A atividade aqui relatada é uma parceria entre o Núcleo de Ampliado em Saúde da Família e Atenção Básica (NASF – AB) e o Centro de Referência em Assistência Social (CRAS), e teve início no ano de 2017, tendo como objetivo promover a Educação Alimentar e Nutricional (EAN) a partir da culinária e pautada no Guia Alimentar para a População Brasileira.
Inicialmente a nutricionista do NASF-AB inseriu-se no projeto Sabor e Saber, que é uma oficina ofertada aos adolescentes do Serviço de Convivência e Fortalecimentos de Vínculos (SCFV), e passou a frequentar essa atividade mensalmente. No ano de 2018 a atividade foi estendida para o Centro de Atendimento Múltiplo Uso (CAMU), uma extensão do CRAS situada em um bairro de alta vulnerabilidade social do município. A partir de então a oficina passou a ser realizada semanalmente, com turmas de crianças, adolescentes e mulheres da comunidade. A oficina foi interrompida durante a pandemia, e retomada na metade de 2021, sendo que atualmente a atividade vem sendo realizada semanalmente para uma turma de mulheres no CAMU.
Além do desenvolvimento de habilidades culinárias, a oficina é um espaço para debater temas relacionados ao Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA). As atividades são desenvolvidas a partir de metodologias dialógicas, sendo que em todo encontro, além do desenvolvimento de receitas, são realizadas rodas de conversa entre os participantes, a nutricionista e os profissionais do CRAS. A atividade tem em torno de uma hora e meia de duração, iniciando com o preparo da receita, sendo que enquanto a receita é preparada as participantes conversam sobre assuntos cotidianos. Após o preparo da receita é realizada uma roda de conversa ou dinâmica sobre assuntos relacionados à alimentação, pautados no guia. Por fim, todos compartilham a receita preparada.
Entende-se que a EAN é mais do que informar os indivíduos sobre quais alimentos comer e quais evitar. A EAN, especialmente nesses tempos que vivemos, precisa promover o pensamento crítico, para que os indivíduos, principalmente aqueles mais vulneráveis, compreendam que alimentação saudável não deve ser um privilégio, mas que é um direito. A EAN que se procura promover nas oficinas não é superficial, mas sim uma EAN que contribua para que os participantes percebam que a solução para alimentação saudável é sistêmica e multidimensional.
Outro ponto importante que se destaca nessa experiência é o vínculo que se forma nessas atividades, sendo que a comunidade onde a oficina ocorre frequenta a atividade assiduamente há anos. Além disso, o diálogo estabelecido entre o NASF-AB e o CRAS é algo de grande valia nesse processo.
Enquanto dificuldades, podemos citar a redução de recursos para desenvolvimentos das oficinas, devido ao desmonte do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), entre outros cortes orçamentários ocorridos nos últimos anos.
Apesar das dificuldades a oficina de culinária tem resistido e sido uma experiência exitosa e muito querida por todos os envolvidos.