Ações de educação alimentar e nutricional para a construção da Segurança Alimentar e Nutricional no âmbito da pesca artesanal.

1.2 Autores(as) da experiência

Nome Cargo/Função Município
Yasmin Alves Villaseca Nutricionista Macaé
Roberta Lemos Gadelha Nutricionista Rio de Janeiro
Amabela Avelar Cordeiro Docente Cabo Frio

1.3 Organização(ções)/Instituição(ções) promotora(s) da experiência

Organização/Instituição
UFRJ - campus Macaé

1.4 Cidade(s) e Estado (s)

Estado Cidade
Rio de Janeiro Arraial do Cabo

1.5 Região do país

Sudeste

1.6 Identificação do(a) autor(a) responsável

Nome Cargo/Função Município
Yasmin Alves Villaseca Nutricionista Macaé

1.7 Eixo temático da experiência

Eixo 4 - EAN em outros campos de prática

1.8 Público participante da experiência

AdultosMulheresPovos Indígenas e Povos e Comunidades TradicionaisProdutores de alimentos da agricultura familiarComunidades/famílias em vulnerabilidade social

1.9 Onde esta experiência foi desenvolvida

1.10 Na avaliação do grupo responsável esta experiência atendeu e/ou promoveu os seguintes princípios
todas as pessoas têm o direito de estarem livres da fome
todas as pessoas têm o direito de ter acesso à alimentação adequada saudável
integralidade
equidade
intersetorialidade
participação social
apoio ao desenvolvimento sustentável

Por favor justifique/comente sua resposta

Participaram das atividades dois grupos de mulheres com atuação na pesca artesanal. Um grupo era formalizado como cooperativa e o outro ainda estava em processo de regulamentação. Ambos tinham interesse em qualificar suas atividades de beneficiamento do pescado. As ações de EAN com os dois grupos buscaram trabalhar o conceito de SAN no âmbito da pesca artesanal em interação com a realidade local. Sendo assim, procurou-se promover os princípios assinalados.

2. OBJETIVOS E PRINCÍPIOS RELACIONADOS À EXPERIÊNCIA

2.1 Objetivo(s): Qual é/foi a finalidade das atividades desenvolvidas

O projeto “Ações de educação alimentar e nutricional para a construção da segurança alimentar e nutricional no âmbito da pesca artesanal” teve como objetivo contribuir para os processos sociais de emancipação das participantes e para a efetivação do direito à alimentação adequada e saudável.

2.2 Os objetivos e as atividades desenvolvidas adotaram de maneira explícita algum ou alguns dos princípios do Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional para Políticas Públicas

I - Sustentabilidade social, ambiental e econômica
II- Abordagem do sistema alimentar, na sua integralidade
III- Valorização da cultura alimentar local e respeito à diversidade de opiniões e perspectivas, considerando a legitimidade dos saberes de diferentes naturezas
IV- A comida e o alimento como referências; Valorização da culinária enquanto prática emancipatória
V- A Promoção do autocuidado e da autonomia
VI- A Educação enquanto processo permanente e gerador de autonomia e participação ativa e informada dos sujeitos
VIII- Intersetorialidade
2.3 Quais temas/diretrizes dos Guias Alimentares para População Brasileira e/ou para Crianças brasileiras menores de 2 anos são/foram abordados na experiência?
– Alimentação adequada e saudável deriva de sistema alimentar socialmente e ambientalmente sustentável – Faça de alimentos in natura ou minimamente processados a base de sua alimentação – Limite o uso de alimentos processados, consumindo-os, em pequenas quantidades, como ingredientes de preparações culinárias ou como parte de refeições baseadas em alimentos in natura ou minimamente processados – Evite alimentos ultraprocessados – Prefira sempre alimentos in natura ou minimamente processados e preparações culinárias a alimentos ultraprocessados
2.4 Vocês consideram que esta experiência pode contribuir de maneira direta ou indireta a um ou mais dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ?
ODS1 - Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares
ODS 2 - Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável
ODS 3 - Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades
ODS 4- Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos
ODS 5 - Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas
ODS 8 - Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos
ODS 9 - Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação
ODS 10 - Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles
ODS 11 - Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis
ODS 12 - Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis
ODS 14- Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável
ODS 16 - Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis

3. ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DA EXPERIÊNCIA

3.1 Como foi identificada a necessidade de realização desta experiência
A aproximação entre os temas SAN e da pesca artesanal teve início com o desenvolvimento do projeto Práticas alimentares em comunidades tradicionais das regiões sudeste e centro-oeste do Brasil, financiado pelo Conselho Nacional de Pesquisa (MCT/CNPq – Edital 019/2010). Esse projeto foi desenvolvido por meio de uma colaboração entre o Instituto de Nutrição da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ e o Campus UFRJ – Macaé e teve como objetivo mapear a cultura alimentar de populações tradicionais, numa perspectiva de articulação com as políticas de segurança alimentar e nutricional. O projeto estudou pescadores artesanais em Macaé e uma comunidade indígena em Paraty. No âmbito da pesca artesanal, foram produzidas duas dissertações de mestrado, cujo trabalho de campo permitiu a aproximação dos pesquisadores com os pescadores de Macaé e a investigação sobre a SAN no seu contexto. O desenvolvimento destes trabalhos evidenciou a escassez de literatura científica sobre SAN no contexto da pesca artesanal, ao contrário, por exemplo, da vasta literatura existente sobre a sua interação com a agricultura. Sendo assim, a partir da observação sobre esta lacuna de conhecimento percebeu-se a necessidade de ampliação e aprofundamento do estudo e conhecimento da SAN no contexto da pesca artesanal de forma a contribuir, não somente para o desenvolvimento do setor da pesca ou da SAN, mas, principalmente, para o desenvolvimento da comunidade de pescadores artesanais e para alinhar a formação universitária e a produção de conhecimento científico com a agenda de questões regionais.
3.2 Foi realizado algum diagnóstico da situação (observação da realidade, levantamento de demandas junto ao público etc) antes de iniciar a experiência

Sim

descreva rapidamente
As observações e os resultados obtidos nos trabalhos acadêmicos anteriores, evidenciaram as limitações das ações e programas voltados aos pescadores da região Norte Fluminense e Baixada Litorânea do estado do Rio de Janeiro no tocante à educação em segurança alimentar e nutricional, principalmente no que diz respeito à promoção da alimentação adequada e saudável e, também, na sua integração com os sistemas agroalimentares locais. A partir desse entendimento, buscou-se elaborar uma metodologia pedagógica que contribuísse para o desenvolvimento de estratégias de educação alimentar e nutricional e para estimular a articulação entre a cadeia da pesca artesanal e as ações locais de Segurança Alimentar e Nutricional com vistas à Promoção da Alimentação Adequada e Saudável – PAAS, adotando a perspectiva da Educação Popular (EP).
3.3 Como foram definidos as prioridades e objetivos da experiência
O projeto fundamentou-se nos referenciais teórico-metodológicos de duas publicações: “Educação Popular em Segurança Alimentar e Nutricional: Uma Metodologia de Formação com Enfoque em Gênero” (WEITZMAN, 2008). e “Guia Metodológico de Comunicação Social em Nutrição da FAO” (FAO, 1999). Uma combinação de metodologias foi definida em cinco fases ou passos, descritos abaixo: Passo/Fase 1: Diagnóstico participativo Passo/Fase 2: Análise das questões levantadas Passo/Fase 3: Planejamento participativo de estratégias Passo/Fase 4: Implementação das ações Passo/Fase 5: Avaliação das ações
3.4 Os sujeitos da ação participaram das etapas de planejamento da experiência?

Sim

sim, em quais etapas e como participaram ?
As mulheres da pesca participaram em todos os passos/fases descritas anteriormente. Especialmente, na fase de diagnóstico participativo, que revelou as demandas de cada grupo de mulheres da pesca. Em seguida, foi realizada uma atividade que buscou identificar as expectativas do grupo com relação às atividades que desejavam desenvolver nas cooperativas. Desta forma, foi possível conhecer os interesses de cada grupo e encontrar aproximação/articulação com a temática da SAN. Vale destacar que neste momento, apesar dos dois grupos estarem em estágios distintos, um com a formalização da cooperativa bem avançada e o outro ainda insipiente, ambos não tinham atividade de beneficiamento de pescado, ou seja, ainda não estavam produzindo do ponto de vista comercial. Algumas mulheres já exerciam a atividade de pesca, outras beneficiavam o pescado em pequena escala, mas ainda sem continuidade ou sem escala comercial. Sendo assim, ainda não percebiam com clareza a relação entre as atividades a serem desenvolvidas pela cooperativa e a SAN, ou a percebiam como algo que se relaciona exclusivamente com o controle higiênico-sanitário de pescados e produtos.
3.5 Foram desenvolvidas metodologias ativas como estratégias pedagógicas para a EAN

Sim

Se sim, indique a(s) metodologia(s) com uma breve descrição
Como forma de aproximar as mobilizadoras e as mulheres da pesca, foram privilegiadas atividades que pudessem favorecer a expressão das mulheres, por meio de roda de conversa e dinâmicas adaptadas às nomenclaturas utilizadas no trabalho na pesca artesanal.
3.6 Foram utilizados recursos materiais nas atividades desenvolvidas

Sim

sim, quais recursos?
Material de papelaria (cartolina, canetas coloridas, guache, cola) Datashow
3.7 Sua experiência se configura no desenvolvimento de materiais educativos e desenvolvimento de tecnologias sociais a serem aplicados por outros profissionais?

sim

Descreva sobre o material/tecnologia social
A experiência foi descrita no livro Educação popular em segurança alimentar e nutricional: mulheres da pesca /Amábela de Avelar Cordeiro, Ariane Cristina Brugnhara [organizadores]. Macaé: Universidade Federal do Rio de Janeiro, Campus UFRJ – Macaé Professor Aloísio Teixeira, 2020. 108 p. ISBN 978-65-87507-06-4. Foi elaborado um livro de receitas, a partir dos registros das receitas consideradas tradicionais com pescado salgado. Foi elaborado um vídeo com depoimentos das mulheres da pesca. Um folder e um banner foram elaborados para a divulgação dos produtos da cooperativa Mulheres da Pesca.
3.8 Como a experiência foi avaliada e quais os resultados obtidos
Ao final dos encontros era realizada uma dinâmica com o objetivo de conhecer as percepções das mulheres pesca sobre as atividades realizadas no dia. Dinâmica: O que ficou na nossa rede hoje? Cada integrante recebeu um peixe ou uma tarjeta em papel cartão ou cartolina, para que escrevessem sozinhos ou com o auxílio da mediadora, uma palavra que sintetizava sua opinião. As mulheres foram orientadas a fixar seu peixe/tarjeta numa rede de pesca, que poderia ficar no chão ou presa a parede. Após este momento, todas foram estimuladas a comentar sua palavra e compartilhar sua avaliação do trabalho do dia. A partir das expressões do grupo, a facilitadora pode estimular que o grupo pensasse sobre como gostariam que o trabalho se realizasse nos próximos encontros, ou sobre suas expectativas, por meio da pergunta “O que queremos pescar em nosso próximo encontro?”. Nos primeiros encontros as mulheres pareciam inibidas para expressarem suas opiniões, porém no decorrer do trabalho foram se tornando mais confiantes. Em geral, manifestavam estar descobrindo novos saberes e compreendendo que o trabalho que realizavam era mais importante do que imaginavam, para a promoção da alimentação saudável e sustentável e para a garantia do Direito Humano à Alimentação.
3.9 Relevância: Na avaliação das/os responsáveis, essa experiência contribuiu para algum nível de mudança/melhoria da realidade alimentar e nutricional das pessoas envolvidas; e/ou gerou experiência/conhecimento que pode contribuir para a prática de EAN em outros momentos e realidades
A experiência gerou vários tipos de desfechos, sejam acadêmicos no formato de livro, com contribuição para a formação e prática de EAN no contexto da pesca artesanal, seja na divulgação da culinária local, por meio de um livro de receitas, seja, ainda, pela apropriação do conceito de SAN e de alimentação saudável em todas as suas dimensões, por parte das mulheres participantes. Um exemplo, pode ser observado na fala de uma delas ao referir que, antes da interação com o projeto, não sabia que poderia ter uma alimentação saudável ao consumir os produtos do beneficiamento do pescado.

4. RELATO RESUMIDO DA EXPERIÊNCIA

Relato resumido da experiência
Inicialmente foi realizado um diagnóstico participativo com os dois grupos simultaneamente, por meio de dinâmicas: Tecendo a rede; Rio da Vida e Auto-retrato coletivo, que buscaram compreender como as mulheres se identificam como pescadoras, como grupo de mulheres da pesca, assim como, suas expectativas para o trabalho da cooperativa. Após esta etapa foi possível perceber que os grupos tinham demandas distintas, que se relacionavam com o momento de organização da cooperativa. Sendo assim, foi necessário trabalhar separadamente com os grupos e planejar a abordagem das demandas de forma distinta. Com um dos grupos, que tinha o interesse em resgatar receitas tradicionais com peixe salgado, foram trabalhados os temas: Comida de antigamente e comida de agora e Resgate da cultura alimentar e da tradição da salga do peixe, por meio de Roda de Conversa e registros das histórias e relatos sobre como era a alimentação quando eram crianças e atualmente, identificando as diferentes formas de preparo e os ingredientes utilizados. Como o grupo que se preparava para iniciar o beneficiamento do pescado, para a produção de hamburguer e almôndegas de peixe, por exemplo, foram trabalhados os temas Aspectos higiênico-sanitário da manipulação de pescados; Rotulagem Nutricional; Comida de Verdade; Divulgação de produtos de beneficiamento do pescado. As atividades foram desenvolvidas, por meio de rodas de conversa e dinâmicas. Para tratar do tema Aspectos higiênico-sanitário da manipulação de pescados foi convidado um docente da área de tecnologia de alimentos que o abordou considerando as questões/dúvidas apresentadas pelo grupo e a partir de vídeos com registros da pescaria enviado previamente. O tema rotulagem nutricional foi abordado por meio da análise de rótulos de produtos consumidos pelas pescadoras.

5. DOCUMENTOS

5.1 Campo para inserção de arquivo de imagens que documentaram a experiência
Campo para inserção de arquivo de documentos produzidos relacionados à experiência

APSREDES

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É considerado conflito de interesses:

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e/ou cujas

  • Práticas incluam: 1) Publicidade, promoção e outras estratégias mercadológicas que visem aumentar a demanda pelos referidos produtos e/ou promovam ou estimulem modos de comer não saudáveis, tais como comer excessivamente, comer sozinho, comer sem pensar, comer compulsivamente, comer rápido, ou modos de produzir alimentos pautados pelo uso de agrotóxicos e organismos geneticamente modificados, ou; 2) Lobby contra medidas legislativas, econômicas, jurídicas ou socioculturais que visem à redução da produção, abastecimento, disponibilidade ou demanda dos referidos produtos e/ou da exposição aos referidos modos não saudáveis de comer e produzir alimentos; e/ou cujas 3) Políticas, objetivos, princípios, visões, missões e/ou metas que incluam ou se relacionem com o aumento da produção, abastecimento, disponibilidade ou demanda dos referidos produtos e/ou com a expansão de oportunidades e promoção dos referidos modos não saudáveis de comer e produzir alimentos.

Alguns exemplos de experiências de Educação Alimentar e Nutricional que configuram conflito de interesses:

  • Ser financiado ou ter recebido qualquer tipo de apoio (técnico, infraestrutura, equipe, financeiro etc) por entidades e atores acima citados;
  • Utilizar material educativo e/ou publicitário de empresas privadas ou fundações/organizações a elas relacionadas que atuam direta ou indiretamente com o setor alimentício, farmacêutico, tabaco, bebidas alcoólicas;