta, composta por mudas de alface, rúcula, berinjela, almeirão, mandioca, couve, cebolinha, salsa, coentro, peixinho, açafrão e alho; visita guiada à biblioteca da escola para contação de história às crianças; apresentação de teatro; diagnóstico do estado nutricional e da saúde bucal, com o encaminhamento das crianças que apresentaram alguma necessidade de acompanhamento pelos serviços de saúde e nutrição do município; colheita, preparo e degustação de uma salada de rúcula pelas crianças; visita guiada ao campus da UFV/CRP, contando com atividades nos espaços da usina fotovoltaica, no laboratório de biologia celular, no laboratório de zoologia e nas áreas de recreação do campus; contação de histórias infantis ao ar livre; plantio de novas mudas na horta e de uma goiabeira em comemoração ao dia da árvore. Foi possível perceber grande interesse, aprendizado e motivação por parte das crianças pelas atividades desenvolvidas, especialmente pela criação do vínculo com a equipe do projeto. Além disso, os alimentos produzidos foram incorporados à alimentação escolar, porém, a produção da horta não foi capaz de suprir a demanda necessária para atender o volume de refeições da escola. Desta forma, a horta passou a ser compreendida e utilizada como um recurso pedagógico para a formação das crianças e dos membros da comunidade escolar, no sentido de demonstrar que outras práticas de produção são viáveis e podem ser implementadas em qualquer espaço. Por fim, a experiência no projeto demonstrou efeitos positivos na formação dos estudantes de graduação, que se manifestaram satisfeitos e em processo de aperfeiçoamento, ressaltando em todas as oportunidades avaliativas que eles mais aprenderam com as crianças do que ensinaram, a partir da troca de saberes proporcionada por essa experiência. Cumpre registrar que este trabalho se viabilizou a partir da concessão de uma bolsa em extensão universitária e que sua continuidade foi garantida a partir da vinculação desta experiência à disciplina Projetos Educacionais, que é optativa para os quatro cursos mencionados acima. Esta disciplina foi adaptada para atender a demanda da curricularização da extensão nos cursos de graduação e viabilizou o contato dos estudantes com a prática, que é tão necessária para qualificar sua formação. Como metas futuras a serem implantadas destacamos a realização de oficinas culinárias com as colaboradoras que preparam as refeições das crianças, visando incorporar no cardápio os alimentos que estão sendo cultivados na horta. Também pretendemos envolver todos os educadores da escola com o processo de cuidado com a horta, com a expectativa de que os conteúdos previstos no projeto pedagógico possam ser abordados de maneira prática, a partir da exploração do espaço da horta pelas crianças. Gostaríamos de destacar a atividade de encerramento do projeto em 2022, quando realizamos uma cerimônia simbólica para entregar o certificado de participação, juntamente com um exemplar do livro “Receita para Bem crescer”, doado gentilmente pela autora Alessandra Roscoe e pela Editora Rovelle para presentear as crianças participantes do projeto. Esse livro não foi escolhido aleatoriamente, isto porque sua história sintetiza de forma muito afetuosa a mensagem que nos esforçamos para transmitir às crianças: de que elas têm o direito de sonhar e de ser quem elas quiserem. Na formatura do projeto as crianças também receberam uma muda de feijão (que havia sido plantada por elas mesmas) para que pudessem levar para casa e puderam saborear um panetone, que inclusive, foi experimentado pela primeira vez por algumas delas. Além do cultivo da horta, cujo objetivo foi promover a consciência ambiental e o cuidado com a natureza e com tudo o que está ao nosso redor, as atividades desenvolvidas ao longo do projeto visaram promover o gosto pela leitura, por isso a ideia de presentear as crianças com um livro, para que pudessem levar para casa e ler, reler e sensibilizar também os seus familiares com a mensagem do livro escolhido. Vale destacar que essa ação só foi possível devido à sensibilidade e gentileza da autora Alessandra Roscoe e da Editora Rovelle, a quem muito agradecemos por tornar esse sonho possível. Duas histórias foram bem marcantes porque representam muito sua essência: Receita para bem crescer – Alessandra Roscoe Prometo gritar só de felicidade e chorar de emoção, sempre que der vontade. Prometo fazer guerras, mas só de travesseiro. Prometo pular sempre mais alto pra tentar pegar as estrelas. Prometo continuar acreditando que sou invisível quando me escondo atrás da cortina, mesmo se meus pés ficarem de fora. Prometo nunca deixar de subir em árvores e nem desistir de encontrar o pote de ouro no fim do arco-íris. Prometo fazer bolas de chiclete e, mesmo se elas estourarem e melecarem todo o meu rosto, dar muita risada até a barriga doer. Prometo nunca parar de acreditar que tenho superpoderes, seja de provocar risos, alçar voos ou conquistar o mundo. Prometo cultivar sempre as amizades e os sonhos, com a mesma verdade com que acredito neles hoje. Prometo ser capaz de moldar as nuvens, esticar horizontes e medir o infinito com passos de gigante. Prometo plantar um ipê branco no jardim de casa, na rua, em qualquer lugar, só para fazer o mundo acreditar que existe pé de pipoca. Prometo aprender a costurar só pra poder alinhavar asas e voar para bem longe sempre que der na telha. Prometo reinventar minha história toda vez que não gostar da última parte. Prometo fazer todo adulto acreditar que existem super-heróis. Prometo que quando crescer eu vou ser simplesmente… grande! Gigante – Mateus Rios Naquelas terras vivia um gigante. Assustador, solitário e faminto. Que arrasava tudo que encontrava pelo caminho. Porém um dia ele se machucou. E precisou de ajuda para sarar. Então descobriu que não estava mais sozinho. E que maior e mais forte é quem cuida. Assim transformado retomou seu caminho. Gigante por fora e por dentro. Notícia relacionada (publicada no perfil institucional da universidade): https://www.instagram.com/p/Cf4u-vmPPwL/?igshid=MDJmNzVkMjY=

5. DOCUMENTOS

5.1 Campo para inserção de arquivo de imagens que documentaram a experiência
Campo para inserção de arquivo de documentos produzidos relacionados à experiência

APSREDES

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É considerado conflito de interesses:

Associação, afiliação ou link com atores do setor comercial, entidades de setores das indústrias de armas, tabaco, álcool, indústrias, empresas e organizações relacionadas a quaisquer outras organizações e/ou alianças e iniciativas concebidas, fundadas, financiadas, lideradas, controladas ou organizadas por essas indústrias e empresas, cujos:

  • Produtos incluam organismos geneticamente modificados, agrotóxicos, fertilizantes sintéticos, bebidas e produtos comestíveis com altas concentrações de açúcar, gorduras, sal, energia, outros produtos ultraprocessados ou quaisquer outros produtos que necessitem ter sua demanda, oferta ou disponibilidade reduzida para melhorar a alimentação e a saúde da população;

e/ou cujas

  • Práticas incluam: 1) Publicidade, promoção e outras estratégias mercadológicas que visem aumentar a demanda pelos referidos produtos e/ou promovam ou estimulem modos de comer não saudáveis, tais como comer excessivamente, comer sozinho, comer sem pensar, comer compulsivamente, comer rápido, ou modos de produzir alimentos pautados pelo uso de agrotóxicos e organismos geneticamente modificados, ou; 2) Lobby contra medidas legislativas, econômicas, jurídicas ou socioculturais que visem à redução da produção, abastecimento, disponibilidade ou demanda dos referidos produtos e/ou da exposição aos referidos modos não saudáveis de comer e produzir alimentos; e/ou cujas 3) Políticas, objetivos, princípios, visões, missões e/ou metas que incluam ou se relacionem com o aumento da produção, abastecimento, disponibilidade ou demanda dos referidos produtos e/ou com a expansão de oportunidades e promoção dos referidos modos não saudáveis de comer e produzir alimentos.

Alguns exemplos de experiências de Educação Alimentar e Nutricional que configuram conflito de interesses:

  • Ser financiado ou ter recebido qualquer tipo de apoio (técnico, infraestrutura, equipe, financeiro etc) por entidades e atores acima citados;
  • Utilizar material educativo e/ou publicitário de empresas privadas ou fundações/organizações a elas relacionadas que atuam direta ou indiretamente com o setor alimentício, farmacêutico, tabaco, bebidas alcoólicas;