Campanha Lava-Pés: cuidados com os pés das pessoas com Diabetes aliando o saber popular e as plantas medicinais

Senhor do Bonfim/BA

A Campanha Lava-Pés: cuidados com os pés diabéticos foi lançada pelo Ministério da Saúde com objetivo de incentivar a promoção da saúde e educação popular em saúde para incentivar as pessoas com Diabetes a manterem o autocuidado com os pés, para prevenir complicações. Diante dessa proposta a Unidade de Saúde da Família Quilombola Alto da Maravilha se motivou a executar a campanha aliando o cuidado assistencial tradicional com as práticas integrativas e complementares, em especial as plantas medicinais, valorizando assim o respeito aos saberes tradicionais comunitários. O espaço foi planejado pela a equipe de saúde da família em parceria com estagiárias de enfermagem da Universidade Estadual da Bahia. Houve treinamento prévio dos profissionais de saúde e estagiárias de enfermagem para avaliação dos pés da pessoa com Diabetes e reunião para planejamento do espaço, onde surgiu a ideia de aliar os saberes tradicionais à ação a ser desenvolvida. A equipe produziu pomada hidratante de Alecrim de Vaqueiro, que tem ação antifúngica e de sabonete de Aroeira, com propriedades cicatrizante, plantas muito utilizadas na comunidade, para serem distribuídos aos participantes. A ação foi planejada para contar com insumos já disponíveis no SUS, não tendo assim impacto financeiro significativo: os impressos foram feitos na Unidade de Saúde, os produtos fitoterápicos elaborados com plantas disponíveis na comunidade e materiais disponíveis na equipe, como a Vaselina. A experiência foi executada a partir de uma roda de conversa e dinâmica com distribuição de cartas com imagens de estratégias de cuidados com os pés para cada participante falar sobre as imagens recebidas, que sugeriam orientações importantes, como: evitar manter os pés úmidos, o modo correto de cortar as unhas, a escolha de calçados adequados, a atenção à umidade ou ao ressecamento da pele, além de cuidados com calos, ferimentos, unhas encravadas, limpeza e higiene adequadas. Também foi um momento oportuno para esclarecer alguns mitos populares, como o uso de pó de café, açúcar, pasta de dente e outros produtos caseiros em ferimentos, práticas que podem agravar o quadro clínico. Houve também apresentação de cordel que falava sobre os cuidado citados acima de forma divertida e o ponto alto do evento: realização da avaliação dos pés pela equipe de saúde e estagiárias durante um lava-pés com chá de Alecrim de Vaqueiro, massagem com a pomada hidratante produzida na Unidade e orientações de cuidado. O momento também foi aproveitado para garantir o cuidado continuado a essa condição crônica com a renovação de receitas e solicitação de exames necessários. No encerramento da ação se tornou perceptível que a população compreendeu como realizar aumentou o autocuidado com os pés, promovendo a prevenção de lesões e complicações. “Foi muito bom. Tem coisas simples que a gente não sabia e que são importantes para os nossos pés. A partir de agora meus pés vão ser bem mais cuidados”, disse uma participante. Também foi relatado pelos usuários a importância e o prazer de ver a equipe de saúde reconhecendo a importância das plantas medicinais como parte no cuidado em saúde.

Características da População:
O Bairro Alto da Maravilha se constituiu a partir de pessoas que trabalharam na construção da Estrada de Ferro Bahia ao São Francisco no final do Séc XIX e de trabalhadores rurais da Serra da Maravilha, que se fixaram na parte mais alta e periférica da cidade. No local, se mantêm até hoje costumes afro-brasileiros, como a prática do Candomblé, as danças de rodas e as formas tradicionais de cura. Todavia, a maior parte da população desconhecia por muito tempo esse histórico, até que em 2007, através da luta popular de lideranças comunitárias, o Bairro foi reconhecido como Quilombo Urbano, conforme Portaria da Fundação Cultural Palmares, publicada no Diário Oficial da União (DOU) de nº 93, de 16 de Maio de 2007 (BRASIL, 2007).
Estimativa Nº Pessoas Atendidas:
Nossa Equipe de Saúde da Família tem uma população adscrita de 2.600 pessoas. Dessas, 158 vivem com Diabetes Mellitus, das quais 25 participaram da ação descrita no presente relato.
Principais Desafios de Saúde:
Os principais desafios de saúde enfrentados passam pelos Determinantes Sociais de Saúde, em especial o racismo e baixo letramento em saúde. Ademais, a dificuldade de acesso aos serviços especializados e exames complementares se constituem como desafio. Se tratando por exemplo do público alvo desse relato, pessoas com Diabetes Mellitus, não há acesso ao exame de Hemoglobina Glicada pelo SUS para essa população.
Objetivos Principais:
Executar a Campanha Lava-Pés do Ministério da Saúde, visando conscientizar as pessoas que vivem com diabetes para prevenção do pé diabético, aliando o cuidado assistencial tradicional com as práticas integrativas e complementares, em especial as plantas medicinais, valorizando assim o respeito aos saberes tradicionais comunitários.
Resumo da Experiência:
A Campanha Lava-Pés: cuidados com os pés diabéticos foi lançada pelo Ministério da Saúde com objetivo de incentivar a promoção da saúde e educação popular em saúde para incentivar as pessoas com Diabetes a manterem o autocuidado com os pés, para prevenir complicações. Diante dessa proposta a Unidade de Saúde da Família Quilombola Alto da Maravilha se motivou a executar a campanha aliando o cuidado assistencial tradicional com as práticas integrativas e complementares, em especial as plantas medicinais, valorizando assim o respeito aos saberes tradicionais comunitários. O espaço foi planejado pela a equipe de saúde da família em parceria com estagiárias de enfermagem da Universidade Estadual da Bahia. Houve treinamento prévio dos profissionais de saúde e estagiárias de enfermagem para avaliação dos pés da pessoa com Diabetes e reunião para planejamento do espaço, onde surgiu a ideia de aliar os saberes tradicionais à ação a ser desenvolvida. A equipe produziu pomada hidratante de Alecrim de Vaqueiro, que tem ação antifúngica e de sabonete de Aroeira, com propriedades cicatrizante, plantas muito utilizadas na comunidade, para serem distribuídos aos participantes. A ação foi planejada para contar com insumos já disponíveis no SUS, não tendo assim impacto financeiro significativo: os impressos foram feitos na Unidade de Saúde, os produtos fitoterápicos elaborados com plantas disponíveis na comunidade e materiais disponíveis na equipe, como a Vaselina. A experiência foi executada a partir de uma roda de conversa e dinâmica com distribuição de cartas com imagens de estratégias de cuidados com os pés para cada participante falar sobre as imagens recebidas, que sugeriam orientações importantes, como: evitar manter os pés úmidos, o modo correto de cortar as unhas, a escolha de calçados adequados, a atenção à umidade ou ao ressecamento da pele, além de cuidados com calos, ferimentos, unhas encravadas, limpeza e higiene adequadas. Também foi um momento oportuno para esclarecer alguns mitos populares, como o uso de pó de café, açúcar, pasta de dente e outros produtos caseiros em ferimentos, práticas que podem agravar o quadro clínico. Houve também apresentação de cordel que falava sobre os cuidado citados acima de forma divertida e o ponto alto do evento: realização da avaliação dos pés pela equipe de saúde e estagiárias durante um lava-pés com chá de Alecrim de Vaqueiro, massagem com a pomada hidratante produzida na Unidade e orientações de cuidado. O momento também foi aproveitado para garantir o cuidado continuado a essa condição crônica com a renovação de receitas e solicitação de exames necessários. No encerramento da ação se tornou perceptível que a população compreendeu como realizar aumentou o autocuidado com os pés, promovendo a prevenção de lesões e complicações. “Foi muito bom. Tem coisas simples que a gente não sabia e que são importantes para os nossos pés. A partir de agora meus pés vão ser bem mais cuidados”, disse uma participante. Também foi relatado pelos usuários a importância e o prazer de ver a equipe de saúde reconhecendo a importância das plantas medicinais como parte no cuidado em saúde.
Resultados:
A partir da ação, percebeu-se que a população aumentou o autocuidado com os pés, o que vem sendo referido nas consultas, promovendo a prevenção de lesões e complicações. O uso das plantas medicinais como parte no cuidado em saúde aproximou a equipe da população, que se sente mais à vontade para conversar sobre as práticas tradicionais de cura dentro da Unidade de Saúde. Apesar da Campanha ter sido uma ação pontual, teve reverberações no processo de trabalho da equipe no cuidados às pessoas com Diabetes, o que foi avaliado pela análise dos relatórios de procedimentos do e-SUS: de Janeiro a Março de 2025 não houve nenhuma avaliação do pé diabético e em Abril e Maio de 2025, após a campanha, houve 82 avaliações do pé diabético, o que demonstra que a prática foi incorporada no trabalho da equipe para além da campanha, contribuindo certamente para a melhora dos Indicadores de Qualidade da equipe, visto que o Ministério da Saúde incorporou esse procedimento no Indicador da pessoa com Diabetes.
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