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Jarbas Barbosa

Com o fim do isolamento social, Jarbas Barbosa alerta que o Brasil passará por uma catástrofe semelhante a da Itália

O subdiretor da OPAS, Jarbas Barbosa, participou do debate “Desafios para o Brasil diante da Pandemia Covid-19”, realizado no ambiente virtual do Portal da Inovação, no dia 15 de abril, em que descreveu os cenários globais da Covid-19, as diferentes propostas dos países e as perspectivas para o Brasil.

O epidemiologista, que atua em Washington, destacou que todas as preparações anteriores para epidemias foram superadas pela Covid-19, pois os outros vírus eram transmitidos de maneira mais lenta. “Nenhum país pode acreditar que pela sazonalidade do vírus, pelo fato de estar em uma área tropical, ou por qualquer motivo, não vai ter os serviços de saúde sobrecarregados se deixar que a transmissão siga seu curso natural”, advertiu.

Segundo Barbosa, o isolamento social é a única medida capaz de reduzir a velocidade de transmissão e deve ser adaptado a cada realidade. Ao ser questionado por internautas sobre as possíveis consequências do fim do isolamento no Brasil, Barbosa respondeu: “ Não há dúvidas de que teríamos uma catástrofe semelhante à da Itália. Basta olharmos o número de mortes no Rio de Janeiro e em São Paulo, onde há atraso de pelo menos uma semana entre a morte e a confirmação do caso”.

A preparação dos serviços de saúde é um desafio no Brasil e na América Latina, conforme demonstrou Barbosa, pois os sistemas de saúde são fragmentados. No caso do Brasil, se as pessoas puderem contar apenas com os leitos do SUS, sem contar com os leitos privados, haverá uma barreira ao acesso equitativo, na opinião do epidemiologista.
O subdiretor da OPAS ressaltou que não existe, até o momento, nenhuma medicação que, comprovadamente, seja capaz de curar a Covid-19, embora a Organização Mundial da Saúde (OMS) esteja coordenando uma ação conjunta com a participação de 90 países para testar medicamentos. Na opinião de Barbosa, o Brasil tem um sistema de acesso universal que representa uma vantagem em relação a outros países, já que as pessoas não precisam pagar para fazer teste ou para procurar atendimento médico. Mas, alguns dos problemas estruturais do SUS vão se sobressair neste momento, como o subfinanciamento histórico do sistema e os problemas da gestão do SUS.

Jarbas Barbosa – Subdiretor da OPAS

[quote style=’1′ cite=”]“Se volta à vida normal, como está no Brasil, a gente ia ter uma catástrofe”[/quote]
[quote style=’1′ cite=”]“Toda esta complexidade que tem um sistema de saúde forte e atuante é essencial para garantir desenvolvimento social e ser um promotor de equidade e melhoria da qualidade de vida das pessoas”[/quote]

[quote style=’1′ cite=”]“Nenhum país pode acreditar que pela sazonalidade do vírus, pelo fato de estar em uma área tropical, ou por qualquer motivo, não vai ter os serviços de saúde sobrecarregados se deixar que a transmissão siga seu curso natural”, alerta Jarbas Barbosa, subdiretor da OPAS/OMS[/quote]

[quote style=’1′ cite=”]“Se você contar apenas leitos-SUS, no caso do Brasil, e não puder contar com os disponíveis no setor privado, para ter um boa regulação e garantir acesso equitativo isso pode ser uma barreira”, ressalta Jarbas Barbosa.[/quote]