Intervenção coletiva para o manejo da obesidade em usuários da Atenção Primária à Saúde

1.2 Autores(as) da experiência

Nome Cargo/Função Município
Aline Cristine Souza Lopes Docente Belo Horizonte
Angélica Ribeiro e Silva Pesquisadora Belo Horizonte
Camila Kümmel Duarte Docente Belo Horizonte
Clareci da Silva Cardoso Docente São João Del Rey
Maria Cecília Ramos de Carvalho Pesquisadora Belo Horizonte
Maria Natacha Toral Bertolin Docente Brasília
Mariana Souza Lopes Docente João Pessoa
Patrícia Constante Jaime Docente São Paulo
Patrícia Pinheiro de Freitas Docente Belo Horizonte
Thanise Sabrina Souza Santos Pesquisadora Belo Horizonte

1.3 Organização(ções)/Instituição(ções) promotora(s) da experiência

Organização/Instituição
Universidade Federal de Minas Gerais – Grupo de Pesquisa de Intervenções em Nutrição (GIN/UFMG-CNPq)
Universidade de São Paulo – Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (Nupens/USP)
Universidade de Brasília (UnB)
Universidade de São João Del Rei (UFSJ)
Prefeitura de Belo Horizonte – Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte-Minas Gerais
Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição do Departamento de Promoção da Saúde da Secretaria de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde (CGAN/DEPROS/SAPS/MS)

1.4 Cidade(s) e Estado (s)

Estado Cidade
Minas Gerais Belo Horizonte

1.5 Região do país

Sudeste

1.6 Identificação do(a) autor(a) responsável

Nome Cargo/Função Município
Aline Cristine Souza Lopes Docente Belo Horizonte

1.7 Eixo temático da experiência

Eixo 1 - EAN no campo da Saúde

1.8 Público participante da experiência

AdultosIdososOutros
Usuários de Programa Academia da Saúde

1.9 Onde esta experiência foi desenvolvida

saúde
Polo da Academia da Saúde
1.10 Na avaliação do grupo responsável esta experiência atendeu e/ou promoveu os seguintes princípios
todas as pessoas têm o direito de ter acesso à alimentação adequada saudável
universalidade
integralidade
equidade
intersetorialidade
participação social

Por favor justifique/comente sua resposta

A obesidade é uma doença complexa, que deriva da interação de fatores individuais, sociais, culturais, políticos, econômicos e ambientais, demandando, portanto, a oferta de um cuidado integral visando o seu adequado manejo. Para isso, são essenciais pactuações intersetoriais que garantam o pleno atendimento à saúde e demandas das pessoas com obesidade. Esta experiência, ao desenvolver diferentes grupos terapêuticos com todos os usuários do Programa Academia da Saúde (PAS) com obesidade e que apresentam prontidão para mudança do peso corporal, segundo a gravidade da condição, buscou promover a universalidade e a equidade de acesso às ações de manejo da obesidade na Atenção Primária do Sistema Único de Saúde (SUS), bem como o respeito à autonomia dos sujeitos para o cuidado prestado à sua saúde. Isso se torna especialmente relevante ao considerar que em Belo Horizonte-MG, as unidades do PAS estão instaladas prioritariamente em áreas vulneráveis e com entornos geográficos caracterizados por ambientes alimentares desfavoráveis, com pior acesso a estabelecimentos comerciais de frutas e hortaliças, e de consumo imediato de alimentos, e com amplo acesso a alimentos ultraprocessados. Ademais, nesta experiência, as orientações nutricionais trabalhadas e as estratégias educativas utilizadas visaram promover o empoderamento e a autonomia dos sujeitos para o autocuidado apoiado de sua saúde e escolhas alimentares saudáveis em alinhamento com os princípios e diretrizes do Guia Alimentar para a População Brasileira e do Marco de Referência em Educação Alimentar e Nutricional para Políticas Públicas a partir de teorias problematizadoras que incentivam a participação social, o espírito crítico e a autonomia dos sujeitos.

2. OBJETIVOS E PRINCÍPIOS RELACIONADOS À EXPERIÊNCIA

2.1 Objetivo(s): Qual é/foi a finalidade das atividades desenvolvidas

Desenvolver, executar e avaliar a efetividade de duas modalidades de abordagens coletivas para o manejo da obesidade, segundo a gravidade da condição e a prontidão para redução do peso corporal, com usuários do Programa Academia da Saúde de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil . O objetivo geral, assim como os objetivos específicos e as atividades educativas desenvolvidas nesta experiência tiveram como norteadores os princípios do Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional para Políticas Públicas e o Guia Alimentar para População Brasileira. Os grupos terapêuticos desenvolvidos foram criados a partir do Marco e do Guia Alimentar de forma a provocar a reflexão dos participantes acerca de sua alimentação e saúde com vistas à construção do empoderamento e da autonomia para escolhas saudáveis. A valorização da cultura alimentar e o respeito à diversidade de opiniões e perspectivas foram operacionalizados de forma transversal, sendo os encontros pautados na escuta ativa para identificação dos modos de viver dos participantes e a construção coletiva do conhecimento. As equipes interdisciplinares de facilitadoras/es, responsáveis por desenvolver os grupos terapêuticos, foram compostas por profissionais e estudantes de Graduação da área da Saúde, incluindo nutricionistas, fisioterapeuta, psicólogo; e estudantes de Biomedicina, Enfermagem, Fisioterapia e Nutrição. As atividades voltadas especificamente para temas de alimentação tiveram como foco os alimentos, e não os nutrientes, de maneira alinhada ao Marco e ao Guia Alimentar. Destaca-se a realização de oficinas culinárias para a concretização desse princípio, além de sua contribuição para a promoção do autocuidado e geração de autonomia e participação ativa. O levantamento de temas de interesse dos participantes para discussão de mitos e verdades no tratamento da obesidade foi realizado tendo em vista a promoção do autocuidado e a geração de autonomia a partir do processo educativo. Já a diversidade nos cenários de prática e a intersetorialidade foram concretizadas na parceria com os profissionais de Educação Física atuantes no Programa Academia da Saúde e com os espaços locais em que funciona o PAS, como Unidades Básicas de Saúde, Centros de Referência em Assistência Social, Centros Culturais, Parques, Quadras Poliesportivas, Centros de Vivência Agroecológica, Associações Comunitárias, Universidades, Clubes e Igrejas. Por fim, o planejamento, avaliação e monitoramento das ações foram operacionalizados pela realização de treinamentos iniciais da equipe e reuniões periódicas para supervisão e aprimoramento das atividades.

2.2 Os objetivos e as atividades desenvolvidas adotaram de maneira explícita algum ou alguns dos princípios do Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional para Políticas Públicas

III- Valorização da cultura alimentar local e respeito à diversidade de opiniões e perspectivas, considerando a legitimidade dos saberes de diferentes naturezas
IV- A comida e o alimento como referências; Valorização da culinária enquanto prática emancipatória
V- A Promoção do autocuidado e da autonomia
VI- A Educação enquanto processo permanente e gerador de autonomia e participação ativa e informada dos sujeitos
VII- A diversidade nos cenários de prática
VIII- Intersetorialidade
IX- Planejamento, avaliação e monitoramento das ações
2.3 Quais temas/diretrizes dos Guias Alimentares para População Brasileira e/ou para Crianças brasileiras menores de 2 anos são/foram abordados na experiência?
Os princípios e as recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira são abordados de forma transversal em toda a experiência. Nas atividades coletivas, a alimentação adequada e saudável para pessoas com obesidade, assim como no Guia Alimentar, é trabalhada a partir da perspectiva que a alimentação é mais que ingestão de nutrientes e da importância dos diferentes saberes e de sua horizontalidade para a construção de escolhas alimentares saudáveis, bem como é reforçado que uma alimentação adequada e saudável deriva de sistema alimentar social e ambientalmente sustentável. Trabalha-se com a regra de ouro proposta pelo Guia Alimentar a partir da classificação NOVA de alimentos, e com as recomendações relativas à comensalidade, planejamento e compra dos alimentos, e habilidades culinárias, buscando promover a autonomia nas escolhas alimentares. Todas as ações foram delineadas a partir de estratégias educativas problematizadoras que exploram os diferentes significados da alimentação e promovem a reflexão quanto às mensagens sobre alimentação e tratamento da obesidade veiculadas na mídia e em peças publicitárias. Por fim, ressalta-se que, entre os materiais que apoiam esta experiência, estão alguns que são desdobramentos do Guia Alimentar, como o “Instrutivo: Metodologia de Trabalho em Grupos para Ações de Alimentação e Nutrição na Atenção Básica”, o “Instrutivo de Abordagem Coletiva para Manejo da Obesidade no SUS”, folders e vídeos educativos, todos produzidos com participação do Ministério da Saúde.
2.4 Vocês consideram que esta experiência pode contribuir de maneira direta ou indireta a um ou mais dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ?
ODS 2 - Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável
ODS 3 - Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades
ODS 5 - Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas
ODS 12 - Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis

3. ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DA EXPERIÊNCIA

3.1 Como foi identificada a necessidade de realização desta experiência
A má nutrição em todas as suas formas, sobretudo a obesidade, constitui um problema de saúde crescente no mundo (SWINBURN et al., 2019). De 2006 a 2019, a prevalência de obesidade entre adultos residentes nas capitais brasileiras cresceu de 11,8% para 20,3% (BRASIL, 2020). Observa-se situação semelhante em Belo Horizonte-MG, onde 19,9% dos adultos apresentavam obesidade (BRASIL, 2020). Diante das elevadas prevalências de má nutrição, incluindo o sobrepeso e a obesidade, as ações de Educação Alimentar e Nutricional (EAN) tornam-se fundamentais para a promoção da saúde, mas, também para a Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) e a garantia do Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA) (BRASIL, 2020). A troca e a construção coletiva de saberes e práticas nas ações de EAN podem contribuir para o alcance de soluções inovadoras e mais contextualizadas para o problema, o que é especialmente importante quando se considera a complexidade inerente à obesidade e de seus determinantes (UFSC, 2019; BRASIL, 2014; 2012). Entretanto, para a concretização das ações de EAN voltadas para o manejo da obesidade é fundamental a organização da atenção à saúde mediante a atuação de equipes multiprofissionais por permitir agregar múltiplas competências e habilidades, e ampliar a abrangência das temáticas abordadas e possibilidades de intervenção, de forma a aprimorar a qualidade da atenção prestada. Nesse sentido, a Atenção Primária à Saúde (APS) é estratégica devido ao seu papel na coordenação e longitudinalidade do cuidado, e sua proximidade e conhecimento das necessidades de saúde das pessoas e comunidades (BRASIL, 2017). Considerando esses aspectos, o Ministério da Saúde tem investido na proposição de materiais de orientação e de apoio voltados para o manejo da obesidade baseados em evidências e que possam contribuir para a qualificação dos profissionais de saúde. Entre esses materiais destacam-se o “Instrutivo de Abordagem Coletiva para Manejo da Obesidade no SUS” (BRASIL, 2021a), elaborado pelo Grupo de Pesquisa de Intervenções em Nutrição da Universidade Federal de Minas Gerais (GIN/UFMG) em parceria com a Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição do Departamento de Promoção da Saúde da Secretaria de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde (CGAN/DEPROS/SAPS/MS). No Instrutivo, são propostas diferentes modalidades de grupos terapêuticos baseadas na “Estratégia para o Cuidado da Pessoa com Obesidade no SUS”, fluxo proposto para nortear a trajetória do usuário com obesidade na Rede de Atenção à Saúde (RAS), de forma a apoiar municípios e estados na construção das Linha de Cuidado para pessoas com sobrepeso e obesidade (BRASIL, 2021a). No entanto, nenhum desses grupos terapêuticos tiveram a sua efetividade testada. Esta experiência surge então da necessidade de se avaliar a efetividade dos grupos terapêuticos propostos no Instrutivo em um cenário real de prática. Para isso, optou-se pelo Programa Academia da Saúde (PAS) por ser um serviço da APS voltado para a promoção e o cuidado da saúde da população mediante a oferta de práticas educativas e de promoção de ambientes saudáveis (BRASIL, 2013; LOPES et al., 2016). Ademais, a vinculação prévia dos usuários no PAS favorece a adesão às intervenções em saúde, possibilitando atingir maior contingente de pessoas e de forma mais exitosa (MENDONÇA et al., 2019). Realizar esta experiência em um cenário de prática do SUS é extremamente relevante para verificar a aplicabilidade e a factibilidade dos grupos terapêuticos, e para sua expansão em todo o território nacional. BRASIL. Caderno teórico. Educação Alimentar e Nutricional: o direito humano a alimentação adequada e o fortalecimento de vínculos familiares nos serviços socioassistenciais. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Brasília, p.38. 2014. BRASIL. Instrutivo de Abordagem Coletiva para manejo da obesidade no SUS. Brasília, p.150. 2021a. BRASIL. Marco de referência de educação alimentar e nutricional para as políticas públicas. Brasília: MDS; Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional 2012. BRASIL. Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 2017: Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília: Ministério da Saúde 2017. BRASIL. Portaria nº 2.681, de 7 de novembro de 2013: Redefine o Programa Academia da Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília: Ministério da Saúde 2013. BRASIL. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Sobrepeso e Obesidade em adultos. Ministério da Saúde. Brasília, p.387. 2020. LOPES, A. C. S. et al. Health Promotion Strategy: Academia da Cidade Program of Belo Horizonte. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, v. 21, n. 4, 2016. MENDONÇA, R. D. et al. Barriers to and facilitators for adherence to nutritional intervention: Consumption of fruits and vegetables. Nutrition, v. 67-68, p. 110568, 2019 Nov – Dec 2019. SWINBURN, B. A. et al. The Global Syndemic of Obesity, Undernutrition, and Climate Change: The Lancet Commission report. Lancet, v. 393, n. 10173, p. 791-846, 2019.
3.2 Foi realizado algum diagnóstico da situação (observação da realidade, levantamento de demandas junto ao público etc) antes de iniciar a experiência

Sim

descreva rapidamente
A demanda por ações coletivas sistematizadas para o manejo da obesidade foi apresentada ao Grupo de Pesquisa de Intervenções em Nutrição (GIN/UFMG) pela Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte diante dos desafios vivenciados pelos profissionais da Rede SUS do município em seu cotidiano de trabalho, sendo, posteriormente, apoiada pela CGAN/DEPROS/SAPS/MS. Paralelamente, a equipe do GIN/UFMG vinha desenvolvendo uma série de estudos de intervenção nutricional no âmbito do Programa Academia da Saúde (PAS) e das Unidades Básicas de Saúde (UBS), sendo possível identificar nesses espaços, elevadas prevalências de doenças crônicas não transmissíveis, sobretudo a obesidade, associadas às demandas da população por ações que visassem a promoção da alimentação adequada e saudável, e a redução do peso corporal. Diante desse cenário, a equipe do GIN/UFMG decidiu por elaborar um material instrucional que pudesse apoiar o manejo coletivo da obesidade na Rede SUS de todo o país. Para isso, realizou uma série de estudos prévios para identificar as melhores abordagens coletivas pautadas em evidências, tendo como referências o Guia Alimentar para a População Brasileira e o Marco de Referência em Educação Alimentar e Nutricional para Políticas Públicas. Esses estudos se basearam em quatro etapas diagnósticas. A primeira delas constou de levantamento na literatura de teorias e ferramentas do SUS que poderiam ser aplicáveis ao manejo da obesidade, que culminou na publicação do “Material Teórico para Suporte ao Manejo da Obesidade no Sistema Único de Saúde” (BRASIL, 2021b). A segunda etapa contemplou a realização de uma revisão sistemática da literatura com o objetivo de sintetizar os efeitos, as potencialidades e limitações de intervenções nutricionais voltadas para o manejo da obesidade em serviços da Atenção Primária à Saúde (APS) e da Atenção Especializada (AE) (MENEZES et al., 2020). Paralelamente, analisou-se a estrutura e o processo de trabalho na APS para o manejo da obesidade a partir da análise dos dados do 2º ciclo do Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB) (LOPES et al, 2021). Adicionalmente, realizou-se pesquisa online com profissionais da APS e da AE de todo o país, com o objetivo de identificar os principais desafios vivenciados no cotidiano de trabalho para o manejo da obesidade (LOPES et al, 2020). Após a identificação das fragilidades do cuidado da pessoa com obesidade no SUS e as possibilidades de intervenção respaldadas por teorias e evidências científicas e com aplicabilidade ao SUS, delineou-se o “Instrutivo de Abordagem Coletiva para Manejo da Obesidade no SUS” (BRASIL, 2021a), e seu Caderno de Atividades Educativas (BRASIL, 2021c). O Instrutivo inclui a proposição de diferentes tipos de abordagens coletivas para o manejo da obesidade segundo a prontidão de mudança para a redução do peso corporal e a gravidade da condição, as quais foram validadas por experts de todo o país que atuavam na temática da obesidade, seja, na área de gestão, ensino ou nos serviços de saúde. Espera-se que, a avaliação da efetividade dos grupos terapêuticos propostos nesta experiência de EAN contribua para avaliar, sob a ótica dos usuários, as modalidades de grupos propostos e atividades educativas desenvolvidas. BRASIL. Instrutivo de Abordagem Coletiva para manejo da obesidade no SUS. Brasília, p.150. 2021a. BRASIL. Instrutivo para manejo da obesidade no Sistema Único de Saúde: caderno de atividades educativas. Brasília: Ministério da Saúde. Universidade Federal de Minas Gerais: 176 p. 2021c. BRASIL. Material teórico para suporte ao manejo da obesidade no Sistema Único de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde. Universidade Federal de Minas Gerais: 152 p. 2021b. LOPES, M. S. et al. Is the management of obesity in primary health care appropriate in Brazil? Cad Saude Publica, v. 37, n. suppl 1, p. e00051620, 2021. LOPES, M. S. et al. Challenges for obesity management in a unified health system: the view of health professionals. Family Practice, v. 38, n. 1, p. 4-10, 2021 MENEZES, M. C. et al. A systematic review of effects, potentialities, and limitations of nutritional interventions aimed at managing obesity in primary and secondary health care. Nutrition, v. 75-76, p. 110784, 2020.
3.3 Como foram definidos as prioridades e objetivos da experiência
A prioridade e os objetivos desta experiência foram definidos a partir das prevalências crescentes de obesidade no país e no município de Belo Horizonte-MG que demandam urgentemente ações de saúde mais efetivas, incluindo de Educação Alimentar e Nutricional (EAN), bem como da qualificação dos profissionais de saúde para o seu desenvolvimento. Dados preexistentes sobre o estado nutricional dos usuários do PAS, obtidos pelo GIN/UFMG, indicaram prevalências de obesidade mais elevadas nesses serviços de saúde, quando comparadas à população em geral. Por exemplo, cerca de 10% dos seus usuários apresentavam obesidade grave, ou seja, atendiam aos critérios para a realização de cirurgia bariátrica (FREITAS et al., 2020). Todo esse cenário contribuiu para identificar a necessidade de se trabalhar com abordagens coletivas diferenciadas para o manejo da obesidade que considerassem a gravidade da condição. Ademais, optou-se por avançar no arcabouço teórico e contemplar a prontidão de mudança do peso corporal, visando alcançar de forma mais efetiva e empática os usuários. Dessa forma, a partir da “Estratégia para o Cuidado da Pessoa com Obesidade no SUS”, contida no “Instrutivo de Abordagem Coletiva para Manejo da Obesidade no SUS” (BRASIL, 2021a), decidiu-se por desenvolver e avaliar a efetividade de dois grupos voltados para indivíduos com e sem indicação de tratamento cirúrgico denominados Grupo Terapêutico 1 e Grupo Terapêutico 2. BRASIL. Instrutivo de Abordagem Coletiva para manejo da obesidade no SUS. Brasília, p.150. 2021a. FREITAS, P. P. et al. The transtheoretical model is an effective weight management intervention: a randomized controlled trial. BMC Public Health, v. 20, n. 1, p. 652, 2020.
3.4 Os sujeitos da ação participaram das etapas de planejamento da experiência?

Não

sim, em quais etapas e como participaram ?
Os sujeitos não participaram das etapas de planejamento da experiência.
3.5 Foram desenvolvidas metodologias ativas como estratégias pedagógicas para a EAN

Sim

Se sim, indique a(s) metodologia(s) com uma breve descrição
Para o desenvolvimento desta experiência, as ações de EAN foram delineadas a partir das seguintes teorias: Modelo Transteórico, Abordagem Crítico-Reflexiva e Terapia Cognitivo-Comportamental, tendo como referências básicas, o Guia Alimentar para a População Brasileira e o Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional para as Políticas Públicas. A escolha por essas teorias se deu por suas evidências científicas quanto ao manejo da obesidade e por sua capacidade de promover a problematização, o empoderamento e a autonomia dos sujeitos para o cuidado de sua saúde. Para a operacionalização das ações de EAN foram realizadas atividades presenciais e não presenciais. As estratégias educativas presenciais incluíram oficinas e ações no ambiente. A oficina é um método de trabalho estruturado em grupo, focalizado em torno de uma questão central, em determinado contexto social. Não se restringe a uma reflexão racional, e se propõe a envolver os sujeitos de maneira integral, suas formas de pensar, sentir e agir (AFONSO, 2010; BRASIL, 2016). A ação no ambiente, por sua vez, é um tipo de abordagem coletiva que propõe a modificação do ambiente físico mediante a inclusão de objetos estranhos à rotina, visando promover a curiosidade e a reflexão crítica, e instigar a problematização (BRASIL, 2016). Já as atividades não presenciais, incluíram mensagens motivacionais, veiculadas por cartões postais e aplicativos de mensagens e/ou ligações telefônicas, de acordo com a disponibilidade dos usuários, com o objetivo de reforçar as temáticas trabalhadas nos encontros presenciais, fortalecer a adesão e o vínculo ao grupo. As estratégias pedagógicas abordadas incluíram discussões pautadas no autocuidado apoiado e no Guia Alimentar abordando os seguintes temas: o cotidiano de vida e sua relação com a saúde; os conflitos, desejos, autoestima e possibilidade de mudanças de comportamentos; os sinais de fome e saciedade e as estratégias que alimentam o corpo e as emoções; a relação entre peso corporal e a saúde e a vida, e como o cotidiano atravessa o processo de redução do peso corporal; os mitos e verdades da alimentação para redução ou manutenção do peso corporal saudável; as fontes seguras de informação sobre alimentação e obesidade; o processamento de alimentos, escolhas alimentares e habilidades culinárias; a importância do planejamento para a mudança de comportamento e prevenção de recaídas; o tamanho das porções de alimentos e as estratégias para reduzir as quantidades; as soluções e estratégias para as barreiras vivenciadas no processo de redução de peso; e a importância e responsabilidade no autocuidado. Para o desenvolvimento dessas estratégias pedagógicas, realizou-se oficinas culinárias; distribuiu-se folhetos informativos relativos aos Dez Passos para uma Alimentação Adequada e Saudável (fontes confiáveis de informação, escolhas dos alimentos, habilidades culinárias) e cartões postais (temas: importância da presença, cuidado à saúde, ganhos e desafios do processo mudança de comportamentos, importância de mudar e comida de verdade); além de elaborados materiais educativos para o desenvolvimento das atividades educativas, tais como balança das escolhas, simulação do esvaziamento gástrico, “jogo do concordo, discordo e tenho dúvidas”, escada do grau de processamento dos alimentos, quebra cabeça, entre outros. AFONSO, M. L. M. Oficinas em dinâmica de grupo na área da saúde. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010. BRASIL. Instrutivo: metodologia de trabalho em grupos para ações de alimentação e nutrição na Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde: 166 p. 2016.
3.6 Foram utilizados recursos materiais nas atividades desenvolvidas

Sim

sim, quais recursos?
Foram utilizados documentos propostos no Instrutivo para preenchimento dos usuários (roteiros para discussão sobre o cotidiano e relação com a saúde, diário da fome e saciedade, e plano de ação), pranchetas, lápis, borracha, caneta, lápis de cor, tintas, pinceis, canetinhas, cola, barbante, fita crepe, folhas de papel kraft, folhas de papel A4, itens alimentícios para oficinas culinárias, produtos descartáveis (copos, pratos, talheres, toucas, guardanapos), receitas impressas (saladas, molhos para saladas e suco), folhetos informativos dos Dez Passos para uma Alimentação Adequada e Saudável (temas: fontes confiáveis de informação, escolhas dos alimentos, habilidades culinárias) e cartões postais (temas: importância da presença, cuidado à saúde, ganhos e desafios do processo mudança de comportamentos, importância de mudar e comida de verdade). Ademais, foram construídos materiais educativos para o desenvolvimento das atividades educativas, como balança das escolhas, simulação do esvaziamento gástrico, “jogo do concordo, discordo e tenho dúvidas”, escada do grau de processamento dos alimentos, quebra cabeça, entre outros. Na etapa que antecedeu a realização da experiência, também foram utilizados tablets, questionários impressos, entre outros recursos.
3.7 Sua experiência se configura no desenvolvimento de materiais educativos e desenvolvimento de tecnologias sociais a serem aplicados por outros profissionais?

sim

Descreva sobre o material/tecnologia social
A experiência desenvolveu e testou materiais educativos e tecnologias sociais, como os grupos terapêuticos, propostos no “Instrutivo de Abordagem Coletiva para Manejo da Obesidade no SUS” (BRASIL, 2021a) e no Caderno de Atividades Educativas (BRASIL, 2021c) que o acompanha, visando identificar a sua efetividade e aplicabilidade no SUS para posterior aplicação de outros profissionais. Nesses livros são apresentadas abordagens coletivas que utilizam materiais educativos e tecnologias sociais para manejo da obesidade baseadas no Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional para as Políticas Públicas, no Guia Alimentar para a População Brasileira, e em teorias de mudança de comportamento com evidência científica de efetividade no cuidado da pessoa com obesidade. A “Estratégia para o Cuidado da Pessoa com Obesidade no SUS”, proposta no Instrutivo, é uma tecnologia social que embasou teoricamente esta experiência e que foi delineada a partir do Modelo Transteórico, da abordagem crítico-reflexiva, e de elementos da Terapia Cognitivo-Comportamental. Ela propõe diferentes tipos de abordagens coletivas e individuais delineadas a partir da condição de saúde e evolução do usuário, utilizando estratégias de referência e contrarreferência, prática colaborativa interprofissional e sistemas de informação em saúde. Essa Estratégia, sobretudo após ser devidamente avaliada, será bastante útil para nortear o cuidado da pessoa com obesidade na Rede de Atenção à Saúde. Paralelamente, para a implementação dos grupos foram desenvolvidos materiais educativos, tais como cartões postais (temas: importância da presença, cuidado à saúde, ganhos e desafios do processo mudança de comportamentos, importância de mudar e comida de verdade), balança das escolhas, estrutura para simulação do esvaziamento gástrico, “jogo do concordo, discordo e tenho dúvidas”, escada do grau de processamento dos alimentos, entre outros. Ressalta-se que, esta experiência ao se propor desenvolver e testar os materiais educativos e avaliar tecnologias sociais, como os grupos terapêuticos, possui potencial para contribuir, sobremaneira, para a qualificação do cuidado ofertado no SUS, bem como para a produção de evidências científicas acerca das abordagens coletivas propostas pelo Ministério da Saúde. BRASIL. Instrutivo de Abordagem Coletiva para manejo da obesidade no SUS. Brasília, p.150. 2021a. BRASIL. Instrutivo para manejo da obesidade no Sistema Único de Saúde: caderno de atividades educativas. Brasília: Ministério da Saúde. Universidade Federal de Minas Gerais: 176 p. 2021c.
3.8 Como a experiência foi avaliada e quais os resultados obtidos
Até o momento, estão sendo conduzidos os Grupos Terapêuticos 1 e 2 (GT1 e GT2) em quatorze unidades do PAS de todas as nove regionais de saúde de Belo Horizonte-MG, incluindo um total de 287 usuários participantes. Em nove das unidades do PAS estão sendo desenvolvidos o GT1, ou seja, grupos voltados para usuários sem indicação de cirurgia bariátrica; e os GT2, voltados para usuários com indicação cirúrgica de tratamento da obesidade, estão sendo desenvolvidos em todas as quatorze unidades do PAS. No GT1, são previstas sete oficinas e quatro ações não presenciais, sendo que até o momento já foi desenvolvido um máximo de seis atividades presenciais (n=1) e três não presenciais (n=1) em uma mesma unidade do PAS. No GT2, são previstas nove oficinas e cinco ações não presenciais, sendo que até o momento já foi desenvolvido um máximo de oito atividades presenciais (n=2) e quatro não presenciais (n=9) em uma mesma unidade do PAS. Espera-se finalizar os primeiros grupos no final de outubro desse ano, quando procederemos a reavaliação dos usuários. Ressalta-se a elevada adesão aos encontros presenciais, variando de 30% a 87,5%, com uma mediana de 71,4%. Ao final desta experiência, espera-se realizar os grupos terapêuticos em 29 unidades do PAS, abarcando aproximadamente 600 participantes, distribuídos entre os GT1 e GT2. Posteriormente, ao finalizar o desenvolvimento dos grupos e reavaliar os usuários, será utilizado o Modelo Lógico para a avaliação da efetividade.
3.9 Relevância: Na avaliação das/os responsáveis, essa experiência contribuiu para algum nível de mudança/melhoria da realidade alimentar e nutricional das pessoas envolvidas; e/ou gerou experiência/conhecimento que pode contribuir para a prática de EAN em outros momentos e realidades
Acredita-se que esta experiência possui potencial para contribuir para a melhoria da alimentação e do estado nutricional dos participantes ao propor grupos terapêuticos voltados para o manejo da obesidade, pautados no Guia Alimentar para a População Brasileira e no Marco de Educação Alimentar e Nutricional para as Políticas Públicas, bem como em teorias e evidências científicas. Entre os resultados esperados para a participação nos grupos terapêuticos destacam-se: redução do peso corporal e da circunferência da cintura; aumento do consumo de alimentos in natura e minimamente processados e preparações culinárias; redução do consumo de alimentos ultraprocessados e de ingredientes culinários processados; evolução dos estágios de mudança, da autoeficácia e do equilíbrio de decisões para redução do peso corporal. Esta experiência também possui potencial para contribuir para a geração de conhecimentos para a prática de EAN em outras realidades, com possibilidade do desenvolvimento das ações em outros locais e serviços de saúde, sobretudo por ser pautada em materiais do Ministério da Saúde que visam apoiar o manejo da obesidade em todo o país. Os grupos terapêuticos também podem ser adaptados a outros ciclos de vida, visando expandir suas possibilidades de aplicação, ao considerar as elevadas prevalências de obesidade em diferentes faixas etárias. Ademais, esta experiência ao ser realizada no âmbito de um serviço de promoção da saúde do SUS, possui potencial para impactar grande contingente populacional e contribuir para a promoção e cuidado à saúde da população, bem como para o fortalecimento das políticas públicas e do PAS como programa de promoção e cuidado à saúde. Ressalta-se que, apesar da condução dos grupos terapêuticos ainda estar em curso, o Instrutivo e seu Caderno de Atividades Educativas já estão disponíveis e podem apoiar o manejo da obesidade no SUS. E a partir do compartilhamento dos resultados desta experiência com os profissionais e gestores dos serviços de saúde, espera-se que o município possa expandir suas ações para outros serviços de saúde e os profissionais atuarem como multiplicadores da abordagem para a sua incorporação na rotina dos serviços e no processo de trabalho dos profissionais e equipes. Nesse sentido, destaca-se que os gestores convidaram os pesquisadores do GIN/UFMG para apresentar o Instrutivo para todos os profissionais das equipes multiprofissionais do município visando a sua implementação na rede.

4. RELATO RESUMIDO DA EXPERIÊNCIA

Relato resumido da experiência
Esta experiência integra um Ensaio Comunitário Controlado Randomizado (ECCR) realizado com usuários do Programa Academia da Saúde (PAS) de Belo Horizonte-MG. As unidades do PAS investigadas foram obtidas por amostragem por conglomerado simples, estratificada pelas nove regionais de saúde do município. Dentro de cada regional, as unidades foram sorteadas e alocadas aleatoriamente em grupo intervenção (GI) e grupo controle (GC). Nas unidades pertencentes ao GC foram mantidas as atividades rotineiras do serviço de saúde (prática de exercícios físicos três vezes por semana, com uma hora de duração), e nas do GI, adicionalmente, desenvolvidos os Grupos Terapêuticos 1 e 2 (GT1 e GT2), conforme proposto no “Instrutivo de Abordagem Coletiva para Manejo da Obesidade no SUS” (BRASIL, 2021a). Todos os usuários das unidades do PAS amostradas foram convidados para uma Triagem para seleção dos elegíveis, após serem esclarecidos sobre a pesquisa e terem assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). O instrumento da Triagem foi adaptado da “Estratificação de grupos para manejo da obesidade” proposta no Instrutivo, e incluiu características sociodemográficas (sexo, idade, estado civil, escolaridade, renda e ocupação); antropometria (peso, altura e circunferência de cintura); critérios para indicação de realização de cirurgia bariátrica (presença de comorbidades); reganho de peso após cirurgia bariátrica; desejo e tempo para participar de grupos de tratamento da obesidade no PAS; estágio de mudança, autoeficácia e equilíbrio de decisão para redução do peso segundo o Modelo Transteórico. Foram considerados elegíveis os usuários com Índice de Massa Corporal (IMC) ≥ 30 kg/m2; que tinham desejo e disponibilidade para participar de grupos com duração de seis meses ou mais; e que estavam nos estágios de mudança de “preparação com autoeficácia elevada” ou “ação” ou “manutenção” para redução de peso. Para avaliação da Linha de Base, utilizou-se questionário incluindo questões sobre percepção de saúde, prática de atividade física, letramento em saúde, histórico do peso corporal, satisfação com o peso atual, automonitoramento do peso, tentativas de redução de peso, orientação para redução do peso, motivos das escolhas alimentares, habilidades culinárias, comportamento e consumo alimentar. A experiência aqui apresentada corresponde às intervenções nutricionais coletivas desenvolvidas pela equipe do GIN/UFMG baseada no “Instrutivo de Abordagem Coletiva para Manejo da Obesidade no SUS” (BRASIL, 2021a), incluindo grupos terapêuticos para usuários elegíveis sem indicação de tratamento cirúrgico (GT1) e para usuários com a indicação (GT2), sendo que a indicação de tratamento cirúrgico consistiu no usuário ter diabetes ou pelo menos duas doenças crônicas além da obesidade. As intervenções nutricionais coletivas constaram de grupos terapêuticos fechados visando a maior interação dos envolvidos, o fortalecimento do vínculo entre profissionais e usuários, além de reforçar a confiança mútua e o compartilhamento de experiências dos participantes, como indicado para o cuidado de pessoas com obesidade. Cada grupo foi composto por até 20 participantes para garantir a participação ativa de todos, sendo que em algumas unidades do PAS foi necessário realizar mais de um grupo visando atender da melhor forma possível todos os usuários elegíveis. Os grupos são conduzidos por equipes treinadas que inclui um facilitador, um auxiliar e um apoiador, abarcando profissionais e estudantes de Nutrição e fisioterapeuta, sob a supervisão de psicólogo. As atividades propostas nos grupos terapêuticos foram baseadas no Modelo Transteórico, na abordagem crítico-reflexiva e na Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC). Os GT1 e GT2 possuem duração de seis meses, com frequência regressiva entre as atividades presenciais (oficinas e ações no ambiente). Entre os encontros são realizadas atividades não presenciais (mensagens via aplicativo ou ligação telefônica, e cartões postais), sendo os participantes motivados a manter a prática regular de exercício físico no PAS. O GT1 constou de sete encontros presenciais e quatro não presenciais; e o GT2, de nove encontros presenciais e cinco não presenciais. Ambas as modalidades de grupos iniciam com encontros quinzenais, com intervalos aumentados progressivamente ao longo dos seis meses das intervenções, incluindo encontros mensais ou a cada 45 dias. As atividades presenciais incluíram discussões sobre o cotidiano e sua relação com a saúde; os conflitos, desejos, autoestima e possibilidade de mudança; os sinais de fome e saciedade e as estratégias que alimentam o corpo e as emoções; a relação entre peso corporal e saúde e os aspectos da vida, e como o cotidiano atravessa o processo de reduzir peso; os mitos e verdades da alimentação para redução ou manutenção do peso corporal saudável; as fontes seguras de informação sobre alimentação e obesidade; o processamento de alimentos, escolhas alimentares e habilidades culinárias; a importância do planejamento para a mudança de comportamento e prevenção de recaídas; o tamanho das porções de alimentos e as estratégias para reduzir as quantidades; as soluções e estratégias para as barreiras vivenciadas no processo de redução de peso; e a importância e responsabilidade no autocuidado. Já as atividades não presenciais incluíram os seguintes temas: importância da presença; cuidado à saúde; ganhos e desafios do processo mudança de comportamentos; importância de mudar; planejamento da mudança; e comida de verdade. Após a intervenção nutricional coletiva, os participantes serão reavaliados por instrumento semelhante àqueles utilizados na Triagem e na Linha de Base, adicionado da avaliação da participação em outras intervenções e naquela que é objeto desta experiência para os indivíduos do GI. Posteriormente, ao finalizar a reavaliação dos usuários, será utilizado o Modelo Lógico para a avaliação da efetividade dos grupos terapêuticos. O Modelo Lógico apresenta todo o percurso do projeto, desde os insumos necessários para a sua execução até os resultados esperados, fornecendo uma base objetiva da relação causal entre seus elementos (MEDINA et al., 2005). BRASIL. Instrutivo de Abordagem Coletiva para manejo da obesidade no SUS. Brasília, p.150. 2021a. MEDINA, M. G. E. A. Uso de modelos teóricos na avaliação em saúde: aspectos conceituais e operacionais. In: HARTZ, Z. M. A. e VIEIRA-DA-SILVA, L. M. (Ed.). Avaliação em saúde, dos modelos teóricos à prática na avaliação de programas e sistemas de saúde. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2005. p.41-64.

5. DOCUMENTOS

5.1 Campo para inserção de arquivo de imagens que documentaram a experiência

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Alguns exemplos de experiências de Educação Alimentar e Nutricional que configuram conflito de interesses:

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