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Situação de Saúde da população do Distrito Federal

De acordo com estimativas do IBGE para o ano de 2017, o Distrito Federal possui 3.039.444 habitantes. Mudanças no crescimento e estrutura etária da população do Distrito Federal têm sido influenciadas por movimentos migratórios, envelhecimento e redução da natalidade, ocasionando mudanças no perfil de morbimortalidade.

O Índice de Desenvolvimento Humano do Distrito Federal no ano de 2010 foi de 0,824, considerado alto (1º lugar no ranking dos Estados). Os hábitos e estilos de vida da população interferem nas condições de saúde, neste sentido, a população adulta do Distrito Federal foi a que apresentou os maiores percentuais de consumo regular de frutas e hortaliças (49,8%) e de atividade física no tempo livre (46,0%), de acordo com dados do VIGITEL, 2016.

Dos dados e indicadores gerais relacionados à saúde para o ano de 2016, o Coeficiente de Mortalidade Geral do Distrito Federal foi de 4,0 óbitos para cada 1.000 habitantes, sendo os óbitos por doença do aparelho circulatório a primeira causa, seguidos pelas neoplasias e causas externas.

Ainda que o Distrito Federal apresente resultados satisfatórios para alguns indicadores de prevenção das Doenças Crônicas Não Transmissíveis, o predomínio dessas doenças como principal causa de óbito é uma realidade na maior parte dos países. As ações de atenção à saúde voltadas para a melhoria de acesso ao atendimento, ao diagnóstico precoce e tratamento adequado são fundamentais para a prevenção destas doenças, suas complicações e o óbito, e, portanto, merecem atenção da SES-DF nos próximos anos.

As Causas Externas são a terceira causa de morte no Distrito Federal (15% do total de óbitos), acometendo 4,0 homens para cada mulher (4:1). Dentre as principais causas estão os homicídios (43%), principalmente contra homens jovens, seguidos dos acidentes de transporte (24%), envolvendo atropelamentos e acidentes com motociclistas, e, em terceiro lugar, as quedas (13%), principalmente em idosos. De forma geral, observa-se uma maior concentração de eventos entre adolescentes, adultos jovens e adultos, sendo a maior proporção dos óbitos por causas externas na faixa etária entre os 20 e os 29 anos.

No período entre 2000 e 2016, a taxa de mortalidade infantil apresentou redução de 28,5%, passando de 14,4 óbitos por mil nascidos vivos em 2000 para 10,3 em 2016. A maioria dos óbitos infantis ocorreu em prematuros (67,3%) e baixo peso (71,4%), e a maior incidência de óbitos ocorreu no período neonatal precoce, com predomínio de causas perinatais (66%), sendo 35% decorrentes de fatores maternos e complicações da gravidez e parto, o que reforça a importância de melhorar o acesso e a qualidade da assistência pré-natal, parto e ao recém-nascido.

A razão de mortalidade materna no Distrito Federal apresentou aumento em 2016 (48,6 óbitos por 100 mil nascidos vivos) e está acima dos valores encontrados em países desenvolvidos. As principais causas de óbitos maternos foram as obstétricas diretas, em especial gravidez que termina em aborto e a hipertensão arterial na gestação, parto ou puerpério. Estas causas de óbito materno são evitáveis e portanto podem ser enfrentadas com medidas que aumentem a efetividade da assistência ao pré-natal, parto e puerpério, em especial garantindo-se o acesso aos serviços de saúde e a celeridade na identificação e no manejo das complicações relacionadas à gestação.

Embora tenha ocorrido aumento de casos de sífilis no Brasil nos últimos anos, chama atenção no Distrito Federal o aumento de três vezes na taxa de detecção de sífilis em gestante observado entre 2012 e 2016 (passando de 1,8 para 5,5 casos por mil nascidos vivos), conforme boletim epidemiológico de sífilis. Além disso, conforme dados do SINAN, apenas 50% das gestantes foram tratadas adequadamente nos últimos dois anos e 20% dos parceiros das gestantes realizaram tratamento concomitantemente. Tal situação reflete-se na significativa elevação do número de casos de sífilis congênita, que passou de 130 casos em 2012 para 222 casos em 2016.

Nos últimos anos houve forte declínio do coeficiente de incidência do Condiloma/HPV (de 6,6 casos 100 mil habitantes), em 2012, para 2,5 por 100 mil habitantes, em 2016, possivelmente devido às campanhas de vacinação que vêm ocorrendo anualmente desde 2013.

A incidência de hepatite A também apresentou forte queda (de 7,5 casos por 100 mil habitantes para 0,4 casos por 100 mil habitantes). A incidência dessa doença é inversamente proporcional às condições de saneamento no território. A introdução da vacinação contra hepatite A, em 2014, no Calendário Nacional de Imunização para crianças com 15 meses de idade também contribuiu para a queda da incidência.

A taxa de detecção anual de hanseníase em 2017 foi de 5,13 casos por 100 mil habitantes, classificada como parâmetro médio de incidência no contexto nacional. Na perspectiva do controle da endemia no Distrito Federal, houve queda na identificação de casos novos nos últimos anos. Este ciclo de queda da detecção de casos novos poderia, ilusoriamente, ser interpretada como perda de força da morbidade, contudo, a detecção de casos na população de zero e quatorze anos (taxa de detecção de 0,96 casos/100 mil habitantes), classificados como multibacilares, em elevação na comparação com 2016 (0,72/100mil hab.) evidenciam que houve exposição prematura, demostrando assim a força de transmissão recente da hanseníase.

Com relação a Dengue, embora tenha havido uma redução do número de casos em 2017, esta permanece como um importante problema de saúde pública exigindo intensa ação da vigilância ambiental e de saneamento. Além disso é preciso melhorar a atenção à saúde dos doentes; uma vez que a taxa de letalidade que é um indicador de qualidade da atenção à saúde prestada aos pacientes e da organização dos serviços de saúde, tem permanecido muito acima (53,5% em 2016) do parâmetro recomendado pelo Ministério da Saúde (<=2%).

A taxa de detecção de Aids no Distrito Federal apresenta tendência de queda entre os anos de 2006 e 2016 (23,4%), com alta prevalência de exposição entre homens que fazem sexo com homens. Em torno de um quarto da população HIV positivo (23%) não sabem que possui o vírus. Das que sabem que tem o vírus apenas 41% iniciaram a terapia antirretroviral oportunamente, sendo que destes 86% apresentaram supressão viral, passando a não mais transmitir o vírus sexualmente. Diante do exposto, as ações de enfrentamento da epidemia de AIDS no Distrito Federal exigem ampliação do acesso ao diagnóstico oportuno, garantia de tratamento ininterrupto, fortalecimento dos sistemas de saúde nos diferentes níveis de atenção, incluindo sistemas comunitários fortes e flexíveis, e a proteção e promoção dos direitos humanos.

Frente ao quadro epidemiológico apresentado, a rede de serviços de saúde disponíveis no Distrito Federal precisa atuar dinamicamente para atender às principais necessidades e às demandas por serviços de saúde. Assistência, Vigilância e Gestão precisam alinhar-se a essas necessidades e demandas, nos diferentes níveis de atenção à saúde, com expressivo fortalecimento da atenção primária à saúde.

 

Fonte: Relatórios e Boletins epidemiológicos – DIVEP/SVS