Horta Comunitária como ferramenta de integração, promoção em saúde e vínculo: Relato de experiência da ESF Quinta dos Paricás

Belém/PA

A Estratégia Saúde da Família (ESF) Quinta dos Paricás, situada no distrito de Icoaraci, Belém-PA, atende uma população caracterizada por marcante vulnerabilidade social, alta prevalência de doenças crônicas e frequentes situações de insegurança alimentar. Com base nesse cenário, a equipe da unidade propôs, junto ao grupo de idosos e pacientes do Hiperdia — intitulado “FelizIdade” —, a implantação de uma horta comunitária como estratégia de cuidado coletivo, educação em saúde e enfrentamento da insegurança nutricional.A proposta dialoga com as diretrizes da Atenção Primária à Saúde (APS) como ordenadora do cuidado e com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), especialmente o ODS 2 (fome zero e agricultura sustentável) e ODS 3 (saúde e bem-estar). Iniciativas como hortas comunitárias têm demonstrado impacto positivo sobre a coesão social, o empoderamento de grupos vulneráveis e o controle de doenças crônicas, como apontado por estudiosos da promoção da saúde (WHO, 2023; Silva et al., 2022 – Cadernos de Saúde Pública). A experiência envolveu cerca de 25 participantes ativos do grupo FelizIdade. Após escuta ativa e planejamento participativo, a área externa da unidade foi escolhida para receber a horta. Espécies de fácil manejo e alto valor nutricional — como couve, alface, cebolinha, tomate, hortelã e manjericão —, além de plantas medicinais, foram selecionadas pelos próprios usuários, em conjunto com os profissionais de saúde. A metodologia incluiu cinco etapas principais: 1) Escuta qualificada e mobilização do grupo; 2) Parceria com a FAEPA/SENAR, responsável pela capacitação técnica e doação de insumos; 3) Limpeza do terreno e montagem dos canteiros com uso de materiais reaproveitados (pneus, garrafas PET, madeira e tijolos); 4) Plantio coletivo e cronograma de manutenção rotativa entre os participantes; 5) Integração com oficinas de alimentação saudável durante os encontros semanais. Foram usados recursos Humanos: Equipe multiprofissional da ESF (médica, enfermeira, técnica de enfermagem, agentes comunitários de saúde) e instrutores da FAEPA/SENAR. Tecnológicos: Registro em prontuário físico, uso do WhatsApp e Instagram para comunicação com o grupo e divulgação das ações, vídeos educativos sobre cultivo e preparo dos alimentos. Financeiros: Não houve financiamento externo. A estrutura foi viabilizada com reaproveitamento de materiais, doações locais e apoio logístico do SENAR. Oficinas foram realizadas com insumos básicos adquiridos por meio de parcerias e colaboração dos próprios participantes.A experiência se alinha fortemente aos atributos da APS, especialmente acessibilidade, vínculo, longitudinalidade, coordenação do cuidado e orientação comunitária, ao envolver o território, promover a autonomia dos usuários e articular ações intersetoriais. Por ser de baixo custo e alto impacto, apresenta grande potencial de replicabilidade em outras unidades do município e em contextos semelhantes em todo o Brasil.

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