O território da UBASF Barra Nova é formado por 3 microáreas – Barra Nova, Barra Velha e Riacho Fundo II. Temos as praias de Barra Nova e Barra Velha. Há famílias que moram tanto no perímetro urbano bem como na área rural. Na microárea de Barra Nova, deveríamos ter três agentes comunitários de saúde (ACSs), mas temos apenas duas, no momento. A maior parte da população sempre morou nesse território, mas temos cidadãos de outras cidades, principalmente de Fortaleza, CE, e também de outros países. A maior parte da população apresenta vulnerabilidade socioeconômica e usuária do SUS. Por ser um território que possuiu praias e área rurais, temos pescadores, marisqueiras, comerciantes, artesãos, agricultores, professores, pessoas do lar, trabalhadores de fábricas, pessoas sem uma ocupação definida, as quais realizam trabalhos informais e temporários, como garçom nas barracas de praia.
A partir dos dados de cadastramento do PEC/E-SUS (junho/2025), temos 2287 cidadãos e 681 famílias.
Percebi que durante os atendimentos de alguns pacientes com doenças crônicas, como hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus tipo 2, eles também apresentavam um quadro de sofrimento psicológico, emocional e comportamental. Desemprego, dificuldades financeiras, violência urbana (com conflito entre facções criminosas) e conflitos familiares (causados pelo consumo de álcool e outras drogas), são relacionados por esses pacientes como os fatores que causam esses problemas de saúde mental, além das próprias comorbidades, porque o paciente precisa tomar muitos medicamentos, às vezes falta o medicamento na unidade e não tem como comprá-lo, tem dificuldade para controlar a glicemia e a pressão arterial, não conseguem fazer a mudança de estilo de vida.
1. Implementar um protocolo de rastreamento de depressão e ansiedade em pacientes diabéticos na Atenção Primária à Saúde (APS), avaliando sua viabilidade e impacto na qualidade do cuidado, em consonância com os objetivos do Projeto MDD Minds.
2. Identificar as necessidades de cuidados em saúde mental em pacientes diabéticos
em duas equipes de estratégia de saúde da família do nordeste do Brasil.
O Transtorno Depressivo Maior (MDD, sigla em inglês para Major Depressive Disorder) é uma das principais causas de incapacidade global, frequentemente subdiagnosticada e subtratada, especialmente em pacientes com doenças crônicas como o diabetes mellitus. A Organização Mundial de Médicos de Família (WONCA), em colaboração com a Mosaica Solutions, lançou o Projeto MDD Minds, visando aprimorar a qualidade do atendimento a pacientes com MDD em regiões como África, Oriente Médio, Ásia e América Latina. Alinhando-se a essa iniciativa, implementamos uma intervenção para integrar o rastreamento de depressão e ansiedade em pacientes diabéticos na Atenção Primária à Saúde (APS) no Ceará, Brasil. Trata-se de um estudo de intervenção prática, fundamentado no Planejamento Estratégico Situacional, realizado entre setembro e novembro de 2024 em duas Unidades Básicas de Saúde (UBS) no Ceará: UBASF Barra Nova, em Cascavel, e UBS Buriti, em Pacajus. As médicas das equipes conduziram capacitações utilizando vídeos educativos sobre saúde mental para enfermeiros, técnicos de enfermagem, dentistas e agentes comunitários de saúde. Os profissionais foram orientados a aplicar o Questionário de Saúde do Paciente-9 (PHQ-9) para rastreamento de depressão e ansiedade em pacientes diabéticos. A equipe estruturou um diagrama de raias para descrever o fluxo do processo e os profissionais envolvidos e pactuar a aplicação do questionário pela equipe multiprofissional. A intervenção permitiu ampliar significativamente a triagem de transtornos mentais, atingindo 70% dos pacientes diabéticos rastreados, superando a meta de 50%. Entre os rastreados, 18% apresentaram resultado positivo para depressão ou ansiedade , evidenciando que a inclusão de critérios clínicos mais precisos pode reduzir falsos positivos em comparação com a percepção clínica inicial. O projeto também possibilitou a reavaliação do tratamento medicamentoso de pacientes em uso prolongado de antidepressivos e ansiolíticos. Desafios foram identificados, como a falta de apoio matricial e o acesso limitado a serviços psicológicos, dificultando a continuidade do cuidado para pacientes com diagnóstico confirmado. Portanto, com a introdução de critérios clínicos mais rigorosos e ferramentas padronizadas, a classificação de quem realmente apresenta depressão ou ansiedade se torna mais precisa, possibilitando acompanhamento regular e abordagem terapêutica adequada.
A intervenção permitiu ampliar significativamente a triagem de transtornos mentais, atingindo 70% dos pacientes diabéticos rastreados, superando a meta de 50%. Entre os rastreados, 18% apresentaram resultado positivo para depressão ou ansiedade , evidenciando que a inclusão de critérios clínicos mais precisos pode reduzir falsos positivos em comparação com a percepção clínica inicial. Esses resultados estão relacionados às duas equipes do projeto. Em relação aos dados da UBASF Barra Nova, separadamente, a equipe conseguiu fazer a triagem em 77% dos pacientes diabéticos, em que 24% desses pacientes apresentaram resultado positivo para depressão ou ansiedade.