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Gestores de Campo Grande reafirmam compromisso com a Atenção Primária

Uma comitiva formada por integrantes da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) no Brasil e do Ministério da Saúde visitou Campo Grande/MS, nos dias 7 e 8 de novembro, para conhecer as estratégias utilizadas pela gestão municipal para fortalecer a Atenção Básica. Campo Grande registrou rápida expansão da cobertura populacional da Estratégia Saúde da Família, que passou de 30%, dados de janeiro de 2017, para 56%, em outubro de 2018.

“Em menos de dois anos nós conseguimos praticamente dobrar a cobertura da atenção básica, através de um planejamento que segue o que preconiza o Ministério da Saúde. A expectativa é a de que até 2020 Campo Grande tenha pelo menos 70% de cobertura”, afirmou o secretário municipal de Saúde, Marcelo Vilela. “O Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde reconhece todo o trabalho que Campo Grande está fazendo para qualificar a Atenção Básica e apontou o município para fazer parte do Laboratório de Inovação em APS Forte, em que a experiência será acompanhada, sistematizada e divulgada por técnicos da OPAS e do Ministério da Saúde”, explica Webster Pereira, assessor do Ministério da Saúde.

Na avaliação do prefeito Marquinhos Trad a escolha de Campo Grande é um reconhecimento do trabalho de reestruturação que vem sendo feito pela gestão, com o objetivo de melhorar o atendimento prestado à população. “A partir do momento em que uma organização internacional como a OPAS e o próprio Ministério da Saúde voltam os olhos para cá e vêm buscar exemplos, tenho certeza que estamos no caminhos certo e, consequentemente, nossa cidade se destaca. Por isso estamos felizes em recebê-los”, disse Trad, durante reunião realizada em seu gabinete.

 

Estratégias

O caminho que a gestão municipal percorre para a transformação do modelo assistencial de Campo Grande prioriza a Educação Permanente em Saúde, a reorganização do papel dos gerentes dos serviços de saúde e a introdução de ferramentas de cuidado no cotidiano das unidades de saúde visando qualificar e ampliar a assistência prestada ao usuário pela Atenção Básica.

“A cidade tem vários elementos de inovação. O que destaca bastante para gente é ter um modelo de Clínica de Família, uma qualificação que não é só em termos de estrutura física e utilização de novas tecnologias, mas sobretudo o investimento na formação do profissional. Esse modelo que utiliza o método de certificação para que os próprios profissionais possam buscar e serem estimuladas a trabalhar melhor pela população é uma coisa que chama bastante a atenção”, explicou o consultor nacional da OPAS, Antônio Ribas.

“Hoje Campo Grande tem 10 Unidades de Pronto-Atendimento (UPA) para uma população de 800 mil pessoas, muito acima do preconizado pelo Ministério da Saúde. O resultado que colhemos dessa “urgencialização” da saúde é, por exemplo, o alto percentual de internações que poderiam ser evitadas se a Atenção Básica fosse historicamente priorizada pela gestão”, explica a secretaria adjunta municipal de saúde de Campo Grande, Andressa Bento. “O nosso compromisso é reverter este quadro, fortalecendo a Estratégia Saúde da Família em toda a rede de atenção básica”, ressalta Andressa Bento.

“Para a OPAS/OMS, o compromisso da gestão de Campo Grande de adequar o modelo de atenção à saúde, ainda muito centrado nas (UPA), por meio do fortalecimento da Atenção Básica será acompanhado pela Organização, pois além de ser embasado em evidências científicas, assegura os melhores resultados em saúde para a população”, ressaltou o consultor nacional da OPAS/OMS, Wellington Carvalho.

Qualificação do Cuidado

Desde o início da gestão, a secretaria municipal de saúde investe no diálogo com os profissionais de saúde dos serviços para qualificar o cuidado ofertado aos usuários. “Essa mudança está sendo dialógica. O processo de humanização passa por construir e compartilhar as decisões com toda a equipe. A adesão dos profissionais está sendo positiva pois eles percebem a melhoria da atenção na unidade”, explica a gerente da Educação Permanente, Luciane Aparecida Pereira de Lima.

O primeiro passo da gestão municipal foi de incorporar no cotidiano dos serviços ferramentas para melhorar o acolhimento do usuário, assegurando o acesso dos usuários aos serviços. “Estamos desenvolvendo em todas as UBS técnicas de acolhimento para facilitar o acesso aos serviços. Ao invés de filas para marcação de consultas utilizamos a classificação de risco de todo o usuário que chega na unidade, para que ele recebe o cuidado adequado à sua necessidade. A reorganização da agenda de trabalho dos profissionais médicos e enfermeiros também foi discutida para atender diariamente também as demandas espontâneas, além das consultas agendadas”, explicou o coordenador da Atenção Básica, Gabriel Valdez.

Certificação de Qualidade

A Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande monitora as unidades de saúde para verificar a qualidade dos serviços e o grau de adesão às novas ferramentas de acolhimento preconizadas pela gestão. Todas as unidade de saúde podem se transformar em Clínicas de Família desde que alcancem indicadores de qualidade e produtividade exigidos no processo de seleção, nomeado de Certificação de Qualidade.

“Os critérios que exigimos para a Certificação são conhecidos pelos profissionais da rede, temas recorrentes dos processos de educação permanente. Os requisitos para se tornar Clínicas de Família são tornados públicos por meio de edital, com transparência nos resultados, para que as unidades participantes saibam seus pontos positivos e que precisam melhorar”, explica a secretária adjunta.

A metodologia de trabalho, implementada a partir do funcionamento da primeira Clínica da Família, no Bairro Nova Lima, chamou a atenção dos consultores da OPAS pela inovação desenvolvida no processo de transformação das práticas de trabalho exigidas pelo novo modelo de Clínica de Família. “Os profissionais de saúde da Clínica de Família passam por um processo de qualificação que se aproxima a um curso de especialização. Esse modelo que utiliza o método de certificação é um ponto que chama bastante a atenção”, explicou o consultor nacional da OPAS, Antônio Ribas.

As Clínicas de Família oferecem horário diferenciado de atendimento aos usuários, uma carteira de serviços mais abrangente e com abordagem assistencial integral com foco no cidadão, além de oferecer incentivos financeiros para os profissionais que aderem ao novo modelo de atenção. “A Clínica da Família oferece como diferencial para o usuário o acesso avançado ao serviço, quando o usuário tem a garantia de que sua necessidade será atendida em no máximo 48 horas, o uso do Prontuário Eletrônico, horário de atendimento expandido, e uma clínica ampliada de enfermeiros, odontólogos e farmacêuticos oferendo um cuidado integral para o usuário”, explica Gabriel Valdez.

A meta da gestão é que até 2020 cada uma das sete regiões administrativas de Campo Grande tenha pelo menos uma Clínica de Família. “Atualmente, além da Clínica da Família funcionando em Nova Lima, há mais duas em fase de transição”, conta Andressa Bento.

“É uma mudança de comportamento. Como eu disse é um planejamento de médio a longo prazo. Antigamente as unidades eram construídas se tinham os servidores, mas não tinham a resolutividade. Nós estamos fazendo uma política de sustentabilidade fortalecendo a atenção primária. Hoje o paciente que vai à Clínica da Família não vai mais a uma UPA porque são bem atendidas lá por profissionais que assimilaram a importância deste trabalho. Esse é um modelo que vem dando certo e até 2020 as sete regiões urbanas da nossa cidade deve ter uma Clínica da Família em funcionamento”, enfatiza o prefeito Marcelo Trad.

Para a coordenadora da mesa diretora da Conselho Municipal de Saúde, Maria Auxiliadora Cordonez Vilhalba, Campo Grande ter sido escolhida para integrar o projeto da OPAS pode ser considerado uma vitória. “Nós enquanto controle social sempre lutamos para que houve um melhor reconhecimento na ponta. E estamos vendo Campo Grande junto com outras três capitais integrar esse projeto é uma satisfação, porque está havendo o reconhecimento com o trabalho que vem sendo executado”, finaliza.

Por Vanessa Borges, com informações da agência de notícias da prefeitura de Campo Grande.

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