A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) tem 9 diretrizes, e a Qualificação da Força de Trabalho é uma das atribuições das Secretarias Estaduais de Saúde (SES). As áreas técnicas das SES são responsáveis por apoio na capacitação e educação permanente para articulação intersetorial, processo de gestão, planejamento, execução, monitoramento e avaliação de programas e ações em alimentação e nutrição. Anualmente, a equipe da Gerência de Alimentação e Nutrição da SES de Mato Grosso do Sul (GAN/SES/MS), junto ao Comitê intersetorial do Programa Bolsa Família (PBF), (atual Programa Auxilio Brasil (PAB), em conjunto com a Secretaria de Estado de Direitos Humanos Assistência Social e Trabalho (SEDHAST) e Secretaria de Estado de Educação (SED), realiza encontros de formação com profissionais dos municípios do estado. Esses encontros eram pautados no modelo de educação linear, de orientação escolar depositária e de dominação, o qual estava gerando baixo entrosamento nos espaços, insatisfação e baixa adesão dos participantes. Partindo-se disso, a GAN propôs uma estratégia inovadora para gerar mais engajamento nos encontros, fortalecendo a intersetorialidade para melhorar resultados nos processos de trabalho. Em 2019, realizou-se a Oficina Intersetorial do PBF, inspirado na metodologia da Oficina de Formação de Tutores da Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil, que é reconhecida como exitosa, por estar calcada na educação problematizadora de Paulo Freire, comprometendo-se com a libertação, a criatividade, o estímulo à reflexão e à ação sobre a realidade. A ação foi dividida em 5 encontros para atender as especificidades territoriais. A programação proposta substituiu as palestras por práticas realizadas pelos participantes: Acordo de Convivência; Dramatização: Experiências vividas na assistência em situações de acompanhamento das condicionalidades do PBF; Tempestade de ideias: painel com deveres, direitos e atribuições dos servidores; Circuito de problematização e Soluções; Elaboração de plano de trabalho e avaliação da oficina. Após a aplicação, os participantes foram convidados a avaliar a capacitação. Os 15 itens avaliados foram estratificados em regular, bom, muito bom e ótimo. O evento foi avaliado globalmente como positivo por 91,2% dos participantes (n= 183). Dois tópicos avaliaram a metodologia utilizada, sendo o primeiro “Adequação técnica utilizada de modo a promover a participação”, que obteve “muito bom” por 27,2% e ótimo por “63,5%”, sendo positivo para 90,7% dos participantes; e o segundo “Forma de transmissão dos conteúdos” obteve 29% de “muito bom” e 62,1% de “ótimo”, sendo positivo para 91,1% dos envolvidos. Em conclusão, é possível observar que a metodologia foi exitosa pela avaliação dos participantes e evidencia que a busca por novos métodos de formação nos processos de trabalho é necessária, pois processos de formação exitosos são responsáveis por aprimorar a abordagem com os beneficiários do PAB. Compete as secretarias municipais de saúde, na então gestão do PBF, a promoção das atividades educativas sobre aleitamento materno e alimentação saudável, deste modo o Guia Alimentar para a População Brasileira e o Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 anos configuraram-se documentos norteadores para que os profissionais se apropriassem de informações atualizadas e pertinentes sobre a temática para serem trabalhadas com os beneficiários, a fim de promover saúde, prevenir agravos e também para a atenção nutricional, quando necessário. Foi estimulado que os profissionais pautassem a temática da promoção da alimentação adequada e saudável em todo o processo de trabalho (com base em ambos os Guias) e também trabalhado nos grupos a necessidade do desuso da pirâmide alimentar. Embora a promoção da alimentação adequada e saudável não esteja em primeiro plano, sendo um dos eixos trabalhados entre todos que foram abordados, o trabalho em si é imprescindível para que se caminhe para a realização do DHAA entre a população em situação de vulnerabilidade.