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SMS de Contagem, Uberlândia, Juiz de Fora e Belo Horizonte apresentam custos da Atenção Domiciliar no Laboratório de Inovações

As experiências com análise de custos da Atenção Domiciliar das secretarias de saúde de Contagem, Uberlândia, Juiz de Fora e Belo Horizonte foram discutidas durante a oficina de trabalho do Laboratório de Inovações realizado nesta segunda-feira (13/2), em Belo Horizonte. “Esses municípios são referências para o Ministério da Saúde e representam a complexidade deste tipo de atenção no país. São experiências bem heterogêneas que nos permitiu fazer uma reflexão sobre o desafio do recém lançado Laboratório de Inovações (saiba mais), que é de construir um modelo de custos para os Serviços de Atenção Domiciliar (SAD) no SUS”, explica Mariana Borges, coordenadora da área no Ministério da Saúde. A iniciativa, desenvolvida entre OPAS e Ministério da Saúde, conta também com a parceria do Núcleo de Pesquisas de Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Ensino e Prática de Enfermagem (Nupepe) da Universidade Federal de Minas Gerais, que pesquisa o tema há 20 anos.

RenataA SMS de Belo Horizonte apresentou o trabalho de desospitalização realizado no Hospital Metropolitano Odilon Behrens, que acompanha 20 pacientes do Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) por mês. “O Hospital possui uma cultura de desospitalização bem irrigada. A gestão caminha muito próxima com a equipe do SAD e percebe os benefícios de se ter um paciente em casa, que custa menos ao hospital, mas também gera outros benefícios como de girar o leito, reduzir as infecções hospitalares e ter um paciente dentro do seu lar recebendo os benefícios não palpáveis”, aponta da coordenadora do Núcleo de Serviços de Atenção Domiciliar do hospital, Renata Almeida.

laerteA experiência da SMS de Uberlândia com o Programa Melhor em Casa destacou a importância do SAD para promover o acesso de novos pacientes aos leitos hospitalares ou da urgência, o que gestor representa grande desafio. “Com o Serviço de Atenção Domiciliar a gente percebe que o custo investido nas equipes do SAD é muito inferior se esses pacientes estivessem em outro ponto da atenção, seja na urgência ou no hospital. Outro benefício para a rede é que quando se leva o paciente para casa se promove o acesso aos leitos”, ressalta o pesquisador e coordenador do SAD da SMS de Uberlândia, Laerte Honorato.

DiretoraA gerente do departamento de Atenção Domiciliar da SMS de Juiz de Fora, Verônica Lima, chamou a atenção para o crescimento da modalidade com o envelhecimento populacional. “Atualmente temos 105 pacientes atendidos pelo sistema em suas casas e queremos nos preparar para o envelhecimento populacional que em nossa cidade está acima da média do país”, diz Verônica Lima. A coordenadora do SAD da SMS de Contagem, Andrea Ribeiro, apresentou o sistema WEB onde os profissionais de saúde solicitam demandas ao SAD, que pode ser acessado em qualquer ponto da rede do município.

Para a pesquisadora do Nupepe/UFMG, Kênia Lara, o desafio do Laboratório de Inovações é construir um modelo de análise de custos que englobe todas as variáveis para se chegar a um modelo mais aproximado de SAD oferecido pelo SUS. “Esta análise de custos não deve perder de vista a dimensão de outros gastos da Atenção Domiciliar, como o da família e o social, que muitas vezes não conseguimos captar com os instrumentos e ferramentas tradicionais”, aponta Kênia Lara.IMG_3137

Metodologia do Laboratório

Nesta terça-feira (14/2), pesquisadores do Nupepe/UFMG, coordenadores do SAD das secretarias de saúde de Belo Horizonte e Uberlândia e os consultores da OPAS, Edgar Gallo e Alexandre Florêncio, discutiram um primeiro recorte da metodologia de trabalho do Laboratório de Inovações. “Precisamos identificar os gastos do SAD com todas as variáveis envolvidas, recursos humanos, medicamentos, equipamentos, logística, para começarmos a construir um modelo de central de custos”, explica Edgar Gallo. “O desafio será de contemplar um modelo de custos do SAD flexível com as realidades que temos no país”, reflete Florêncio. IMG_3138

O pesquisador e gestor, Laerte Honorato, aponta a Atenção Domiciliar como um programa estratégico para viabilizar leitos e reduzir os custos no setor saúde, mas ainda sem visibilidade no SUS. “O Laboratório de Inovações vai estimular os serviços a produzir conhecimento na área e com isso embasar políticas públicas, além de mostrar para o gestor o poder que, de fato, a Atenção Domiciliar tem como modelo exemplo para viabilizar a articulação da rede, especialmente, em momento de contingenciamento de recursos financeiros. Esta modalidade de atenção é uma das poucas soluções que o sistema de saúde tem”, reflete Honorato.

Impacto do SAD Pediátrico em Uberlândia

Um estudo coordenado pelo pesquisador e coordenador do SAD da SMS de Uberlândia, Laerte Honorato mostra o impacto de leitos de UTI pediátricos liberados para a rede de atenção com o atendimento domiciliar de 10 crianças. “A gente fez recentemente um trabalho que avaliou 10 crianças que estavam em ventilação mecânica invasiva, ou seja, pacientes que usam equipamentos para suporte à visa, e o tempo em que elas permanecem atendidos em casa. Esse tempo delas em casa foi comparado ao mesmo tempo se elas estivessem no hospital. Vimos que com a desospitalização dessas 10 crianças se permitiu ao longo desse tempo disponibilizar 1.240 internações para novos pacientes. Para o sistema, que convive com uma carência muito grande de leitos, a AD vem para dar viabilidade para a rede, sendo uma assistência com qualidade e menor custo”, relata Honorato.

Por Vanessa Borges, para o Portal da Inovação em Saúde

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