1. Identificação da experiência

BRINCAR PARA ELIMINAR:INTEGRAÇÃO VIG. AMBIENTAL E ATENÇÃO BÁSICA NA PREVENÇÃO DA MALÁRIA NAS ESCOLAS

País

1.2 Autores do relato

Nome
Tiago José de Souza

1.3 Identificação do autor responsável pelo contato durante o processo de seleção

Nome
Tiago Jose de Souza

1 4 Tema do relato

não se aplica
Experiências e prática participativas que abordem elementos culturais e promoção da saúde, elaboração de diagnósticos situacionais, de prevenção e de vigilância em saúde

1.6 Município(s) onde a experiência se desenvolve/desenvolveu

Município
Mazagão

1.7 Estado onde a experiência se desenvolveu:

Amapá

1.8 Instituição onde a experiência se desenvolve/desenvolveu (serviço/instituição): *

Secretaria municipal de saúde de Mazagão

1.9 Data de início da experiência

30 março , 2021

1.10 Data de fim da experiência

14 dezembro , 2022

2. Relato da experiência

2.1 Contextualização/introdução: Conte sobre sua experiência, onde ela ocorreu ou ocorre, quais os serviços ou instituições envolvidas, quem são os atores, a quem ela se dirige, quem os apoiou

O município de Mazagão, que fica na região sul do estado do Amapá, tem um forte histórico no tocante aos casos de malária. O município é considerado prioritário para o ministério da saúde, no que se diz respeito a estratégias de combate, visando a eliminação da doença. No ano de 2019, foram registrados 1860 casos, sendo 576 casos na população infantil de 1 a 14 anos, o que configura que 40% dos casos de malária do município foram em crianças e em sua maioria na zona rural. A malária em crianças vai além do sofrimento pelos sintomas clínicos, também está atrelada ao baixo rendimento e evasão escolar e ao declínio na interação social, pois a criança com malária não brinca.
2.2 Justificativa: o que motivou a realização desta experiência/ Diagnóstico e análise do problema enfrentado
Buscando a eliminação da doença no município e o enfoque nas populações mais atingidas pela doença, o Departamento de Vigilância Ambiental vem trabalhando a multidisciplinariedade, fazendo parcerias e trabalhando de forma integrada com outros níveis de atenção à saúde. Uma das ferramentas usadas para fortalecer essa rede de comunicação para prevenção foi o PSE (Programa Saúde na Escola). A localidade de Mazagão possui 56 escolas, 3906 alunos e 336 professores. Ao mensurar esse corpo pedagógico, vemos um grande potencial educativo para combate da malária. Enxergar a criança como multiplicadora de informação a serem disseminadas na sua comunidade é uma estratégia de educação que além de promover saúde, promove também a educação autônoma. E para que esse processo educativo seja eficaz, deve-se utilizar ferramentas e artifícios lúdicos que possam atrair a atenção da criança para a temática. Introduzir a temática de malária de forma lúdica nas atividades do PSE vai além da pratica da educação em saúde, chegando a ser o cumprimento de uma necessidade básica da criança, assegurada na Declaração Universal dos Direitos da Criança (aprovada na Assembleia Geral das Nações Unidas em 1959). Em seu artigo 7º, está descrito: “Toda criança terá direito a brincar e se divertir, cabendo a sociedade e as autoridades públicas garantir a ela o exercício pleno desses direitos”.
2.3 Objetivo(s) da experiência: o que está sendo feito
Levar as escolas das áreas com casos de malária, ações educativas sobre prevenção e cuidados com a malária; Inserir elementos lúdicos nas ações educativas de prevenção a malária nas escolas; Tornar o processo de aprendizagem mais prazeroso e dinâmico; Elaboração conjunta de material didático que se adeque a realidade territorial onde a escola está inserida; Integração do PSE com a vigilância ambiental para treinamentos, no intuito de criar a autonomia dos professores para trabalhar a temática de malária nas escolas; Introduzir a proposta de atividades sobre malária nas semanas pedagógicas e no projeto político pedagógico nas escolas, para garantir de forma legal a continuidade dos trabalhos; Treinamento dos professores para criação de jogos, poesias e atividades sobre o tema; Estimular a participação da comunidade escolar (pais, profissionais administrativos da escola e moradores da comunidade) durante as atividades.
2.4 Metodologia e atividades desenvolvidas: como a experiência se desenvolveu. Quais caminhos e que mecanismos foram escolhidos para desenvolver a experiência?
O desenvolvimento da experiência começou com o planejamento baseado no levantamento de dados, criamos um fluxo de trabalho que ajudou a reunir ferramentas que embasasse nossas ações. Tais ferramentas tinham que ser bilaterais, pois tinham que mostrar a realidade da educação e também da saúde. Então começamos a elaborar a estratificação epidemiológica e traçar o perfil das áreas com mais casos de malária, mais em conjunto, também estávamos analisando o censo escolar e a PENSE (Pesquisa Nacional de Saúde Escolar), bem como as bases da educação do campo, tendo em vista que a maiorias das escolas estão inseridas nesse território. A partir dessas análises, selecionamos as duas localidades piloto, sendo elas as comunidades do carvão e do rio preto. A parceria sempre aconteceu de forma equânime, para que tanto a educação e saúde se sentissem contempladas, e tivessem o protagonismo conjunto na ação. Após o planejamento e a seleção das escolas que receberiam as ações, partimos para o momento das oficinas, com o intuito de criar ferramentas lúdicas que prendessem a atenção das crianças durante as atividades. As oficinas ocorreram com os técnicos escolares, e delas saíram produtos como rimas, poesias, jogos e atividades escritas. O próximo passo foi a mobilização social, onde precisávamos que a comunidade fosse inserida nesse processo, e foi dado a ela a atribuição de divulgar as ações, sendo estas, sempre se comunicando a um líder comunitário ou agente comunitário de saúde. A escola que seria feita a ação, para que houvesse uma mobilização para participação tanto do alunado, quanto da comunidade. A primeira ação aconteceu na comunidade do carvão, e abrangeu alunos da escola Tia Chica. Neste momento, utilizamos: o mosquito de tamanho aumentado, as poesias da gotinha de sangue e da prevenção e as atividades escritas que propõem habilidades como pintar partes do corpo que estão expostas a picada do mosquito; decifrar o labirinto que leva o agente de endemias até a criança com sintomas; sinalizar no mapa os locais com maior número de mosquitos e circular o vetor da malária. A segunda ação aconteceu na comunidade do rio preto, e abrangeu a escola Vanderléa dos Santos Pena. Nessa comunidade, utilizamos o jogo da memória da malária onde mostra imagens sobre as formas de prevenção e sintomas, assim como a utilização do “dinoscópio”, um microscópio infantil em formato de dinossauro, que utilizamos para chamar a atenção das crianças para importância do diagnóstico; bem como atividades como caça palavras, sete erros e pintura.
2.5 Quais os resultados alcançados? O que foi transformado por meio da experiência? Os objetivos foram cumpridos? Se não, justifique. Apresentar dados ou outras evidências que comprovem que os objetivos foram atingidos
Treinamento dos 7 enfermeiros da estratégia saúde da família, sobre abordagem pedagógica e ludicidade nas ações de educação em saúde do PSE; Capacitação dos 11 técnicos de saúde escolar da secretaria de educação sobre abordagem da temática de malária para crianças; Criação do fluxo de trabalho entre a vigilância ambiental e o PSE; Inserção da temática de malária nas discussões da semana pedagógica das escolas do município; Pactuação local entre o grupo de trabalho, gestor do PSE, da inserção da malária como temática prioritária no município; Maior adesão por parte das crianças e comunidade nas atividades educativas; Aquisição por parte do município de material educativo para trabalhar o tema nas escolas; Todas as escolas do município possuem material educativo para trabalhar a temática de malária. • Redução de 29% dos casos na faixa etária atendida pelo projeto, o que contabilizou 45 casos a menos em comparação com o ano anterior.
2.6 Considerações finais: Importância da participação social para a solução do problema? Por que essa experiência foi importante?
A experiência BRINCAR PARA ELIMINAR traz em sua essência, a quebra de barreiras de comunicação com o público infantil, buscando de forma equânime tornar as questões pertinentes a prevenção e combate à malária mais acessíveis e fluidas metodologicamente. A informação tem que ser audível ao receptor, e como veículo estamos usando a educação popular em saúde e as práticas pedagógicas. A intersetorialidade tem sido um grande aliado no processo de continuidade do projeto, pois a divisão de tarefas faz com que tanto a vigilância ambiental, quanto a atenção básica por intermédio do PSE, sintam-se responsáveis pelo processo educativo das crianças. Em suma, nossa maior missão é fazer com que as crianças aprendam brincando, tendo em vista que brincar, além de ser a forma natural de expressão e relação da criança, propicia inúmeros benefícios a saúde, ao desenvolvimento, a aprendizagem e, sobretudo, à qualidade de vida. A participação da comunidade escolar e da população em geral no projeto trouxe o pertencimento da linguagem e das práticas de prevenção a malária, usando sempre artifícios culturais locais no desenvolver das atividades.
2.7 Por que pode ser considerada inovadora?
A experiência se torna inovadora ao tornar a criança protagonista do seu processo de cuida e tornando-a também multiplicadora das práticas de prevenção da malária, cercar a criança de instrumentos pedagógicos faz com que a mesma se sinta atraída e possa ser compreendida em suas diversas linguagens como a linguagem escrita, musical e corporal. Ver a criança como promotora de saúde tem sido o diferencial da experiência, pois valoriza a comunicação equânime com o público infantil e a participação da comunidade escolar nas ações de educação em saúde.
2.8 Quais as perspectivas de aplicação das práticas desenvolvidas em outros locais ou instituições? Análise das principais dificuldades e estratégias de enfrentamento. Lições aprendidas e recomendações.
O maior desafio da experiência tem sido os percalços de logística no deslocamento para comunidades rurais e ribeirinhas, mas que tem sido contornado por meio do treinamento de pessoas da própria localidade para serem multiplicadores da experiência e dar continuidade às ações.
2.9 Envolvimento e mobilização de instituições e parceiros na execução da experiência?
Durante a experiência tivemos a participação de algumas instituições ligadas ao saúde e direitos da criança como por exemplo: pastoral da criança, conselho tutelar, corpo de bombeiros, secretaria municipal de ação social e associações de moradores
3 Principais desafios persistentes (o que segue sendo desafio apesar da ação empreendida?)
Barreiras geográficas, pois existem localidades de difícil acesso tanto terrestre como fluvial
3.1 Quais ações de sensibilização, comunicação, informação, educação em saúde e educação permanente foram utilizadas?
Utilizamos todos princípios da educação popular em saúde para pautar nossas estratégias de ação, tivemos rodas de conversas com a comunidade, treinamento de professores e pedagogos, oficinas com as equipes de saúde da família. Todas ações voltadas para criação de métodos pedagógicos e de comunicação que facilitem o entendimento das crianças sobre a malária. Como produto dessas reuniões tivemos a confecção de muitos materiais educativas como: poesias, jogos, parodias e peças teatrais.
3.2 Qual é a sustentabilidade da solução implantada (quais são as garantias de que a experiência é sustentável ao longo do tempo desde os pontos de vista técnico, político, financeiro, social, etc?)?
A experiência se torna sustentável ao ponto que está inserida dentro de um dos eixos temáticos do PSE (programa saúde na escola) um programa do ministério da saúde que trabalha a integração entre educação e saúde e que tem como um dos seus eixos de atuação o enfrentamento a doenças negligenciadas que compreende a malária.
3.3 Campo para inserção de arquivo de imagens que retratem a experiência
3.3.1 Campo para inserção de arquivos de documentos produzidos relacionados à experiência.

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