Educação Alimentar e Nutricional no Centro de Referência em Assistência Social: reflexões sobre o Direito Humano à Alimentação Adequada a partir da culinária

1.2 Autores(as) da experiência

Nome Cargo/Função Município
Cristiane Perondi NUTRICIONISTA Maravilha
ROSELI DE OLIVEIRA ALTHAUS ASSISTENTE SOCIAL Maravilha
KARINA VENDRAME ASSISTENTE SOCIAL - COORDENADORA DO CRAS Maravilha

1.3 Organização(ções)/Instituição(ções) promotora(s) da experiência

Organização/Instituição
CENTRO DE REFERÊNCIA EM ASSISTÊNCIA SOCIAL
NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA E ATENÇÃO BÁSICA

1.4 Cidade(s) e Estado (s)

Estado Cidade
MARAVILHA SANTA CATARINA

1.5 Região do país

Sul

1.6 Identificação do(a) autor(a) responsável

Nome Cargo/Função Município
Cristiane Perondi NUTRICIONISTA MARAVILHA

1.7 Eixo temático da experiência

Eixo 3 - EAN no campo da Assistência Social

1.8 Público participante da experiência

IdososMulheresPúblico atendido por Programas SociaisPessoas NegrasComunidades/famílias em vulnerabilidade social

1.9 Onde esta experiência foi desenvolvida

ASSISTÊNCIA SOCIAL
Centro de Referência de Assistência Social (CRAS)
1.10 Na avaliação do grupo responsável esta experiência atendeu e/ou promoveu os seguintes princípios
todas as pessoas têm o direito de estarem livres da fome
todas as pessoas têm o direito de ter acesso à alimentação adequada saudável
universalidade
integralidade
equidade
intersetorialidade
participação social

Por favor justifique/comente sua resposta

A atividade atendeu aos princípios selecionados pois é uma ação intersetorial, que visa contribuir para o desenvolvimento do pensamento crítico dos envolvidos em relação ao Direito Humano à Alimentação Adequada , entendo todos os atores como partes ativas do processo de EAN.

2. OBJETIVOS E PRINCÍPIOS RELACIONADOS À EXPERIÊNCIA

2.1 Objetivo(s): Qual é/foi a finalidade das atividades desenvolvidas

Tem-se por objetivo promover a Educação Alimentar e Nutricional por meio da prática de oficinas de culinária, a partir de alimentos e preparações regionais e acessíveis, com famílias atendidas pelo CRAS em um bairro socialmente vulnerável. A partir da culinária, são debatidos temas como o Direito Humano à Alimentação Adequada, o Guia Alimentar para População Brasileira, saúde em geral, entre outros. Outro objetivo importante dessa atividade é a formação de vínculo e de um espaço de convivência para as alunas que frequentam a oficina.

2.2 Os objetivos e as atividades desenvolvidas adotaram de maneira explícita algum ou alguns dos princípios do Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional para Políticas Públicas

I - Sustentabilidade social, ambiental e econômica
II- Abordagem do sistema alimentar, na sua integralidade
III- Valorização da cultura alimentar local e respeito à diversidade de opiniões e perspectivas, considerando a legitimidade dos saberes de diferentes naturezas
IV- A comida e o alimento como referências; Valorização da culinária enquanto prática emancipatória
V- A Promoção do autocuidado e da autonomia
VI- A Educação enquanto processo permanente e gerador de autonomia e participação ativa e informada dos sujeitos
VII- A diversidade nos cenários de prática
VIII- Intersetorialidade
IX- Planejamento, avaliação e monitoramento das ações
2.3 Quais temas/diretrizes dos Guias Alimentares para População Brasileira e/ou para Crianças brasileiras menores de 2 anos são/foram abordados na experiência?
As atividades são pautadas no Guia Alimentar em sua totalidade, levando em conta todas suas diretrizes. Podemos dar destaque para o desenvolvimento de habilidades culinárias, para a valorização da cultura alimentar e para a valorização de diferentes saberes na construção de conhecimentos sobre alimentação saudável.
2.4 Vocês consideram que esta experiência pode contribuir de maneira direta ou indireta a um ou mais dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ?
ODS 2 - Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável
ODS 3 - Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades
ODS 4- Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos
ODS 5 - Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas

3. ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DA EXPERIÊNCIA

3.1 Como foi identificada a necessidade de realização desta experiência
A ideia de desenvolver grupos de culinária partiu da nutricionista responsável pelas oficinas desde 2017. Na época foi levada a proposta para a Assistência Social que achou que seria interessante desenvolver essa atividade em um bairro específico, onde existe um Centro de Atendimento Múltiplo Uso, no qual são oferecidas diversas oficinais para a população. Considerou-se que essa seria uma atividade importante para aquela população devido a necessidade de realizar atividades de promoção da alimentação adequada e saudável pelas equipe NASF e também o constante aumento do sobrepeso e obesidade na população brasileira, quadro que também é observado no local do estudo. Além disso, a equipe do local relatou dificuldade em que as pessoas aderissem a grupos sobre essa temática, por isso pensamos na culinária como estratégia de adesão.
3.2 Foi realizado algum diagnóstico da situação (observação da realidade, levantamento de demandas junto ao público etc) antes de iniciar a experiência

Sim

descreva rapidamente
A nutricionista já atendia na unidade de saúde daquele bairro e participava de outros grupos no local, de modo que já havia um reconhecimento inicial do território. Além disso, foi conversado com a equipe de agentes comunitários de saúde e com a equipe do CRAS responsável pelo bairro, que trouxeram mais informações sobre o território.
3.3 Como foram definidos as prioridades e objetivos da experiência
Inicialmente foi pensada na oficina como uma forma de desenvolver e compartilhar habilidades culinárias. Com o passar dos anos, foi observado que esse espaço poderia ser muito potente e novos objetivos surgiram, como o desenvolvimento de rodas de conversa sobre assuntos variados no espaço do grupo, bem como a questão do vínculo e rede de apoio entre os envolvidos.
3.4 Os sujeitos da ação participaram das etapas de planejamento da experiência?

Sim

sim, em quais etapas e como participaram ?
O grupo é vivo, de modo que estamos em constante planejamento, as participantes contribuem sugerindo receitas e também assuntos sobre os quais gostariam de conversar.
3.5 Foram desenvolvidas metodologias ativas como estratégias pedagógicas para a EAN

Sim

Se sim, indique a(s) metodologia(s) com uma breve descrição
As oficinas são pautadas em metodologias dialógicas seguindo a teoria freireana, sendo que este foi o tema de estudo da dissertação de mestrado da nutricionista responsável. Dessa forma, são realizadas rodas de conversas, atividades dinâmicas e lúdicas, como a própria culinária.
3.6 Foram utilizados recursos materiais nas atividades desenvolvidas

Sim

sim, quais recursos?
Ingredientes para as receitas, utensílios de cozinhas, materiais impressos.
3.7 Sua experiência se configura no desenvolvimento de materiais educativos e desenvolvimento de tecnologias sociais a serem aplicados por outros profissionais?

não se aplica

Descreva sobre o material/tecnologia social
não se aplica
3.8 Como a experiência foi avaliada e quais os resultados obtidos
A experiência é avaliada de forma subjetiva através do feedback dos participantes. Observamos que os objetivos propostos de desenvolver e partilhar habilidades culinárias, promover autonomia, disseminar informações sobre o guia alimentar, refletir sobre o DHAA e ser um espaço de formação de vínculos foram contemplados nas atividades realizadas. Enquanto desafios citamos o espaço e a falta de recursos para compra dos ingredientes, que muitas vezes são fornecidos pelas profissionais participantes.
3.9 Relevância: Na avaliação das/os responsáveis, essa experiência contribuiu para algum nível de mudança/melhoria da realidade alimentar e nutricional das pessoas envolvidas; e/ou gerou experiência/conhecimento que pode contribuir para a prática de EAN em outros momentos e realidades
Sim, inclusive as oficinas de culinária já foram (e ainda estão sendo) realizadas com diferentes públicos em diversos setores do município e com diferentes faixas etárias (ex: agentes de saúde, rede feminina de combate ao câncer, crianças oriundas do programa saúde na escola, e em breve iniciará um grupo com homens esquizofrênicos no CAPS). Acreditamos que seja uma forma bastante convidativa de atrair as pessoas para as atividades, uma vez que uma das maiores dificuldades em se desenvolver grupos de EAN (e educação em saúde em geral) é a baixa adesão. Em geral, todos os grupos de culinária realizados até o presente momento tiveram boa adesão e participação dos usuários.

4. RELATO RESUMIDO DA EXPERIÊNCIA

Relato resumido da experiência
A atividade aqui relatada é uma parceria entre o Núcleo de Ampliado em Saúde da Família e Atenção Básica (NASF – AB) e o Centro de Referência em Assistência Social (CRAS), e teve início no ano de 2017, tendo como objetivo promover a Educação Alimentar e Nutricional (EAN) a partir da culinária e pautada no Guia Alimentar para a População Brasileira. Inicialmente a nutricionista do NASF-AB inseriu-se no projeto Sabor e Saber, que é uma oficina ofertada aos adolescentes do Serviço de Convivência e Fortalecimentos de Vínculos (SCFV), e passou a frequentar essa atividade mensalmente. No ano de 2018 a atividade foi estendida para o Centro de Atendimento Múltiplo Uso (CAMU), uma extensão do CRAS situada em um bairro de alta vulnerabilidade social do município. A partir de então a oficina passou a ser realizada semanalmente, com turmas de crianças, adolescentes e mulheres da comunidade. A oficina foi interrompida durante a pandemia, e retomada na metade de 2021, sendo que atualmente a atividade vem sendo realizada semanalmente para uma turma de mulheres no CAMU. Além do desenvolvimento de habilidades culinárias, a oficina é um espaço para debater temas relacionados ao Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA). As atividades são desenvolvidas a partir de metodologias dialógicas, sendo que em todo encontro, além do desenvolvimento de receitas, são realizadas rodas de conversa entre os participantes, a nutricionista e os profissionais do CRAS. A atividade tem em torno de uma hora e meia de duração, iniciando com o preparo da receita, sendo que enquanto a receita é preparada as participantes conversam sobre assuntos cotidianos. Após o preparo da receita é realizada uma roda de conversa ou dinâmica sobre assuntos relacionados à alimentação, pautados no guia. Por fim, todos compartilham a receita preparada. Entende-se que a EAN é mais do que informar os indivíduos sobre quais alimentos comer e quais evitar. A EAN, especialmente nesses tempos que vivemos, precisa promover o pensamento crítico, para que os indivíduos, principalmente aqueles mais vulneráveis, compreendam que alimentação saudável não deve ser um privilégio, mas que é um direito. A EAN que se procura promover nas oficinas não é superficial, mas sim uma EAN que contribua para que os participantes percebam que a solução para alimentação saudável é sistêmica e multidimensional. Outro ponto importante que se destaca nessa experiência é o vínculo que se forma nessas atividades, sendo que a comunidade onde a oficina ocorre frequenta a atividade assiduamente há anos. Além disso, o diálogo estabelecido entre o NASF-AB e o CRAS é algo de grande valia nesse processo. Enquanto dificuldades, podemos citar a redução de recursos para desenvolvimentos das oficinas, devido ao desmonte do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), entre outros cortes orçamentários ocorridos nos últimos anos. Apesar das dificuldades a oficina de culinária tem resistido e sido uma experiência exitosa e muito querida por todos os envolvidos.

5. DOCUMENTOS

5.1 Campo para inserção de arquivo de imagens que documentaram a experiência
Campo para inserção de arquivo de documentos produzidos relacionados à experiência

APSREDES

Lote 19 – Avenida das Nações

SEN – Asa Norte, DF – 70312-970

Email: apsredes@gmail.com

logo-opas-cinza

Copyright © 2021 APS Redes. Todo os os direitos reservados.

É considerado conflito de interesses:

Associação, afiliação ou link com atores do setor comercial, entidades de setores das indústrias de armas, tabaco, álcool, indústrias, empresas e organizações relacionadas a quaisquer outras organizações e/ou alianças e iniciativas concebidas, fundadas, financiadas, lideradas, controladas ou organizadas por essas indústrias e empresas, cujos:

  • Produtos incluam organismos geneticamente modificados, agrotóxicos, fertilizantes sintéticos, bebidas e produtos comestíveis com altas concentrações de açúcar, gorduras, sal, energia, outros produtos ultraprocessados ou quaisquer outros produtos que necessitem ter sua demanda, oferta ou disponibilidade reduzida para melhorar a alimentação e a saúde da população;

e/ou cujas

  • Práticas incluam: 1) Publicidade, promoção e outras estratégias mercadológicas que visem aumentar a demanda pelos referidos produtos e/ou promovam ou estimulem modos de comer não saudáveis, tais como comer excessivamente, comer sozinho, comer sem pensar, comer compulsivamente, comer rápido, ou modos de produzir alimentos pautados pelo uso de agrotóxicos e organismos geneticamente modificados, ou; 2) Lobby contra medidas legislativas, econômicas, jurídicas ou socioculturais que visem à redução da produção, abastecimento, disponibilidade ou demanda dos referidos produtos e/ou da exposição aos referidos modos não saudáveis de comer e produzir alimentos; e/ou cujas 3) Políticas, objetivos, princípios, visões, missões e/ou metas que incluam ou se relacionem com o aumento da produção, abastecimento, disponibilidade ou demanda dos referidos produtos e/ou com a expansão de oportunidades e promoção dos referidos modos não saudáveis de comer e produzir alimentos.

Alguns exemplos de experiências de Educação Alimentar e Nutricional que configuram conflito de interesses:

  • Ser financiado ou ter recebido qualquer tipo de apoio (técnico, infraestrutura, equipe, financeiro etc) por entidades e atores acima citados;
  • Utilizar material educativo e/ou publicitário de empresas privadas ou fundações/organizações a elas relacionadas que atuam direta ou indiretamente com o setor alimentício, farmacêutico, tabaco, bebidas alcoólicas;