Horta do CREN: cultivo de saberes e sabores

1.2 Autores(as) da experiência

Nome Cargo/Função Município
Maria Paula de Albquerque gerente clinica São Paulo
Adolfo Mendoça nutricionista São Paulo

1.3 Organização(ções)/Instituição(ções) promotora(s) da experiência

Organização/Instituição
CREN- Centro de Recuperação e Educação Nutricional

1.4 Cidade(s) e Estado (s)

Estado Cidade
São Paulo São Paulo

1.5 Região do país

Sudeste

1.6 Identificação do(a) autor(a) responsável

Nome Cargo/Função Município
Adolfo Mendonça nutricionista São Paulo

1.7 Eixo temático da experiência

Eixo 1 - EAN no campo da Saúde

1.8 Público participante da experiência

Crianças - 0 a 2 anosCrianças - 2 a 5 anosCrianças - 5 a 10 anosAdolescentesAdultosFamíliasOutros
profissionais da saude e educação

1.9 Onde esta experiência foi desenvolvida

OUTROS
Organização da Sociedade Civil, Qual ?
CREN - Centro de Recuperação e Educação Nutricional
1.10 Na avaliação do grupo responsável esta experiência atendeu e/ou promoveu os seguintes princípios
todas as pessoas têm o direito de ter acesso à alimentação adequada saudável
integralidade
intersetorialidade
apoio ao desenvolvimento sustentável

Por favor justifique/comente sua resposta

O projeto da horta no CREN traz o conceito de alimento saudável, justo e limpo para as pessoas que moram na periferia urbana da cidade, dentro de um equipamento de saude e traz o olhar ampliado da saude preconizado pelo SUS. A intersetorialidade esta presente na fusão de dois equipamentos, de saude ( ambulatório) e educação (CEI), bem como a equipe que conta com varios profissionais de diferentes areas de saberes em único espaço fisico, e utiliza de práticas sustentáveis de destinação de resíduos orgânicos como a composteira para a produção de terra fertil para a horta

2. OBJETIVOS E PRINCÍPIOS RELACIONADOS À EXPERIÊNCIA

2.1 Objetivo(s): Qual é/foi a finalidade das atividades desenvolvidas

A implementação de uma horta de folhosas, temperos e Plantas alimentícias não convencionais (PANC) no CREN teve como objetivo oferecer espaço educativo e de cuidado ampliado da saúde nutricional para os pacientes do centro, tanto os em tratamento ambulatorial como os pacientes do CEI, e seus familiares. Objetivos específicos: Oportunizar a reflexão sobre consumo consciente, com redução de desperdícios e melhor aproveitamento dos alimentos; Oferecer espaço informativo e formativo sobre horticultura; Favorecer o consumo de alimentos in natura; Estimular maior diversidade alimentar; Oportunizar resgate de cultura alimentar; Oportunizar apropriação do equipamento de saúde pelos usuários;

2.2 Os objetivos e as atividades desenvolvidas adotaram de maneira explícita algum ou alguns dos princípios do Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional para Políticas Públicas

I - Sustentabilidade social, ambiental e econômica
II- Abordagem do sistema alimentar, na sua integralidade
III- Valorização da cultura alimentar local e respeito à diversidade de opiniões e perspectivas, considerando a legitimidade dos saberes de diferentes naturezas
IV- A comida e o alimento como referências; Valorização da culinária enquanto prática emancipatória
VI- A Educação enquanto processo permanente e gerador de autonomia e participação ativa e informada dos sujeitos
VIII- Intersetorialidade
2.3 Quais temas/diretrizes dos Guias Alimentares para População Brasileira e/ou para Crianças brasileiras menores de 2 anos são/foram abordados na experiência?
Alimentos in natura ou minimamente processados como base da alimentação da família; Alimentação adequada e saudável deriva de sistema alimentar socialmente e ambientalmente sustentável e deve levar em conta o impacto das formas de produção e distribuição dos alimentos sobre a justiça social e a integridade no ambiente; “Plantar e colher em companhia”, em um passo anterior do “comer em companhia”, o projeto oferece o contato com a terra e o alimento vivo para as crianças, adolescentes e seus familiares.
2.4 Vocês consideram que esta experiência pode contribuir de maneira direta ou indireta a um ou mais dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ?
ODS1 - Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares
ODS 2 - Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável
ODS 3 - Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades
ODS 11 - Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis
ODS 12 - Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis

3. ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DA EXPERIÊNCIA

3.1 Como foi identificada a necessidade de realização desta experiência
O CREN há 30 anos oferece assistência a crianças e adolescentes com má nutrição em situação de vulnerabilidade socio economica. Habitualmente crianças com desnutrição e obesidade apresentam baixo consumo de folhosas. Em 2020, em função da pandemia, muitas famílias do CREN se beneficiaram com a entrega de sacolas verdes de folhosas e PANCs orgânicas adquiridas da agricultura familiar urbana durante os atendimentos domiciliares. A presença concreta do alimento nesses atendimentos domiciliares possibilitou maior abertura para a experimentação de novos alimentos e trocas de experiências.Nesse mesmo período, uma parte dessas famílias relatou familiaridade com os alimentos apresentados nas sacolas verdes e compartilhou receitas das suas cidades de origem, bem como experiências carregadas de significado e afeição com o plantio e a terra. No periodo pos pandemia e com a retomada dos atendimentos presenciais, entendeu-se que a presença da horta potencializaria as práticas iniciadas durante a pandemia
3.2 Foi realizado algum diagnóstico da situação (observação da realidade, levantamento de demandas junto ao público etc) antes de iniciar a experiência

Sim

descreva rapidamente
Em uma subamostra de famílias atendidas pelo CREN, 73% das famílias entrevistadas que receberam as sacolas verdes, apesar do desconhecimento, relataram experimentar PANCs e folhosas oferecidas. Observou-se também um desejo de boa parte das famílias de fazer seu próprio cultivo de temperos em vasos e canteiros. Somado a isso, em uma oficina de sala de espera nas duas unidades do CREN, em 2019, foi realizado plantio de temperos com as crianças e jovens que aguardavam as suas consultas e grupos e troca de receitas com a mães e responsáveis. Observou-se que essas famílias chegavam mais sensibilizadas e abertas para os atendimentos após a experiência dessa sala de espera.
3.3 Como foram definidos as prioridades e objetivos da experiência
Na fase de implementação da horta, minhocário e composteira, a prioridade foi envolver o maior número de pacientes e seus familiares no plantio e cuidado. Foi uma fase de sensibilização para temas como alimentos in natura e orgânicos, PANCs e sustentabilidade. Na fase de colheita e cuidados com a manutenção da horta foram trabalhados temas como diversidade alimentar e resgate de cultura alimentar. Para os menores de cinco anos foram priorizados momentos de experimentação com oficinas de textura e sabores diretamente na horta, favorecendo o desenvolvimento global dessas crianças. O alimento pode ser colhido após uma consulta ou atendimento grupal, de forma que ele seja preparado no domicilio do paciente ou ser preparado logo após a colheita, na cozinha experimental do CREN, onde as crianças e seus familiares prepararam receitas com a facilitação das nutricionistas do CREN.
3.4 Os sujeitos da ação participaram das etapas de planejamento da experiência?

Sim

sim, em quais etapas e como participaram ?
As famílias trouxeram receitas que contavam com os alimentos produzidos na horta e prepararam na cozinha experimental tanto nos atendimentos grupais como nos individuais. Algumas famílias trouxeram sementes de alimentos e temperos que fazem parte do seu repertório e cultura alimentar para contribuir com a horta. Outras famílias participaram do plantio com mudas que trouxeram de outros lugares e foram incorporadas à horta. Foi o caso da família S., que vendo a ora-pro-nóbis na horta, trouxe uma um muda de feijão de corda para o meio das folhosas, recordando as receitas de sua família em Minas Gerais. Essas contribuições são acolhidas pelo engenheiro agrônomo e incorporadas na horta em uma soma de sabores e saberes. Outro momento onde as famílias participam é na organização das oficinas do Eca ou Eba – oficina de habilidades culinárias- onde as receitas são pensadas em cima do que a horta está produzindo naquele momento. Nesse contexto, as famílias entendem o ciclo do alimento e formas de preparo que leve em consideram o seu aproveitamento integral como o caso da beterraba e da cenoura.Apesar de não ser um beneficiado direto da horta cabe ressaltar que a formação dos profissionais foi um resultado muito interessante do projeto. Nesse sentido as cozinheiras do CEI também participaram das adequações de cardápio escolar realizando junto com a nutricionista substituições de acordo com a produção da horta e respeitando o grupo alimentar. As professoras do CEI desenvolveram atividades se utilizando da horta com ferramenta pedagógica
3.5 Foram desenvolvidas metodologias ativas como estratégias pedagógicas para a EAN

Não

Se sim, indique a(s) metodologia(s) com uma breve descrição
3.6 Foram utilizados recursos materiais nas atividades desenvolvidas

Sim

sim, quais recursos?
Os materiais utilizados na fase implementação da horta foram a terra e sementes além do recurso humano de um engenheiro agrônomo, financiado por parceiros da instituição. Para a implementação da composteira foram os resíduos orgânicos produzidos pela cozinha do CEI CREN. E para as oficinas na cozinha experimental, os alimentos produzidos na horta.
3.7 Sua experiência se configura no desenvolvimento de materiais educativos e desenvolvimento de tecnologias sociais a serem aplicados por outros profissionais?

não se aplica

Descreva sobre o material/tecnologia social
não se aplica
3.8 Como a experiência foi avaliada e quais os resultados obtidos
O projeto está sendo monitorado de forma quantitativa, com o número de crianças, adolescentes e familiares que participam das ações que envolvem a horta bem como de forma qualitativa com o registro dos relatos e nas falas dos profissionais do CREN nas reuniões de equipe. Alguns relatos mais frequentes marcam a avaliação qualitativa: As famílias após atendimentos, sejam grupais ou individuais, passam pela horta e fazem a sua colheita. Nesse momento, não raro dizem: “vou pegar para a minha vizinha” ou “vou dar um pouco para minha irmã”, existe uma educação para a coletividade e fortalecimento das redes de solidariedade. Na colheita se houve “vou experimentar essa receita em casa” ou “na minha terra a gente faz esse mato com feijão de corda”, e ali naquele momento, o profissional da saúde também aprende com a família e fortalece o vínculo. Já os pequenos pacientes do CEI CREN que frequentam diariamente o Centro quando se deparam com a flor da capuchinha, colhem e vão enfeitar a salada que será servida no almoço. E num coro só ensinam a professora: “a flor é para comer! ” O projeto está em seu segundo mês e nesse período: 163 crianças participaram de oficinas diretamente na horta 62 crianças e familiares que participaram de oficinas na cozinha experimental com a colheita da horta 37 famílias passaram pela horta após as consultas e fizeram suas colheitas 28 pais e seus filhos participaram da implementação da horta realizando o plantio 46 profissionais de saúde e educação foram capacitados.
3.9 Relevância: Na avaliação das/os responsáveis, essa experiência contribuiu para algum nível de mudança/melhoria da realidade alimentar e nutricional das pessoas envolvidas; e/ou gerou experiência/conhecimento que pode contribuir para a prática de EAN em outros momentos e realidades
Posto que a má nutrição é doença multifatorial, a presença da horta e as atividades que se realizam por meio dela, apresentam um efeito complementar a outras ações ofertada pelo CREN. Nas famílias que aderiram a colheita na horta observa-se melhora na diversidade alimentar. A proposta do projeto de incorporar uma horta em um equipamento público de saúde em um bairro periférico e urbano de uma cidade como São Paulo traz concretude para os seus usuários para práticas de autocuidado nutricional apoiado. Como resultado não planejado cabe ressaltar a potência da horta como espaço de educação permanente para os profissionais de saúde e educação do equipamento. A apropriação de saberes sobre a terra, o plantio, as PANCs, ervas e temperos não deve ser dada por obvia, mesmo para profissionais de nutrição. A horta se apresentou com recurso educativo também para cuidar de quem cuida.

4. RELATO RESUMIDO DA EXPERIÊNCIA

Relato resumido da experiência
O CREN em sua metodologia parte dos recursos que a pessoa, a família e o território têm para o enfretamento das situações adversas, neste caso a má nutrição infanto-juvenil. Em uma lógica onde as periferias são espaços onde habitualmente se destacam pela falta e não pelos recursos, a horta vem na direção oposta. A horta do CREN é um espaço educativo dentro de um equipamento de saúde em um território periférico e urbano na cidade de São Paulo. Em um espaço que antes era o estacionamento do Centro, a horta foi implementada em 22 de julho de 2022 como mais um recurso educativo no CREN. Os carros deram espaço para os canteiros de folhosas, PANCs e temperos. A horta é espaço educativo para as crianças, adolescentes e suas famílias nas questões ambientais, quando oferece a oportunidade de repensar sobre o destino dos resíduos com o uso composteira e do minhocário. É espaço de educação alimentar e nutricional, ao trazer o ciclo de vida do alimento, a biodiversidade e resgate da cultura e afeto alimentar dessas famílias. É espaço educativo na colheita dos alimentos. As famílias após atendimentos, sejam grupais ou individuais, passam pela horta e fazem a sua colheita. Nesse momento, não raro dizem: “vou pegar para a minha vizinha” ou “vou dar um pouco para minha irmã”, existe uma educação para a coletividade e fortalecimento das redes de solidariedade. Na colheita se houve “vou experimentar essa receita em casa” ou “na minha terra a gente faz esse mato com feijão de corda”, e ali naquele momento, o profissional da saúde também aprende e fica mais uma semente para novos saberes e sabores na horta. Cabe ressaltar que não deve ser dado por obvio o conhecimento das nutricionistas sobre as PANCs e horticultura. A horta é um espaço de educação permanente para os profissionais da saúde e educação que trabalham no CREN, tanto nos ambulatórios como no Centro de Educação Infantil, equipamento de educação exclusivo para crianças com desnutrição ou obesidade que residem na comunidade de união vila nova e entorno, extremo da zona leste da cidade de São Paulo. A horta é espaço educativo para os pequenos pacientes do CEI CREN que frequentam diariamente o Centro. Quando se deparam com a flor da capuchinha, colhem e vão enfeitar a salada que será servida no almoço. E num coro só ensinam a professora: “a flor é para comer! ”. Então dá-se de comer beleza. Para além dos dados qualitativos, o projeto está em seu segundo mês e já colhe alguns números: 163 crianças participaram de oficinas diretamente na horta 62 crianças e familiares que participaram de oficinas na cozinha experimental com a colheita da horta 37 famílias passaram pela horta após as consultas e fizeram suas colheitas Foram 28 pais que participaram do plantio 46 profissionais de saúde e educação foram capacitados.

5. DOCUMENTOS

5.1 Campo para inserção de arquivo de imagens que documentaram a experiência
Campo para inserção de arquivo de documentos produzidos relacionados à experiência

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e/ou cujas

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Alguns exemplos de experiências de Educação Alimentar e Nutricional que configuram conflito de interesses:

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